Traída, a Vingança da Doutora Ásia – Capítulo 37
Novela criada por Lucas
Gustavo e escrita por Sujiro Kimimame
Faixa das 21h
[🔴CLASSIFICAÇÃO LIVRE🔴]
Cena 1 - Hospital/Quarto de
América Central/Tarde
Ásia entra no quarto, com
Gretchen logo atrás. O ambiente é sufocante. América Central está deitado na
cama, pálido e com a respiração entrecortada. Ele abre os olhos lentamente ao
perceber a presença de Ásia, que se aproxima da cama, segurando a mão dele com
firmeza.
ÁSIA:
(tentando manter a voz firme) Eu vim assim que soube... me diz o que aconteceu.
AMÉRICA CENTRAL: (com
esforço, a voz fraca) A África...
ÁSIA: África?
AMÉRICA CENTRAL: Ela fugiu...
ela matou a minha família... incendiou nossa casa... Ela e a babá do meu
sobrinho... foram elas.
ÁSIA: (confusa)
Como assim? Qual o nome dessa babá?
AMÉRICA CENTRAL: (fraco)
Célia... O nome dela é Célia... Elas... foram elas que fizeram isso. Todos...
eles mataram todos.
Ásia fecha os olhos por um
momento, absorvendo a informação. Ela aperta a mão dele com mais força.
ÁSIA:
(baixinho) Eu sinto muito... Você vai ficar bem.
AMÉRICA CENTRAL:
(tosse e sorri com dificuldade) Não vou. Eu sei que... não vou sair daqui.
Mas... não vou sem dizer que... sempre te admirei.
Ásia tenta disfarçar a emoção,
mas uma lágrima escorre pelo rosto. Ela se aproxima mais, olhando fixamente
para ele.
ÁSIA: (com
a voz trêmula) Você foi mais do que um aliado... sempre será. Eu nunca vou
esquecer.
AMÉRICA CENTRAL:
(sorrindo levemente) Fico feliz... em saber que, no fim, alguém me viu.
Ele aperta a mão dela com a
pouca força que ainda tem, mas logo em seguida, sua respiração começa a falhar.
O monitor ao lado começa a apitar. Gretchen observa a cena, com os olhos
marejados. América Central solta um último suspiro e sua mão cai inerte.
Ásia abaixa a cabeça por um
momento, segurando as lágrimas. Ela se recompõe, limpando o rosto, antes de se
virar para Gretchen.
Cena 2 - Cemitério/Velório dos
Américas/Tarde
Dias depois. O sol
está começando a se pôr no cemitério. O ambiente está pesado, com uma leve
brisa que parece não amenizar o clima de tristeza e tensão. Cinco caixões estão
enfileirados, cobertos por flores, enquanto as últimas pessoas presentes fazem
suas despedidas.
Ásia, agora vestida de preto
completo, mantém-se ao fundo, distante, mas com o olhar fixo nos caixões.
Oceânia, que já saiu da cadeia com a ajuda de Ásia, em outro ponto, observa de
longe, tentando manter a postura, mas o desconforto com a frieza dos filhos é
evidente. Austrália, acompanhada de Reino Unido, de braços cruzados, o ignora
completamente.
OCEÂNIA: (se
aproximando cautelosamente) Austrália... Minha filha... Eu queria tanto falar
com você.
Austrália dá uma rápida olhada
para Oceânia, o desprezo evidente no olhar, antes de se virar para Reino Unido.
AUSTRÁLIA:
(fria) Não é hora nem lugar pra isso.
OCEÂNIA: Minha
filha... Pelo amor de Deus... você precisa me dar uma chance.
AUSTRÁLIA: Não
tenho nada para falar, pai. Você não faz mais parte da nossa vida, muito menos
da nossa família. Família que você fez questão de renegar.
Reino Unido não diz nada,
apenas confirma com um aceno silencioso. Oceânia, perdido, tenta ainda falar,
mas é ignorado. Austrália se afasta dele. Ásia observa a cena de longe, e um
pequeno sorriso satisfeito surge no canto de seus lábios.
O padre termina as orações, e
os coveiros começam a baixar os caixões. O som da terra sendo jogada sobre eles
é brutal, quase um golpe final no coração dos presentes. Gretchen observa Ásia
com preocupação, mas Ásia, já fria e calculista, vira-se para ela.
ÁSIA:
(seca) Vamos, amiga. Temos muito trabalho a fazer.
As duas se afastam enquanto as
últimas pessoas deixam o cemitério.
Cena 3 - Casa de Ásia/Área dos
fundos/Noite
Oceânia caminha lentamente
pelos fundos da casa, seguindo Gretchen que o conduz até um pequeno canil no
fim do vasto jardim. A expressão de Oceânia é amarga, quase resignada. Gretchen
para diante da pequena casinha de cachorro e faz um gesto vago com a mão.
OCEÂNIA: Vem cá,
os meus filhos não estão em casa? Eu não vou poder vê-los ou falar com eles?
GRETCHEN: Você
pode até ver eles e falar com eles, bebêzinho. A questão é, eles vão querer falar
com você e olhar pra essa sua cara imunda? Acho que não.
Oceânia engole seco. Gretchen
aponta pra casinha de cachorro.
GRETCHEN:
Esses são seus aposentos a partir de agora, doutor Oceânia. Aliás, eu te chamo
de doutor ou de senhor? Ou só de Oceânia? Enfim, não importa. A Ásia me pediu
para garantir que você se sinta "confortável".
Oceânia solta um riso amargo,
olhando para a pequena casinha em frente a ele. Seus olhos percorrem o lugar e
ele balança a cabeça, indignado.
OCEÂNIA: Isso
só pode ser uma piada. Eu não sou um cachorro pra dormir aqui.
GRETCHEN: Ah,
deu devo concordar. Te chamar de cachorro seria uma ofensa aos cachorros. Sabia
que eu sou madrinha de um lar de cães que fica aqui perto? Eu jamais compararia
um pobre cão com um verme feito você.
OCEÂNIA: (revoltado)
Eu não vou dormir aí dentro!
GRETCHEN: Ou
você dorme aqui, ou dorme na rua. Escolha sua. E nem adianta me olhar com essa
cara de nojo que isso são ordens da doutora Ásia, se quiser reclamar com
alguém, vá reclamar com ela.
Ele respira fundo, tentando
manter a calma, mas o ódio em seus olhos cresce. Ele não tem outra escolha.
Entrando no canil, ele se senta no chão, encostando-se na parede de madeira,
ainda sem acreditar na situação em que se encontra.
GRETCHEN: (com
um tom debochado) Boa noite, senhor Oceânia.
Ela sai, deixando-o sozinho.
Oceânia olha ao redor, a humilhação o consumindo. Ele fecha os olhos, tentando
sufocar o orgulho ferido.
Cena 4 - Cativeiro de Célia/Dia
Amanhece. Célia
está sentada no sofá velho do cativeiro, ao lado de Pass e Ivo, que observam
atentos enquanto ela explica os próximos passos.
CÉLIA: (com
um sorriso sarcástico) Agora que o trabalho com os Américas foi bem-sucedido,
temos algo mais simples pra fazer. E vai ser fácil, nada do que vocês não
estejam acostumados. Só um assalto básico. Um posto de gasolina.
Pass e Ivo trocam olhares
rápidos, meio desconfortáveis, mas assentem. Célia percebe a hesitação deles e
inclina-se para a frente.
CÉLIA: Não
me digam que estão com medo de um serviço fácil desses. Vocês estão comendo na
minha mão desde que tudo começou. Continuar é o caminho mais seguro.
PASS:
(nervoso) A gente não tá com medo... é só que... depois de tudo que rolou, as
coisas estão muito tensas.
Célia ri com desprezo,
acendendo um cigarro e soprando a fumaça na direção deles.
CÉLIA:
Relaxa. Vocês só têm que seguir as ordens e nada vai dar errado. Quando vocês
voltarem, a grana vai estar na conta. E se vocês fizerem direitinho, talvez eu
tenha algo maior pra vocês mais pra frente.
Ivo, ainda um pouco hesitante,
tenta falar, mas Célia corta o ar com um olhar ameaçador. Ele se cala, e a
tensão no ambiente aumenta.
Cena 5 - Posto de
Gasolina/Noite
Ásia está sentada no carro,
parada no posto de gasolina, esperando enquanto o tanque é abastecido.
ÁSIA: (no
celular) Oi, Gretchen. Saí da clínica e decidi passar no posto pra abastecer. Já
tô indo pra casa.
GRETCHEN: (do
outro lado) Doutora. Seu ex-marido tá dando um show aqui em casa. Ele se
rebelou. Disse que tá exigindo dormir nem que seja no quarto de hóspedes. Posso
meter um mata leão pra acalmar esse vermezinho?
ÁSIA: (revira
os olhos) Não faz nada, só diz pro Oceânia que quando eu chegar em casa, eu
resolvo essa situação. (ela desliga)
De repente, dois homens
armados entram no posto, mascarados. Pass e Ivo.
Ásia reconhece os dois
imediatamente e seus olhos se estreitam. Eles não a reconhecem de imediato, até
que ela desce do carro calmamente, as mãos no bolso do casaco.
PASS: Passa
tudo, coroa. Passa tudo. Bora.
ÁSIA: Vocês
dois de novo?
Pass e Ivo se entreolham,
agora a reconhecendo, o nervosismo estampado nos rostos. Eles baixam levemente
as armas e tiram as toucas do rosto.
IVO:
(hesitante) Tia? A senhora aqui? O que você tá fazendo aqui?
ÁSIA: O
que você acha que eu vim fazer num posto de gasolina? Surfar?
Os dois ainda estão tensos,
mas a atitude confiante de Ásia os desarma.
PASS:
(baixa a voz) Não tínhamos ideia que você estaria aqui, tia, foi mal...
Eles ouvem o barulho da sirene
de polícia e ficam estremecidos.
ÁSIA: Os
dois pro meu carro, agora. Rápido.
Eles entram. Ásia dirige e
conversa com eles.
ÁSIA: Achei
que vocês iam tomar jeito a gente forjou aquele assalto na clínica, mas pelo
visto me enganei, não é mesmo?
IVO: A
gente bem que tentou se sair disso, tia, mas não teve jeito, tá ligada?
ÁSIA: Porquê?
PASS: Porque
a gente faz parte de uma gangue, tá sabendo? Sair dela só se for morto ou
preso.
ÁSIA: Gangue?
IVO: É, pô.
A gangue da tia Célia.
Ásia freia o carro bruscamente.
ÁSIA: (chocada)
Célia? A responsável pelo massacre?
IVO: Peraí,
como que a senhora sabe que foi ela?
Rapidamente, Ásia calcula um
plano em sua mente.
ÁSIA: Vocês
querem continuar sendo capachos da Célia até o fim dos dias de vocês? Ou querem
sair dessa gangue?
Ivo e Pass ficam calados,
claramente divididos.
IVO: A
gente até quer, tia..., mas sair com vida é que é o problema.
PASS: A
gente não sabe como sair disso sem ser dentro de um caixão ou desovado, tá
ligado?
ÁSIA: Eu
sei...
PASS: Sabe?
ÁSIA: Quanto
vale para vocês dois virar o jogo contra ela? Eu pago o valor que for. Basta
vocês jogarem no mesmo time que o meu.
IVO: A
gente aceita o valor que for, tia. A senhora ajuda a gente e a gente ajuda a
senhora, tá ligado?
ÁSIA: (sorri
maleficamente) Tô... Tô bem ligada.
Cena 6 - Mansão de
Ásia/Escritório/Noite
Oceânia é levado até o
escritório de Ásia por Gretchen. Ele está visivelmente incomodado com a
situação e ao entrar, vê Ásia sentada atrás de sua mesa, relaxada, com um
sorriso provocador.
ÁSIA:
(calma) Soube que não se acostumou com seus novos aposentos.
OCEÂNIA: (com
raiva) Se isso aqui é algum tipo de vingança sua, pode parar. Me humilhar não
vai mudar nada, sua cretina.
Ásia se levanta, caminhando
lentamente até ele, os olhos brilhando de malícia.
ÁSIA:
(mansa) Vingança? Não, querido. Eu tenho planos muito maiores. Você ainda pode
ser útil pra mim.
Oceânia a observa com
desconfiança.
OCEÂNIA: E o
que você quer?
ÁSIA:
Quero que você se alie a África.
Oceânia arqueia a sobrancelha,
surpreso.
OCEÂNIA: Me
aliar a ela? Eu... eu não entendo.
Ásia dá uma risada curta,
divertida.
ÁSIA:
(serena) Às vezes, é preciso estar bem perto do inimigo para derrotá-lo. Eu
quero que você se aproxime dela... finja que está do lado dela. Ela agora está
trabalhando para uma gangue. Eu quero que você seja meus olhos e meus ouvidos. E
quando eu der o sinal, derrube ela de dentro.
Oceânia fica em silêncio por
alguns segundos, pensando na proposta. Ele sabe que não tem muitas opções.
OCEÂNIA:
(suspirando) E o que eu ganho com isso?
ÁSIA:
(sorrindo) Regalias. Mais do que dormir em uma casinha de cachorro. Eu te dou
liberdade... dentro dos meus termos.
Oceânia pondera por mais
alguns instantes e, finalmente, assente.
OCEÂNIA:
Tá... eu aceito.
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