RIOS DA RAZÃO CAP. 005
•Cena 01 [Casa de Fabrício/Tarde]
Jussara - Não entendi por que você ficou assim tendo?
Fabrício - Como eu não ficaria? Meu pai aqui em casa, assim. Eu tenho raiva quando ele vem praticamente sem avisar.
Jussara - Calma, também não é pra ficar assim. Hoje sabe que ele sempre age dessa forma.
Fabrício - Pois não deveria. Já falei com ele centenas de vezes sobre isso.
Jussara - Bom, agora não tem como voltar atrás. Afinal, ele já deve estar voando, e pediu que você o buscasse.
Fabrício - Eu? Nem que a vaca cante. Pra ouvir as mil reclamações dele? Jamais
Jussara - Mas Fabrício, ele é seu pai.
Fabrício - Poderia ser o papa. Milagre ele ter pedido pra que eu fosse buscá-lo, ele confia em mim dirigindo? Nunca me esqueci de um dia que eu entrei na autoescola, no mesmo dia ele assinou um plano funerário. Ou quando me alistei no exército, e ele falou com todos os amigos dele de lá que eu tinha problemas mentais, só para não entrar. Ele é um sabotador isso sim! Se quiser vá você buscar, mas eu não vou!
Ernesto - Não precisa mais filho, já cheguei!
(Fabrício e Jussara olham para Ernesto assustados)
Abertura/Voltamos a apresentar
Cena 02 (Casa de Fabrício/tarde)
Fabrício - Mas Pai, o que o senhor está fazendo aqui.
Ernesto - Pra, ué. Vim para ficar! No Rio estava muito chato sabe, precisava de movimento, família!
Fabrício - Logo o senhor que detesta Pernambuco.
Ernesto - Eu? Eu nunca disse isso. Tudo bem, não é uma Nova York, Paris, Dubai da vida, mas dá pra viver.
Fabrício - E o que significa isso nessa caixa?
Ernesto - Isso? Como assim isso? É a minha Pompom.
Fabrício - Pompom? De onde você tirou esse animal?
Ernesto - Você? Do orfanato. E ainda tive muito mal gosto na escolha.
Fabrício - Que isso? É um show de ofensas agora é?
Ernesto - E você não ouse falar mal da minha Pompom, se não casco a mão na sua cara. Inclusive, minha gata precisa de um lugar para ficar. Vá comprar uma casa para ela.
Fabrício - Eu? Jamais!
Ernesto - Como assim? Desacatando as minhas ordens? Trate de ir!
Fabrício - Eu já disse que não.
Ernesto - Pois muito bem! Mando uma de suas filhas irem.
(Luana desce as escadas)
Ernesto - Ei, venha aqui.
Luana - O que é?
Ernesto - Tome! (ele entrega um dinheiro)
Luana - Para que isso?
Ernesto - Compre uma casinha para minha Pompom.
Luana - Mas o que é isso?
Ernesto - Como assim isso? Minha gata.
Luana - Nem morta que vou comprar isso
Ernesto - Sua vaca alegórica! Desacatando as minhas ordens.
Luana - Você ouviu isso pai? Me ofendeu.
Ernesto - Falou com ele por que? Eu chamo ele de coisa pior! De anta histórica
Fabrício - Escute aqui, ou para com essas ofensas ou te ponho pra fora daqui!
Estamos apresentando/Voltamos a apresentar
Cena 03 (Casa de Fabrício/tarde-noite)
Ernesto - Que isso? Mas que petulância. Expulsar o próprio pai de casa, ainda mais quando ele vem para o aniversário da própria neta
Fabrício - Silêncio! Ela não sabe.
Luana - Não sabe de que?
Fabrício - De nada,de nada. Ele tá falando coisas de quando ele era jovem, que você não queria saber.
Luana - Graças a Deus. De velho já não basta você.
Fabrício - Chega! Vamos por uma pedra nesse assunto, que no quero mais ouvir sobre isso.
Ernesto - Sim, mas e a minha Pompom?
Fabrício - Mande-a para o diabo que a carregue.
Ernesto - Meu Deus, que sacrilégio.
Jussara - Olha seu Ernesto, vamos te acomodar. Cadê suas malas?
Ernesto - Estão lá fora, pode ir buscar..
Jussara - Eu buscar? Mas você que é homem.
Ernesto - Você quer que eu, um homem idoso cansado da vida, carregar malas tão pesadas por essa escadaria?
Jussara - Sim
Ernesto - Já vi que serão dias horríveis aqui.
Cena 04 (Praia/noite) - [Téo está organizando as redes enquanto Fabrício conversa com ele]
Téo - Então quer dizer que ele veio mesmo
Fabrício - Pois é, veio. E já chegou pondo ordem. Olha, realmente, eu não tinha noção que era tão bom viver sem ele.
Téo - Você não acha que está levando para o lado ruim das coisas. Não deve ser tão insuportável assim
Fabrício - Como não? Pra você ter uma noção, até gato ele trouxe.
Téo - Ah, mas gatos são legais
Fabrício - Não pra pessoas alérgicas. E ele sabe disso.
Téo - Bom, agora eu vou pro meio do mar, amanhã nós falamos melhor a respeito disso
Fabrício - Certo, então está tudo confirmado que amanhã você irá para o aniversário de minhas filhas, né?
Téo - Olha, eu não sei ainda. São pessoas que sequer eu conheço direito.
Fabrício - Mas você vai lá como meu convidado.
Téo - Tá bom, mas e os presentes, quais recomendações?
Fabrício - Nenhuma, até por que eu não pedi pra você levar nada.
Téo - Ah não, mas aí eu faço questão. Ir de mão abanando é ridículo.
Fabrício - Olha, se quiser leve o que quiser. Mas não é obrigado não. Eu vou aqui, que já são nove horas (21h)
Téo - Está certo.
(Fabrício sai e a cena vai se afastando ao som de Fulgas, da Marina Lima e corta para o aniversário de Letícia e Luana)
Cena 05 (Aniversário de Luana e Letícia/Noite/ Casa de Fabrício) Música - Fulgas (Marina Lima)
Luana - Mãe, por que não me contou dessa festa surpresa?
Jussara - Justamente por ser surpresa né. Agora vá curtir
Luana - Quero saber quem foi o animal que escolheu essas músicas do tempo do fupa.
Jussara - Sua irmã, Letícia.
Luana - Ela sabia?
Jussara - Não, mas ela pelo menos tem bom gosto, melhor que esses horrores que você ouve. E inclusive, nem coloquei viu, por que ninguém é obrigado.
Letícia - Mãe, muito obrigado pela festa (abraça a mãe)
Jussara - De nada, filha. Vocês merecem.
Letícia - Cadê meu pai?
Jussara - Foi buscar mais refrigerantes
Cena 06
-Teo entra pela porta com dois presentes e se sente constrangido, e é recebido por Fabrício que acaba de chegar.
Téo - Olha, acho melhor eu ir
Fabrício - Que nada, você vai ficar. É pra curtir rapaz!
Luana e Letícia chegam na sala e olham pra Téo, causando tensão
Luana - O que ele tá fazendo aqui?
Estamos apresentando/Voltamos a apresentar
Cena 07
Luana - Quem convidou ele? Foi você não é songa monga?
Letícia - Eu não. Acho que foi o pai.
Luana - Já começou a trazer estranhos pra dentro de casa
Letícia - E o Jardel é o que? Da família?
Luana - Sim! Afinal é meu namorado. E o que deu em você pra sair defendendo ele infeliz? Não diga que arriou?
Letícia - Eu não.
Cena 08
Téo - A quem eu entrego os presentes?
Fabrício - Entregue a elas, estão ali.
(Téo caminha em direção a elas)
Letícia - Eu, eu vou precisar ir ao banheiro…
Luana - Volta aqui!
Téo - Oi boa noite, meus parabéns!
Luana - Obrigada (com cara de nojo)
Téo - Bom, eu não sabia o que trazer, mas eu comprei isso.
Luana - Uma caixa de sabonetes?
Téo - Eh, eu não tenho muito gosto com presentes, sabe.
Luana - Vem cá infeliz, está me achando com cara de imunda é? Que preciso de sabonetes?
Téo - Não, não é isso
Luana - Escute Aqui. Já veio sem sequer ser convidado, e ainda me dá uma porcaria dessas. Antes ter me dado em dinheiro né? Gastou quanto nisso, 20 reais? Se eu fosse você eu caia fora daqui, por que já passou vergonha demais!
(Fabrício chega e questiona)
Fabrício - O que está acontecendo aqui? Posso saber?
Encerramento ao som de Venenosa, Rita Lee.
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