LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 12
Webnovela de Tony Castello
PARTE 1: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / NOITE.
Celso corre para tirar Liliana de cima de Laura. Os dois caem, mas Liliana permanece com os cabelos de Laura em suas mãos, o que faz ela cair também. Liliana se livra de Celso e dá outro tapa em Laura. Nesse momento, Júlio entra na sala.
Júlio (gritando): Chega! Acabem com essa patifaria agora!
Júlio puxa Liliana de perto de Laura e Celso a agarra para tentar contê-la.
Laura: Ai, tio, olha só o que ela fez comigo, sua filha me machucou.
Laura começa a chorar enquanto Júlio examina seu rosto.
Júlio: Tudo bem, minha filha, venha comigo, vamos cuidar disso. Celso, leve essa garota pro quarto dela e tranque ela lá. Celina, vê se controla sua filha.
Júlio sai da sala com Laura quase cambaleando, com a mão no rosto em meio às lágrimas. Celina segura Liliana pelo braço e tenta puxá-la para subirem enquanto Celso ajuda.
Liliana: Me solta, me solta, que eu vou rasgar a cara dessa vagabunda! Vai cuidar dessa piranha? Belo pai que você é, Doutor Júlio.
Celina: Liliana, contenha-se por tudo o que é mais sagrado.
Liliana se livra de Celso e Celina e tenta ir atrás de Laura, mas Celso a segura pela cintura. Ela então se vira e dá uma joelhada na virilha de Celso, que cai de joelhos com uma expressão de dor.
Celina (gritando): Liliana! O que você fez?
Liliana: Eu disse pra me soltar.
Celina se aproxima de Celso, tentando ajudá-lo a se levantar.
Celina: Você tá bem?
Celso abre a boca, mas não consegue dizer uma palavra, sua expressão ainda é de dor. Ele se levanta, mas permanece com o corpo inclinado para o chão, respirando ofegante e com as mãos na virilha.
Liliana (Apontando para Celso): Isso é pra você aprender a parar de ser trouxa. Escuta bem o que eu tô te falando, Celso. Você ainda vai se dar muito mal ciscando por aí com aquela galinha maldita. E se você ou ela se meterem comigo, vão achar o que procuram.
Liliana sai em direção às escadas e sobe para o andar de cima sem olhar para trás. Celina encara a filha subindo por alguns instantes e então volta a socorrer Celso, que ainda padece de dor.
PARTE 2: EXT. FRENTE CASA DE GABRIELA / NOITE
Gabriela sai de casa e entra no carro novamente. William continua abatido, com a cabeça apoiada na mão direita.
Gabriela: E então...
William não responde, e Gabriela pega seu braço, alisando um pouco e segurando a mão dele entre as suas, mas William ainda se mantém inerte.
Gabriela: Ah, William, não precisa ficar assim. Eu estou bem, eu juro.
William: Eu só queria que tudo tivesse sido perfeito... pra você.
Gabriela: Eu sei... Eu sei que você queria. E eu não vou fingir que tudo correu bem, mas você não precisa se preocupar, porque pra mim o que importa é que eu e você estamos bem, e que você é o namorado mais lindo e gentil que alguém poderia desejar ter.
William: É... Mesmo assim, sinto que fui um inútil. Não poderia permitir, de forma alguma, que você fosse tratada daquela forma. Eu falhei em te proteger e fui burro por não ter previsto que algo assim aconteceria.
Gabriela: William, não tente, de maneira alguma, se culpar por nada disso, ouviu bem? Você não tem responsabilidade por nada.
William (rindo nervosamente): E o pior de tudo é que você mesma tentou me alertar de que eles poderiam não gostar de você. Eu sabia que meu pai iria reagir assim porque eu o conheço. No fundo, a culpa é sim minha. Foi uma tremenda estupidez fantasiar que um homem como meu pai aceitaria nosso namoro.
Gabriela: Não, não, meu amor, não foi culpa sua. Olha...
Gabriela mostra o pingente para William. Ele, com os olhos quase fechados e tomado pela angústia, direciona seu olhar para o colar.
Gabriela: Tá vendo? Isso aqui fez a noite ser perfeita pra mim. Nada, absolutamente nada que alguém tenha falado poderia anular o que você fez por mim. O seu gesto me fez sentir que eu sou uma pessoa especial pra alguém, que eu sou importante pra alguém. Você me fez sentir como é ser amada essa noite. E, a todo momento naquele jantar, eu não conseguia pensar em quase nada a não ser nisso aqui. Você tem que entender isso: eu te amo e vou te amar independente do que as pessoas digam sobre mim ou sobre você. E não vai ser seu pai ou outra pessoa que vai me fazer pensar o contrário.
Os olhos de William se enchem de lágrimas enquanto ele se aproxima de Gabriela, alisando suavemente os cabelos dela com a mão. Ele beija os lábios da namorada delicadamente, antes de intensificar o beijo. William sente seu corpo esquentar à medida que se projeta para frente. Gabriela corresponde ao momento, apoiando suas costas na janela do carro. William se aproxima ainda mais, pressionando seu corpo contra o dela. Gabriela desliza suas mãos por debaixo da camisa dele, acariciando suas costas largas. Eles continuam a se beijar, os movimentos se tornando cada vez mais provocantes.
De repente, William para e se afasta de Gabriela. Ela fica confusa por um momento, como se estivesse saindo de um transe. William se afasta ainda mais e se senta novamente no banco do motorista.
William: Acho que aqui...
Gabriela: É, tem razão.
Gabriela se ajeita no banco, ainda um pouco absorta.
William: Então... Amanhã a gente se vê?
Gabriela: Não...
Ela coloca sua mão sobre a dele no volante.
Gabriela: Me leva pra algum lugar.
William: Sério?
Ela assente com a cabeça. William solta um risinho no canto da boca.
William: Pra onde você quer ir?
Gabriela: Pra qualquer lugar.
William: Sua mãe vai deixar você ir?
Gabriela: Claro, sou maior de idade, sou dona do meu nariz. Só vou entrar e avisar ela e daí a gente vai, certo?
William: Sim, meu amor.
Ela se aproxima rapidamente dele e o beija. Então, ela sai. William espera alguns minutos até que Gabriela volta, segurando uma bolsa pequena. Ela entra no carro e os dois partem.
PARTE 3: EXT. MARINA / NOITE
A lua paira sobre os barcos na marina enquanto William e Gabriela caminham devagar, abraçados, pelo cais. Gabriela mantém a cabeça encostada no ombro de William, que a envolve com um braço, acariciando-a delicadamente enquanto passeiam pela estrutura de madeira. No iate, estão sozinhos, pois William solicitou privacidade para aquela noite. Os dois seguem diretamente para a suíte ao entrarem no barco. Dentro da suíte, a timidez toma conta de Gabriela. Ela olha para William, acanhada, buscando alguma resposta sobre o que fazer. William, por sua vez, também parece nervoso. Ele pensa em todas as vezes em que passou por aquela experiência, e em como nenhuma delas foi com a pessoa que amava. As mãos de William tremem ligeiramente enquanto ele toca o rosto de Gabriela, seus olhos encontrando os dela com uma intensidade que transmite o desejo de um pelo outro. Ele aproxima seus lábios do rosto dela, dando um beijo suave na bochecha e deslizando até a orelha.
William (sussurrando): Nem acredito que estou aqui... com você... Só eu e você.
Gabriela sente um arrepio percorrer seu corpo, e um sorriso tímido surge em seus lábios.
Ela passa seu braço envolta de William, enquanto ambos se deitam devagar. Um beijo leve e suave é seguido por outro, mais intenso. William beija a boca de Gabriela, descendo lentamente para o queixo e, em seguida, para o pescoço. Os lábios se unem à pele, sentindo a maciez do corpo quente de Gabriela. As mãos do rapaz descem devagar até a cintura dela, chegando à coxa, onde acaricia devagar, levantando a barra do vestido. Suas mãos sobem de forma contida, fazendo uma linha, transferindo o calor das pontas dos dedos para a pele dela.
William se ergue diante de Gabriela e tira sua camiseta, exibindo seu corpo másculo para ela. Eles se encaram ofegantes, com o olhar dela levantado para ele. Ele se aproxima devagar, deitando seu corpo sobre ela e beijando-a. As mãos dele seguram as coxas dela, e ele a vira, fazendo-a ficar sobre ele. As mãos de William se dividem entre alisar e apertar as nádegas dela enquanto os dois ainda se beijam, tomados pelo tesão. Eles param, e ela tira o vestido pela cabeça e o joga de lado, revelando seu corpo seminu, apenas com as roupas de baixo. Então, eles iniciam de novo os beijos de língua, se virando novamente. Ele tira sua calça, ficando apenas de cueca, unindo seu corpo novamente ao dela. Os dois se entregam um ao outro na primeira noite de amor.
PARTE 4: APARTAMENTO DE LAURA / INT. SALA / NOITE
Laura entra no apartamento e coloca suas chaves sobre uma mesinha de vidro próxima à entrada. Celso a segue, fechando a porta atrás de si. Ela se joga no sofá, esparramando-se com os olhos fechados e um sorriso no rosto.
Celso: Gostou de apanhar hoje?
Laura: Adorei
Celso: Só sei que sobrou até pra mim. Sinceramente, nunca imaginei que eu ia sair daquela casa hoje com o Celsinho massacrado.
Laura (com um sorriso malicioso): Ai, tadinho, quer que eu faça uma massagem nele?
Celso: Você que tá ficando boa nisso, aparentemente. Vai querer levar uma surra por semana agora?
Laura: Bom, se eu precisar disso para me fazer de coitada pra minha tia...
Celso: Como assim?
Laura: Amanhã, amanhã mesmo eu vou bater lá naquela mansão.
Celso: Você só pode estar louca. Se a Liliana ou o William te veem lá, é capaz de te esganarem.
Laura: Dane-se eles. Eles não mandam em nada ali. Quem manda são o tio Júlio e a tia Celina, e é a eles que eu devo fazer meu papel de bonequinha sem lar.
Celso: Então você pretende fazer um teatrinho para eles amanhã, sua piranha?
Laura: Pretendo sim, especialmente para minha tia. A piranha aqui vai resolver parte dos problemas dela amanhã. Ah... (suspirando) essa noite não poderia ter sido melhor. Você viu como o tio Júlio tratou a morta de fome?
Celso: Vi sim. Não poderia esperar outro comportamento daquele velho nojento, ele não perde uma oportunidade de humilhar alguém.
Laura: Ah, está na cara que ele vai fazer de tudo para se livrar daquela sacoleira desgraçada, o que para mim é muito vantajoso.
Celso: Você só esquece um detalhe.
Laura: Qual?
Celso: Não importa o que o velho faça contra essa garota, ele só empurra o William mais ainda para perto dela. E pelo que eu vejo, ela provavelmente não vai se deixar intimidar pelo velho babão arrotando hipocrisia pra cima dela.
Laura: Quanto a isso, pode ficar tranquilo. É claro que eu não posso contar só com ele para enxotar a indigente. Também vou fazer a minha parte pra manter ela no bueiro de onde ela não deveria ter saído.
Celso: É? E o que você tem em mente?
Laura: Por enquanto, nada, mas vou pensar em algo. Preciso agir logo para acabar de vez com essa minha vida de pedinte e passar a integrar aquela família de uma vez por todas.
Celso: Ah é? E como eu fico nisso tudo, cachorrinha?
Laura: Você fica... Você fica no seu lugar, já te disse. Para onde eu for, você vai também. E se você me ama, vai me ajudar a chegar até onde eu preciso. Já conversamos sobre isso. Você me ajuda e você me tem como sua.
Laura se levanta do sofá e segura a gravata de Celso, puxando-o para perto de si. Os dois se beijam e ele se deita sobre ela.
Laura: Aiiiii.
Celso (saindo de cima dela): O que foi?
Laura: Ainda estou quebrada da briga.
Celso: Ah, desculpa. Então, nesse caso, vamos ter que dormir essa noite.
Laura: Nada disso. Acha que vou desperdiçar meu fogo dessa noite só porque levei uns tapinhas? Só seja gentil e faça devagarinho comigo. (Fazendo biquinho) Finja que eu sou seu cristalzinho que você tem que ser muito cuidadoso, senão eu quebro.
Celso: Ah, sua cachorra!
PARTE 5: IATE / INT. SUÍTE / MADRUGADA
Os dois estão deitados, cobertos apenas por um lençol que os envolve enquanto estão unidos de conchinha. Gabriela está deitada de lado, com o braço estendido sobre o lado direito da cama e os cabelos soltos caindo sobre os ombros e as costas. William está atrás dela, com o cotovelo direito apoiado na cama e a cabeça repousada na mão direita, enquanto acaricia as costas de Gabriela com os dedos. Eles permanecem ali, nesses instantes de calmaria, sem dizer uma palavra, apenas sentindo o momento após a primeira transa.
William: E então?
Gabriela (virando para ele): Então...
William: Como você tá?
Gabriela: Você quer saber se eu gostei?
William sorri, meio desconcertado.
William: Bom, não achei que eu estivesse sendo óbvio assim. Dá pra saber pelo meu rosto que eu tô querendo um feedback seu?
Gabriela: Homens não sabem ser discretos
William: Poxa...
Gabriela: Então, só pra você saber, hoje foi a noite mais perfeita de toda a minha vida.
William: Sério?
Gabriela: Seríssimo, meu amor
William: Eu pensei... Pensei que talvez não conseguisse corresponder às suas expectativas.
Gabriela: Tá brincando? Você é um cara tão bonito e eu não via a hora de poder ficar junto de você desse jeito. Foi muito difícil conter meus desejos. Você não é uma pessoa fácil de estar perto, sabia?
William: Ué, e por quê?
Gabriela: Porque, e eu com certeza vou me envergonhar de dizer isso mais tarde, mas eu não consigo ficar perto de você sem desejar tirar a sua roupa toda a cada minuto.
William: Minha nossa, quem diria que você é uma menina tão safadinha assim?
Gabriela: Ah, é? Tá surpreso comigo?
William: Tô, mas tô adorando esse seu outro lado, pois saiba que também é muito difícil ficar perto da senhorita com você sendo assim tão gostosinha. Foi muito difícil me segurar esses dias. Sabe aquele dia na praia? Com você só de biquíni? Ali eu quase enlouqueci. Mas ainda bem que a gente se segurou até o momento certo. Pelo menos pra mim.
Gabriela sorri enquanto William beija seu pescoço e dispõe seu corpo sobre ela. As mãos dela percorrem as costas torneadas do namorado, e os lábios dos dois se encontram em um beijo de língua intenso. Ali, eles estavam prontos para, mais uma vez, se entregarem ao tesão.
PARTE 6: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / MANHÃ
William chega à mansão e vai direto para o seu quarto. O sorriso estampado em seu rosto, resultado da noite que teve com Gabriela, não desaparece enquanto ele toma banho. Ao sair, seca-se e está prestes a deitar para um cochilo antes do amanhecer, quando ouve batidas na porta. Ao abrir, encontra Celina, vestida com um robe de cetim azul-marinho e com uma expressão de preocupação.
Celina: Posso entrar?
William: Ah mãe, eu ia dormir agora.
Celina: Por favor, filho, é rápido, eu prometo.
William: Tudo bem.
William faz um gesto para que Celina entre. Ela passa por ele e para no meio do quarto, virando-se e parecendo conter as palavras.
Celina: Como você passou a noite?
William: Eu fiquei bem.
Celina: Fiquei muito preocupada. Depois de tudo o que aconteceu ontem entre você e seu pai, eu não sabia como você reagiria, e você não ligou nem avisou.
William: Eu passei a noite muito bem, mãe. Inclusive foi uma das melhores noites da minha vida.
Celina: Ah, meu filho, fico feliz. Então, está mais calmo?
William: Estava, mas aí cheguei aqui e comecei a lembrar das coisas que o papai disse ontem. Preciso conversar com ele para saber se ele tem uma explicação pra me dar pelo papelão que me fez passar na frente da minha namorada.
Celina: William, por favor, estou te pedindo para ter um pouco de paciência com seu pai.
William: Paciência? Você ouviu bem as coisas que ele falou pra mim ontem? O tempo todo provocando e falando coisas inadequadas pra Gabi, parecia que tava fazendo de propósito para deixar o clima desconfortável.
Celina: Eu sei que ele pode ter passado dos limites, mas você tem que entender que isso é novo para todos nós. Você namorando essa doce menina… Acho que seu pai não soube como reagir. Afinal, ela é tão diferente de você.
William: Diferente? Até você, mãe? Não é possível.
Celina: Meu filho, não pense mal de mim. Eu quis dizer que vocês tiveram criações distintas, mas de modo algum quero discriminar a Gabriela. Gostei muito dela, gostei de como ela faz você sorrir e de como você a defende com tanta determinação. Sinto no meu coração, William, que talvez ela seja a garota certa para você.
William fica pensativo ao ouvir as palavras da mãe.
William: Você acha?
Celina: E não é? Não é isso que você também acha?
William (sorrindo): Sim, mãe, ela é a mulher da minha vida. Todos os dias tenho mais certeza disso.
Celina: E você pretende pedir a mão dela?
William: Não sei, parece precipitado. É algo que meu coração diz ser o certo, mas não quero atrapalhar nosso relacionamento de jeito nenhum. Se dependesse de mim, eu pediria ela em casamento hoje mesmo, e realizaria a cerimônia o quanto antes para ter ela como minha esposa, poder dormir e acordar ao lado dela.
Celina: Entendo e fico muito contente que pense assim. É tão bom ver que meu menino finalmente se tornou um homem. Mas me preocupo com...
William: O quê?
Celina: Como ficam as coisas entre você e seu pai? E seus estudos? Sua especialização? Como pretende conciliar tudo isso com a sua vida ao lado da Gabriela?
William: Mãe, não posso continuar decidindo meu futuro baseado no que é melhor pro meu pai. A partir de agora, preciso decidir por mim. Meu futuro é ao lado da Gabi e eu jamais sairia do lado dela agora, isso já é algo definido.
Celina: Tudo bem. Saiba que eu, como sua mãe, te apoiarei em qualquer decisão que seja melhor para você. Seu namoro com a Gabi tem minha bênção. Quero que vocês sejam muito felizes. Mas quero que você se entenda com seu pai. Por favor, converse com ele.
William: Vou fazer isso hoje mesmo. Avise pra ele não sair pra empresa sem falar comigo. Eu tava pensando em dormir, mas acho que vou me arrumar e ficar acordado.
Celina: Tudo bem, só peço que tente ter uma conversa civilizada com ele. Já chega de brigas nesta casa.
William: Pode ficar tranquila, mãe, da minha parte não vai ter briga.
Celina se aproxima e abraça William. Ele corresponde ao abraço. Ela beija sua bochecha e sai do quarto. William fecha a porta, suspira e se joga na cama, com os braços abertos e olhar perdido.
PARTE 7: CASA DE GABRIELA / INT. COZINHA / MANHÃ
Gabriela está sentada na cozinha, tomando seu café, quando Fátima entra no cômodo com uma expressão de desconfiança.
Fátima: A noite foi boa?
Gabriela: Foi...
Fátima: Pelo visto, foi ótima.
Gabriela: Ah mãe...
Fátima(interrompendo): Gabriela! Eu sei que você não é mais uma garotinha. Não vou ficar te recriminando por dormir fora de casa. Você é uma mulher adulta e sabe o que faz da vida.
Gabriela: Tudo bem, mas por que a senhora está me falando isso?
Fátima: Porque eu quero te dar apenas um conselho.
Gabriela: Então fale.
Fátima: Minha filha, por favor, toma cuidado. Você viu ontem como essa gente te tratou? Esse menino, William, é um querido, isso eu posso ver e sei que você gosta muito dele. Mas, minha filha, o pai dele... Tá na cara que ele odiou saber que você é pobre. A mãe dele também, bancou a simpática, mas eu pude ver o olhar dela, julgando a gente de cima a baixo. Tenho certeza de que ela mandou jogar fora meus paninhos.
Gabriela: Mãe, eu sei de tudo isso. Não sou idiota. Eu meio que já sabia o que esperar quando fomos naquela casa ontem. O tempo todo me preparei psicologicamente para lidar com o fato de que a família dele não fosse gostar de mim. Mas o que eu vou fazer? Não posso me deixar levar pelo que os outros pensam de mim e do William juntos. Antes isso me preocupava mais, na verdade ainda me preocupa um pouco, mas à medida que fui me apaixonando por ele, sei lá... parece que nada disso tem importância. Não posso deixar que isso atrapalhe meu namoro com o homem dos meus sonhos.
Fátima: Eu entendo, só peço que tenha cuidado para não se iludir demais, mantenha os pés no chão com esse menino. Vai ser muito melhor para você não sofrer uma queda feia com essa relação. Você ainda é muito nova para sofrer por amor.
Gabriela: Eu sei me cuidar e vou tomar todo o cuidado possível. Mas eu definitivamente estou decidida a ficar com ele, não importa o que a família dele pense de mim.
Gabriela toma um gole de café enquanto Fátima desvia o olhar, ainda aflita após a conversa.
PARTE 8: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / MANHÃ
William entra na sala de jantar. Celina está à mesa, com uma expressão serena, enquanto Janaína serve o café. Ao passar por Janaína, William a cumprimenta com um beijo e um abraço caloroso.
William: Bom dia, Jana!
Janaína: Bom dia, meu filho! Como foi o jantarzinho ontem com a Gabi?
William muda de expressão ao ouvir a pergunta e, sem responder imediatamente, senta-se à mesa, abaixando o olhar com certo desconforto.
William: Foi... bom, a Gabi gostou muito.
Janaína: Ah, que bom. Eu vi essa menina crescer, tenho certeza de que vocês dois vão se dar muito bem.
Celina lança um olhar sutil para Janaína, que percebe o desconforto da patroa e volta a servir a mesa com um olhar apreensivo.
William: Obrigado, Jana.
Enquanto observa a mesa posta com capricho, William percebe a ausência de Júlio.
William: E meu pai? Não vai descer pro café?
Celina: Seu pai...
William: O que?
Celina: Bom, ele teve que sair cedo para a empresa.
William: Como assim, a senhora avisou que eu queria falar com ele?
Celina: Sim, mas...
William: E mesmo assim ele saiu?
Tomado pela raiva, William atira o pão que segurava na mesa com força, assustando Celina e Janaína. Ele se levanta de forma abrupta, quase derrubando a cadeira, e sai em direção à sala, seus passos ecoando pela casa.
Celina: William! William! Onde você vai?
William: Vou falar com meu pai.
Celina: Não é melhor esperar ele voltar para casa?
William: Não vou esperar porcaria nenhuma. Eu disse que precisava conversar com ele, e se ele vai ficar me evitando, eu mesmo vou até a empresa falar com ele.
William se vira para a mãe, segurando seus braços com determinação
William: Não precisa se preocupar, mãe. Como eu disse, só vou falar com ele. Apenas um papo de pai e filho.
William se vira novamente e caminha em direção à saída. Celina continua a segui-lo, apreensiva.
Celina: Mas, meu filho, pelo menos ligue pro seu pai avisando.
William ignora as palavras da mãe e sai pela porta da frente. Ele entra em seu carro e acelera, com o som dos pneus cantando na entrada da propriedade, ecoando enquanto ele dirige até o grande portão.
PARTE 9: ESCRITÓRIO FERREIRA ALBUQUERQUE / SALA DE REUNIÕES / MANHÃ
Júlio está reunido com algumas pessoas do conselho. Celso está ao seu lado, ouvindo atentamente ao que é dito pelo patrão.
Júlio: Não posso negar que me faria muita falta, mas Guedes precisa entender que negócios são negócios. Eu não me tornei o que sou hoje em dia sentindo pena de amigos. Herbert, liga pro Fábio e peça que ele finalize a venda. Celso, o que acha de...
Nesse momento, a porta da sala de reuniões se abre com um estrondo, e William entra com passos firmes. Todos se viram para ele, curiosos e confusos.
Júlio: William? O que faz aqui?
William: Preciso conversar com o senhor.
Júlio: Estou ocupado agora, estamos em reunião. Pode aguardar na minha sala?
William: Não, não posso. Eu quero falar com o senhor agora, não vou esperar nem mais um minuto.
Júlio soa perplexo com a resposta de William e fica sem reação. Celso se levanta, percebendo a alteração na voz de William, e encosta a mão no abdômen do amigo.
Celso: Vamos, Willy, eu te faço companhia enquanto você espera.
William afasta a mão de Celso com um movimento brusco, mantendo seu olhar fixo em Júlio. Celso fica sem jeito.
William: Não vou a lugar nenhum. Já disse que quero conversar com o meu pai. Não se mete.
Júlio: Mas o que é isso, William? Por que está se comportando assim? Você está me envergonhando na frente do pessoal.
William: Ah é? Então me diz se é boa a sensação.
Júlio: Então é disso que se trata? Uma vingancinha de um menino mimado?
William: Se trata de mim fazendo o senhor passar o mesmo vexame que me fez passar na frente da Gabi.
Júlio: Eu já tinha conversado com você ontem, já tinha pedido desculpas pelo que disse. Infelizmente, você saiu de casa e não tive tempo de falar com você até então. Você não precisava vir aqui.
William: Não precisava, mas eu vim. Inclusive, pedi para avisar o senhor que queria conversar, e o senhor resolveu ignorar meu pedido.
Júlio: Isso não te dá o direito de vir aqui e fazer uma cena. Anda, retire-se e eu falo com você depois.
Júlio coloca a mão sobre o peito de William, empurrando-o em direção à porta. Mas William afasta a mão de Júlio com um golpe firme, fazendo-o retroceder. Júlio encara William, incrédulo com a reação do filho. Ele avança mais uma vez para cima de William, desta vez empurrando com mais força. William revida e empurra o pai de volta, fazendo Júlio quase cair sobre a mesa da sala de reuniões.
Júlio: Seu pirralho insolente!
William: Tenta mais uma vez pra você ver o que acontece.
Júlio dá um tapa na cara de William com força. Todos na sala ficam assustados com a cena. Celso arregala os olhos com o que vê, mas sua boca parece tremer, tentando conter um pequeno sorriso.
FIM DO CAPÍTULO.
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