DÉBORA (Surpresa): Leonel? Como veio parar aqui?
LEONEL: Eu entendo sua surpresa, Débora. Sei que foi você quem ajudou o Coronel Guilhermino a me sequestrar.
DÉBORA (Nervosa): Sequestro? Eu não tenho nada a ver com isso, Leonel, acredite em mim!
LEONEL: CHEGA, DÉBORA, CHEGA DE MENTIRAS! Nada do que você falar irá me convencer, então pare com esse papinho de boa pessoa que não vai adiantar em nada!
DÉBORA: Está bem, eu confesso. Eu participei desse sequestro. Pinguei umas gotinhas de um calmante bem forte para desmaiar você, e te mandei de presente para o Coronel.
LEONEL: E o que mais tem para confessar? Eu não me surpreenderia se dissesse que é culpada pela explosão na fábrica.
DÉBORA: Fui eu também! Cansei de esconder tudo isso. Estou exausta de ter que me humilhar para você, sendo que mal olha em minha cara. Se quer saber, Leonel, eu te atraí até aqui com aquela explosão, pois queria me vingar de você.
LEONEL: Isso, Débora, mostre sua verdadeira face!
DÉBORA: Bom, eu contei tudo, mas você não tem provas concretas para me botar na cadeia.
LEONEL: Posso não ter provas, você pode não ir para a cadeia… Bom, eu só sei que você não mora mais aqui.
DÉBORA: Como?
LEONEL: É isso mesmo que ouviu. Arrume as suas malas, pegue as suas coisas e vá para o raio que o parta! SUAS coisas, ouviu bem? Não as de Celine, pegue as suas coisas. Nessa casa você não fica mais.
DÉBORA: Não pode me mandar embora!
LEONEL: Claro que posso, a casa é minha, está em meu nome. Chega de drama, Débora, ou eu mesmo lhe arrasto para fora daqui.
Os olhos de Débora se enchem de lágrimas, pelo ódio.
DÉBORA: Isso não vai ficar assim, vai ter volta!
LEONEL: Estarei aguardando.
Débora sobe as escadas, secando seus olhos.
GLÁUCIA: Eu nunca imaginei que minha própria sobrinha poderia fazer uma coisa dessas… Leonel, eu nem sei o que dizer.
LEONEL: A senhora não tem culpa, Dona Gláucia. A senhora fez o possível para ajudar na criação destas meninas, Débora se amargurou, pois seu próprio psicológico já era afetado. Ao invés de lembrar disso, lembre-se de Celine, da pessoa boa e doce que ela se tornou.
ELIAS: Leonel, será que poderíamos ter uma conversa em particular?
Leonel fecha a porta de seu escritório e senta-se em sua cadeira.
LEONEL: Então, Elias, o que tem para me dizer?
ELIAS: Eu queria me desculpar. Você não sabe disso, mas eu atrapalhei seus planos contra o Coronel…
LEONEL: Como assim?
ELIAS: Débora me chantageou. Ela descobriu um segredo meu, o qual eu escondo a sete chaves e tenho medo de revelar. Ela pediu que eu contasse quem estava te passando informações sobre os planos do Coronel… Eu fui um fraco, e cedi a essa palhaçada. Enfim, era isso o que eu tinha para dizer, não aguentaria continuar escondendo isso.
LEONEL: Eu te perdoo, Elias, a Débora foi suja com você. Olha, eu não sei o que é isso que você tem medo que descubram, mas saiba que pode contar comigo se precisar de qualquer ajuda. Estarei sempre ao seu lado, assim como você sempre me ajudou e esteve do meu também.
ELIAS: Obrigado, Leonel! Agradeço muito por ser compreensível.
LEONEL: Agora você me lembrou de algo… Essa pessoa que me passava informações, me ajudou a fugir do cativeiro. Estou preocupado com ele, aconteceu algo inesperado enquanto fugiamos…
Flor está jantando enquanto ouve uma música em seu toca discos. São ouvidas batidas agressivas em sua porta.
FLOR: Já vai!
Ela se levanta e as batidas continuam.
FLOR: Já disse que estou indo!
Ela abre a porta e Vitório entra com tudo em sua casa. O homem está totalmente ensanguentado e quase se arrastando para caminhar.
FLOR (Preocupada): Vitório? O que aconteceu?
VITÓRIO: Ajude-me, por favor! Não deixe ninguém saber que estou aqui.
Anabel e Lino estão no quarto do rapaz, deitados lado a lado. Ela passa suas mãos nos cabelos dele, acariciando-o.
LINO (Aflito): Eu nunca vou conseguir tirar aquela imagem da minha cabeça… Eu agi de maneira errada, não deveria ter feito aquilo.
ANABEL: Acalme-se, meu amor! Entendo que deve estar sendo difícil para você, mas pense que estava apenas se defendendo, porque foi isso que aconteceu. Eu sei que nunca faria uma coisa dessas por mal, mas era ou você ou ele.
LINO: Sendo bem sincero, preferia que tivesse sido eu… Não sei se aguento carregar essa culpa pelo resto da vida.
ANABEL: Pois saiba que Valentim conseguiria viver tranquilo se tivesse te empurrado do alto daquele penhasco. E o pior é que seria proposital… Chega de falar disso! Vamos descansar a cabeça, esquecer esse dia terrível.
LINO: Você vai ficar aqui comigo esta noite, né?
ANABEL: Claro que vou! Não vou te abandonar desse jeito.
Eles se beijam e depois permanecem abraçados, como se um protegesse o outro.
Mercedes toma uma taça de vinho, aparentemente bêbada. Ela olha para o enorme quadro de Bernardino e Lúcia, exposto na parede da sala.
MERCEDES: Isso tudo que está acontecendo é culpa sua! Maldita hora que eu fui me relacionar com você. Éramos pra ser uma família feliz: eu, você e Valentim. Mas aí você decidiu arrumar essa mulherzinha, e agora nem nosso filho eu tenho mais. Logo logo eu serei presa por tudo que fiz, e essa bastarda ficará com tudo que era seu, mas eu não me arrependo de nada! Na próxima, eu faria até pior.
Ela agarra a sua taça e a joga contra o quadro, com toda sua raiva e força. Algumas gotas pingam sobre a imagem, não danificando tanto a pintura. Os cacos de vidro se espalham pelo chão. Ela gosta daquela sensação e começa a jogar diversas coisas por todo lugar. A garrafa de vinho voa pela janela, quebrando o vidro da mesma, as almofadas do sofá vão parar no chão, e alguns vasos se chocam com a parede, se quebrando em mil pedaços. A mulher solta uma gargalhada, totalmente desequilibrada, e se deita no sofá, ofegante.
Débora chega na fazenda. A mulher entra no casarão, seus olhos vermelhos de raiva. Elza e o Coronel jantavam quando a mulher entrou com tudo no local.
GUILHERMINO: O que é isso, que invasão é essa? O que está fazendo aqui a essa hora da noite, Débora?
DÉBORA: Você deve saber muito bem o porquê da minha visita. Leonel me botou para fora de casa, reapareceu do nada.
GUILHERMINO: Leonel? Você tem certeza do que diz?
DÉBORA (Irônica): Não não, Guilhermino, vi um retrato dele na parede e achei que estivesse na minha frente. É verdade, Coronel, Leonel estava lá, vivo e fora do cativeiro. Só não digo saudável porque a situação do homem estava precária, coitado.
Guilhermino fica em silêncio, atônito. Elza apenas continua comendo seu jantar tranquilíssima, ouvindo a conversa deles.
DÉBORA: O que me admira é ele ter fugido de baixo do seu nariz e você saber pela minha boca ainda.
GUILHERMINO (Farto): Cale-se, Débora! Vou chamar o Jarbas, ele tem que me explicar isso direitinho.
Guilhermino se levanta e corre até sua varanda, onde grita pelo nome de Jarbas. Débora olha para Elza.
DÉBORA: E meu prato? Estou morta de fome! Trabalhei o dia inteiro e Leonel nem deixou que eu comesse antes de me botar no olho da rua.
ELZA: Vou pedir que a criada lhe sirva, querida!
Elza finge gostar da presença de Débora. Enquanto isso, Guilhermino grita enfurecidamente pelo nome de Jarbas, que não dá sinal de vida.
DÉBORA: Só para deixar claro, eu ficarei aqui por um tempo, está bem? Tenho certeza que o Coronel não quer que eu saia contando a todos sobre o que eu sei. Posso até ir pro buraco, mas puxo todos junto comigo.
Um novo dia amanhece. Mercedes acorda com dor de cabeça e confusa. A mulher anda se escorando nas paredes, enquanto apoia sua outra mão na cabeça. Ela desce as escadas e segue até a sala de jantar, onde se assusta ao ver Anabel vestida de empregada na sua frente e a mesa arrumada para o café.
ANABEL: Bom dia, senhora!
MERCEDES (Furiosa): O que está fazendo aqui, garota? Acho muita cara de pau sua aparecer aqui depois de tudo.
ANABEL: Cara de pau minha? Reveja seus conceitos se acha que está inteiramente certa sobre tudo o que faz. E estou aqui trabalhando, ora. Arrumei a mesa do café, do jeito gosta, e vi que a sala estava uma bagunça, já arrumei tudo.
Mercedes olha para trás e vê que a sala está um brinco.
MERCEDES: O que pretende com tudo isso? Está querendo me enlouquecer? Já tem as provas que precisa, agora entregue à polícia e espere minha queda.
ANABEL: Já entreguei, mas quero me certificar de que não vá fazer nada para tentar sair dessa situação.
MERCEDES (Transtornada): Não se preocupe, pois eu já estou farta de tudo isso. Estou farta desta casa! Estou farta de olhar para essa sua cara de sonsa! Estou farta de todos estarem contra mim! Estou farta de toda essa história! Estou farta de tudo dar errado para mim!
Totalmente alterada, Mercedes puxa a toalha da mesa, derrubando tudo no chão.
MERCEDES: ESTOU FARTA!
Ela olha para Anabel, com sangue nos olhos. A moça retribui, olhando para ela dos pés à cabeça, julgando com o olhar.
ANABEL: Acho que a senhora precisa de umas férias para descansar. Pena que não sou mais sua patroa para lhe fazer esse favor.
Mercedes põe a mão na cabeça, como se fosse explodir.
MERCEDES: Chega! Saia da minha frente!
ANABEL: Com todo prazer.
Ela se vira e sai do local. Mercedes olha para a bagunça à sua volta e chuta as coisas no chão.
Elza entra juntamente de Flor na casa dela. Sua expressão fica entristecida ao ver Vitório acamado, e Tião ao lado do amigo.
ELZA: O que aconteceu?
FLOR: Jarbas os pegou enquanto fugiam. Ele acabou levando uma bala, chegou aqui todo ensanguentado e ardendo em febre.
ELZA: Temos que levá-lo ao hospital, ele pode morrer se continuar aqui.
TIÃO: E se o Coronel descobrir e ir atrás dele? Não podemos correr esse risco, melhor deixá-lo escondido aqui.
ELZA: E se o Guilhermino descobrir que ele está aqui? É pior ainda.
TIÃO: Se o Coronel ousar vir atrás de Vitório, eu não vou medir esforços.
Ele pega uma espingarda que estava escorada na parede.
TIÃO: Eu mato esse desgraçado.
FLOR: Acho que o melhor a se fazer é chamar um médico até aqui. Podemos dar um jeito do Coronel não saber sobre isso.
ELZA: Está bem! Eu ia para o hospital de qualquer maneira. Mais tarde eu volto com um médico para curar Vitório.
Guilhermino e Débora estão na sala de estar do casarão.
GUILHERMINO: Você pretende ficar até quando aqui?
DÉBORA: Até eu achar algum jeito de sair dessa situação. Por quê? Estou incomodando?
GUILHERMINO: Sendo bem sincero, está!
DÉBORA: Bom, mas terá que me aturar se não quer que eu…
GUILHERMINO: Tá bom, eu já entendi isso! Agora vê se fecha essa sua boca um minuto.
É ouvida uma gritaria do lado de fora.
GUILHERMINO: O que há dessa vez?
Guilhermino se levanta e anda para fora do casarão, Débora, querendo fofoca, vai atrás. Eles se deparam com vários trabalhadores seguindo os outros dois que carregam o corpo de Jarbas.
TRABALHADOR: Encontramos ele lá pra cima, senhor. Está morto! O que acha que pode ter acontecido? Notamos que Vitório também sumiu.
GUILHERMINO: Agora tudo faz sentido… Se encontrarem Vitório, me avisem imediatamente! Ou qualquer coisa estranha que virem.
TRABALHADOR: E quanto ao defunto?
GUILHERMINO: Não sei! Façam o que quiser com esse incompetente.
Guilhermino retorna para dentro de casa, com Débora indo atrás igual uma assombração.
GUILHERMINO: Agora tudo faz sentido! Vitório achou o cativeiro de Leonel e o tirou de lá. Provavelmente os dois mataram Jarbas na fuga.
DÉBORA: Chocada! Que história, hein! Então se conseguirmos provar que eles mataram o seu capataz…
GUILHERMINO: Provar? Estou exausto de esperar para que algo de útil aconteça. Se eu encontrar qualquer um dos dois, eu mato! Com as minhas próprias mãos.
Gustavo está desacordado numa das camas do hospital. Ele está descamisado, com o peito enfaixado. Elza entra no quarto para visitá-lo, com lágrimas nos olhos.
ELZA: Não queria vê-lo desse jeito… Acho que tenho uma parcela de culpa em tudo isso. Eu me arrependo tanto das escolhas que fiz. Me arrependo de ter fugido do nosso amor há anos atrás, e de não ter feito o possível para que ficássemos juntos e felizes. Espero que me perdoe pela pessoa burra que fui, com o jeito covarde que sempre agi, e que possamos viver felizes algum dia. Saiba que eu não vou deixar isso barato, o Coronel ainda vai se dar muito mal por tudo que fez. E eu estarei lá para ajudá-lo. Ainda tenho outros assuntos para resolver, mas volto para te visitar, meu amor.
Ela dá um beijo na testa do homem, e se retira secando as lágrimas dos seus olhos.
Leonel tenta espairecer enquanto anda pelo jardim da mansão. Ele é pego de surpresa quando Elza aparece no local.
LEONEL: Elza, cada dia me surpreendendo mais…
ELZA: Tudo bem, Leonel? Podemos conversar?
LEONEL: Se não for para brigar ou…
ELZA: Eu… na verdade… queria me desculpar com você. Chega de guardar rancor por tantos e tantos anos, acho que já passou da hora de acabar com as nossas desavenças.
LEONEL: Que bom que queira esquecer dessa história. Gostei muito do seu gesto quando me ajudou a resgatar daquele cativeiro. Acho que foi um ótimo começo.
ELZA: Aquilo era uma obrigação minha. Se eu queria merecer ser tratada como gente, deveria ter feito aquilo no momento em que Guilhermino me levou até lá.
LEONEL: E como está Vitório? Nós nos separamos quando encontramos Jarbas no meio do caminho…
ELZA: Nada bem! Está escondido na casa de Flor, à beira da morte. Jarbas, por sua vez, levou a pior. Apesar da situação, Vitório se defendeu…
LEONEL: Considero isso uma ótima notícia. E o Coronel, está manso com toda essa história?
ELZA: Está com o sangue fervendo! Débora está hospedada lá na fazenda, foi para lá após você expulsá-la.
LEONEL: Boa sorte para aguentar aquela mulher…
ELZA: Guilhermino está incontrolável. Além de tudo o que ele fez contra você, ainda promoveu um atentado contra Gustavo…
LEONEL: Gustavo? O Doutor Gustavo?
ELZA: Sim, ele reapareceu enquanto você estava no cativeiro. Está no hospital nesse exato momento, nada bem.
LEONEL: Alguém precisa parar esse homem. A crueldade do Coronel já foi longe demais, temos que acabar com esse reinado dele!
ELZA: Eu concordo! Bom saber que tenho um aliado para destruí-lo. Bom, Leonel, eu queria falar com você sobre algo importante…
LEONEL: Mais importante que isso?
ELZA: Sim, é sobre aquilo que eu te disse há alguns dias atrás.
LEONEL: Sobre eu ter um filho pelo mundo?
ELZA: Isso! Acho mais que justo que você saiba da verdade, é um direito seu. E se eu quero acabar com todas essas desavenças entre nós, acho que devo começar por essa parte. O que eu disse era verdade. Lúcia teve uma filha sua, e ela está mais próxima do que imagina…
LEONEL (Desnorteado): Uma… filha…
ELZA: É aquela linda menina que esteve aqui em sua casa, a querida Anabel. Você é muito sortudo de ter uma filha como ela!
Leonel fica tomado de alegria e choque. Lágrimas escorrem pelo seu rosto.
LEONEL (Eufórico): Eu tenho uma filha? Anabel é minha filha? Eu nem sei como reagir a essa notícia. Obrigado, Elza!
Ele abraça a mulher inesperadamente, deixando-a um pouco assustada.
LEONEL: Vejo que está evoluindo como pessoa, e que finalmente está deixando o passado para trás.
ELZA: Já passou da hora, né? Eu vou indo, a fazenda está um caos com tudo que está acontecendo. Você já sabe o que fazer.
Elza se retira, deixando Leonel que ainda está digerindo a notícia, pensativo.
Mercedes está deitada no sofá, em transe, quando ouve-se uma batida na porta. Anabel chega para atender, revelando os policiais esperando na entrada.
POLICIAL: A Dona Mercedes está?
Mercedes se levanta de onde estava e anda até eles.
MERCEDES (Nervosa): O que querem?
POLICIAL: A senhora está presa em nome da lei…
Os outros policiais começam a algemá-la.
POLICIAL: Tem o direito de permanecer calada. Tudo o que disser poderá e será usado contra você no tribunal. Levem-a.
Mercedes apenas aceita e deixa que a levem. Anabel olha com satisfação para a cena, enquanto a vilã é levada até o carro da polícia. Mercedes dá uma última olhada para o lugar, onde vê Anabel olhando para ela com deboche. A viatura dá partida, e Anabel se enche de felicidade.
Um dos empregados, o mesmo que trouxe Jarbas até o Coronel, vai até ele novamente.
TRABALHADOR: Coronel, o senhor me pediu para que eu lhe avisasse caso algo de estranho acontecesse.
GUILHERMINO: Sim?
TRABALHADOR: Tinha um médico que entrou e saiu da casa da professora Flor, mas ela não está doente não…
GUILHERMINO: Obrigado por me avisar, pode ir!
O homem se retira.
GUILHERMINO (Sorrindo): Certeza que o homem está escondido lá. Esta noite eu faço um vistinha!
A noite cai. Flor e Tião conversam dentro da casa da professora.
TIÃO: Esse médico deve ter levantado muita bandeira… duvido que isso não chegue nos ouvidos do Coronel.
FLOR: Pelo menos Vitório está melhorando. A febre está passando e ele está até se mexendo um pouco.
TIÃO: Eu vou ficar rodando a casa pelo lado de fora. Se alguma coisa acontecer comigo, se algo der errado, eu queria lhe deixar uma coisa dita…
FLOR: O quê?
TIÃO: Eu gosto muito de você. Talvez não tenha percebido ainda…
FLOR (Rindo): Não tem como não perceber. Eu só estava esperando que tomasse alguma atitude ao invés de ficar só na minha volta.
TIÃO: Então?
FLOR: Quando você voltar, conversamos melhor.
TIÃO (Sorrindo): Está bem!
Ela dá um beijo na bochecha dele, que sai do local todo bobo, segurando sua arma. Após a saída dele, a expressão da professora se torna sombria. Ela abre seu guarda-roupas e tira de dentro uma espingarda.
FLOR: Se esse Coronel ousar fazer alguma coisa, sou eu quem cuidarei disso.
Guilhermino está no seu escritório. Ele abre a gaveta da sua escrivaninha e retira um revólver de dentro.
GUILHERMINO: Quem ousa enfrentar o Coronel não sai vivo…
Ele põe a arma no seu cinto e anda em direção à saída. Elza, que estava na sala, vê que o homem está saindo.
ELZA: Para onde vai?
GUILHERMINO: Vou dar uma volta para espairecer, foi um dia difícil. Volto em instantes.
O Coronel segue seu caminho e Elza teme que algo aconteça.
ELZA: Ele deve ter descoberto, não há outra razão…
O Coronel anda no meio da mata, cautelosamente e sem fazer barulho. Ele passa em meio às árvores para que ninguém o veja. Ele avista a casa, até que começa a ouvir sons de passos ao seu redor. Ele tira a arma de sua cintura, se preparando para o pior.
GUILHERMINO: Quem está aí? Revele-se!
O Coronel olha para todos os lados, mas não avista ninguém. Os sons de passos cessam. Ele fica mais aliviado. Quando está prestes a continuar andando, seu corpo congela ao sentir o cano de uma arma em seu pescoço. O homem engole em seco.
GUILHERMINO (Nervoso): Calma! Seja lá quem for, podemos conversar.
FIM DO CAPÍTULO
Nenhum comentário:
Postar um comentário