LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 10
Webnovela de Tony Castello
PARTE 1: APARTAMENTO FAMÍLIA FORTUNATO / MANHÃ
Celso está em seu quarto, em frente a um espelho, segurando um vidro de perfume. Ele borrifa um pouco no pescoço e se admira no espelho, até que ouve um barulho alto vindo de outro cômodo, e se assusta. Ele sai do quarto rapidamente para checar o barulho.
No corredor, vê a porta do quarto de Fred entreaberta. Celso entra e vê o irmão caído, com o braço direito ensanguentado. Fred encara Celso sem expressão, tenta se levantar, mas imediatamente faz uma cara de dor, virando para o lado, revelando vários cacos de vidro debaixo de seu corpo. Celso olha em volta e percebe mais cacos de vidro espalhados pelo quarto. Ele se aproxima e tenta ajudar o irmão a se levantar.
Celso: Fred, pelo amor de Deus!
Fred: Relaxa, não foi nada.
Celso: Relaxar? Seu braço tá sangrando, cara!
Fred: Foi superficial.
Celso: E o que aconteceu?
Fred: Nada, eu me desequilibrei e derrubei esse negócio.
Celso ajuda Fred a se sentar na cama.
Celso: Deixa ver isso aqui. Acho que vai ter que dar pontos.
Fred: Não, não foi um corte profundo. Olha.(mostra o braço para Celso)
Celso: Bom... Tem certeza? Eu te levo ao hospital.
Fred: Tenho, só pega uma toalha ali na gaveta.
Celso rapidamente vai até a gaveta de uma cômoda próxima e puxa uma toalha azul, entregando para Fred, que seca o sangue no braço.
Fred: E também, eu sei que você não pode se atrasar no trabalho.
Celso: Hm... Parece que dona Mônica andou abrindo o bico de novo.
Fred: Ah, você sabe como ela é.
Celso: É... Mas e você? O que tá rolando?
Fred: Nada, eu tô legal.
Celso: Não me vem com essa, Fred. Faz um tempo que percebo que você não anda legal, tá se esforçando demais. Escuta aqui. (segurando o rosto de Fred em suas mãos) Eu sei que você se mata de estudar porque se preocupa com a gente, mas maninho, saiba que não precisa provar nada pra nós. Você tem que lutar por você mesmo e eu vou cuidar de você. Eu sou seu irmão mais velho, é minha responsabilidade e não sua. Eu vou crescer profissionalmente ao lado do Tio Júlio e dar pra você e pra mamãe a vida digna que vocês merecem.
Fred: Ah, deixa disso, Celso. Eu não posso ficar dependendo de você. Se eu faço alguma coisa, é claro que é por mim. E eu estou bem, juro. Não tem nada com o que se preocupar.
Celso: Pois não é isso que eu vejo.
Fred: Você tá vendo coisas, Celso. Sim, eu posso me estressar um pouquinho com as obrigações da faculdade, mas isso é absolutamente normal, quem não passa ou passou por isso?
Celso permanece encarando Fred desconfiado.
Celso: Olha... (sentando ao lado de Fred) Eu acho que você precisa sair um pouco, espairecer essa mente turbulenta. Eu ando percebendo umas coisas aí.
Fred: O que?
Celso: A Liliana, ela anda muito interessadinha em você ultimamente.
Fred: Ah, Celso, deixa de falar besteira. Ela é comprometida com aquele cara lá, o...
Celso: É, eu sei, mas o Oliver em breve vai embora do país, por muito tempo. E pelo que eu andei sondando, os dois já estão de acordo em terminarem a relação... Portanto... (se levantando e ficando em frente a Fred) você e ela estariam livres pra ficarem juntos.
Fred: Ficar juntos? Celso, eu e essa garota não temos nada. Nada mesmo, a gente só conversa sobre coisas da faculdade e ela me dá uns conselhos sobre algumas coisas, mas fora disso não tem mais nada.
Celso: Isso é porque você é muito desatento e ainda não notou que a Lilizinha anda arrastando asa pra você.
Fred: Dane-se se ela estiver. Não me importo com isso. Tenho mais o que fazer do que me meter em uma relação agora.
Celso: Olha só, é isso que tá te fazendo mal, essa vida de celibato. Ninguém fica saudável da cabeça sem dar umazinha. Vamos, meu irmão, para de ser tão otário e dá uma chance pra princesinha. Você sabe quantos caras matariam pra ter essa sorte que você tá tendo? Uma herdeira morrendo de tesão pelo seu corpinho nu? Além de tudo é bonita. Você ganhou na loteria e não quer sacar o seu prêmio.
Fred balança a cabeça.
Fred: Quanta baboseira. Além de tudo, eu conheço ela desde criança. A gente não se falava tanto, mas ainda assim eu acho estranho.
Celso: Pois eu não vejo estranheza nenhuma nisso. Se não for sua parente, que mal tem? Ah, porque conhece ela desde criança. E daí?
Olha, Celso, acho melhor você me deixar aqui sozinho. Você não está atrasado?
Celso: Tudo bem, maninho, tudo bem. Não vou mais te chatear com esse assunto, mas (apontando o dedo para Fred) pensa no que te falei. Você vai acabar enxergando o que é melhor pra você. Agora deixa eu ir, vou ver se a Rosário já chegou pra limpar essa bagunça e te ajudar com esse corte.
Celso sai do quarto enquanto Fred o acompanha com os olhos. Ele retira a toalha do braço e vê que ela está encharcada de sangue.
Fred: Droga... Isso não tá nada bom.
Fred se levanta com dificuldade e vai até o banheiro, tentando não deixar pingar sangue pelo caminho. Ele abre a torneira e coloca o braço debaixo da água corrente, fazendo uma careta de dor. Ele pega uma gaze e começa a limpar o ferimento, tentando estancar o sangue. O olhar de preocupação é evidente em seu rosto, mas ele tenta manter a calma. Fred termina de limpar o ferimento e enrola uma nova toalha no braço, mais apertada desta vez, para tentar conter o sangramento.
PARTE 2: ESCRITÓRIO FERREIRA ALBUQUERQUE / TARDE
Celso está sentado na quina da mesa e conversa animadamente com Virgínia. Até que Júlio se aproxima e dá uns tapinhas no ombro dele, aproximando seus lábios do ouvido de Celso para cochichar.
Júlio: Na minha sala agora.
Celso: Tudo bem! Já estou indo.
Júlio entra em sua sala um pouco nervoso e se senta em sua cadeira, colocando a cabeça entre as mãos e suspirando fundo. Alguns instantes depois, Celso entra.
Celso: Estou aqui, senhor.
Júlio: Senta aí.
Celso: Algum problema?
Júlio: Todos, todos os problemas. Agora tenho a confirmação de que meu filho perdeu o juízo e está em uma rota de perdição.
Celso: Ué, o que aconteceu?
Júlio: William e a tal garota, Gabriela (pronuncia com nojo) estão mais do que apaixonados.
Celso: Bom, eu disse isso ao senhor, foi o que pude notar quando vi os dois juntos. Além disso, a forma como seu filho falou dela pra mim outro dia foi num tom muito diferente.
Júlio: Sim... Sim... Eu posso jurar que William está pensando em casar com essa moça. Ele quer nos apresentar ela num jantar. E eu faço o quê? Vou fingir que estou gostando dessa pobre coitada?
Celso: Bom, acredito que entrar em conflito com William por conta dela não seria a melhor solução.
Júlio: Isso eu não pretendo, mas preciso arrumar uma forma de espantar essa menina da vida dele.
Celso: E o que o senhor pretende fazer?
Júlio: Não sei... mas... Esse jantar em nossa casa poderia ser uma boa oportunidade para assustá-la.
Celso: Senhor, mas se a menina for uma interesseira qualquer, não vai ter nada que o senhor faça que assuste ela, a não ser que ameace ela diretamente pra se afastar do seu filho.
Júlio: E não é isso que eu pretendo fazer. Preciso fazer com que essa garota entenda que William não é homem para ela. E se por acaso ela for alguma golpista, será mais fácil afastá-la dele. Mas por enquanto eu preciso ter cautela.
Celso: Entendo, senhor.
Júlio: Você! Você me fará um enorme favor.
Celso: E qual é?
Júlio: Preciso que você chame Laura para ir junto com você nesse jantar. William queria que fosse uma ocasião especial, mas eu farei com que seja o mais inóspito possível. Você precisa me garantir que Laura apareça com você nesse jantar e de forma alguma mencione que foi um pedido meu. Apenas apareça casualmente no dia, William não fará uma cena para expulsar vocês dois. Com isso, garantirei que essa menina saia de nossa casa o mais constrangida possível.
Celso: Senhor, acha mesmo que isso vai dar certo? Não tenho tanta certeza se isso é prudente. Eu e William somos amigos, apesar de tudo, tenho medo de que ele fique magoado comigo.
Júlio: Ora, faça-me o favor. Ele não irá ficar magoado com você por aparecer sem avisar, é só você se fazer de desentendido, o resto você deixa comigo.
Celso: Eu não sei, senhor...
Júlio: Celso... Lembra que eu te perguntei se você tinha o que era preciso pra se tornar um executivo de sucesso? Pois bem, eu consigo enxergar isso em você agora, mas se você continuar colocando barreiras que atrasem o seu progresso, infelizmente todo esse potencial será desperdiçado.
Celso: Senhor...
Júlio: O que me diz, devo confiar em você ou será que você vai me provar que me enganei em te dar uma nova chance?
Celso: Não, senhor. Pode ficar tranquilo que eu vou fazer o que me pediu. Apesar de estar receoso quanto ao William, eu já disse pro senhor que pode confiar em mim pois eu estou aqui unicamente para servir ao senhor.
Júlio: Ótimo, então estamos combinados.
PARTE 3: APARTAMENTO DE LAURA / NOITE
Laura: Ele quer que o quê?
Celso: Exatamente.
Laura faz uma expressão de surpresa e apreciação ao ouvir o que Júlio queria que ela e Celso fizessem.
Laura: Meu Deus... isso é mais do que perfeito.
Celso: E eu estou de mãos atadas porque ou eu faço o que o velho quer ou ele vai dar um jeito de complicar minha vida de novo.
Laura: Não, mas você tem que pensar que ele tá certo. Essa menina tem cara de ser bem humilde, com certeza vai se sentir acuada nesse jantar. Celso, você precisa me garantir que fará tudo conforme o planejado.
Celso: Que planejado, garota? Eu não falei de plano nenhum. O velho só quer que eu apareça no jantar com você, só isso. Você ficou toda animadinha, né? Sinceramente...
Laura: Qual é, Celso? Olha pra mim.
Laura pega na mão dele e com a outra mão move o rosto dele em direção ao seu.
Laura: Você não vê como isso é bom? Não só pra mim, mas pra você também? É a oportunidade de você melhorar a sua reputação com o titio e ao mesmo tempo a gente se livra dessa namoradinha do William.
Celso: E por que você acha que eu quero me livrar dessa menina pra você poder correr pros braços dele?
Laura: Celso... por favor... Eu já te disse. Eu escolhi estar com você, escolhi ser sua e de mais ninguém. Eu já te expliquei o que ele representa pra mim, você deveria ser o único que me entende, o único pra quem eu me abri completamente. Se você não me ajudar, eu tô sozinha nessa, e sozinha eu não consigo. Eu sei que pra você pode ser complicado me imaginar casando com William um dia, mas eu garanto a você que é pro nosso bem. Escuta, é com você que eu estou agora, é com você com quem eu quero ficar.
Celso fica pensativo, sua cabeça baixa. Laura aproxima seus lábios do rosto dele e dá um selinho na bochecha. Celso retribui, encostando seus lábios devagar nos dela, e então os dois se entregam um ao outro num beijo intenso.
ALGUNS DIAS DEPOIS...
PARTE 4: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / NOITE
William entra com seu carro na entrada da mansão. Gabriela, no banco do carona, oferece um sorriso simpático, mas seu olhar é cheio de receio e ansiedade. No banco de trás, Fátima segura um embrulho com cuidado, seus olhos arregalando-se ao observar as dimensões impressionantes da propriedade.
Fátima: Nossa, não sabia que sua casa era tão grande, William.
William: Ah, sim, é enorme mesmo, mas não é exatamente minha casa; é a casa dos meus pais.
Gabriela lança um olhar rápido para Fátima, captando a feição de desconfiança no rosto da mãe. William, estacionando o carro, desce rapidamente para abrir as portas, mas Gabriela se adianta e sai sozinha. William, então, abre a porta do banco de trás para que Fátima possa sair. Na escadaria da entrada da mansão, Nalva já está esperando com um sorriso no rosto. Ela cumprimenta Gabriela e Fátima, indicando o caminho para entrarem.
William (cochichando no ouvido de Gabriela): Eu solicitei um tratamento especial pra vocês duas.
Eles sobem as escadas em direção à entrada da mansão. Lá dentro, Celina já espera com um sorriso gentil, em pé ao lado de um imponente sofá. Fátima observa o ambiente com curiosidade, enquanto Gabriela tenta manter um semblante simpático, ocultando sua insegurança.
Celina: Olá, boa noite!
Gabriela: Boa noite, dona Celina!
Fátima: Boa noite!
William: Mãe, essa é a Gabriela e essa é a Fátima, mãe dela.
Celina: É um prazer conhecer vocês duas.
Celina e Gabriela trocam um aperto de mão seguido de um tímido abraço. Celina, ao apertar os olhos, finalmente reconhece Gabriela. Ela então cumprimenta Fátima com um aperto de mão e um abraço acolhedor.
Fátima: Eu trouxe isso pra senhora como forma de agradecimento por convidar eu e minha filha pra sua casa.
Celina: Ah, que isso, não precisava se incomodar.
Fátima entrega o embrulho para Celina, que o abre cuidadosamente. Ao ver os panos bordados, Celina esboça um sorriso forçado, disfarçando seu desgosto pelo presente.
Celina: São lindos, realmente um trabalho muito bem feito. Você é uma artista de primeira. Ah... Nalva, querida, pode guardar eles no quarto para mim?
Ela entrega os panos para Nalva, que recebe e se retira em direção à cozinha. William observa a cena, levemente consternado.
Celina: Gabriela, William só me disse coisas ótimas sobre você. Estava muito ansiosa para te conhecer. Afinal, eu queria saber qual era a razão da felicidade do meu filho nessas últimas semanas.
Gabriela (sorrindo): Ah, sim, ele também me falou muito bem da senhora. Mas eu acredito que a gente já se conheça.
Celina: Sério?
Gabriela: Sim, estive aqui para falar com a Janaína, sua empregada. Ela é nossa vizinha.
Celina: Ah, é mesmo? Olha só que curioso.
Celina coça a nuca, tentando não reagir de forma antipática ao saber de onde reconhecia Gabriela.
Celina: Acho que acabei esquecendo. Me desculpe.
Gabriela: Ah, nem se preocupe com isso. A gente se viu tão rápido que seria demais exigir que a senhora lembrasse do meu rosto.
As duas riem uma para a outra, o ambiente relaxa ligeiramente, mas a tensão ainda paira no ar. William põe o braço direito em volta dos ombros de Gabriela puxando ela pra próximo de si.
William: Engraçado que a Jana trabalha com a gente há tantos anos, não é mesmo mae? Acho que era o destino.
Celina: Parece que sim, meu filho. A gente nunca faz ideia de que coisas boas o destino pode reservar.
William sorri para a mãe e então olha em volta como se procurasse por alguém.
William: E a Liliana, tá onde?
Celina: Ah, sua irmã está se arrumando. Sabe como é, né? Garota. E seu pai está no escritório, mas logo ele deve vir. Por que não nos sentamos e conversamos um pouco enquanto isso?
Celina indica o sofá com a mão enquanto caminha e se senta, para que os outros a acompanhem. Todos se sentam também. William senta ao lado de Gabriela, pegando sua mão e entrelaçando seus dedos nos dela. Ela olha para ele e percebe, em seu rosto, a intenção dele de acalmar seu nervosismo. Ao mesmo tempo, William também buscava aplacar seu próprio nervosismo. Nesse momento Júlio entra na sala com passos firmes, abrindo os braços e exibindo um sorriso.
Júlio: Ora, mas se não é a famosa Gabriela!
Gabriela se levanta para cumprimentar Júlio. Eles trocam um aperto de mão firme seguido de um abraço amigável.
Júlio: Tudo bem, Gabriela? Sou Júlio, seu sogro. Nossa, mas o William tinha me falado que você é linda, mas não imaginei que fosse tanto.
Gabriela sente suas bochechas aquecerem com o elogio e sorri timidamente.
Gabriela: Muito obrigada, senhor.
William se aproxima, colocando uma mão no ombro de Fátima.
William: Pai, essa é a mãe dela, dona Fátima.
Júlio volta sua atenção para Fátima, inclinando levemente a cabeça em um gesto respeitoso.
Júlio: Ah, como vai, dona Fátima? O que tem achado dos nossos filhos namorando?
Fátima sorri com carinho.
Fátima: Tenho gostado muito, seu filho é um rapaz muito educado, felizmente acho que minha filha escolheu bem.
Júlio: Ah, mas é claro. Se tem uma coisa da qual eu posso me gabar é da educação que investi nos meus filhos.
Fátima: Ah, sim, a minha Gabi também recebeu a melhor educação que ela poderia ter. Eu e o pai dela sempre lutamos pra que ela pudesse se tornar uma menina estudiosa. E hoje minha menina está na faculdade, logo vai se tornar uma enfermeira, que é o sonho dela. E sempre foi meu sonho ter uma filha formada.
Júlio ergue uma sobrancelha com uma expressão de surpresa
Júlio: Oh, enfermeira? Que nobre!
No entanto, seu olhar se desvia com ligeiro desdém para Celina. William percebe a reação do pai e discretamente observa Gabriela, tentando captar qualquer sinal de desconforto. Nesse instante, Liliana desce as escadas da sala, pulando de alegria, com passos leves e rápidos, e vai em direção a Gabriela.
Liliana: Meu Deus, que linda você é! Oi, meu nome é Liliana, mas você já deve saber disso.
Gabriela, um pouco surpresa, devolve o sorriso.
Gabriela: Oi Liliana, muito prazer.
Liliana envolve Gabriela num abraço caloroso.
Liliana: Olha, isso aqui é pra você e pra sua mãe, um presente especial nosso pra você. Espero que goste, escolhi com muito carinho.
Gabriela: Muito obrigada, Liliana.
Liliana então se vira para Fátima, seu sorriso ainda mais brilhante.
Liliana: E dona Fátima, é um prazer conhecê-la pessoalmente.
Fátima: O prazer é todo meu, Liliana. William é um rapaz adorável.
Liliana: Ah, que bom ouvir isso! Trouxe uma lembrancinha para a senhora também. Espero que goste.
Fátima: Muito obrigada, querida. Que gentileza sua!
Fátima e Gabriela abrem os presentes e notam que se tratam de caixas com perfumes. As duas ficam empolgadas com os presentes.
William então pega na mão de Gabriela a puxa para perto dele.
Wiliam: Gente eu vou roubar a Gabi uns minutinhos. Enquanto isso você podem ir conversando que e gente já volto.
William puxa Gabi pela mão, vendo a expressão de confusão em seu rosto. Ele se inclina e cochicha algo em seu ouvido, fazendo-a relaxar visivelmente. Os dois então sobem as escadas em direção ao andar superior. Ao chegarem, William abre a porta de seu quarto com um gesto convidativo.
William: É aqui que eu durmo, não queria que você viesse aqui e não conhecesse meu quarto.
Gabi entra devagar no quarto, seus olhos percorrendo cada detalhe do ambiente. Ela dá um sorriso tímido para William enquanto observa os móveis bem arrumados, os retratos familiares e os pôsteres cuidadosamente dispostos na parede. O que mais chama sua atenção são os vários troféus e medalhas que ocupam lugar de destaque em algumas prateleiras.
Gabriela: Nossa, você tem muitos troféus aqui, não tinha ideia de que…
William: A maioria são de campeonatos em que participei. Outros são de competições escolares; desses, não me orgulho tanto, mas minha mãe insiste em deixá-los aqui. Se eu tirá-los, ela com certeza vai criar um santuário na sala para eles e se gabar.
Gabriela sorri com ternura ao ouvir a história.
Gabriela: Mas eu acho incrível. Acho que essa é mesmo a sua grande vocação.
William se aproxima dela, seus olhos refletindo incerteza.
William: Você acha mesmo? Pra ser sincero, eu ainda tenho muitas dúvidas. Cheguei num ponto da vida em que não consigo mais conciliar minha vida profissional com o esporte. Quando eu me formar, meu pai vai querer que eu faça uma especialização, vou ter que me dedicar mais do que nunca.
Gabriela franze a testa, preocupada.
Gabriela: Uma especialização? Onde?
William suspira e balança a cabeça.
William: É... melhor deixar esse assunto pra depois. Hoje é um dia especial, não quero esquentar a cabeça com questões complicadas.
Gabriela concorda, relaxando um pouco.
Gabriela: Você tem razão.
William segura a mão de Gabriela, puxando-a delicadamente. Ele põe o braço em volta da cintura dela, aproximando seus corpos. Eles se beijam delicadamente e com ternura. Os dois sorriem um para o outro e se abraçam. Gabriela encosta a cabeça no ombro dele, fechando os olhos, vivenciando o momento. William então começa a conduzir Gabriela numa dança lenta.
Gabriela: Te amo, sabia?
William sorri suavemente, seus olhos parcialmente abertos.
William: Sabia... Eu também te amo, mais do que tudo.
Gabriela suspira, sua voz pronuncia as palavras suavemente.
Gabriela: Será que a gente pode ficar aqui, assim, pra sempre?
William beija o topo da cabeça dela, seu tom cheio de carinho.
William: Era o que eu queria, ficar assim, com você, pra sempre, não importa onde.
Os dois ficam alguns instantes dançando sem música, seus passos lentos e sincronizados. Gabriela para e segura o rosto de William com delicadeza, suas mãos acariciando suavemente suas bochechas.
William(interrompendo a movimentação a dança ): Espera!
Gabriela: O que foi?
William: Eu quero te dar algo.
Gabriela: Agora?
William: Sim, agora. Quero que você use agora.
Gabriela: E o que é?
William puxa uma caixinha do bolso e a entrega para Gabriela, que segura a caixinha, ainda um pouco confusa.
William(com um sorriso suave): Abre.
Gabriela abre a caixa e de dentro dela retira um colar em formato de coração.
Gabriela: William, eu nem sei o que dizer...
William: É um presente meu pra você. Quero que carregue ele sempre com você e lembre de mim nos momentos em que estivermos longe um do outro.
Gabriela: Eu...
Antes que as lágrimas caiam, Gabriela abraça William forte. Ele fecha os olhos, sentindo o calor do momento, enquanto passa suavemente os dedos pelas costas dela. Eles se soltam e William, com delicadeza, pega a caixinha das mãos de Gabriela e retira o colar. Ele faz um gesto para que ela se vire e, com cuidado, coloca o colar em seu pescoço. Sentindo o toque frio do metal, Gabriela segura o pingente e sorri. William a envolve por trás, os braços dele cruzando sobre os dela, trazendo-a para mais perto. O beijo suave dele encontra os lábios de Gabriela, que então se vira, ficando frente a frente com ele. O beijo se torna mais intenso, e eles quase se entregam ao momento, mas Gabriela hesita, interrompendo o beijo. Ela sorri para William, colocando delicadamente os dedos sobre os lábios dele. Compreendendo o gesto e os sentimentos dela, William desvia o olhar, rindo de si mesmo pela falta momentânea de controle.
Gabriela: Acho melhor a gente voltar, senão vamos deixar nossos pais e sua irmã esperando.
William (sussurrando): Tem certeza? Tô adorando ficar aqui com você.
Gabriela: Eu também tô, mas não quero fazer desfeita com sua família.
William suspira, resignado, mas com um sorriso carinhoso.
William: Então tá, vamos, senhorita.
Ele se vira de costas, dando passos lentos à frente de Gabriela, e vira seu rosto para ela com um sorriso travesso. Gabriela devolve o sorriso e coloca seus dois braços sobre os ombros dele, ambos seguindo pelo corredor de forma leve e animada.
Os dois descem as escadas de volta para a sala, trocando sorrisos e olhares cúmplices. William segura a mão de Gabriela com firmeza e carinho enquanto se aproximam dos demais que esperavam na sala, sentados no sofá e conversando.
De repente, alguém se levanta, atraindo a atenção de William. Seu rosto se transforma de alegria para surpresa ao reconhecer a figura que se ergue diante dele. Era Celso. Em seguida, outra pessoa se levanta, desta vez Laura. William fica ainda mais surpreso ao vê-la ao lado de Celso..
William: O que... O que vocês fazem aqui?
Laura sorri para William, seus olhos brilhando de satisfação enquanto segura o braço de Celso de forma provocativa. Gabriela, atenta ao rosto de William, percebe imediatamente a mudança em sua expressão. Ela assume uma expressão de preocupação. Os olhos de William se estreitam, transparecendo indignação. Sua testa fica tensa e seus lábios se apertam firmemente um contra o outro.
FIM DO CAPÍTULO.
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