Paixões & Legados (Último Capítulo) - Capítulo 31 (16/11/2024)

     


Escrita por Fafá

Faixa das 18h


O Coronel anda no meio da mata, cautelosamente e sem fazer barulho. Ele passa em meio às árvores para que ninguém o veja. Ele avista a casa, até que começa a ouvir sons de passos ao seu redor. Ele tira a arma de sua cintura, se preparando para o pior.


GUILHERMINO: Quem está aí? Revele-se!


O Coronel olha para todos os lados, mas não avista ninguém. Os sons de passos cessam. Ele fica mais aliviado. Quando está prestes a continuar andando, seu corpo congela ao sentir o cano de uma arma em seu pescoço. O homem engole em seco.


GUILHERMINO (Nervoso): Calma! Seja lá quem for, podemos conversar.


ELZA: Conversar? Acha que podemos conversar?


GUILHERMINO: Elza?


Ele tenta se virar para vê-la.


ELZA: Não ouse se virar para trás! Continue assim, jogue sua arma no chão e coloque as mãos na cabeça. 


Ele obedece.


ELZA: Agora ajoelhe-se.


Ele faz o que ela manda. Ela dá a volta, ficando frente a frente com o homem. Ela encosta a arma na testa do Coronel.


GUILHERMINO: Pare com isso, Elza! Pare com essa brincadeira!


ELZA: Brincadeira? Acha que isso é brincadeira? Então também era brincadeira quando tentou matar Gustavo? Ou quando sequestrou Leonel?


GUILHERMINO: Você não teria coragem de matar uma pessoa! Apesar de tudo, ainda é uma mulher certa e boa.


ELZA: Não teria coragem? Eu já atirei num homem antes por muito menos. A diferença é que naquela vez eu estava a uma certa distância e acabei errando a cabeça do infeliz, mas agora… agora não há como errar.


GUILHERMINO: Elza, me escute! Eu posso fazer o que você quiser! Posso dar o que você quiser! Vamos parar com isso, podemos nos resolver.


ELZA: Chega! Eu já cansei de ouvir essas mesmas palavras. Eu sempre tive ódio de você, Guilhermino, e as coisas que fez só pioraram para o seu lado.


GUILHERMINO: Matar é pecado, Elza, quer ir para o inferno?


ELZA: Então nos encontramos lá, seu velho nojento…


Ela puxa o gatilho. O disparo ecoa pela mata, assustando os pássaros que voam desesperadamente para longe. Flor sai de casa após ouvir o disparo, dando de cara com Tião.


FLOR: O que foi isso? Um tiro?


TIÃO: Fique aqui, eu vou ver o que aconteceu.


Tião se aproxima cautelosamente do local de onde veio o som. Com um pouco de medo, o homem tenta ser silencioso ao passar entre as árvores dali. Ao andar um pouco mais, ele fica horrorizado com a cena que vê: o Coronel morto no chão com um buraco na cabeça, sem rastro nenhum do assassino.


TIÃO: O Coronel está… morto…



Elza, com a roupa e o rosto manchado com pingos de sangue, volta ao casarão. Ela põe de volta a arma pendurada na parede da sala, de onde pegou; lava o rosto, limpando os pingos de sangue; e troca a roupa por uma mais limpa. Após isso ela se deita para dormir, feliz e satisfeita, e fecha os olhos com um sorriso no rosto para uma boa noite de sono.



Flor e Tião olham para o corpo morto do Coronel.


FLOR: Finalmente acabou! Todos os anos de sofrimento que os trabalhadores da fazenda passaram na mão desse demônio.


TIÃO: Finalmente vai pagar por todos os seus pecados, velho maldito!


FLOR: Vamos entrar, deixe que outro ache o corpo dele aqui amanhã.


TIÃO: O que acha de continuarmos o nosso assunto de antes?


Flor pega ele de surpresa e dá um beijo em sua boca.


FLOR: Vamos conversar melhor lá dentro.


Os dois seguem andando alegres para casa.



Anabel recebe Lino em sua casa.


LINO: E quanto aos seus bens, como vai fazer para recuperá-los?


ANABEL: Bom, Valentim está morto, Mercedes presa, e eu estou no testamento de meu pai. Acho que no final das contas eu sou a única que tem direito a essa casa.


LINO: Você ficou tão intrigada com essa história de que seus pais foram assassinados e tudo mais, que nem se preocupou em saber sobre o seu verdadeiro pai. Não tem interesse nisso?


ANABEL: Bom, eu nem sei por onde começar essa busca… Quero dar uma descansada antes de pensar em investigar novamente. Mas sim, tenho curiosidade em saber sobre o meu verdadeiro pai…


O telefone da mansão começa a tocar e Anabel atende.


ANABEL: Alô?


Do outro lado da linha, Leonel fica emocionado ao ouvir a voz dela.


LEONEL: Olá, Anabel! Sou eu, Leonel!


ANABEL: Ah, Leonel! Aconteceram tantas coisas desde que nos vimos, acho que poderíamos nos encontrar para conversar…


LEONEL: Eu liguei justamente para isso, tenho um assunto para conversar com você. Daqui uns dias eu estarei aí em Riacho das Rosas, apenas para lhe visitar.


ANABEL: Claro, estarei esperando! Até mais!


LEONEL: Até! 


Ele desliga o telefone, sorrindo. Anabel põe o telefone de volta no gancho, confusa.


LINO: O que foi? Quem era?


ANABEL: Um amigo. Sabe, senti uma sensação estranha, não sei explicar…


Ele se aproxima da moça e começa a beijá-la. Os dois ficam abraçados enquanto conversam.


LINO: Sabe, estamos sozinhos aqui… Acho que precisará da minha companhia novamente.


ANABEL: Claro que vou! E quero que durma no meu quarto, ao meu lado, na minha cama. Agarradinho assim comigo.


Os dois voltam a se beijar, apaixonadamente. Lino pega Anabel no colo e sobe as escadas, carregando-a em seus braços. Ao chegar no quarto, ele a joga na cama e volta a beijá-la. O rapaz começa a desabotoar o vestido da moça, e ela a camisa dele. A moça desliga o abajur ao lado da cama, deixando o ambiente totalmente escuro, ouvindo-se apenas o ranger da cama e os gemidos apaixonados dos dois.



Um novo dia amanhece. Todos os trabalhadores da fazenda estão reunidos em frente ao casarão, onde o corpo de Guilhermino está disposto. Elza vai até a varanda do casarão, olhando para todos.


ELZA: Sei que isso é um acontecimento avassalador para a fazenda nesse momento. O Coronel está morto, infelizmente! Não se sabe quem foi o autor do crime, mas temos o dever de seguir em frente e manter essa fazenda nos trilhos. Agora eu, a Coronela Elza, entrarei no comando e farei muitas mudanças para melhorar a vida de vocês, trabalhadores. A começar por mais um dia de descanso. Agora aos sábados e domingos todos terão o direito de relaxar e descansar. É o fim da escala 6x1, viva a escala 5x2!


Todos gritam “Viva!” em uníssono e depois aplaudem a mulher, que retribui com um sorriso.


ELZA: Mais tarde será o enterro do Coronel!


A mulher vira e entra no casarão novamente. Débora vai até ela, sem entender nada.


DÉBORA: O que está acontecendo? Que gritaria é essa lá fora?


ELZA: É apenas eu, mostrando que estou no comando. Inclusive, arrume suas coisas e dê o fora daqui! Não suporto você no mesmo teto que o meu.


DÉBORA: O quê? Por acaso o Coronel sabe disso?


ELZA: O Coronel está morto! Isso mesmo que ouviu, você perdeu o único aliado que tinha. Eu vou dar uma saída e quando voltar não quero você aqui.


Elza se vira e vai até a sala.


DÉBORA: MALDITA!


Furiosa, Débora sobe as escadas para arrumar suas malas. Elza disca um número no telefone e aguarda.


ELZA: Alô? Leonel, expulsei Débora daqui, depois te conto tudo com mais calma. Só queria avisar para que não se assuste se ela aparecer por aí.



Débora arruma suas malas, furiosa.


DÉBORA: QUE RAIVA! Como pode tudo dar errado para mim? Eu não quero ir morar na rua, tenho que pensar em algo…


Ela olha para as suas joias.


DÉBORA: O pesadelo de Leonel voltou, pois eu pegarei aquelas joias à força!


Ela se levanta, determinada, e carrega suas malas para o andar de baixo.



Anabel acorda e fica feliz ao ver Lino dormindo ao seu lado. Ela percebe que os dois estão sem roupa nenhuma por baixo da coberta e se lembra da noite anterior maravilhosa. Lino também acorda, e os dois ficam se encarando por um momento, sorridentes.


LINO (Sorrindo): Bom dia! Dormiu bem?


ANABEL (Sorrindo): Mesmo que pouco, dormi muito bem!


LINO: Acho que nos precipitamos um pouco…


ANABEL: Eu não me arrependo de nada. Foi a melhor noite da minha vida!


Os dois começam a se beijar, como se fossem começar tudo de novo, mas se separam depois de um tempo.


LINO: Casa comigo?


ANABEL (Surpresa): Casar? Você tem certeza?


LINO: Depois disso que vivemos, não tenho mais dúvidas. Eu te amo, e quero passar o resto da minha vida ao seu lado.


ANABEL: É claro que eu aceito, é o que eu mais quero na vida!


Os dois voltam a se beijar, carregados de felicidade e paixão. Eles se enfiam debaixo das cobertas, dando para ver apenas os movimentos agressivos que fazem embaixo delas.



Débora está do lado de fora da Mansão Sanchez, observando o local com um ódio tremendo. Ela vê que não há ninguém em casa e decide agir. Ela entra no local com um machado em mãos e sobe as escadas. Ao chegar de frente ao quarto de Celine, empunha o machado e começa a dar diversas machadadas na porta, quebrando-a em pedaços. Ela joga o machado no chão e vai até os porta joias que têm guardados no local.


DÉBORA (Alucinada): É meu, tudo meu! Finalmente terei tudo isso para mim, e não há como Leonel me impedir! É TUDO MEU!


Ela gargalha enquanto pega as diversas caixas nas mãos. Após fazer a festa com tudo aquilo, ela desce as escadas com tudo em mãos, feliz da vida, mas seu brilho some ao dar de cara com Leonel e dois policiais na saída.


LEONEL: Vai a algum lugar, Débora?


DÉBORA: O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? SEMPRE TEM QUE SER VOCÊ PARA ATRAPALHAR MEUS PLANOS!


LEONEL: Invadindo minha casa, Débora? Isso vai pegar mal para você…


DÉBORA: Eu não desisto fácil!


Ela tenta sair pelos fundos, mas outros policiais aparecem, impedindo-a.


LEONEL: É o seu fim, Débora! Aproveite sua estadia na cadeia!


Os policiais começam a algemá-la. As caixas com as joias voam para o chão enquanto ela grita, esperneia, se debate e xinga Leonel de diversas formas, que ri debochadamente dela. 


DÉBORA (Gritando): VOCÊS NÃO PODEM FAZER ISSO COMIGO! ME SOLTEM SEUS CRÁPULAS! ISSO TUDO É MEU POR DIREITO!


Eles conduzem ela para o lado fora e a botam na viatura. A mulher não para de gritar por um segundo enquanto é levada. Leonel sorri com satisfação após ter se livrado de mais um peso.



Dias depois…



Flor e Tião acompanham Vitório até a estação de trem. O homem está bem melhor em relação à última vez, podendo fazer qualquer coisa tranquilamente, apesar de ter que andar com o auxílio de uma bengala.


TIÃO (Triste): Você vai embora mesmo?


VITÓRIO: Não fique assim, meu amigo! Nós ainda poderemos nos falar por cartas ou telefonemas. Todos esses anos que vivi aqui foram muito difíceis, mas a minha sorte é que eu tinha vocês para me acompanhar. Eu preciso ir embora, reconstruir minha vida longe daqui e esquecer que esses problemas um dia existiram…


Tião abraça o amigo, os dois se segurando para não chorar.


TIÃO: Sentirei saudades das encrencas em que você me metia, e das aventuras que nós fazíamos pelos campos. Vá em paz, meu amigo!


Eles se separam. Vitório olha para Flor que também está emocionada.


VITÓRIO: Adeus!


FLOR: Espero te ver de novo algum dia!


Vitório vira-se e entra no trem que espera para partir. Após um tempo, a locomotiva começa a acelerar. Vitório olha os amigos pela janela, enquanto vai se afastando até sumirem de sua vista. 



Gustavo chega na fazenda acompanhado de Elza. Eles acabam de sair do hospital. O homem está com o braço enfaixado e quase totalmente recuperado do atentado.


GUSTAVO: Você disse que teria uma surpresa para mim quando saísse do hospital… Aliás, não sei se seu marido concordaria em eu voltar aqui.


ELZA: Mas você que é meu marido a partir de agora.

 

Ela começa a beijar o médico, que não entende nada.


GUSTAVO: Não acha que corremos perigo em estarmos desse jeito aqui? Na casa do Coronel?


ELZA: Gustavo, querido, o Coronel não existe mais! Deve estar queimando no fogo do inferno nesse exato momento.


GUSTAVO (Pasmo): Não me diga que…


ELZA: Sim, ele está morto! E agora, meu bem, tudo isso é nosso! Essa casa, essa fazenda e todo o dinheiro do velho, é tudo NOSSO!


GUSTAVO: Você é louca, vai continuar vivendo aqui?


ELZA: Claro, e ordeno que fique aqui comigo. Quero viver tudo o que a gente não viveu em todos esses anos. Quero recuperar todo o tempo perdido. Não é justo que nosso amor continue esquecido…


GUSTAVO: Como prova do meu amor, e aceito viver aqui com você. O que acha de viajarmos para o exterior e casarmos oficialmente?


ELZA: Acho uma ótima ideia!


Os dois se beijam.


ELZA: Venha, vamos deixar suas malas no nosso quarto!


Ela puxa ele pelo braço e os dois sobem as escadas em direção aos quartos.



Elias desce as escadas da Mansão Sanchez segurando uma mala, suas mão tremem de nervosismo. Ele deixa a mala escorada na porta de entrada e vai até sua mãe, que bebe uma xícara de chá na mesa de jantar.


ELIAS: Mãe? Será que poderíamos conversar um segundinho?


GLÁUCIA: Claro, meu filho, sente aqui ao meu lado!


Ele se senta na cadeira ao lado dela.


GLÁUCIA: O que aconteceu? Você está com uma cara meio tensa…


ELIAS: É… Já conversei com Leonel antes de ele viajar sobre uma decisão que tomei. Eu… Eu decidi ir embora daqui. Ainda não sei ao certo para onde vou, mas eu quero viver minha vida em outro lugar…


GLÁUCIA: De repente? O que aconteceu para você tomar essa decisão? Eu notei que estava meio estranho nos últimos tempos, mas agora fiquei preocupada com essa notícia.


ELIAS: Na verdade… Aconteceu sim. Eu estou apaixonado por uma pessoa, e nós decidimos isso juntos. Nós já vamos partir hoje, no final da tarde.


GLÁUCIA (Sorrindo): Apaixonado? Meu filho, estou tão feliz que você finalmente abriu esse coração para alguém! E quem é a sortuda? Há quanto se conhecem? Eu a conheço?


ELIAS (Sorrindo): Eu já conheço há muito tempo, e demorei muito para demonstrar meus sentimentos. Nós sempre saímos juntos, diversas vezes, mas era uma relação apenas de amigos. Depois nós descobrimos que nos amávamos e aí… Aconteceu.


O sorriso de Elias se desfaz ao ter que dizer as próximas palavras. Sua expressão fica mais tensa e demonstra medo.


ELIAS: É o Jonas, mãe… É com ele que estou namorando.


O semblante de Gláucia vai da felicidade à decepção. Os olhos de Elias se enchem de água após dizer tais palavras, e o rapaz se esforça para não desabar ali mesmo.


ELIAS: Era isso o que eu tinha a dizer… Eu preciso ir, mando notícias para a senhora.


O rapaz se levanta e anda em direção à porta. Gláucia, que estava imóvel, chama por ele.


GLÁUCIA: Espere, meu filho! Volte aqui!


Ele se aproxima dela novamente.


GLÁUCIA: Eu não quero que vá pensando que estou com raiva ou triste com você. Isso tudo é muito novo para mim, preciso de um tempo para pensar e digerir tudo. Só não deixe de me telefonar ou mandar cartas, está bem? Quero saber de tudo que acontecer nessa sua viagem. Me dê um abraço!


Os se abraçam emocionados, com lágrimas escorrendo pelos seus rostos.


GLÁUCIA: Agora vá, querido, vá ser feliz! Eu te amo, meu menininho!


Ele pega sua mala e se retira secando os olhos. Do lado de fora, Jonas o espera apreensivo.


JONAS: E então, como foi? Correu tudo bem?


ELIAS: O pior já passou. Agora somos apenas nós e o mundo.


Elias beija a boca do seu namorado ali mesmo.


JONAS: Está louco? E se alguém nos vê?


ELIAS: Deixe que vejam! Vamos!


Ele pega na mão de Jonas e os dois entram no carro de aluguel que os esperava ali na frente.



É fim de tarde. Leonel chega na Mansão Ferreira com um buquê de flores em mãos. Ele aperta a campainha, nervoso. Anabel abre a porta, contente ao vê-lo.


ANABEL: Leonel, que prazer em vê-lo! Entre, por favor!


Ele entra.


LEONEL: São para você as flores! 


ANABEL: Que gentileza, obrigada!


Ela pega as flores e fecha a porta. Os dois vão entrando na sala. Leonel fica abismado ao ver o quadro de Lúcia ao lado de Bernardino exposto na parede. Ele tira seu chapéu e fica admirando a pintura.


LEONEL: É Lúcia…


ANABEL: Você conheceu minha mãe?


LEONEL: Então Elza estava falando a verdade…


ANABEL: Leonel, explique-me isso direito! Sente-se para conversarmos melhor.


Os dois sentam no sofá, um de frente para o outro.


ANABEL: Você conheceu minha mãe? Disse o nome dela ao olhar para o quadro.


LEONEL: Sim, eu e sua mãe éramos muito próximos, vivemos uma aventura e tanto no passado. Eu errei feio com ela, decepcionei-a demais no passado. Ela está por aqui?


ANABEL: Minha mãe morreu quando eu era muito pequena. Foi um assassinato planejado, uma longa história que eu queria muito compartilhar com você, mas antes, quero que me conte mais sobre minha mãe. Como ela era? De onde se conheciam? Você sabe quem é o meu pai verdadeiro?


LEONEL: Bom, sua mãe era uma boa pessoa. Muito gentil e guerreira, acho que foram essas características que me cativaram nela. Nós tivemos um relacionamento por um tempo. Eu era noivo de Elza, aquela que encontramos na fazenda de Guilhermino, mas acabei me apaixonando por sua mãe, e começamos a ter um caso. Elza nos descobriu, fez um grande escândalo. Eu e Lúcia decidimos construir nossas vidas juntos, mas eu fui um idiota com ela, traí a confiança dela… Me arrependo muito de não conseguir ter pedido desculpas a ela por tudo o que fiz, e agora ela não está mais aqui…


ANABEL (Perplexa): Nossa… Então você foi namorado da minha mãe…


Ele pega nas mãos de Anabel, tremendo. Seus olhos lacrimejando de emoção enquanto a moça tenta digerir tudo que acabara de ouvir.


LEONEL: Anabel, olhe bem para mim! Eu estive com Elza um dia desses e ela me contou uma coisa que me comoveu muito. Seguindo todas as pistas, encaixando todas as peças, tudo me leva a acreditar que eu sou o seu pai…


Anabel desaba ao ouvir aquilo. Leonel, com o rosto tomado por lágrimas, olha para ela, esperando alguma resposta.


ANABEL: Desde que nos conhecemos na sua casa, com as conversas que tivemos e os nossos entendimentos, eu sentia que tínhamos alguma conexão, eu me sentia semelhante a você. Agora, com toda essa história, eu só consigo ter a certeza de que você, Leonel, é o pai que eu tanto queria conhecer.


Ele sorri, chorando emocionado.


LEONEL: Posso te dar um abraço?


ANABEL: Claro!

Os dois se abraçam calorosamente, sorrindo e chorando de tanta felicidade.


LEONEL: Perdoe-me por te deixar esperando por tanto tempo sem um pai. Se eu soubesse que sua mãe estava esperando um filho meu, eu nem cogitaria abandoná-la daquela forma.


ANABEL: Você não tem culpa disso, tudo foi obra do destino. Era para tudo ocorrer desse jeito.


Eles se afastam após o longo abraço.


LEONEL: Fale mais sobre você, quero conhecer melhor a minha filha.


ANABEL: Eu nem sei por onde começar. Já adianto que quero que você saiba sobre cada detalhe de tudo o que eu fiz durante esses 18 anos.


LEONEL: E eu estarei ouvindo com o maior prazer! Comece falando sobre o seu coração. Já tem alguém que é dono do seu amor?


ANABEL: Já! O nome dele é Lino, filho do meu padrinho, o seu Tomé. Seu Tomé é o dono da pensão aqui da cidade, e ajudou muito minha mãe quando ela chegou aqui.


LEONEL: E é um amor recíproco?


ANABEL: Sim, vamos nos casar!


Ela mostra a aliança em seu dedo.


LEONEL: Agora ele terá que pedir minha benção se quer levar isso adiante.


Os dois riem.


ANABEL: Bom, antes eu não sabia quem era meu pai e não tinha companhia para me levar ao altar. Se você concordar, acho que seria um ótimo começo…


LEONEL: Claro que eu faço isso por você, estarei ao seu lado na igreja! Conte-me os detalhes, quando será essa cerimônia?


ANABEL: Ainda não temos data…


Os dois continuam conversando, a fim de botar 18 anos de papo em dia.



Meses depois…



Chega o dia do casamento de Lino e Anabel. Os convidados já estão presentes na igreja. Lino está nervoso no altar, à espera da noiva. Tomé chega para arrumar sua gravata.


TOMÉ: Está um pouquinho torta, meu filho, deixe eu ajeitar!


LINO (Nervoso): Chega! O senhor já ajeitou minha gravata umas 5 vezes. Estou uma pilha de nervos aqui, pois Anabel está demorando uma eternidade para chegar!


TOMÉ: Acalme-se, meu filho, essas coisas são assim mesmo.


LINO: E se ela decidir me largar, pai? E se ela perceber que eu não sou o homem ideal? E se ela conheceu outra pessoa?


TOMÉ: Deixe de falar bobagens! Tenha paciência, apenas, e espere mais um pouco.


A marcha nupcial começa.


LINO: Ela chegou! Vá para o seu posto, pai!


Tomé chega ao lado de Cássia, no lugar dos padrinhos. As portas da igreja se abrem e Anabel aparece com seu glorioso vestido de noiva, acompanhada de seu pai, Leonel. Ela vai se aproximando vagarosamente do altar, olhando para Lino com muita felicidade. A moça relembra cada momento que passou ao lado do rapaz, e o filme de toda a relação deles passa em sua mente na velocidade da luz. Ela finalmente chega ao altar, onde olha para Leonel que lhe dá um beijo na testa.


LEONEL (Sorrindo): Seja feliz, querida!


Ela entrega o seu buquê ao Seu Tomé e sobe no altar ao lado de Lino.


PADRE: Estamos aqui para celebrar a união de Lino e Anabel! Um casal que atravessou barreiras e, carregados de confiança e afeto, conseguiram chegar até aqui para virar uma só carne. Cultivaram uma linda relação desde que eram apenas crianças, e agora estão prontos para se unir oficialmente. Anabel, você aceita Lino como seu legítimo esposo na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a sorte os separe?


ANABEL: Aceito!


PADRE: Lino, aceita Anabel como sua legítima esposa na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, até que a sorte os separe?


LINO: Claro que aceito!


PADRE: Então eu vos declaro marido e mulher! O noivo pode beijar a noiva.


Todos aplaudem enquanto os dois trocam suas alianças. Logo após, eles encerram com um beijo e andam para o lado de fora da igreja, onde os convidados jogam arroz nos noivos. Eles entram no carro que os esperava e partem para a lua de mel.


LINO (Sorrindo): Felizes para sempre?


ANABEL (Sorrindo): Felizes para sempre!


FIM

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