Leonel está largado no chão do cativeiro, sozinho. Seu corpo está cheio de ferimentos, hematomas, e sujo do próprio sangue. Jarbas abre a porta e larga um sanduíche no chão.
JARBAS: Aqui está o seu lanchinho. O Coronel pediu que eu não lhe matasse de fome. Bom apetite!
O capataz se retira e fecha a porta novamente. Leonel, com muita dificuldade, se arrasta até o sanduíche. Ele se senta escorando na parede, e come o pedaço de pão sujo com muito desgosto.
Débora chega acompanhada de Elias à fábrica. A mulher, equipada com belíssimas roupas e joias, desce do carro desfilando, atraindo a atenção de todos. Ela chega à sala de reuniões, onde vários nomes importantes da empresa estão reunidos.
DÉBORA: Obrigado a todos que compareceram a essa reunião de última hora. Eu venho fazer um comunicado de que Leonel se afastará por tempo indeterminado dos negócios, e ele confiou em mim ao cargo de cuidar de tudo que estiver ao meu alcance. Portanto eu já venho propôr mudanças para a nossa empresa e espero que todos estejam do meu lado com estas decisões. Alguém tem alguma pergunta?
Ninguém se manifesta.
DÉBORA: Ótimo! Então vamos começar…
Elza entra no casarão, onde Guilhermino está à sua espera.
ELZA: Jarbas me procurou, disse que você tem algo a me mostrar…
GUILHERMINO: Sim, meu amor, acho que você vai amar essa surpresa que eu lhe preparei.
Os dois saem do casarão e, ao longe, Tião e Vitório observam.
VITÓRIO: Isso me agonia. Com Jarbas atrás de mim o tempo inteiro, eu não consigo saber mais nada do que está acontecendo.
TIÃO: Você já contou a Leonel sobre o que está acontecendo?
VITÓRIO: Ainda não…
Vitório continua olhando para Elza e Guilhermino se afastando e vê Jarbas se juntando aos dois.
VITÓRIO: Olhe lá! Jarbas está os acompanhando. Se eu tenho alguma chance de ir atrás de Leonel, a hora é agora. Tião, leve-me até a cidade, eu imploro!
TIÃO: Por que não vai sozinho?
VITÓRIO: Aí eu termino de cavar a minha cova. Eu preciso de alguém que confirme a história que eu contar.
TIÃO: Está bem! Ajude-me a preparar a carroça.
A porta do cativeiro se abre e o Coronel entra no local, puxando Elza para dentro junto. A mulher se assusta ao ver o estado de Leonel ali.
ELZA (Apavorada): O qu… O que Leonel está fazendo aqui? Por que está nesse estado?
GUILHERMINO: Eu o trouxe até aqui, minha querida. Essa é minha prova de amor por você, sequestrei o homem que destruiu sua vida há anos atrás para que possa fazer o que quiser com ele.
Elza olha aterrorizada para Leonel ali no chão, agonizando de dor, sem saber o que fazer.
GUILHERMINO (Rindo): Eu já me diverti um bocado vendo ele apanhar horrores, agora você escolhe, querida.
Elza treme de nervoso a cada palavra do Coronel.
ELZA: Vamos esperar mais um pouco. Deixe-o sofrendo aí por mais um tempo.
GUILHERMINO: Como quiser! Daqui uns dias voltamos novamente, para alguma escolha mais definitiva.
Elza sente um calafrio, temendo pela vida de Leonel. Ela dá uma última olhada de pena para o homem e se retira.
Vitório está na Mansão Sanchez, conversando com Gláucia.
VITÓRIO: Como assim, ele não está? Foi trabalhar na empresa hoje?
GLÁUCIA: Não, meu bem, ele viajou para São Paulo novamente. Não tem previsão para voltar.
VITÓRIO: Viajou para São Paulo assim de repente?
GLÁUCIA: Também achei estranho, mas enfim… Quer deixar algum recado?
VITÓRIO: Não, obrigado! O que tinha para falar com ele era pessoal mesmo.
GLÁUCIA: Não gostaria de entrar para tomar um cafézinho e comer umas bolachinhas? É tão forte… Tem que se alimentar para manter toda essa energia.
VITÓRIO: Obrigado, Dona, mas fica para a próxima. Até mais!
O homem se retira e sobe na carroça ao lado de Tião.
VITÓRIO: Ele não está, viajou para São Paulo novamente…
TIÃO: Que estranho… Ele nem avisou nada.
VITÓRIO: Talvez ele tenha ido para se proteger das últimas ameaças. Bom, seja lá onde estiver, espero que esteja bem.
Um trem para na estação de Vila das Camélias, e dele descem Jonas e Gustavo.
JONAS: Já tem onde ficar? Tem espaço na minha casa.
GUSTAVO: Obrigado, mas eu me viro! Vim para cá resolver alguns assuntos pendentes, não pretendo ficar muito tempo.
JONAS: Hum! Coisas do passado?
GUSTAVO: É… Um romance antigo que acabou se perdendo com o tempo. Eu só quero entender algumas coisas que acarretaram nisso.
JONAS: Boa sorte na sua jornada! Espero que dê tudo certo.
GUSTAVO: Obrigado! Sorte é do que eu preciso mesmo.
Tião e Vitório chegam à fazenda de carroça. Jarbas observa de longe os dois parando e vai até eles.
JARBAS: Vitório… Vitório… Saindo da fazenda sem minha permissão? O que está fazendo às escondidas?
VITÓRIO: Nada, só estava ajudando meu amigo Tião a carregar algumas coisas até a cidade, nada demais. Não é, Tião?
Tião faz que sim com a cabeça.
JARBAS: Mas eu posso jurar que vi seu amigo levando as sacas do dia hoje mais cedo…. Se não estou enganado, não havia mais nada para entregar.
VITÓRIO: Você deve ter se enganado…
JARBAS: Eu acho que você está mentindo, e tenho certeza de que aproveitou essa brecha de eu estar afastado, para ir atrás de Leonel. Enfim, pode ir, à vontade!
VITÓRIO (Confuso): Como?
JARBAS: Você não vai encontrá-lo mesmo, pois Leonel está nas dependências desta fazenda, e não há nada que possam fazer.
Vitório e Tião se olham, temerosos.
JARBAS: Prepare-se, Vitório! Pois você é o próximo da lista. Mais tarde nos encontramos para me certificar de que está fazendo seu trabalho direitinho.
O capataz sai do local, deixando Vitório e Tião sozinhos.
TIÃO: Você ouviu o que ele disse? Você é o próximo, fuja enquanto é tempo!
VITÓRIO: Eu não posso deixar que matem Leonel! Jarbas disse que ele está nas dependências desta fazenda, mas não que está morto.
TIÃO: Mas dá na mesma, Vitório!
VITÓRIO: Não, eu não posso fazer isso! Eu vou encontrar Leonel, e vou resgatá-lo.
Jonas chega em casa. O ambiente está todo bagunçado, assim como estava quando ele partiu para Riacho das Rosas. Ele olha ao seu redor, lembrando de quando seu pai lhe contou os primeiros detalhes sobre o mistério, e o quanto ele se preocupou em descobrir a verdade.
JONAS: É, pai! Eu finalmente sei a verdade. Agora só falta a justiça ser feita, e sua morte será vingada.
Ele entra em seu quarto e veste um outro terno para ir trabalhar.
Gustavo chega à Mansão Sanchez, onde é recebido por Gláucia.
GLÁUCIA: Doutor Gustavos, quanto tempo! Não nos vemos desde…
GUSTAVO: Desde a morte de Celine… Isso já faz muito tempo, por incrível que pareça.
GLÁUCIA: Pois é, o tempo voa!
GUSTAVO: Leonel está? Ou foi trabalhar?
GLÁUCIA: Leonel viajou para São Paulo novamente.
GUSTAVO: Como? Ora, mas ele não me avisou de nada. Vim aqui para conversarmos, para botar o papo em dia…
GLÁUCIA: Pois é, foi tão de repente! Até eu fiquei surpresa. Aceita um café?
GUSTAVO: Aceito! Enquanto espero mais alguém aparecer.
Elias trabalha feito um condenado ao lado de Débora, cumprindo todas as suas ordens e não saindo da volta dela enquanto ela não para de pedir coisas. O rapaz sai do escritório para respirar um pouco, e dá de cara com Jonas.
ELIAS: Jonas, é você mesmo?
JONAS: Claro que sou!
Elias vibra de alegria e abraça o amigo.
ELIAS: Meu Deus! Você ficou tanto tempo fora. Como foi lá, me conte tudo.
JONAS: A gente conversa sobre isso numa hora mais apropriada. Soube que estamos de patroa nova…
ELIAS: Sim, a minha prima Débora. Ela está transformando nossas vidas num inferno. Tenha paciência e torça para que Leonel volte logo!
JONAS: Nós, pessoas de bem, não temos um minuto de paz.
ELIAS: Vamos nos encontrar naquele restaurante de sempre, hoje à noite. A fim de pôr a conversa em dia.
JONAS: Claro, te espero lá!
Anabel toma um chá, sentada em seu sofá, enquanto lê um livro.
ANABEL: Obrigada, Marina! Se precisar de mais alguma coisa, eu a chamo.
A empregada se retira e a campainha toca. Anabel vai atender e dá de cara com Mercedes, Valentim e mais alguns oficiais de justiça.
ANABEL (Séria): O que querem aqui? Já disse que não os quero mais dentro de minha casa!
Todos vão entrando lentamente, e Anabel fica mais irritada.
ANABEL (Brava): Não estão ouvindo? Todos, fora daqui!
Mercedes ri da cara da moça.
MERCEDES: Você é tão ingênua… Esta casa não pertence mais a você.
ANABEL: O quê?
Um dos oficiais de justiça entrega a ela um documento.
MERCEDES: Aí está uma ordem, que declara Valentim como o legítimo herdeiro de Bernardino. Eu consegui provar que ele é filho biológico de Bernardino, e que tudo deverá ser passado para o nome dele.
ANABEL: Impossível!
MERCEDES: É a mais pura verdade, querida! Eu disse que daria a volta por cima e voltaria para essa casa de cabeça erguida! E cá estou eu, triunfando diante o seu fracasso.
ANABEL: Isso não pode estar acontecendo! Essa casa é minha! Eu sou a dona desse lugar, sou eu que moro aqui.
MERCEDES: Não é mais, queridinha… Quanto a morar aqui, talvez você possa continuar, mas apenas se for minha empregada.
Mercedes ri debochadamente da menina.
MERCEDES: Agora arrume suas coisinhas e dê o fora daqui!
Anabel entra em desespero com a situação.
O Sol começa a se pôr. Débora e Elias chegam em casa, e se deparam com Gláucia e Gustavo conversando na sala de estar.
DÉBORA: Doutor Gustavo! Que surpresa, há tanto tempo que não nos vemos!
GUSTAVO: Olá Débora! Como anda?
DÉBORA: Melhor do que nunca! E você, veio fazer o que aqui? Não me diga que titia teve uma emergência médica…
GUSTAVO: Não, eu vim por interesses próprios. E bom, como conheço vocês há tantos anos, achei que poderia me hospedar aqui por um tempo…
DÉBORA: O Doutor que me desculpe, mas não terá como. Nós perdemos esse hábito de hospedar conhecidos em nossa casa.
GLÁUCIA: Como assim, Débora? O Doutor Gustavo não é nenhum conhecido, ele é praticamente o médico da família.
DÉBORA: Era o médico de Celine! Depois que ela morreu sob os cuidados dele, ninguém mais daqui quis se consultar com ele. Espero que entenda, Gustavo…
GLÁUCIA: Débora, o que há com você?
GUSTAVO: Não se estresse, Dona Gláucia! Débora nunca gostou de mim mesmo, não há o porquê de ficar discutindo aqui. Eu me viro em outro lugar, pode deixar!
O Doutor arrasta suas malas até a saída e se retira da mansão.
GLÁUCIA: Eu repúdio essa sua atitude, Débora! Onde já se viu, deixar um grande amigo nosso jogado a esmo por aí.
DÉBORA: Me poupe das suas palestras, titia! Estou cansada após um longo dia de trabalho, não estou com paciência para ouvir essas coisas. Agora eu vou tomar um bom banho para relaxar. Até mais!
Débora sobe as escadas, enquanto sua tia olha incrédula para a mulher.
Anabel chega aos prantos na pensão, carregando suas malas. Lino a vê chegando e logo presta socorro.
LINO: Anabel, o que aconteceu?
ANABEL (Chorando): Ela conseguiu me dar o golpe, Lino! Eu perdi tudo!
O rapaz a abraça, tentando consolá-la.
LINO: Acalme-se! Vamos entrar e tomar um copo de água, venha!
Ele a ajuda a carregar as malas da moça enquanto entram.
Anabel toma sua água, tentando se acalmar. Tomé e Lino estão a sua volta, tentando acalmar a moça.
LINO: Então… Aqueles dois são donos de tudo agora?
ANABEL: Sim! E eu estou perdida, sem saber o que fazer.
LINO: Calma, nós vamos dar um jeito de resolver isso. Precisamos encontrar provas contra eles. Só que eu não sei como…
ANABEL: Eu sei…
LINO: Você sabe?
ANABEL: Mercedes disse que eu ainda posso morar naquela casa, como empregada. E não há jeito melhor de achar provas contra alguém, estando perto dessa pessoa.
LINO: Anabel, isso é perigoso…
ANABEL: Eu sei me cuidar. Amanhã mesmo eu vou falar com ela, e vou aceitar a proposta.
Elias e Jonas estão sentados à mesa do restaurante.
ELIAS: E então, como foram as coisas lá? Conseguiu descobrir algo sobre o que estava procurando?
JONAS: Recebi a ajuda de alguns amigos, e, no final, descobrimos toda a verdade. Agora sabemos quem é o assassino, suas motivações, mas não temos provas concretas para botá-lo na cadeia.
ELIAS: Poxa, sinto muito! Mas creio que não irá demorar para que isso aconteça. Uma pessoa tão suja como essa não vai conseguir esconder tudo por muito mais tempo, ainda mais agora que foi descoberta. Deve ter deixado algum rastro do que fez.
JONAS: E por aqui, como foram as coisas enquanto estive fora?
ELIAS: Além da presença de Leonel, nada de diferente. A polícia ainda não descobriu quem causou a explosão na fábrica, mas eu imagino quem tenha sido.
JONAS: De quem você suspeita?
ELIAS: De minha prima, Débora. Eu ainda não engoli essa história de que Leonel deixou todo o poder da empresa nas mãos dela, e esse sumiço dele também foi muito estranho.
JONAS: Mas por que Débora? Sei que ela tomou o controle dos negócios, mas tem algum outro motivo para que você ache que ela está por trás disso?
ELIAS: Você pouco conhece minha prima, ela é uma pessoa muito amarga, e faz de tudo para alcançar o que quer. E eu estou me sentindo aflito, pois, se minha teoria estiver correta, talvez eu tenha uma parcela de culpa em toda essa história.
JONAS: Elias, o que você fez? Vejo que está um pouco nervoso e, desde quando eu cheguei, parece tenso. Achei que fosse apenas o estresse do trabalho, mas parece que há outra coisa lhe incomodando.
ELIAS: Vou ser sincero com você, Jonas. Débora me chantageou, e pediu que eu fizesse um “favor” a ela.
JONAS: Que favor era esse?
ELIAS: Ela pediu que eu ficasse de olho em Leonel e contasse quem estava visitando ele na fábrica. Ela tinha algo meu em mãos, e eu cedi à chantagem.
JONAS: O que ela tinha de tão grave contra você que o fez aceitar esse trabalho?
ELIAS: Isso…
Ele põe a carta em cima da mesa.
ELIAS: É uma carta minha para você. Eu queria ter te entregado quando nos despedimos na estação, mas não tive coragem.
JONAS: Eu não entendo… Como isso pode ter servido como ameaça para você?
ELIAS: É uma carta de amor, Jonas, onde tem minha declaração para você… Eu te amo! Demorei muito tempo para aceitar isso, mas é a verdade.
Jonas fica sem palavras ao ouvir aquilo. Ele olha surpreso para Elias, que se sente envergonhado com sua própria fala.
JONAS: Você… gosta de mim?
ELIAS: Há muito tempo que eu escondo esse sentimento… Eu tinha medo de como reagiria quando eu lhe contasse, medo de você nunca mais olhar na minha cara, ou de que me odiasse por ser quem eu sou…
JONAS: Elias, eu também sinto o mesmo por você, mas achava que todos os sinais que você dava era apenas em nome da nossa amizade. Também tinha medo da rejeição, mas agora vejo que não deveríamos esconder mais nada um do outro.
Ele põe sua mão por cima da do rapaz e os dois se encaram apaixonadamente.
ELIAS: Vamos para um local mais reservado?
A casa de Jonas está numa completa escuridão. A porta se abre e as luzes se acendem. Jonas e Elias entram no local aos beijos. Os dois se agarram e vão tirando peças de suas roupas enquanto andam até o quarto. Eles entram no quarto e porta fecham a porta, podendo fazer o que bem entender sem que ninguém os veja.
Gustavo chega na fazenda de Guilhermino. O homem desce do carro de aluguel e anda até a entrada do casarão, de onde o Coronel sai para ver quem é.
GUILHERMINO: Pois não, como posso ajudar o homem?
GUSTAVO: Prazer, Coronel! Sou o Doutor Gustavo, um velho amigo de sua esposa, Elza.
GUILHERMINO: Doutor… É médico?
GUSTAVO: Certamente!
GUILHERMINO: Elza nunca havia me falado sobre um amigo Doutor.
GUSTAVO: Há tempos que não nos vemos. Soube que ela se casou com o Coronel, e achei que poderia vir até aqui resolver um assunto que ficou pendente da última vez que nos vimos.
Elza se aproxima deles.
ELZA: Guilhermino, quem está na…
Ela se assusta ao ver Gustavo na sua frente.
GUILHERMINO: Elza, o Doutor Gustavo disse que é um velho conhecido seu, e quer resolver alguns assuntos pendentes entre vocês.
ELZA (Atônita): Claro! Como vai, Doutor?
GUSTAVO: Muito bem!
GUILHERMINO: O Doutor tem onde se hospedar?
GUSTAVO: Não, Coronel.
GUILHERMINO: Então faço questão de que fique aqui conosco. Vamos entrar, que o jantar já vai ser servido.
Os três entram no casarão. Elza lança olhares desconfiados para Gustavo enquanto eles andam.
Na sala de jantar, os três estão sentados à mesa, fazendo a refeição. Um silêncio constrangedor toma conta do local.
GUILHERMINO: E como se conheceram?
GUSTAVO: Nós…
ELZA (Interrompendo): Fui paciente do Doutor Gustavo. Teve uma época em que fiquei muito doente e ele foi o responsável pelo meu tratamento. Nós nos encontramos outras vezes em festas e na casa de amigos em comum.
Gustavo concorda, mexendo a cabeça, mesmo sabendo que toda aquela história é mentira. Gustavo e Elza se encaram, sem saber o que falar.
Já está mais tarde. As luzes dos casarão estão apagadas e o silêncio da noite predomina. Elza anda pelo corredor segurando uma vela, até que a porta de um dos quartos se abre e ela é puxada para dentro.
ELZA: O que é isso? Enlouqueceu?
GUSTAVO: Precisamos ter uma conversa. Quero uma explicação do porquê me abandonou, e por que nunca mais deu notícias.
ELZA: Ora essa! Era só o que me faltava. Eu não devo explicação nenhuma a você. Na verdade, eu não devo nada a você. O que aconteceu no passado ficou no passado.
GUSTAVO: Então diga na minha cara que esqueceu toda nossa história. Diga para mim, olhando nos meus olhos, que não sente mais nada.
Os dois se encaram por um tempo, Elza claramente nervosa.
ELZA: Deixe-me em paz! Agora sou uma mulher casada e meu marido está dormindo no quarto ao lado. Esqueça tudo isso…
Elza sai do quarto. Gustavo sente que ela não foi verdadeira com sua pessoa, e não acredita no que disse. A câmera atravessa para o outro quarto, onde Guilhermino ouve a conversa por trás da parede.
Um novo dia amanhece. Mercedes toma seu café da manhã na sua mais nova mansão. A campainha toca. Momentos depois, Anabel aparece na sala de jantar.
ANABEL: Bom dia! Atrapalho a madame?
MERCEDES: Você por aqui? Achei que já tínhamos terminado nossos assuntos.
ANABEL: Você sabe muito bem que nada está resolvido entre nós. Andei pensando sobre aquilo que você falou ontem, que o único jeito de eu permanecer nessa casa seria como empregada. E eu aceito essa proposta. Aceito trabalhar para você!
FIM DO CAPÍTULO
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