LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 09
Webnovela de Tony Castello
PARTE 1: APARTAMENTO DE LAURA / NOITE
Laura aparece usando um robe de cetim branco, rasgado do lado esquerdo, revelando parte de seus braços e seio esquerdo. Marcas roxas e algumas lesões sanguinolentas cobrem seu braço esquerdo. Seus olhos estão úmidos, como se tivesse chorado, mas no momento em que abriu a porta, ela não chorava, apenas encarava Celso com um olhar vazio.
Celso: O que houve?
Num impulso, ele entra no apartamento, deixando Laura atrás de si. Vasculha a sala com os olhos até que vê uma mesa de vidro no centro, totalmente estilhaçada, e uma cadeira de madeira caída com o braço quebrado, como se tivesse sido atirada contra a pilastra do outro lado da sala, atrás do sofá branco.
Celso: (Virando-se para Laura) Me diz o que aconteceu aqui.
Laura: Não posso.
Ela começa a andar devagar após fechar a porta do apartamento, ajeitando a manga do robe que ficava caindo por estar rasgada. Enquanto ela anda, Celso a segue com os olhos, buscando respostas. Laura senta no sofá. Celso anda um pouco e para próximo dela, se agachando e agarrando a cabeça dela com suas duas mãos, focando seu olhar no dela.
Celso: Foi aquele velho do outro dia, não foi?
Laura não responde, mas algumas lágrimas surgem em seus olhos. Celso assume uma expressão de fúria.
Celso: Merda! Vou chamar a polícia.
Ele se levanta decidido, mas Laura rapidamente o segura.
Laura: Não, deixa isso pra lá.
Celso: Deixar pra lá? Olha o seu estado!
Laura: Celso, por favor, eu tô te pedindo, deixa pra lá. Eu já resolvi tudo.
Celso: Como assim resolveu? Você chama isso de resolver? Essa bagunça aqui? E esses machucados no seu braço?
Laura: Não interessa, eu já mandei ele embora e não vai mais acontecer.
Celso: Não vai mais acontecer porque eu vou quebrar a cara desse vagabundo.
Laura: Celso! (agarrando o rosto dele com as duas mãos) Por favor... Me ouve... Eu preciso que você me ajude agora, mas também preciso que você me ouça. Eu não quero que isso vaze, não quero que as pessoas saibam e não quero que se torne algo maior do que já é. Se você tem algum tipo de compaixão por mim, deixa isso quieto.
Celso fica um tempo fitando Laura com os olhos semicerrados.
Celso: Tá, então por que você me chamou aqui? O que quer que eu faça se não posso nem quebrar os dentes do infeliz?
Laura: Preciso que me leve ao hospital, meu braço, não sei se está quebrado, mas sinto muita dor.
Celso: Tudo bem, eu te levo. Você consegue se vestir?
Laura: Sim, mas preciso que você me ajude.
Celso: Certo... Só... Posso te fazer uma pergunta?
Laura: O que?
Celso: Por que eu? Por que me chamou sendo que poderia ter chamado William?
Laura fica em silêncio.
Celso: Ah... Entendi. Acho que eu sou o único que você não tem respeito algum e então aceita que te veja nessa situação deplorável. Provavelmente seria uma imagem muito chocante pro seu príncipe.
Laura: Celso, por favor, agora não.
Celso: Tudo bem, vamos, vou te ajudar a se vestir.
Os dois seguem para o quarto. Celso ajuda Laura a tirar o robe e escolhe algumas roupas para ela, virando de costas para que ela se vista sozinha.
PARTE 2: QUARTO DE WILLIAM/ NOITE
William entra em seu quarto, senta na cama e tira o sapato esquerdo. Ao tentar tirar o direito, começa a fitar o nada, e em seus lábios forma-se um riso amável. Nesse momento, a porta do quarto, que estava entreaberta, se movimenta devagar. Liliana surge segurando o trinco e encarando William com uma expressão investigativa. Ela entra devagar no quarto, cruzando os braços atrás das costas.
Liliana: William?
William: Oi?
Liliana: Tudo bem?
William: Tudo sim, o que você quer?
Liliana: Tô te achando meio avoado... Andou fumando unzinho com aqueles seus amigos surfistas?
William sorri timidamente, fechando os olhos e achando graça do comentário da irmã.
William: Que nada, garota, tô normal. É só isso que você quer saber?
Liliana: Hm... Então você anda assim por causa dela, não é?
William: Assim como?
Liliana: Ai, deixa de ser sonso, que saco!
William: O que? Não estou sendo sonso.
Liliana: Então me fala, meu irmão. Sei que a gente tem nossas brigas, mas de todos nessa casa, sou eu a pessoa a quem você pode falar o que quiser.
William fica em silêncio por um tempo, apoiando o braço na coxa. Ele aperta os lábios, levanta a cabeça e olha para Liliana.
William: Você quer saber mesmo?
Liliana acena com a cabeça, colocando o dedão entre os dentes com um riso malicioso no canto da boca.
William: Eu tô apaixonado, minha irmã.
Liliana: Meu Deus... Eu achei que fosse... Sei lá... Eu não tava colocando fé nisso. Afinal, é você, né?
William: Pois é, e não é só uma paixão. É mais que isso. Eu sinto que encontrei a mulher da minha vida.
Liliana arregala os olhos e cobre a boca com ambas as mãos, demonstrando choque.
Liliana: Meu Deus, William. Então quer dizer que...?
William assente com a cabeça e deita na cama, colocando os braços atrás da nuca. Ele fita o teto.
William: Se tudo der certo, acho que encontrei a minha esposa.
Liliana: E como ela é? Por que ainda não trouxe ela aqui? Você gosta tanto assim dessa garota e eu ainda nem vi o rosto dela pra entender por que você tá tão encantado.
William: Ah, minha irmã... (Levanta-se um pouco e se apoia nos cotovelos) Tudo o que você precisa saber é que ela é a pessoa mais maravilhosa do mundo. Eu sinto que tive a maior sorte de todas por ter cruzado com ela.
Liliana: Deixa eu te perguntar uma coisa. Por acaso, ela é aquela menina com quem você estava conversando outro dia e deixou a Laura fula da vida?
William: É ela, sim.
Liliana: Bom... Eu vi ela de longe, então... Me pareceu bonita. Outro dia, a Laura tava soltando os cachorros por conta dessa garota. Até então, achei que fosse mais uma das suas aventuras. Afinal, foram tantas, né, meu irmão? Mas enfim, acho que eu tô um pouco chocada com isso. Foi meio que do nada. Mas fico feliz por você. Sei que a gente implica sempre um com o outro, mas nada me deixa mais feliz do que te ver feliz, meu maninho.
William: Ah, que fofo. Olha só você sendo carinhosa com alguém. Achei que nunca presenciaria tal cena.
Liliana dá um tapinha no ar para repreender o comentário de William, mas algumas lágrimas surgem em seus olhos e ela abana o rosto.
William: Ué, por que você tá chorando, louca?
Liliana: Ai, é que… Ah...
Liliana abraça o irmão. William fica meio confuso e sem jeito, mas sorri com o gesto da irmã. Ela então pega na mão do irmão e encara os olhos dele.
Liliana: Pois você diga a ela que eu vou ser a melhor cunhada de todas. Vou fazer de tudo pra ela me amar e se sentir em casa. Acho que, mesmo sem conhecer ela, já sinto algo bom vindo dessa menina.
William: Sério?
Liliana: Sim, uma pessoa que veio do nada e fez você se comportar como gente? Essa bendita só pode ter sido enviada por Deus.
William:Ah não, pera lá. Do jeito que você fala, parece até que eu sempre fui um tremendo cafajeste.
Liliana: Dane-se, isso não importa mais. O que importa é que agora você tomou jeito, e eu não vejo a hora de conhecer sua futura esposa. Aliás, qual é o nome dela?
William: Gabriela.
Liliana: Gabriela... Lindo nome. E quando você vai trazer ela aqui? Já pensou no que vai dizer pro papai e pra mamãe?
William: Bom, eu vou conversar com eles amanhã e daí vou acertar tudo. Quero organizar um jantar pra ela e pra mãe dela, uma ocasião bem especial mesmo. Espero contar com a sua ajuda nisso, hein.
Liliana: Nossa, com certeza eu vou ajudar.
William: Pois é, eu não trouxe ela aqui antes porque queria ter cuidado, saber exatamente o que eu tava sentindo antes de dar um passo importante. Ela também demorou um pouco pra me apresentar à mãe dela. Hoje, elas duas fizeram um almoço só pra mim.
Liliana: Não brinca? Que fofas! Então o negócio é sério mesmo.
William: Óbvio. Agora, minha irmã, (agarrando os dois braços dela) você tem que me prometer que não vai contar isso pra Laura ou qualquer outra pessoa, tudo bem?
Liliana: Nossa, eu jamais contaria isso pra Laura. Quero que aquela biscate se exploda.
William: Ei, não fala assim.
Liliana: Desculpa, mas não consigo engolir essa garota. Muito falsa.
William: Sim, entendo suas ressalvas com a Laura, mas eu e ela tivemos uma história juntos e não quero que ela se magoe de forma alguma com tudo isso.
Liliana: Tá, chega de falar da Laurinha. Alguém mais sabe?
William: Bom... acho que só o Celso. Contei pra ele outro dia, num impulso. Nem sei se deveria ter contado, mas senti ele meio abatido com a nossa distância nesses últimos tempos. A gente não anda mais tão junto como antigamente.
Liliana: É... tenho notado isso também. Mas sabe de uma coisa? Sinto que isso tem a ver com o fato de que ele anda muito próximo do papai ultimamente, agora que trabalha na empresa. Pra mim, o Celso tá muito mudado.
William: Você acha?
Liliana: Sim, antes ele era aquele menino brincalhão, tirava onda de tudo, sempre com um sorriso no rosto, mas também muito meigo e protetor. Agora parece que se tornou... sei lá... Parece que tem algo de ardiloso vindo dele, um olhar meio malicioso sobre tudo e sempre com comentários sarcásticos.
William: É, as pessoas mudam, mas sinto que no caso dele talvez seja só o trabalho afetando. É isso que me preocupa.
Liliana: O que?
William: O papai aposta demais que eu me torne mais como o Celso, uma pessoa que vai estar à disposição dele naquela empresa, e eu não quero essa vida pra mim.
Liliana: Entendi. Você tem medo de ficar igual ao Celso e perder a sua essência.
William: Sim, e tá muito perto o dia em que vou ter que frustrar as expectativas do papai sobre mim. Dizer a ele que não vou me tornar o homem que ele espera e que preciso seguir meus sonhos. Só de pensar em como ele vai reagir, me dá um frio na barriga.
Liliana: Pois eu acho ótimo que você pense assim e lembre-se: eu vou estar aqui do seu lado pra te apoiar e tenho certeza que a mamãe também, afinal ela sempre está do seu lado pra tudo.
William: Obrigado, irmãzinha. Sabe, eu acho que ficar com a Gabi me deu outras perspectivas sobre a vida, um senso de direção que eu não tinha. Como se agora eu tivesse certeza do caminho que quero seguir. E não importa qual seja esse caminho, ela vai estar sempre lá comigo.
Liliana: Ah William, para com isso, você vai me fazer chorar de novo, seu idiota.
Liliana puxa William para um abraço apertado enquanto apoia a cabeça em seu ombro e ele afaga suas costas.
PARTE 3: APARTAMENTO DE LAURA / MANHÃ
Laura desperta um pouco tonta. Ela se levanta da cama, esfregando os olhos, e caminha devagar até a sala. Lá, ela vê que Celso dorme profundamente de bruços no sofá, com um dos braços caído e tocando o chão. Laura olha em volta e percebe que a sala está limpa, sem toda a bagunça da noite anterior. Celso abre os olhos devagar e se vira, espreguiçando-se no sofá. Ele se senta e passa alguns instantes com a cabeça abaixada, coçando os olhos. Laura caminha devagar, aproximando-se dele.
Laura: Você limpou tudo?
Celso levanta a cabeça e encara Laura, como se tivesse notado a presença dela pela primeira vez.
Celso: É... Eu... não podia deixar tudo daquele jeito.
Laura: Muito obrigada.
Celso: Não há de quê.
Laura: Não, é sério, obrigada por tudo o que você fez ontem à noite. Não sei o que seria de mim se você não tivesse aparecido.
Celso: É... Parece que é pra isso que eu sirvo.
Laura: Na verdade, eu sei que eu e você temos os nossos atritos...
Celso: Você acha?
Laura: Sim, você me disse algumas coisas muito pesadas.
Celso olha ao redor, indignado. Seus olhos se perdem no vazio por um momento antes de voltar seu olhar para Laura.
Celso (hesitando): Então... Você me desculpa... Por todas as coisas que eu disse?
Laura: Você pesa um pouco com as palavras, mas...
Ela caminha até uma poltrona perpendicular ao sofá e se senta.
Laura: Eu acho que esse é o seu jeito de dizer a verdade. Você não é uma pessoa gentil, mas pelo menos foi a única pessoa que tentou me ajudar.
Celso: E o que vai ser agora?
Laura: Agora eu não sei... Provavelmente vou ter que sair desse apartamento. Afinal, não tenho como manter.
Celso: E seus pais?
Laura: Meus pais não teriam condições de arcar com isso aqui nem de custear meu estilo de vida.
Celso: Entendo...
Laura: Sabe, você me julga como uma menina boba que corre atrás de uma ilusão, mas não é isso. Eu sei que você acha que eu sou uma pobre coitada, apaixonada, mas não.
Celso: Então o que você é, Laura?
Laura: Eu? Sou uma sobrevivente. Tá vendo tudo isso aqui? Eu conquistei com a minha sobrevivência. Ontem à noite foi só mais um obstáculo que superei. Me livrei de um canalha que queria controlar a minha vida. Agora preciso saber como vou me reerguer e continuar lutando.
Celso: Quer saber de uma coisa?
Laura: Fala.
Celso: Se eu pudesse, me mudaria hoje mesmo para cá. Traria todas as minhas coisas e te daria a vida que você merece. Mas infelizmente, ainda não atingi esse patamar. Não posso financiar uma mulher como você.
Laura: É disso que estou falando. É por isso que eu tenho que lutar, não por uma ilusão, mas pela manutenção da minha vida. É por isso que eu devo me casar com William. Não pelo amor dele, mas pelo que ele pode me proporcionar, pelo status que o nome dele vai me assegurar e pelo prestígio que a família dele tem para me oferecer. E eu cheguei tão perto (faz um gesto com o dedo), Celso, e aí tudo foi por água abaixo.
Celso: Você descobriu que William não ficaria com você sem amor.
Laura: Pois é, depois de tantas mulheres, foi comigo que ele se deu conta de que precisava estar com alguém que amasse.
Celso: Apesar de tudo, é isso que me irrita nele. Ele é muito real em relação aos sentimentos dele.
Laura: Sim.
Celso: Então, é isso, Laura. É isso que você precisa entender. Você é carta fora do baralho, porque William jamais vai te amar.
Laura: É aí que você se engana. Eu tenho certeza de que posso fazer ele se apaixonar por mim.
Celso: Então tá.
Celso se levanta e começa a caminhar em direção à porta, mas para próximo de Laura.
Celso: Esse seu papo tá começando a ficar esquisito. Acho que foram os medicamentos pra dor. Agora deixa eu ir.
Laura: Espera!
Laura se levanta da poltrona e fica cara a cara com Celso.
Laura: Você não entende? Eu posso fazer ele se apaixonar por mim da mesma forma que fiz você se apaixonar.
Os dois ficam muito próximos. Laura aproxima seus lábios dos dele, mas recua, virando o rosto. Ela o abraça, envolvendo os braços pelas costas dele.
Laura: Não vai embora.
Celso: Eu preciso, tenho que trabalhar.
Celso dá um beijo nos cabelos dela. Eles se soltam e ele se vira, caminhando até a porta, mas para e olha para Laura.
Celso: Mas eu posso voltar aqui... Hoje à noite. Se você quiser.
Laura assente com a cabeça
Celso: Você vai ficar bem?
Laura: Vou sim.
E então Celso dá um risinho tímido, olha para o chão, vira-se e vai até a porta. Ao sair, ele acena para Laura, que retribui.
PARTE 4: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / MANHÃ
William desce as escadas da sala com uma animação visível. Ele atravessa a grande sala de estar e chega à sala de jantar, onde o restante da família já está tomando o café da manhã.
William: Bom dia, família!
William se aproxima de Celina e dá um beijo carinhoso na cabeça da mãe. Depois, aperta o ombro de Liliana e se senta.
Celina: Bom dia, meu filho. Como passou a noite?
William: Ah, mãe, muito bem, melhor do que qualquer outra noite. Na verdade, parece que todos os dias estão melhores que o dia anterior.
Júlio: Nossa, mas que animação é essa? Posso saber o que o senhor andou aprontando?
Celina: É mesmo, meu filho. Faz tantos dias que te vejo assim tão animado. O que anda te deixando assim?
William toma um gole de café, coloca a xícara na mesa e olha para todos ao redor, hesitando em falar. Liliana solta um risinho enquanto mastiga um pedaço de pão com uma expressão debochada.
William: Bom... Eu tenho uma notícia pra dar pra vocês.
Júlio(limpando a boca com o guardanapo): Notícia? Que notícia?
William: Eu estou... namorando.
Um silêncio se segue na mesa.
Celina: Nossa, meu filho, que notícia maravilhosa.
Júlio: É, William, acho muito... bom que esteja namorando de novo. Mas posso saber por que nos contar isso com tanta cerimônia? Afinal, meu filho, não é a primeira vez que você namora alguém.
William: É que dessa vez é diferente, pai. Eu tô namorando a garota dos meus sonhos.
Celina sorri e afaga o braço de William.
Celina: Meu filho, mas que coisa linda. Tem certeza?
William: Sim, mãe.
Celina: Agora entendo essa felicidade estampada no seu rosto nas últimas semanas.
William: É, mãe, e eu queria ter contado antes, mas dessa vez tive que esperar.
Liliana: Olha, parabéns, meu irmão. Fico muito feliz que o senhor finalmente tomou juízo.
Celina(com tom repreensível): Ah, Liliana!
Liliana: Calma, mãe, eu só ia dizer que essa menina é muito sortuda. Por mais que eu tenha vontade de socar a cara do William às vezes, eu também acho que essa garota não poderia ter conhecido alguém melhor, mesmo um mulherengo como você, Willy. Tenho certeza de que vocês vão ser muito felizes.
William sorri para a irmã e manda um beijinho com as mãos.
Celina: E como é o nome dessa menina?
William: Gabriela!
Celina: Gabriela... É lindo, meu filho (sorrindo empolgada).
Júlio permanece sério, sem esboçar reações com os comentários. Ele esfrega as mãos, olhando para a mesa.
Júlio: Então... Meu filho. Fico muito contente com essa sua aparente felicidade, mas...
William: Mas?
Júlio: Mas você não acha que está se empolgando demais? Afinal... É só um namoro, não é?
William: Ah, pai... Não é não, é muito mais do que isso. Inclusive, eu quero que vocês conheçam. Mãe (virando-se para Celina), eu preciso que a senhora organize um jantar para a Gabi. Eu pretendo trazer ela e a mãe aqui para vocês conhecerem, e eu conto com a colaboração de todos vocês para fazer tudo dar certo.
Celina: Ah, meu querido, mas é claro. Pode deixar que eu vou fazer questão de organizar tudo para que seja o mais perfeito possível. Vou fazer o possível para sua namorada e sua sogra se sentirem em casa. Aliás... (colocando a mão no peito) eu quero muito conhecer a minha norinha logo e quero que ela goste de mim.
William: Pois então, mãe, faça tudo o que for preciso e faça isso por mim. Eu sei que eu não peço muito essas coisas, mas dessa vez é realmente importante que tudo corra bem. Posso contar com a sua colaboração, pai? (Virando-se para Júlio)
Júlio (esticando-se na cadeira): Bom... É claro. Eu... mais do que ninguém quero que essa moça se sinta à vontade em nossa casa. Afinal, pode ser o futuro lar dela, não é mesmo, William?
William: Quanto a isso, vamos com calma.
Júlio: Sério? Não pensa em se casar com essa moça e trazê-la para morar aqui?
William: Bom... (coçando a cabeça) Por enquanto, não quero me precipitar.
Celina: Ah Júlio, isso não é coisa que se diga. Pare de intimidar o seu filho. É claro que ele quer ter calma nesse relacionamento
Júlio: Não é que... do jeito que você falou dessa garota, William, sabe, a tal mulher da sua vida, isso pra mim cheira a compromisso sério. Devo presumir que...
William(levantando a mão): Pai, vamos com calma, tá? Eu sei o que eu falei, mas em nenhum momento quero meter os pés pelas mãos, tá bem? A Gabi e eu estamos indo muito bem, e eu não quero estragar nosso namoro com nenhuma euforia da minha parte.
Liliana: Isso mesmo, não vamos assustar a única mulher que conseguiu domar William e transformá-lo num ser humano decente.
Celina faz um gesto recriminatório para Liliana, que ri enquanto come um pouco de pudim.
Júlio: Tudo bem, da minha parte está tudo certo, e eu farei de tudo para não assustar essa moça. Vou tratá-la da melhor forma possível e quero que ela se sinta como parte da família, certo?
William: Muito obrigado, pai. Fico muito feliz que o senhor pense assim... Ah, e lembrando que esse jantar precisa ser o mais reservado possível. Na verdade, quero que seja só a gente aqui, nossa família e a família da Gabi. Estamos entendidos?
Celina: É claro, pode ficar tranquilo que neste jantar só a sua família estará aqui para receber a Gabriela e a mãe dela. Aliás, qual é o nome da mãe?
William: Fátima.
Celina: Ah... que lindo nome.
Liliana percebe a hesitação na fala da mãe e sorri balançando a cabeça.
FIM DO CAPÍTULO
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