LINHA TÊNUE - CAPÍTULO 17
Webnovela de Tony Castello
PARTE 1: ÁREA EXTERNA / NOITE
Liliana corre para ajudar Fred, que tentava se levantar com dificuldade.
Liliana: Você tá bem? Me deixa te ajudar. O que você fez, Oliver? (gritando)
Celso: Talvez eu devesse te ensinar uma lição pra deixar de ser babaca.
Celso segura Oliver pelo paletó do smoking e atira o rapaz no chão, se colocando sobre ele e começando a despejar uma sequência de socos no rosto dele. Liliana se desespera ao ver a cena e corre para tentar separá-los.
Celso: Isso é pra você aprender a não mexer mais com meu irmão, seu merdinha.
Celso continua socando Oliver até que Liliana segura o braço dele, impedindo que continue batendo no rapaz. Alguns convidados se aproximam para ajudar a apartar a briga. Oliver é ajudado a se levantar enquanto alguns homens seguram Celso e o levam para longe.
Liliana: Seu idiota, não precisava disso, quem mandou você se meter?
Celso: Desculpa, Lilizinha, tô nem aí pro que você pensa, mas ninguém mexe com meu irmão. Agora vai lá colocar uma mordaça no seu namorado. Explica pra ele que você só tá esperando ele arredar o pé pra se atirar em cima de outro macho.
Liliana: Ai, seu otário, porque você não se mete com a sua vida?
Celso: E porque você não para de se atirar pra outros caras na frente do seu namorado?
Liliana dá uma bofetada no rosto de Celso. Ele leva a mão até o rosto após o golpe, mas sorri cinicamente para Liliana.
Liliana (se aproximando de Celso): Escuta, você não sabe nada sobre mim, entendeu bem? Que moral você tem pra falar de alguém se anda por aí passando esse seu pauzinho em qualquer cadela sarnenta que você encontra, hein? Procura dar jeito na sua vida e vai cheirar o rabo da vagabunda que te colocou na coleira.
Fred se aproxima dos dois ainda segurando o rosto machucado pelo soco que levou de Oliver.
Fred: Gente, por favor, vamos acabar com isso. Tá todo mundo olhando.
Oliver, que estava sendo contido por outros convidados, tenta se aproximar deles com dificuldade, meio cambaleante.
Oliver: Você, seu fracassado estranho (apontando para Fred), você pensa que eu não sei que anda arrastando asa pra cima da minha mulher?
Liliana: Ai, Oliver, agora chega!
Liliana pega Oliver pelo braço e começa a se afastar, arrastando-o. Antes de ir, ela se vira e mostra o dedo do meio para Celso, que responde ao gesto obsceno soltando um beijinho para Liliana.
PARTE 2: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. ENTRADA ENTRE A SALA E A COZINHA / NOITE
William empurra Laura com força para se livrar do beijo, fazendo-a retroceder quase caindo para trás.
William: Que isso, Laura? Você tá louca?
Laura: Me desculpa, William, foi mais forte do que eu.
William: Laura, pelo amor de Deus, entende de uma vez que eu amo a Gabriela, a Gabriela! Eu não quero mais nada com você e quer saber do que mais? Nem a sua amizade eu quero, quero que você fique longe de mim.
Laura: William? Não precisa disso, eu só agi por impulso, por favor, me perdoa.
William: Ah garota, vê se fica longe de mim. Se você acha que eu vou permitir que você tente sabotar meu relacionamento com a Gabi, saiba que você tá muito enganada. De agora em diante, vê se pensa duas vezes antes de chegar perto de mim.
Laura fica nervosa e começa a chorar. Ela tenta avançar para cima de William para abraçá-lo, mas ele a impede com o braço.
Laura: Meu Deus, como eu sou burra, eu não deveria ter feito isso. William, não faz isso comigo, eu sei que eu errei, mas por favor não me trata assim.
William: Já disse, Laura, VÊ SE FICA LONGE DE MIM!!!
William se vira para ir até a cozinha, mas seus olhos se arregalam ao ver Gabriela parada, presenciando todo o ocorrido.
William: Gabi? Você tava aí?
William faz uma expressão de constrangimento, seus olhos se tornam preocupados e seus lábios tremem. Ele vai até Gabriela, segurando as mãos dela entre as suas.
William: Gabi, seja lá o que você viu, eu não tive culpa, eu juro.
Gabriela fica em silêncio, sem responder nada. Ela passa por William e fica entre ele e a entrada da cozinha, encarando Laura. Gabriela então avança até William e dá um beijo intenso nele. Os dois se beijam carinhosamente. Gabriela abre os olhos durante o beijo e encara Laura. Ela e William se soltam, e William sorri para ela.
Gabriela: Eu sei que você não fez nada, seu bobo.
William não responde, mas continua sorrindo. O rosto de Laura transforma sua expressão de choro em uma feição tomada pela ira. Seus olhos envoltos em uma indignação quase palpável. Ela respira ofegante e se afasta lentamente, dando as costas para William e Gabriela. Laura entra por um corredor, sentindo seu corpo amolecer. Ela se joga contra a parede, quase caindo, sentindo dificuldade em se manter em pé. Até que ela entra por uma porta que dava para um quarto. Sua respiração se torna mais ofegante e ela então grita, grita tão alto que seu rosto fica vermelho. Laura pega um vaso de flores que estava próximo e atira na parede, ainda gritando. Ela começa a quebrar e atirar vários objetos do quarto no chão. Em um momento, ela abre uma gaveta, mexendo no interior até retirar um objeto pontiagudo. Ela então avança sobre a cama e acerta o travesseiro com o objeto, rasgando-o. Ela dá várias estocadas, rasgando o travesseiro com fúria.
Laura: DESGRAÇADA! MISERÁVEL! MORTA DE FOME!
PARTE 3: MANSÃO FERREIRA ALBUQUERQUE / INT. QUARTO DE WILLIAM / NOITE
A celebração termina e todos os convidados já partiram. Os Ferreira Albuquerque se recolhem para dentro da mansão, enquanto os funcionários trabalham na área externa. William, com Gabriela nos braços, a conduz até seu quarto, ambos abraçados.
William: Eis o seu castelo, princesa, pelo menos por esta noite! Agora você pode realizar aquele seu desejo de tirar cada peça do meu smoking.
Gabriela ri, colocando a mão na boca.
Gabriela: Sério? Você quer mesmo que eu tire suas roupas com seus pais em casa?
William: Quero sim. O quarto dos meus pais é bem longe daqui, dificilmente eles vão ouvir a nossa bagunça.
Gabriela: Então vem cá, que você já está me deixando louca.
Gabriela puxa William e beija seus lábios. Ele se joga sobre ela, segurando-a pelas nádegas. William caminha lentamente, carregando Gabriela até a cama. Ele ajoelha-se sobre a cama, avançando devagar, com Gabriela ainda agarrada a ele, sem cessarem os beijos. De repente, William para e se levanta da cama.
William: Você pode esperar só um momento? Eu tive uma ideia, prometo que já volto.
Gabriela: Ah, William, logo agora?
Ela ergue a perna direita e alisa o peito de William com o pé. Ele segura o pé dela entre as mãos e beija lentamente.
William: Eu juro que não vou demorar, meu amor. Tenho certeza de que você vai gostar.
William desce a ampla escadaria da mansão. Ao chegar à cozinha, ele abre a geladeira e pega uma grande garrafa de champanhe, algumas taças de cristal e um balde com gelo. Cuidadosamente, coloca a garrafa no balde e ajeita as taças ao lado. Antes de sair, ele retira a pequena caixa de veludo do bolso. Ao abrir a caixa, seus olhos brilham ao contemplar o anel reluzente em seu interior. Ele sorri para si mesmo, guarda a caixa novamente no bolso e se prepara para sair da cozinha. Nesse momento, Celina entra devagar, com um sorriso emocionado no rosto.
Celina: É tão bom ver você em casa de novo, dormindo aqui como costumava ser.
William: Ah mãe, pra mim também é bom estar aqui.
Celina: E a Gabi, como ela está? Está se sentindo bem?
William: Tá sim, acho que vai ser a primeira noite dela aqui e eu quero que seja especial, quero que seja memorável.
Celina: Pois eu espero que ela se sinta em casa. Sabe... Quando vocês casarem, bem que você poderia vir morar com ela aqui, pelo menos por um tempo.
William: Eu agradeço a oferta, mãe, mas eu quero que a gente tenha a nossa casinha, o nosso canto, pra ter privacidade.
Celina: Entendo...
William: E também...
Celina: O quê?
William: Bom, mãe, eu não me sinto tão confortável em estar com a Gabi aqui enquanto a Laura tá por aqui. Eu trouxe ela hoje porque foi a minha formatura, mas não dá pra gente ficar circulando por aqui enquanto a Laura estiver aqui. Eu não quero induzir a senhora a nada, mas... Sinceramente, a Laura não tá sabendo lidar com o meu namoro e sinto que a Liliana tava certa sobre ela, ela fez de tudo pra conseguir se enfiar aqui pra tentar ficar perto de mim.
Celina: Meu Deus, William, eu não podia imaginar.
William: E tem mais... Hoje ela me beijou na frente da Gabriela e tenho certeza de que ela fez isso de propósito porque sabia que a Gabi veria. Por isso mãe, eu peço a senhora, se quiser que eu continue frequentando essa casa e trazendo a Gabi aqui, por favor, mande a Laura embora.
Celina: Meu Deus, meu filho! Eu juro que não fazia ideia de que as coisas chegariam a esse ponto. Liliana chegou a me alertar, mas eu pensei que fosse apenas implicância dela com a Laura.
William: Pois não era, mãe. Eu deveria ter me atentado às investidas da Laura mais cedo. Desde o jantar em que eu trouxe a Gabi aqui, eu pude sentir o desprezo dela pela Gabi só no olhar.
Celina: Eu estendi a mão para a Laura porque ela me contou todos os problemas em que estava passando, disse que se sentia sozinha e que talvez tivesse que ir embora da cidade. Não me senti bem em ver ela nessa situação e chamei pra passar um tempo conosco. Não acredito que ela tenha abusado da minha boa vontade para ficar perto de você. Mas pode deixar que amanhã mesmo eu vou ter uma conversa com ela, vou pedir que volte pro apartamento dela.
William: Isso é a senhora que decide. Agora deixa eu ir que a Gabi tá me esperando.
William pega as coisas que tinha deixado no balcão da cozinha e caminha até próximo da mãe, dando um beijo na testa dela. Celina suspira, enquanto William caminha pela sala, onde avista Júlio parado próximo à escada.
William: Pai? Você está bem?
Júlio se vira para William com o rosto tenso e vermelho, a testa suada. De repente, ele desaba no chão.
William: Paaaai!
William derruba o balde de gelo e a garrafa no chão e corre para segurar o pai entre os braços. Júlio está desacordado e William dá alguns tapinhas no rosto dele na tentativa de reanimá-lo.
William: Pai, pelo amor de Deus, fala comigo. MÃEEEE! SOCORRO! ALGUÉM ME AJUDA!
Celina, que está saindo da cozinha, fica paralisada com os olhos arregalados ao presenciar a cena. Ela então se move e corre até William.
Celina: William, o que aconteceu? O que houve com seu pai?
William: Eu não sei, ele desmaiou. Por favor mãe, chama uma ambulância rápido.
Celina começa a chorar enquanto segura o rosto de Júlio em suas mãos. William percebe o nervosismo da mãe e puxa o celular do bolso, digitando o número de emergência.
PARTE 4: HOSPITAL / INT. SALA DE ESPERA / MADRUGADA
Todos estavam reunidos na sala de espera aguardando ansiosamente informações sobre o estado de saúde de Júlio. Celina estava sentada numa poltrona, muito aflita e com os olhos marejados. Liliana estava ao seu lado, segurando e afagando as mãos da mãe. William estava em pé, um pouco afastado, encostando na parede com Gabriela abraçada a ele, a cabeça repousada em seu ombro. De repente, Mônica e Celso chegam à sala de espera. Mônica se aproxima de Celina com uma expressão solidária, acompanhada de Celso. Celso vai até William e abraça o amigo, enquanto Mônica se senta ao lado de Celina.
Mônica: Oh, minha querida, eu fiquei sabendo e vim correndo pra cá. Vocês já souberam alguma informação sobre o estado dele?
Celina: Por... (com voz chorosa) Por enquanto não temos notícias, ele está sendo avaliado.
Mônica: Ah, eu sinto muito, Celina. Saiba que pode contar comigo para qualquer coisa. E você, Liliana, como está?
Liliana: Nem sei dizer, tem mil coisas passando pela minha cabeça agora.
Mônica: Eu sei, eu sei bem como é. Já passei por essa situação, sabe, com Armando... Mas se Deus quiser, Júlio ficará bem. Ele é um homem jovem, ainda está em forma. Vamos torcer para que seja só um susto.
Celina: Obrigada, Mônica! Agradeço pelas suas palavras de conforto.
Liliana: Mônica... Como o Fred ficou, sabe...
Mônica: O Fred? Por que você não pergunta para ele? Ele está vindo aí, querida. Fez questão de vir com a gente prestar solidariedade.
Nesse momento, Fred surge na sala de espera, andando devagar. Ele e Liliana se olham. Liliana se levanta e vai até ele.
Liliana: Oi.
Fred: Oi.
Liliana: Como você tá?
Fred: Bem, mas... Acho que era eu quem deveria fazer essa pergunta, não é?
Liliana solta um risinho de canto de boca.
Liliana: Eu sei, mas é que depois da briga na festa eu levei o Oliver pra casa e nem percebi que você...
Ela foca no olhar dele, que estava machucado devido ao soco que levou. Ela põe o dedo delicadamente no rosto dele, alisando o hematoma.
Liliana: Você ficou machucado.
Fred: É, mas não é nada demais, tava pior, mas o Celso me fez colocar gelo.
Liliana: Falando nisso, me desculpe pelas besteiras que eu disse naquela hora. Eu sou muito impulsiva, às vezes falo sem pensar. Você não merecia ter presenciado aquela baixaria.
Fred: Tudo bem, não precisa se desculpar. Acho que você tava no seu direito de revidar, afinal, o Celso tem a língua afiada, fala o que der na telha e não mede as palavras.
Liliana: Sim...
Fred: E como tá o seu pai?
Liliana: Por enquanto não sabemos, estamos aguardando alguma notícia. Pelo menos ele entrou aqui consciente. Esperamos que não tenha sido infarto.
Fred: Ah, então acredito que vai ficar tudo bem com ele. Assim espero... Escuta...
Liliana: Sim?
Fred: Você não quer ir tomar um café comigo?
Liliana: Agora?
Fred: Sim, tudo bem para você?
Liliana fica meio receosa com o convite, mas acaba balançando a cabeça e acompanha Fred para fora da sala de espera. Enquanto isso, os dois continuam conversando entre si. Ainda na sala, Celso conversava com William e Gabriela.
Celso: Então foi você quem achou ele caído?
William: Sim, foi horrível, fiquei desesperado, felizmente consegui agir rápido.
Celso: E aquele assunto que você ficou de ver, William? Deu certo?
William troca olhares com Celso, balançando a cabeça em negação sem que Gabriela perceba. Celso entende o gesto e faz uma careta demonstrando decepção.
Celso: Bom, o importante é que tenho certeza de que o Tio Júlio vai ficar bem. Conhecendo ele como eu conheço, dificilmente alguma coisa derruba aquele velho.
Celso se afasta e vai até Celina prestar sua solidariedade. William permanece com olhos vidrados, fazendo com que Gabriela perceba.
Gabriela: Não fica assim, meu amor. Vai ficar tudo bem, você vai ver.
William: Obrigado, linda. Mas...
Gabriela: O quê?
William: É que agora eu sinto uma pontada de arrependimento, sabe. Falei coisas que não devia pra ele, ofendi de um jeito que eu nunca ofendi na vida.
Gabriela: Mas vocês fizeram as pazes, William, isso é o que importa.
William: É, mas eu ainda sinto um peso na consciência, fico pensando: e se ele ficou assim por minha causa? Pelas preocupações que eu dei a ele nesses últimos meses? Isso não sai da minha cabeça e eu nunca me perdoaria se alguma coisa acontecer com ele por culpa minha.
Gabriela: William, presta atenção.(Segurando o rosto dele) Para de se culpar. Você não teve responsabilidade alguma pelo que aconteceu. Vamos apenas pensar no melhor, eu tenho certeza de que seu pai vai sair dessa. Você vai ver como tudo não passou de um susto.
PARTE 5: HOSPITAL / INT. CORREDOR / MADRUGADA.
Fred e Liliana caminham devagar conversando pelo corredor.
Fred: Você sabe me dizer o que ele tem contra mim?
Liliana: Bom, ele nunca foi ciumento, mas nos últimos meses ele meio que tá surtando com muitas questões, principalmente a viagem.
Fred: Entendo...
Liliana: Sabe, a gente nunca foi esse tipo de casal muito apegado, nosso relacionamento nunca foi essa coisa careta tipo o que os meus pais têm. Bom, agora eu nem sei mais, meu pai nesse estado...
Fred: Calma, Liliana, seu pai vai ficar bem.
Liliana: Ah, eu não sei... Tô nervosa só de pensar no pior.
Fred: Pois não pense no pior, pense nas coisas boas sobre seu pai, sobre o que você gostaria de fazer com ele quando ele sair daqui. Foi nisso que eu pensei quando...
Liliana: Quando seu pai...
Fred: Sim, na verdade eu nem deveria ter mencionado isso.
Liliana: Não, tudo bem, eu acho legal você compartilhar essa parte da sua vida comigo. Não pensei que eu fosse alguém com quem você conseguiria se abrir tanto, isso meio que me faz sentir bem.
Fred: Bom, sim, você acabou se tornando alguém com quem eu me sinto bem em estar perto, me sinto até mais confortável, parte das coisas que pesam na minha mente acabam se dissipando quando eu estou perto de você. Só me resta tentar retribuir isso agora que você tá precisando de mim.
Liliana se escora na parede, colocando os antebraços sobre a barriga e suspirando fundo.
Fred: Tudo bem?
Liliana: Tudo, eu só... Ai, não sei...
Fred: Não fica assim, Lily.
Fred alisa uma mecha de cabelo de Liliana, ajeitando-a por trás da orelha dela.
Fred: Eu queria poder ter coisas melhores para te dizer, para você não se sentir tão mal, mas infelizmente acho que eu sou muito quebrado para servir de suporte pra alguém. Não queria mesmo te ver assim...
Fred e Liliana se encaram. Os olhos focados um no outro. Fred transparecendo toda sua compaixão pelo momento de Liliana e ela envolta em uma confusão pelos sentimentos que estavam fervilhando naquele momento. Liliana então avança sobre Fred, beijando seus lábios. Ele inicialmente fica surpreso e se afasta. Os dois continuam a se encarar, Liliana assustada com o que acabou de fazer e Fred um pouco surpreso.
Liliana: Me desculpa, eu não devia...
Nesse momento, Fred, tomado pelo impulso, devolve o beijo de Liliana, os lábios dos dois envolvidos num beijo intenso. Ambos deixando a impulsividade tomar conta de suas ações.
Na sala de espera, todos continuam aguardando ansiosamente por informações de Júlio. Fred e Liliana surgem na sala trocando olhares desconfiados entre si. Celso avista os dois e solta um sorriso, arqueando as sobrancelhas para Fred que, ao notar o gesto, desvia o olhar. De repente, um médico surge na sala e todos se aproximam dele para receber notícias.
Celina: Doutor, e então? Como está meu marido?
Doutor Edgar: Pode ficar tranquila, seu marido está bem. Tudo não passou de um pico de estresse que causou um desmaio. Felizmente, os exames iniciais descartaram qualquer problema cardíaco grave, como um infarto.
Celina chora e abraça Mônica, que estava próxima. Liliana se aproxima da mãe e a abraça também, seguida por William. Celina se volta novamente para o médico.
Doutor Edgar: Bom, agora eu preciso que apenas os familiares próximos me acompanhem. Vocês já podem visitar o paciente.
William: Então tá tudo certo, doutor? Meu pai tá fora de perigo?
Doutor Edgar: Sim, como eu disse, foi apenas um desmaio causado pelo estresse. Avaliamos o seu pai e os exames de sangue e os exames cardíacos estão normais. O estado de saúde dele é bom, mas ele precisa diminuir o ritmo. Recomendo que ele faça atividades físicas leves, mantenha uma dieta equilibrada e encontre formas de relaxar. Vamos deixá-lo internado aqui por esta noite para observação, mas amanhã de manhã ele deve receber alta.
William fica sem jeito, com um desconforto aparente no rosto. Ele vira o rosto para Gabriela, que retribui com um sorriso reconfortante.
Doutor Edgar: Agora eu preciso que vocês me acompanhem.
O médico se vira e entra pelo corredor de onde veio, seguido por Celina, Liliana e William. Gabriela se senta na poltrona e exibe uma expressão pensativa.
No leito de Júlio, Celina, Liliana e William estão em volta da cama.
Celina: Ah, Júlio, você nos deu um baita susto, seu velho teimoso.
Júlio: Nem nessa cama de hospital você deixa de me dar sermão, Celina?
William: A mamãe tá certa, pai, a gente ficou muito perturbado pensando no pior.
Liliana: É, o médico disse que o senhor desmaiou porque não se aguenta em pé e que talvez tenhamos que instalar uma daquelas cadeiras elevatórias para o senhor subir as escadas.
Celina: Deixe de graça, Liliana, não vê que seu pai está sem humor pras suas gracinhas?
Júlio: Deixa ela, Celina. Pensando melhor é até bom ouvir as malcriações dela, me faz sentir que tudo voltou ao normal. Que tudo ainda está no lugar. Você continua sendo você, William continua sendo meu primogênito e Liliana a minha caçula rebelde. Eu não me perdoaria se tivesse deixado vocês aqui sem mim.
William: Não fala isso, pai. O senhor ainda tem muito o que viver. O médico disse que a sua saúde tá ótima pra sua idade. O senhor só precisa ter menos preocupações, focar menos no trabalho.
Júlio: Ah, William... Não é tão fácil assim. Não tem ninguém naquela empresa que pode fazer o que eu faço. Não tem ninguém que pode comandar tudo com mãos de ferro como eu comando. E eu não confio em ninguém o suficiente pra me substituir.
Celina: Pare de pensar nisso pelo menos por agora, Júlio. Você precisa descansar essa noite.
Júlio: Eu só queria fazer um pedido ao William.
William: Pode pedir o que quiser, pai!
Júlio: Volte a morar em nossa casa, filho, por favor! (chorando)
William: Pai, acho que outra hora a gente conversa sobre isso.
Júlio(pegando firme na mão de William): Pelo menos me prometa que vai pensar no meu pedido.
William: Eu prometo, pai. Prometo que vou pensar. Agora o senhor precisa relaxar.
E então eles permanecem conversando mais um pouco com Júlio. Até que deixam o quarto e Júlio dorme. Enquanto ele dorme, alguém entra no quarto e se aproxima do leito. Júlio desperta do sono e vê a pessoa que o estava encarando próxima à cama.
Júlio: Mônica? O que você faz aqui?
Mônica: Olá, Júlio! Pensei que você tivesse morrido.
Júlio: Não foi dessa vez que vocês conseguiram se livrar de mim.
Mônica: Sim, eu só fiquei pensando nisso tudo, em você aqui, supostamente à beira da morte, e em todo o tempo perdido que você teve com seu filho.
Júlio: Eu e William já nos acertamos. Se Deus quiser, não haverá mais tempo perdido. Eu vou garantir que meu filho volte para mim por completo e siga nos trilhos que eu planejei para ele.
Mônica sorri e se aproxima da cama.
Mônica (falando baixinho): Você sabe que não é do William que eu falo e sim do Celso, seu verdadeiro primogênito.
FIM DO CAPÍTULO.
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