PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 17
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: MANSÃO/INT./NOITE
DORALICE: Como assim, Álvaro? O que o Vicente fez de tão grave no passado?
ÁLVARO: Lembra de quando a gente chegou aqui na fazenda, no começo de 2008?
DORALICE: Claro… me lembro perfeitamente do seu pai falando que tinha acontecido uma coisa muito grave lá em Minas e por isso vocês vieram pra cá.
ÁLVARO: É justamente isso que eu quero te falar. Doralice… a gente saiu de Minas às pressas. No dia anterior, meu pai tinha tinha ido ao bar encher a cara. Como o dono deixava ele pagar fiado, ele enchia a cara todo dia. E nesse dia, o dono foi cobrar o meu pai pelo pagamento. Meu pai não gostou e eles começaram a discutir feio, até que foram pro lado de fora do bar, meu pai quebrou uma garrafa de cachaça e atacou o homem com essa garrafa de vidro. O homem infelizmente não resistiu. Depois disso, a gente teve que sair praticamente fugindo de lá.
DORALICE: Meu Deus… então era isso a coisa ruim que tinha acontecido lá em Minas?
ÁLVARO: Exatamente.
DORALICE: Álvaro, a gente precisa ir até esse lugar. Eu preciso investigar esse caso e achar alguém que saiba desse crime. Algum familiar, um amigo desse homem…
ÁLVARO: Cê pode contar comigo. Eu tô aqui pra te ajudar nessa vingança.
DORALICE: Tem certeza? Álvaro, por mais que o Vicente seja um monstro, ele continua sendo seu pai.
ÁLVARO: Ele precisa pagar pelos crimes que cometeu.
CENA 02: CASA DE MARLUCE/NOITE
Marluce está assistindo missa na TV, até que alguém bate na porta.
MARLUCE (se levanta): Logo na hora da minha missa? Santo pai…
Ela vai até a porta, abre e dá de cara com Morgana.
MARLUCE: Morgana? Tá fazendo o que aqui? Brigou com a minha filha de novo, é?
MORGANA (irônica): Não, não briguei com a sua filha... Dessa vez ela me deu férias! Tô até pensando em fazer um retiro espiritual. Ou, sei lá, virar freira.
MARLUCE (cruza os braços): Morgana, sem enrolação. O que que ocê quer aqui?
MORGANA (faz cara de indignada): Credo, Marluce! Que recepção calorosa... Achei que ia rolar pelo menos um cafezinho. Tá vendo como eu sou maltratada nessa cidade?
MARLUCE (impaciente): Se você não falar, eu vou ser obrigada a fechar a porta na sua cara.
MORGANA: Deus não gosta dessas coisas, é melhor deixar a porta aberta. Bom, eu vim te entregar uma coisa.
MARLUCE: O que?
Morgana abre o zíper da bolsa e retira um envelope.
MORGANA (entregando o envelope para Marluce): Pega! É pra você.
Marluce pega o envelope, abre e retira as fotos de Silvinha no ponto de prostituição. Ela observa as imagens por um momento e, em seguida, faz cara de desentendida. O instrumental “Oud Oud - Pedro Guedes, Rafael Langoni” entra em cena.
MARLUCE (olhando : O que é isso, Morgana? Que palhaçada é essa?
MORGANA: Ué, não tá vendo que é a sua filhinha querida?
MARLUCE: Não… isso aí é montagem, ocê editou essas fotos porque tem inveja da Sílvia! Morgana… eu sabia que ocê não prestava, mas pra chegar nesse nível?
MORGANA (solta um breve riso): Sério memo que a senhora tá achando que isso aí é mentira? Meu bem, eu contratei um detetive pra ir até o ponto onde a sua filhinha trabalha e fazer uma sessão de fotos dela. Sua filha não trabalha em hospital coisa nenhuma, dona Marluce. Ela é uma puta! Ela é uma piranha! Igual a mim. A senhora que sempre me julgou, sempre me humilhou por trabalhar naquele bordel, tem uma filha pior do que eu.
MARLUCE (se senta no sofá, chocada): Não… não é possível que a minha filha seja uma pecadora desse nível… meu Deus (chora) onde foi que eu errei? Ela mentiu pra mim dizendo que trabalhava no hospital como enfermeira… não é possível uma coisa dessa.
MORGANA: Eu tentei te alertar e a senhora não me ouviu. Agora é tarde.
MARLUCE (se levanta, furiosa): SAI DAQUI! SAI DAQUI AGORA, SUA MESSALINA!
Marluce fecha a porta com força, na cara de Morgana. Logo depois, ela se senta no sofá novamente, chorando.
MARLUCE (chorando): Deus tenha misericórdia… não é possível!
CENA 03: ESTRADA/NOITE
André dirige pela estrada de terra, pensando em Doralice. Desde quando eles se conheceram até o presente momento, onde Doralice o traiu com Álvaro. Lágrimas escorrem pelo seu rosto. De repente, uma vaca aparece no meio do caminho. André arregala os olhos, gira o volante para desviar e pisa no freio com tudo. Nada acontece. Ele aperta o pedal várias vezes, mas o carro não responde. Desesperado, ele tenta manter o controle, mas o veículo derrapa, sai da estrada e despenca por uma ribanceira altíssima. Após cair, o carro capota várias vezes, amassando a lataria e estilhaçando os vidros. André é jogado de um lado para o outro dentro do carro, enquanto o mundo parece girar sem parar. Quando o carro finalmente para, de cabeça para baixo no meio do mato, o silêncio toma conta. Só o som do vento e o rangido do metal retorcido são ouvidos. De repente, uma faísca. O tanque de combustível vaza e, em poucos segundos, o carro explode violentamente.
A novela encerra seu 17° capítulo em silêncio.
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