A TERCEIRA VÉRTICE - CAPÍTULO 21
Na frente da casa de Afrodite, Rodrigo se despede dela e vai até seu carro. Ele dá a partida e sai. Do outro lado da rua, Daniel, que havia seguido Rodrigo e estava aguardando do lado de fora, vê quando Afrodite entra de volta na casa. Ele vai até a porta da casa da mulher e bate.
Afrodite: Deve ter esquecido alguma coisa.
Ela vai até a porta e abre, dando de cara com Daniel.
Daniel: Boa noite.
Afrodite fica em choque, boquiaberta, com a respiração ofegante e o coração palpitando.
Afrodite: Boa noite…
Daniel: Eu sou Daniel Ferraz. Eu tô aqui em busca de respostas. Acho que a senhora pode me ajudar.
Afrodite vai falar algo, mas se sente mal e acaba desmaiando, Daniel a segura.
Daniel: Ei… Ei… Acorda. (aflito) Meu Deus…
Rodrigo chega no seu apartamento e liga para a mansão Ferraz.
Marinalda: Alô?!
Rodrigo: Marinalda, sou eu, Rodrigo.
Marinalda: Oi, Rodrigo.
Rodrigo: O Sebastian tá em casa?
Marinalda: Tá sim.
Rodrigo: Chama ele pra mim, por favor.
Marinalda: Um minuto.
Ela sobe as escadas para chamar Sebastian, que está no quarto deitado na cama e olhando os vídeos do onlyfans de Gardênia. Marinalda bate na porta.
Sebastian: Pode entrar.
Marinalda: Com licença.
Sebastian: O que foi?
Marinalda: Rodrigo tá no telefone querendo falar com você.
Sebastian: Comigo? Tem certeza?
Marinalda: Sim.
Sebastian desce e pega o telefone.
Sebastian: O que você quer?
Rodrigo: Conversar.
Sebastian: Você bebeu?
Rodrigo: Queria, mas tô sem companhia, se quiser vir aqui em casa.
Sebastian: Sem chance.
Rodrigo: Quero conversar com você numa boa, não tô afim de criar inimizade. Tô falando sério.
Sebastian: Olha… eu vou. Mas já aviso que se você vier com alguma gracinha, você vai se ver comigo, hein Rodrigo? Tô logo avisando.
Sebastian desliga. Angélica vêm do escritório.
Angélica: Quem era?
Sebastian: Rodrigo. Me chamou pra jantar na casa dele.
Angélica: Você disse não, né?
Sebastian: (indo subir as escadas) Na verdade eu aceitei.
Angélica: Espera aí, como assim você aceitou?
Sebastian: Ele disse que quer fazer as pazes.
Angélica: E você ainda vai passar pro lado desse desgraçado?
Sebastian: Não vou passar pro lado de ninguém não, tia Gegê, relaxa esse cu.
Angélica: Aquele cara vai te usar, Sebastian. Ele vai te usar contra mim, ele vai fazer a sua caveira contra mim, esse jantar é uma armadilha, será que você não percebe isso?
Sebastian: E a senhora tá com medo de quê se eu sei que a senhora não presta? Não vale nada?! É mau caráter que nem eu.
Ele sobe as escadas, deixando-a na sala, aflita.
No hospital, Daniel está na sala de espera. Um médico vem falar com ele.
Médico: Você que está acompanhando a paciente Afrodite de Almeida?
Daniel: Sou eu mesmo. Como ela tá?
Médico: Estável. Ela teve uma queda de pressão, mas já está estabilizada.
Daniel: Ela está em condições de conversar agora?
Médico: Não, ela está dormindo. Você tem contato com a família? Algum parente?
Daniel: Não, mas eu conheço alguém que deve ter.
Rodrigo está na cozinha terminando de cozinhar. Na sala, em cima da mesa, seu celular vibra. No visor, aparece o nome e a foto de Daniel. A campainha toca. Rodrigo não vê que o celular está tocando, ele vai atender a porta e dá de cara com Sebastian.
Rodrigo: Chegou cedo.
Sebastian: Se tiver achando ruim eu posso ir embora.
Rodrigo não responde. Dá passagem para ele.
Sebastian: Foi o que pensei.
Ele entra. Rodrigo fecha a porta.
No hospital, Daniel desiste de ligar para Rodrigo.
Daniel: (pensativo) Afrodite de Almeida… O nome bate exatamente com o da dona Séfora.
Daniel vai até a recepção.
Daniel: Boa noite. A dona Afrodite de Almeida, a que deu entrada hoje aqui… ela pode receber visitas?
Recepcionista: O senhor veio com ela, não?
Daniel: Vim sim.
Recepcionista: O senhor é parente ou algo assim?
Daniel: Não, mas eu preciso muito ver como ela está. Por favor, me ajuda, moça.
Recepcionista: Desculpe, mas o senhor só poderia ir vê-la se fosse parente.
Daniel: (fala para si) Droga…
Rodrigo vêm da cozinha. Sebastian está no sofá, sentado.
Sebastian: Vai demorar pra sair esse jantar?
Rodrigo: Não, tá quase pronto.
Sebastian: O cheiro tá ótimo.
Rodrigo: Obrigado. Quer um vinho pra abrir o apetite?
Sebastian: Vou aceitar mais por uma questão de gosto, porque pra abrir o apetite eu gosto de usar outra coisa.
Ele tira um beck de maconha do bolso. Rodrigo vai na cozinha. Ele tira a garrafa de vinho da geladeira e abre. Depois serve duas taças. Tira do bolso o frasco com a poção feita por Afrodite e despeja o líquido em uma das taças. Na sala, Sebastian termina de acender o beck e começa a fumar. Rodrigo aparece e lhe entrega a taça batizada.
Sebastian: Obrigado. (oferecendo o cigarro) Quer também?
Rodrigo pega o beck e traga. Entrega para Sebastian.
Sebastian: Aproveita.
Rodrigo assopra a fumaça e traga mais uma vez. Dá a Sebastian que pega dessa vez.
Rodrigo: (senta-se ao lado dele) Quero pedir desculpas, não tivemos encontros agradáveis nos últimos tempos.
Sebastian: Tanto faz.
Ele fuma tranquilamente.
Rodrigo: Você e o Daniel estão ficando?
Sebastian: Ele não te contou? Pedi ele em namoro e ele aceitou.
Rodrigo engole seco.
Rodrigo: Você o ama?
Sebastian: Claro que amo!
Rodrigo: E ele? Te ama?
Sebastian: E quem é que não me ama?
Sebastian o encara.
Sebastian: Todo mundo me ama. Eu mesmo me amo. E um dia… Até você vai me amar.
Ele começa a gargalhar. Rodrigo não se contém e sorri.
Rodrigo: Tá rindo de quê?
Sebastian: (rindo) Não sei.
Ele toma um gole do vinho.
Rodrigo: Pera, toma logo tudo.
Sebastian obedece, toma tudo. Rodrigo também bebe.
No hospital, a enfermeira vem checar o soro de Afrodite, que desperta.
Afrodite: (confusa) Onde eu estou?
Enfermeira: No hospital. Você chegou desacordada, teve um mal estar.
Afrodite: (agitada) Preciso ir embora.
Enfermeira: Se acalme, senhora. Você precisa descansar.
Afrodite: Não posso, preciso falar com a minha filha. Meu celular… (olha pros lados) Onde tá meu celular?
Enfermeira: Senhora, precisa se acalmar. Eu peço para ligarem pra sua filha. É só me dar o número dela. A senhora sabe de cor?
Na mansão, Marinalda fala ao celular.
Marinalda: Sei… Muito obrigada por ligar. Estou indo aí agora.
Ela desliga e tira o avental. Ela vai em direção ao seu quarto quando Angélica aparece, vindo da direção contrária.
Angélica: O que é isso? Onde você pensa que vai?
Marinalda: Minha mãe passou mal, preciso ir ver ela no hospital.
Angélica: Você não vai coisa nenhuma, não te dei autorização pra sair.
Marinalda: E você pensa que é quem pra me impedir?
Angélica: Se você sair por aquela porta nem precisa mais voltar, Marinalda.
Marinalda: Essas coisas quem decide é o Daniel, que é o dono dessa casa, não você, que é a serviçal.
Marinalda se retira.
Angélica: Desgraçada. Você me paga.
Rodrigo e Sebastian sentados na mesa, jantando, comendo como se nunca tivessem visto comida na vida.
Sebastian: Nossa, essa carne assada tá muito… muito boa.
Ele come feito louco, chegando a pegar na comida com a mão. Rodrigo faz o mesmo. O celular de Rodrigo vibra. Dessa vez ele vê e nota que é Daniel.
Rodrigo: Olha. É Daniel.
Sebastian: Mentira.
Rodrigo: (mostra a tela do celular para ele, rindo, com a boca cheia) Olha.
Rodrigo gargalha sem parar. O celular continua tocando.
Rodrigo: (rindo) Atende. Atende, eu não consigo. Atende.
Sebastian: (atendendo a chamada) Alo?
Daniel: Alô. Rodrigo?
Sebastian: (falando lentamente) Oi meu amorzão.
Rodrigo cai no chão de tanto rir.
Daniel: (sem entender) Sebastian? O que você tá fazendo com o celular do Rodrigo? Cadê o Rodrigo?
Sebastian: Cadê quem?
Daniel: Eu preciso falar com ele. Passa o telefone pra ele, é urgente.
Rodrigo está jogado no chão chegando a lacrimejar de tanto rir.
Rodrigo: Ai, eu vou infartar.
Sebastian: (rindo) Ele não pode falar agora.
Daniel: O que você tem? O que está acontecendo?
Sebastian: Beijo.
Ele desliga, rindo.
Daniel olha para o celular, aflito, sem entender o que está acontecendo. É quando Marinalda chega no local, indo direto na recepção.
Marinalda: Boa noite, vim ver minha mãe.
Daniel a vê.
Recepcionista: Nome da paciente.
Marinalda: Afrodite de Almeida.
Daniel: (se aproxima) Marinalda.
Marinalda se vira e olha para ele, em choque.
Marinalda: Daniel? O que você tá fazendo aqui?
Daniel: Fui eu quem prestou socorro para Afrodite de Almeida. Segui o Rodrigo até a casa dela, vi ele sair de lá. Você é filha dessa mulher?
Marinalda fica surpresa. Ela suspira.
Marinalda: Sou a filha mais nova dela. O filho mais velho é você!
Daniel arregala os olhos, chocado.
ENCERRAMENTO.
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