Limite da Vida - Capítulo 10
Uma novela de Larice da Costa
Graça se encaminha para subir as escadas quando ouve um barulho e se vira assustada, ela desce as escadas e vê a janela aberta, Graça fecha as janelas e volta a subir quando vê um vulto passando, ela se volta contra o andar de cima assustada e permanece não vendo ninguém, a sala continua em silêncio somente com o barulho do relógio, ela, mais calma, volta a subir quando vê Maia em sua frente, ela se assusta e rola escada abaixo. Janete ouve o estrondo assustada e corre em direção à sala para verificar o que é, ela se assusta ao ver Graça no chão e imóvel.
Janete se levanta e vai até o telefone, afoita ela procura pelo número do doutor pela lista telefônica.
Janete: Cadê… Achei! Alô, doutor César? Preciso que o senhor venha até a residência de Graça Nunes urgentemente, a antiga casa de dona Maia.
Janete se aproxima novamente de Graça com receio de colocar a mão. Graça acorda.
Graça: Ahh que dor! Eu não quero morrer, Janete.
Janete: Fique calma, senhora. Já acionei o médico, não faça esforço.
Graça passa a mão por baixo da barriga e sente o sangue.
Graça: Estou sangrando, me ajuda, Janete!
Janete percebe o vestido de Graça todo ensanguentado
Os médicos chegam no momento e carregam Graça pela maca.
Dr. César: A senhorita sabe o que aconteceu? Se puder nos explicar com mais calma.
Janete: Não sei ao certo, eu estava na cozinha, me preparando para ir dormir, quando ouvi o estrondo, vou correndo à sala e a dona Graça estava caída ao pé da escada, ela provavelmente rolou lá de cima.
Dr. César: A senhorita terá que acompanhar a Graça na ambulância. Vamos.
Graça: Eu quero o Clementino, chame ele, Janete.
Janete: Agora não dá, dona Graça, mas quando chegarmos no hospital eu aviso ele. Fique calma, vai dar tudo certo.
(Mansão de Tânia):
Rosinha: A senhora já vai se recolher?
Tânia: E porque? Não devo?
Rosinha: Só gostaria de lhe contar algo estranho que vi hoje, sobre a Mitra.
Tânia: Deixe de fuxicos, Rosinha. Vá se deitar.
Rosinha: É realmente sério.
Rosinha encosta a porta.
Rosinha: Quando o senhor Humberto esteve aqui, conversando com a senhora, Mitra estava no corredor ouvindo a conversa e chorando, quando me aproximei ela disfarçou dizendo que estava distraída, mas dava pra perceber que aquele choro tinha a ver com a conversa.
Tânia: Ela não me parece esse tipo de pessoa, que ouve a conversa atrás da porta. Tem certeza de que viu isso, Rosa?
Rosinha: Absoluta, pela minha vida eu te juro.
Tânia: Não exagere. Mas por qual motivo? Mesmo assim, ela tem muitos traumas e momentos difíceis do passado, chorar para ela deve ser normal.
Rosinha: A senhora está tentando ver pelo melhor prisma, não é?
Tânia: De qualquer forma, amanhã converso com ela. Felícia já chegou?
Rosinha: Não senhora.
Tânia: NÂO!? Ela anda chegando muito tarde ultimamente, tenho que puxar a orelha dela. Agora pode ir dormir, Rosinha. Vá!
Clementino está andando pelas ruas quando se encontra com Felícia e os dois caminham juntos.
Clementino: Uma moça como você, é perigoso andar sozinha nessas horas perdidas.
Felícia: Já me acostumei, virou uma rotina para mim.
Clementino: Mas não podemos dar sorte ao acaso, vai que…
Felícia: Se alguém se atrever eu ensino direitinho o caminho de casa.
Felícia mostra um canivete escondido em sua cintura.
Felícia: Não sou uma paspalha também. Mas o que faz essas horas na rua?
Clementino: Estou indo para a casa.
Felícia: Está vindo da casa de Graça?
Clementino: Como sabe?
Felícia: Imaginei… Enfim, cheguei em casa, obrigada por ter me acompanhado mesmo não tendo precisão.
Clementino: Fiz por livre e espontânea vontade. Espera, eu queria te dizer que eu sinto muito sua falta e que se você quisesse eu deixava tudo e me casava com você.
Felícia: Mas você está noivo da Graça, seria errado de ambas as partes cometer esse erro com ela.
Clementino: A Graça não é perfeita como pensa, ela também tem seus erros, não ache que ela mereça tudo de bom ou um sacrifício como esse. A gente se ama, eu sei que você ainda sente algo por mim, prefere renunciar a esse amor e deixar tudo para trás?
Felícia: Não é justo porque o nosso tempo já passou.
Clementino aproxima o rosto de Felícia e os dois se deixam levar, eles se beijam intensamente, sem qualquer compromisso.
Humberto chega completamente bêbado no portão da mansão de Tânia, gritando por seu nome.
Humberto: TÂNIA, DESÇA AQUI, MEU AMOR. EU TE AMO, FICA COMIGO!
Felícia: Mas o que é isso?
Tânia acorda sem entender nada e sai pela varanda do quarto.
Tânia: HUMBERTO? Felícia!?
Mitra ouve o burburinho e resolve sair do quarto, ela anda pelo jardim e consegue ver seu pai.
Tânia: Vá embora, Humberto.
Felícia: Ele não pode ir embora assim, mamãe. Me ajude, vamos entrar com ele, Clementino.
Mitra corre e Humberto vê sua filha, mas ela se esconde a tempo de ninguém mais ver.
Humberto: Mitra? Minha filha alí, ela tá viva?
Felícia: Quem é Mitra?
Clementino: Ele não fala coisa com coisa.
Felícia e Clementino deixam Humberto no sofá.
Felícia: Vou preparar um café bem amargo para ele.
Tânia: Humberto, o que você está fazendo da sua vida, meu querido?
Humberto: Eu te amo Tânia, fica comigo, fica!
Tânia: Você está bêbado, então não tem controle totalmente sobre a sua mente, depois a gente conversa.
No outro dia…
Mitra bate na porta do quarto de Felícia.
Mitra: Dá licença, dona Felícia.
Felícia: Entra, Giovanna. Precisa de alguma coisa?
Mitra: Gostaria de conversar com a senhora, é que…
Mitra vê um pano com um tipo de bordado que sua mãe mais fazia.
Mitra: Onde conseguiu?
Felícia: Ah, é lindo não é? Minha mãe disse que eu tenho desde bebezinha.
Mitra: Tem certeza?
Felícia: Tenho, mas porquê? Mitra, onde vai?
Mitra sai correndo e chorando.
Mitra: Não acredito, eu não acredito.
Mitra esbarra em Tânia que se espanta.
Tânia: O que aconteceu? Por que está chorando?
Mitra: Eu não aguento mais, dona Tânia, eu vou contar tudo.
Tânia: Calma, se sente no sofá.
Felícia aparece desesperada atrás de Mitra.
Felícia: O que foi? O que está acontecendo?
Mitra: Meu nome não é Giovanna e eu tenho sim dois pais.
Humberto invade a casa de Tânia querendo conversar com ela e se espanta com Mitra ali.
Humberto: MAS O QUE É ISSO? MITRA?
Tânia: Mitra? Então você é a filha do Humberto, a que ele pensava estar morta?
Mitra: Meu pai, que saudades eu estava do senhor.
Mitra corre e abraça o pai que fica sem reação.
Humberto: Como pôde você ter feito isso comigo, com a gente, pois a sua mãe está sofrendo muito.
Mitra: Fiz isso por causa dela mesmo, não queria voltar pras rédias curtas de mamãe, ela me odeia.
Humberto: Não diga bobagens, a sua mãe te ama, ela se arrepende tanto do que fez.
Mitra: Não quero que o senhor conte a ela que estou viva e bem, por favor.
Tânia: Não, não, não. Vá, Humberto, avise Catarina de que Mitra está viva e traga ela até aqui, você não vai poder fugir de sua mãe a vida toda, não dê esse desgosto a ela.
Humberto: Estou indo agora mesmo, ela vai ficar tão feliz, minha filha.
Mitra dá um sorriso sem graça e abaixo a cabeça.
(Hospital):
Dr. César chama Clementino para o lado e o conta sobre Graça.
Dr. César: Tenho duas notícias para lhe dar, uma boa e uma péssima, qual quer primeiro?
Clementino: A boa.
Dr. César: A boa notícia é que sua noiva não perdeu o bebê, ele está bem.
Clementino: Espera! Graça
está grávida?
Dr. César: Sim, meus parabéns. Bom, a má notícia é que… enfim.
Clementino: Diga logo, doutor.
Dr. César: Ela nunca mais vai andar.
Um close no rosto de Clementino.
ENCERRAMENTO
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