Linha Tênue - Capítulo 11 (18/11/2024)

LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 11



Webnovela de Tony Castello


PARTE 1: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. SALA / NOITE

William permanece parado, aguardando uma resposta de Celso e Laura. Gabriela, percebendo o desconforto do namorado, alisa suavemente suas costas para acalmá-lo.

Laura: Eu acabei pensando em dar uma passadinha pra visitar a tia Celina, não sabia que estavam tendo uma reuniãozinha.

Liliana: Essas suas visitas sem avisar estão cada vez mais comuns, não é mesmo, Laura?

Laura: Ah, fazer o que, Lily, eu me sinto parte da família, então acredito que não tenha problema algum, ou tem?

Celina(com um sorriso tenso): Claro que não... querida.

Celina olha para William, notando a tensão no rosto do filho, praticamente se obrigando a dizer aquelas palavras.

Júlio: De fato, Laura, você é praticamente da família. Não se sinta inibida a nos visitar a hora que quiser.

Liliana: É, pai, mas acredito que hoje seria um dia...

Júlio: Liliana, por favor, querida.

Liliana faz uma cara de indignação, a mandíbula tensa enquanto engole as palavras que diria naquele momento. William olha para Gabriela com olhos tristes, como se pedisse desculpas. Gabriela tenta decifrar o desconforto de William e continua a abraçá-lo.

William:(quase sussurrando) E você, Celso, o que faz aqui?

Celso: Bom... Eu... Passei na casa da Laurinha pra fazer uma visitinha e quando ela me disse que viria, eu pensei em vir também, afinal tava com saudades de vocês. Fazia uns dias que eu não via todos, mas acho que vim em má hora.

Júlio: Mas é claro que não, Celso. Você, assim como Laura, faz parte da nossa família. Está livre para nos visitar a hora que quiser.

Liliana: É, mas não custava nada avisar, não é.

Júlio lança um olhar incisivo para Liliana na tentativa de conter os comentários da filha. Ela, por sua vez, vira o rosto para William e Gabriela, e então vai até eles.

Liliana (cochichando no ouvido de William): É só você me dizer que eu boto esses dois a pontapés pra fora daqui.

William acaricia o rosto da irmã com os dedos.

William: Não, vamos evitar confusão, tudo bem?

Liliana suspira fundo, tentando se controlar.

Celina: Bom, acho que vou pedir para as meninas colocarem mais dois pratos na mesa para vocês.

Celso: Ah, vai ter jantarzinho, é?

Celina: Sim, Celso. Estamos realizando um jantar especial para Gabriela, a namorada de William.

Celso (fingindo surpresa): Mas então essa é a Gabriela? Meu deus, achei que nunca fosse te conhecer. Tudo bem, Gabriela? Eu sou amigo de infância do William. Muito prazer, Celso, ao seu dispor.

Celso puxa a mão de Gabriela e beija as costas da mão dela. Enquanto isso, Celina ao fundo fala com as empregadas sobre colocarem mais pratos e talheres na mesa.

Gabriela: Muito prazer, Celso.

William permanece incomodado. Quando Celso se aproxima, ele quase não consegue soltar Gabriela para cumprimentar o amigo. Laura também vai em direção a Gabriela e se apresenta.

Laura: Oi, Gabi, como vai? Eu sou a Laura. Eu também conheço seu namorado desde criança, sabia? Nós até já fomos... sabe... namorados.

Gabriela:  É mesmo?

Gabriela demonstra surpresa com a informação de Laura. Ela volta seu olhar para William, mas ele não retribui e permanece focado para frente, tentando evitar contato visual com Gabriela.

Laura se aproxima de William e o envolve em um abraço apertado. Ele fica rígido, quase sem reagir ao abraço.

Laura: Senti tanta saudade de você, Willy. A gente tem se visto tão pouco...

William permanece imóvel e frio.

William: Tenho estado muito ocupado ultimamente.

Júlio: Bom, crianças, acho que já falamos e nos apresentamos demais para uma só noite. Vamos logo jantar que eu estou faminto.

Laura: Ai, tio, o senhor falou a minha língua. Tô morrendo de fome.

Liliana: Então por que não jantou em casa, querida?

Ao dizer isso, Liliana passa por Laura e segue em direção à sala de jantar, evitando que Júlio tivesse tempo de repreendê-la, deixando Laura sem graça com um sorriso desconcertado nos lábios. Depois disso, todos seguem para a sala de jantar.

PARTE 2: INT. SALA DE JANTAR / NOITE

Todos se sentam à mesa. William se senta ao lado de Gabriela, que tenta recuperar uma expressão mais simpática para suavizar o clima. Ao se sentar, ele dá um beijo na bochecha da namorada, que fecha os olhos e sorri para ele. Laura, do outro lado da mesa, observa o beijo e desvia o olhar para longe com aparente incômodo. Liliana se senta ao lado do irmão. A entrada é servida, e Celina transparece sua animação ao comentar sobre o preparo das refeições.

Celina: Espero que gostem. Gabriela, eu pedi ao William que me dissesse quais eram seus pratos favoritos e tentei reproduzir alguns deles de acordo com o seu gosto, minha querida.

Gabriela: Ah... Muito obrigada, dona Celina, tenho certeza de que vou amar tudo!

Júlio: Hummm... Que salada maravilhosa. Tenho certeza de que a Gabizinha está adorando, não é mesmo, querida?

Gabriela: Estou sim, está maravilhosa.

O jantar continua animado, com Fátima contando detalhes de sua vida com Gabriela enquanto os outros escutam atentamente.

Laura: Ah, que jantarzinho maravilhoso. Me lembra das vezes em que vinha jantar aqui como namorada do William. Ai, eram tempos tão bons...

Liliana: É, mas agora você nem isso é mais. Não é mais namorada e aparece aqui sem ser convidada.

Laura: Calma, Liliana. Não precisa ser tão agressiva comigo. Só estou comentando o quanto gostei do jantar. Tenho certeza de que a Gabriela também está adorando.

Liliana: Sim, porque ela foi convidada.

Laura fecha os olhos, assumindo uma expressão despreocupada, como se não se importasse com o comentário de Liliana. O silêncio toma conta do ambiente, tornando o clima ainda mais desconfortável. Liliana continua encarando Laura, seus olhos faiscando de raiva.

Liliana(murmurando): Vaca falsa...

Celso (rindo): Que isso, meninas, vamos acalmar os ânimos exaltados.

Júlio (encarando Laura e Liliana com um olhar sério): Posso saber qual é o problema entre vocês duas?

Laura: Problema nenhum, tio. Posso garantir ao senhor que da minha parte não existe nenhuma questão com a Lily. Infelizmente, da parte dela, não posso dizer o mesmo.

Liliana : Nossa, você é mesmo uma fofa, não é? Nunca faz nada. Olha só a minha cara de comovida. (apontando para o próprio rosto).

Celso: Bom, eu não sabia que vocês duas estavam nesse climinha ruim. Pensei que fossem amigas.

William (cochichando para Gabriela): Não repara nessas duas, tá?

Gabriela (assentindo com a cabeça): Tudo bem.

Júlio: Espero que não esteja assustada com as rusgas entre as meninas, Gabi. Isso é normal, são quase irmãs, foram criadas juntas, e de vez em quando irmãos brigam entre si. É claro que Laurinha é muito mais do que irmã da Liliana, as duas já foram cunhadas. Sinceramente, eu esperava mais cumplicidade entre as duas.

Liliana: Pai, será que o senhor podia dar um tempo?

Júlio: O que foi, Liliana?

Liliana: O senhor está se excedendo no número de besteiras ditas por hoje.

Celso: É, acho melhor o senhor dar um tempo antes que a Liliana exploda aqui com a gente.

Liliana: Qual é a sua, Celso, tá me chamando de barraqueira, é?

Celso: Não, magina, fofinha, mas você tem que admitir que é meio pavio curto.

Liliana: Pois eu acho que você, agora que começou a ciscar em certos galinheiros, anda meio sem personalidade ultimamente. Só tá repetindo o que certas pessoas obviamente pensam de mim.

Celso: Nada disso, Lilizinha, você sabe que eu te amo como se fosse minha irmã. Desculpa se te ofendi.

Liliana: Pode deixar, eu não me ofendo fácil. Mas abre seu olho, querido, porque você pode acabar engolindo o veneno da cobra que você anda beijando. (encarando Laura)

William suspira, olhando para os lados, tentando aplacar sua insatisfação.

William: Gente, por favor, vamos falar de outra coisa, não esqueçam que temos visitas aqui hoje, minhas convidadas, lembram?

Liliana abaixa seu olhar após o comentário de William sentindo uma leve culpa. Ela chega próximo ao ouvido do irmão e começa a cochichar.

Liliana: Desculpa, eu juro que tentei

PARTE 3: INT. SALA DA MANSÃO / NOITE

Após o jantar, todos retornam para a sala e se sentam para conversar. A maioria servida com taças de champanhe exceto Fátima.

Júlio: Então, Gabi, aproveitando que estamos todos aqui, me conte mais sobre suas pretensões profissionais. Sua mãe mencionou que você quer se formar em enfermagem, não é mesmo?

Gabriela: Sim, é um sonho antigo que tenho, desde a infância. Meu pai, que já faleceu, trabalhava num posto de saúde. Às vezes ele me levava lá, e eu ficava encantada em ver todas aquelas pessoas cuidando de outras. Então, coloquei na minha cabeça que queria isso para a minha vida.

Júlio: Hum. Entendo... E não pensou em algo mais... digamos, financeiramente confortável? Tipo medicina? Pessoalmente, admiro muito o ramo da medicina. É a profissão mais nobre da área da saúde. Eu adoraria ter um filho médico.

Gabriela: Claro, senhor, pensei sim, muito aliás, mas acabei percebendo que a medicina não foi o que fez meu coração bater mais forte. Acredito que existe nobreza em todas as profissões da área da saúde, nem mais nem menos. Todos os profissionais têm sua parcela de contribuição no cuidado do paciente. Nos hospitais, é o trabalho interdisciplinar entre os diversos profissionais que promove uma alta taxa de sucesso no tratamento dos pacientes.

Júlio: Falou muito bem, Gabriela. Pelo visto você é mesmo uma menina bastante estudiosa. Só acredito que... Bom, você acha que a oferta de emprego para sua área é boa? Afinal, a realidade dos nossos hospitais públicos não é das melhores. Na verdade, vivemos uma grande catástrofe na saúde pública, principalmente com esse SUS, que mais mata pessoas do que ajuda.

William: Pai, pelo amor de Deus.

Gabriela: Senhor, acho que sua visão sobre o SUS está bastante equivocada. Na verdade, é o completo oposto. Sem o SUS, teríamos uma taxa de mortalidade muito maior. Afinal, nosso país tem um alto número de pessoas em situação de extrema pobreza, que não podem pagar por um plano de saúde ou tratamento em hospitais de redes particulares. Se não fosse o SUS, o que seria dessas pessoas? Então, acredito que não é o SUS o responsável por matar mais pessoas, e sim ajudá-las. No SUS, os pacientes têm acesso a diversos tipos de tratamentos, que vão desde transplantes de órgãos até partos humanizados. É claro que, em muitos casos, a situação não é das melhores e estamos sujeitos a erros de profissionais. Mas precisamos que o poder público note a necessidade de mais investimento nesse sistema que tanto ajuda nossa população, em vez de enxergá-lo como algo negativo.

William (segurando a mão de Gabriela): Você tem razão, meu amor. Não leve em consideração a opinião do meu pai. Ele é um homem antigo e ainda tem opiniões muito retrógradas.

Liliana: O que não é desculpa pra ser indelicado.

Júlio: Nossa, mas o que eu falei demais? É... Só a minha opinião. Você não acha que eu tenho direito a ter uma opinião contrária à sua, Gabi?

Gabriela: Com certeza. O senhor pode ficar à vontade pra discordar de mim. Eu não estou aqui pra censurar o senhor de forma alguma.

Júlio (com um sorriso): Obrigado, minha querida. Você parece ser uma menina muito compreensiva. Meus dois filhos acham que o mundo funciona só para um lado, mas acredito que debates como esse enriquecem nossa sociedade. Mesmo que eu não seja capaz de concordar com você, eu respeito sua opinião.

Gabriela: Obrigada, senhor.

Júlio: Mas voltando ao assunto profissões, seu namorado, meu filho, está prestes a se formar na faculdade de economia, e eu estou muito feliz. Em breve ele vai viajar para o exterior para fazer a especialização dele e voltar ao Brasil para trabalhar ao meu lado.

William: Pai, eu pensei que já tivesse sido claro sobre esse assunto antes.

Júlio: Sobre o que, meu filho?

William: Eu não decidi nada. Não defini ainda se vou ou não sair do país. E quer saber do que mais? Agora estou muito mais inclinado a permanecer por aqui mesmo. Tenho a Gabi, tenho zero motivos pra querer sair do país no momento.

Júlio: Bom... Entendo que pense assim, meu filho, apesar de achar que é uma péssima decisão. E a Gabi é capaz de concordar comigo que atrasar o seu progresso com um namorico não é algo muito sensato a se fazer.

William quase sente o chão se abrir ao ouvir o comentário do pai. Sem conseguir acreditar no que o pai acabou de dizer, seus olhos se fixam em Júlio, como se questionasse o porquê daquele comentário.

William(elevando o tom): Atrasar? ATRASAR? Pai, o que tá acontecendo com o senhor hoje? Mas que espécie de comportamento é esse? Por que está se esforçando pra ser tão desagradável?

Celina: Gente, por favor, vamos esquecer esse assunto e conversar civilizadamente. William, meu filho, não leve seu pai tão a sério. Ele só fez uma péssima escolha de palavras, mas por favor acalme-se, meu anjo. Pelo bem das suas convidadas.

Fátima: Pois eu também tô achando o tom da conversa muito estranho.

William direciona seus olhos para Celina como se absorvesse suas palavras e lembrasse de que aquela era uma ocasião especial para Gabriela. Em seguida Gabriela segura sua mão num gesto carinhoso na tentativa de aplacar sua ira.

Júlio: É, William, me desculpe se eu falei algo que ofendeu, você e sua namorada hoje. Não foi minha intenção, eu juro. Vamos tentar manter um clima amigável, a Gabi é uma menina encantadora e eu quero que tudo ocorra bem pra que ela se sinta à vontade em nossa casa. Pode ser.

William evita encarar os demais e volta seus olhos para baixo.

Júlio: Então... Laura, como vai seu pai? Sinto muitas saudades dele e de sua mãe.

Laura: Ah, tio Júlio, ele tá bem. No momento, sinto muita saudade deles, pois não ando tendo muito tempo para ir visitar. Mas quem sabe eu vá ainda esse ano.

Júlio: Sim, minha filha. Vá mesmo. Seu pai é um dos meus melhores amigos, uma pena que não more mais na cidade. Seu pai e sua mãe faziam muito gosto do seu namoro com William, e eu principalmente.

William: Pai?

Júlio: Que foi?

William faz um gesto com a mão e arregala os olhos sinalizando para que Júlio evite o assunto inapropriado.

Júlio: Ué, não estou falando nada demais. É alguma mentira mencionar que você e Laura foram namorados e quase noivos? Acho que a Gabriela pode entender, não é mesmo?

Gabriela: Sim... Sim.

Júlio: Mas não se preocupe, querida. William sempre foi um homem de muitas mulheres, eram tantas que eu nunca cheguei a imaginar que ele fosse realmente sossegar. Cheguei a pensar que com a Laura daria certo, mas pelo visto estava enganado. Eu torço para que a relação de vocês dois finalmente coloque ele na linha.

William (se levantando): Ah não, agora o senhor foi longe demais.

Celina: Acalme-se, meu filho.

William: Que calma o quê, qual é o problema, pai? Anda, vamos, me diz qual é o seu problema comigo e com a Gabi hoje.

Fátima: Acho melhor a gente ir embora...

William: Não, a senhora pode ficar, eu só quero que meu pai responda porque ele tá agindo como um cretino a noite inteira.

Júlio: Que isso, William? Por que está me tratando assim? Eu não disse nada demais.

Celso: William, você não quer ir comigo lá pra fora pegar um ar e depois a gente volta?

William: Cala a boca, Celso!

Celso se senta de novo, levantando os braços de forma defensiva aos gritos de William.

William: O negócio aqui é entre eu e meu pai.

Liliana: Eu também acho que o senhor exagerou demais essa noite, pai. Andou abusando do conhaque no escritório?

Júlio: Liliana, você também, filha?

Celina: Liliana, não piore as coisas. William, meu filho, por favor, controle-se pelo bem da sua namorada.

Gabriela: William, fica calmo, meu amor. Não precisa ficar assim.

William: Não, eu sei que tem alguma coisa errada com ele hoje e quero que ele me diga. Pai, ou o senhor se comporta e para de me ofender e ofender a Gabi, ou eu saio agora dessa casa e não volto nunca mais.

Júlio: William, também não é pra tanto. Eu reconheço que me exaltei, mas não precisa ser tão radical, meu filho. Me perdoa pelas besteiras que eu disse. Sinto muito se te magoei esta noite, uma noite que deveria ser perfeita para todos nós. Por favor, me desculpa.

Fátima: Vocês me desculpem, mas acho que já vou indo. O jantar foi ótimo, mas a minha hora já deu.

William: Não, dona Fátima, não precisa...

Fátima: William, você é um menino de ouro, e eu juro que tô muito feliz por você e minha filha, mas eu preciso mesmo ir, não estou gostando do rumo que as coisas tomaram.

William fica em silêncio por um instante. Fátima se levanta enquanto Gabriela vai até ela e cochicha algumas coisas.

Celina: Dona Fátima, peço perdão pelo mal-estar em nosso jantar. Preparei tudo com muito carinho para receber você e sua filha. Vamos marcar outra reunião para vocês duas virem em nossa casa, tudo bem?

Fátima (com um sorriso gentil): Tudo bem, dona Celina, e pode ficar despreocupada, eu amei tudo. Tenho certeza que a senhora e seus filhos tiveram as melhores intenções hoje. O William foi muito educado comigo e com a Gabriela enquanto esteve na minha casa. Ele foi muito bem recebido, e por isso, hoje eu tentei retribuir a boa educação dele.

Fátima faz uma pausa e olha diretamente nos olhos de Celina.

Fátima (falando baixo em tom firme): Mas se quer um conselho, tente controlar menos os seus meninos e mais o seu marido. Eu só não vou fazer uma cena, pois sei me portar na casa dos outros, assim como a minha filha, que foi criada por mim.

Fátima começa a caminhar para sair, mas para e se vira para Celina.

Fátima: Ah, dona Celina, se sinta convidada para ir até minha casa. A senhora, seu marido e seus filhos serão muito bem tratados, isso eu garanto. (Direcionando seu olhar para Júlio)

Fátima voltar a caminhar em direção à saída, seguida por Gabriela e William, que se vira e lança um último olhar incisivo para Júlio antes de sair. Laura bebe um pouco de sua taça e assume uma expressão triunfante para Celso, que, por sua vez, permanece meio estático, como se tentasse entender toda a situação. Júlio permanece sentado, bastante sério e com olhar frio. Ele troca olhares com Celso, e naquele instante fica clara sua sensação de satisfação.

PARTE 4: INT. CARRO DE WILLIAM / FRENTE DA CASA DE GABRIELA / NOITE

William para o carro e desliga o motor, deixando o som do silêncio preencher o espaço. Ele fica imóvel, olhando para a frente.

William: Dona Fátima, a senhora me desculpe pela confusão de hoje. Eu realmente não queria que tivesse acontecido aquilo. Não imaginei que meu pai iria se comportar daquela maneira.

Fátima suspira, um sorriso suave se forma em seus lábios.

Fátima: Relaxa, meu filho. Eu sei como essas coisas são, sei que você não tem culpa. O importante é que você e Gabi se gostam. Agora deixa eu entrar que eu tô exausta. Muito obrigada pela noite. Espero que você se sinta à vontade pra frequentar minha casa quando quiser.

Ela abre a porta do carro lentamente e sai. Gabriela alisa o braço de William, tentando confortá-lo enquanto ele mantém o olhar vazio e distante.

Gabriela: Vou entrar rapidinho com ela e já volto pra falar com você, tá?

William vira o rosto na direção dela, forçando um meio sorriso.

William: Tudo bem.

Gabriela se inclina e beija demoradamente sua bochecha. Ela sai do carro, fechando a porta com cuidado.

PARTE 5: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. SALA DA MANSÃO / NOITE.

Júlio havia se retirado para seu escritório. Celina está na sala, em pé em frente ao sofá, colocando-se entre Liliana e Laura, que batem boca uma com a outra. Celso está um pouco atrás do sofá, apenas observando a confusão sem se meter.

Celina: Liliana, por favor, chega de discussões.

Laura: Ai, mãe, não dá, essa garota é muito sonsa. Aliás, o que ela tá fazendo aqui? A gente combinou que seria um jantar só com a família, a Gabi e a mãe dela. Tenho certeza de que essa porca deu um jeito de se enfiar aqui pra estragar tudo.

Celina: Liliana, pare de gritar, minha filha. Nada vai se resolver com você alterada desse jeito.

Laura: Eu juro pra você, Lily, que eu não sabia de nada. Eu vim dar uma passadinha como já fiz outras vezes e não fazia ideia, nem tinha como saber disso, afinal ninguém me contou. Não sei por que motivo você pensa tão mal de mim assim, o que eu te fiz? Eu já tentei diversas vezes ser sua amiga e você só me trata com patadas.

Liliana: Garota, deixa de ser fresca, você é uma falsa. Você pensa que eu não saquei as suas intenções? E que palhaçada é essa de me chamar de Lily? Não é Lily, é Liliana. LI-LI-A-NA. Não sou íntima de você pra me chamar desse jeito. Se põe no seu lugar de agregada, sua cachorra! Aliás, agregada uma ova, você não é nada. Não sei por que minha mãe fica insistindo em alimentar uma víbora feito você aqui dentro.

Laura: Mas que baixo nível, garota. Você deveria ter um pouquinho mais de compostura, nem parece que foi educada pela tia Celina. Eu que sou a agregada, como você mesma diz, sei me comportar melhor do que uma descontrolada que resolveu implicar comigo.

Liliana: Isso, mostra quem você é. Sai desse casulo de santinha que você criou e mostra pra minha mãe a safada que você sempre foi.

Laura: Garota, eu não posso fazer nada se você tem algum problema mal resolvido comigo. Tá apaixonada por mim, é? Não, porque essa obsessão toda só pode ser amor. Cuidado, tia Celina, talvez existam coisas sobre a sua filhinha que a senhora ainda não tenha descoberto (rindo).

Nesse momento, Liliana avança para cima de Laura, dando uma bofetada na cara dela. Laura cai no sofá, assustada e sem tempo de reagir, é agarrada pelos cabelos por Liliana, que começa a socar a cabeça de Laura por trás.

Liliana: Eu vou te mostrar quem tá apaixonada por quem. Tá gostando do meu amor, Laurinha? Tá gostando, sua galinha loira?

Laura: Me solta, sua maldita, me larga, você tá me machucando.

FIM DO CAPÍTULO


Nenhum comentário:

Postar um comentário