Viviana, Capítulo 02.
Vale a Pena Lacrar de Novo
Autor: Lucas Gustavo
Original: Inés Rodena
Cena 01 (Escola Antônio Luiz Barros/Corredor/Manhã)
(Júlinho está andando pelo corredor. Ele avista Viviana e Viviana avista ele, eles caminham um até o outro. Eles se olham e sorriem.)
VIVIANA (VOZ): E eu me encontrei com o Julinho novamente... Eu nem tinha imaginado que eu ia estudar na mesma escola que ele! Borboletas voavam pelo meu estômago... Ai! Realmente inacreditável.
(Júlinho fica incrédulo ao ver Viviana)
JÚLINHO: Não acredito! É você? A menina que eu conheci na praia? Inacreditável!
*INSTRUMENTAL ON*
(Viviana fica envergonhada.)
VIVIANA (ENVERGONHADA): E você é o mesmo garoto que eu vi na praia?
JÚLINHO: Mas é claro que sim, *sorri* eu mudei muito para você estar duvidando assim?
VIVIANA (ENVERGONHADA): Não...
(Eles se olham)
*INSTRUMENTAL OFF*
*INSTRUMENTAL ON*
(Um alto falante na escola, avisa que a aula já irá começar e Viviana vai até sua sala.)
*INSTRUMENTAL OFF*
Cena 02 (Escola Antônio Luiz Barros/Corredor/Manhã)
(A cena corta e Viviana agora está no corredor comendo a merenda. Ela observa a todos da escola. De repente Júlia 'Giovana Alparone' e Vitinho aparecem.)
JÚLIA: Ooiiii!
VIVIANA: Oi.
JÚLIA: Como vai? Eu me chamo Júlia!
VIVIANA: E eu Viviana...
JÚLIA: A gente sabe disso, você é da mesma sala que a gente!
(Apesar de estar com vontade de fazer amizades, Viviana se mantém tímida e firme.)
VITINHO: E eu me chamo Vitinho.
(Eles se olham sem ter o que falar.)
JÚLIA: De onde você é?
VIVIANA: De São Paulo... Me mudei para cá ontem... Eu não sei porque meus pais insistiram na mudança... Não entendi mesmo...
JÚLIA: Você não gostou de Praia Grande?
VIVIANA: Não é isso, é que... Eu já estava acostumada com São Paulo sabe... Aí...
JÚLIA: Entendo, mas você vai gostar de Praia Grande, é uma cidade muito boa e tem vários pontos turísticos incríveis. E cá entre nós: eu acho melhor que São Paulo!
(Ela solta uma risada contagiante)
VIVIANA: É... Quem sabe eu esteja errada e Praia Grande me surpreenda mais que São Paulo!
JÚLIA: Você nasceu aqui?
VIVIANA: Sim
JÚLIA: Brasileira brasileira?
VIVIANA: Sim...
VITINHO: Júlia mulher, que raio de pergunta é essa? Desse jeito a menina vai começar a se afastar da gente *ri*
(Viviana continua calada)
VITINHO: Mas diz aí mulher, como anda tua vida amorosa? É BV? Já pegasse vários bofes? Tem alguma IST?
JÚLIA: Vitinho! Isso é pergunta que se faça? Tá sendo muito específico e invasivo!
VIVIANA: O que é BV?
*INSTRUMENTAL ON*
VITINHO: Tu não sabe o que é BV?
(Viviana balança a cabeça negativamente.)
VITINHO: Você vive numa caverna menina?
*INSTRUMENTAL OFF*
(Um clima começa a pesar. E os três se olham.)
*INSTRUMENTAL ON*
Cena 03 (Casa de Júlinho/Sala/Início de Noite)
(Na casa de Julinho. Júlinho e seu pai estão deitados em umas redes que há na sala prontos para dormirem. Júlinho não para de pensar em Viviana.)
ERICK: No que está pensando filho?
JÚLINHO: Naquelq garota que eu conheci na praia ontem. Pai
ERICK: Oi.
JÚLINHO: Quando a gente está apaixonado, a gente faz o que?
(Erick se impressiona com a pergunta do filho. Cena continua na sala da casa de Júlinho. A luz é suave, iluminando apenas parcialmente a sala, criando um ambiente calmo. Erick balança suavemente na rede enquanto Júlinho olha para o teto, ainda preso em seus pensamentos.)
ERICK: (sorri levemente, mas sem virar o rosto para o filho) O que a gente faz? (dá uma leve risada) Isso depende, meu filho… Depende da pessoa e do que o coração da gente está dizendo.
(Júlinho se ajeita na rede, claramente inquieto, e vira o rosto para o pai.)
JÚLINHO: Como assim, pai?
ERICK: (olha para o teto, pensativo) Quando a gente tá apaixonado, o coração começa a bater mais rápido perto daquela pessoa… (pausa) Às vezes, a gente quer impressionar, às vezes só quer estar por perto. E muitas vezes, a gente fica sem saber o que fazer.
(Júlinho reflete sobre as palavras do pai e se lembra dos olhares de Viviana na sala de aula.)
JÚLINHO: E quando parece que essa pessoa precisa da gente, mas não sabe como pedir?
(Erick olha para o filho, notando a seriedade na voz dele.)
ERICK: Filho, se você sente que essa garota precisa de alguém que a escute, que a entenda… então a coisa mais simples que você pode fazer é ser esse alguém. (pausa) Nem sempre as pessoas sabem dizer o que estão sentindo, às vezes precisam de um amigo, antes de qualquer coisa.
JÚLINHO: (refletindo) Acho que ela é diferente, sabe? Todo mundo fica olhando pra ela como se ela fosse de outro mundo…
ERICK: (dá um sorriso) E quem sabe isso não seja exatamente o que faz dela alguém especial? Ser diferente não é um problema, é um presente. O difícil é fazer os outros entenderem isso.
(Júlinho balança a cabeça, absorvendo as palavras do pai. Ele respira fundo e fecha os olhos, como se finalmente encontrasse uma resposta para sua confusão.)
JÚLINHO: Talvez eu só queira que ela se sinta… parte de alguma coisa, sabe?
ERICK: (com um olhar suave) Então, você já sabe o que fazer. Ser gentil é mais poderoso do que a gente imagina. Se essa garota é importante para você, então mostre que ela não está sozinha.
(Júlinho sorri, um sorriso tímido, mas sincero.)
JÚLINHO: Valeu, pai… Acho que vou tentar.
ERICK: (balança a cabeça, satisfeito) Vai com calma, Júlinho… Não precisa resolver tudo de uma vez. Às vezes, as coisas boas levam tempo.
(A câmera se afasta lentamente, mostrando Júlinho e seu pai deitados nas redes, com o som suave de grilos ao fundo. Júlinho fecha os olhos, mas agora sua expressão é mais tranquila, como se tivesse tomado uma decisão.)
*INSTRUMENTAL OFF*
Cena 04 (Praia/Início da Tarde)
(O sol já começa a se inclinar no céu, refletindo tons de dourado na areia da praia. A brisa é suave e o som das ondas quebra o silêncio. Uma pequena cerimônia está montada, com flores brancas e fitas de cetim se movendo com o vento. Há poucas cadeiras, apenas para os mais próximos, e um arco rústico decorado, de frente para o mar.
Viviana, usando a sua calça wide leg, longa, jeans, caminha descalça pela areia. Seu cabelo está solto, com pequenas flores brancas entrelaçadas. Seu olhar é de emoção, mas seus passos são firmes, seguros. Júlinho, de terno branco e sem gravata, espera ao lado do celebrante, tentando conter um sorriso que insiste em escapar.)
VIVIANA (VOZ): “E ali estava eu, caminhando em direção ao homem que, em tão pouco tempo, havia transformado tudo… Eu me sentia leve, como se estivesse vivendo um sonho."
(Viviana para em frente a Júlinho. Eles trocam um olhar profundo, quase como se apenas eles dois estivessem ali. O celebrante sorri com carinho e começa a falar.)
CELEBRANTE: Estamos aqui reunidos para testemunhar a união de Viviana e Júlinho… (olha para ambos) O amor de vocês floresceu rápido, mas, às vezes, a vida nos surpreende com encontros inesperados. Hoje, celebramos essa surpresa que se tornou um laço forte, construído na confiança e na simplicidade.
(Júlinho segura as mãos de Viviana com cuidado, e ela sorri, um sorriso tímido, mas cheio de amor.)
CELEBRANTE: Júlinho, deseja compartilhar seus votos?
(Júlinho respira fundo, como se buscasse coragem.)
JÚLINHO: (olhando nos olhos de Viviana) Viviana, desde o dia em que te vi na praia, percebi que você era diferente de todos. Sua gentileza, seu jeito de enxergar o mundo... Eu sabia que queria você ao meu lado. (sorri levemente) E, mesmo que tenha sido tudo tão rápido, eu sinto que conheço você há uma vida inteira. Prometo te apoiar, te entender e caminhar ao seu lado em todas as marés da vida.
(Viviana, com lágrimas nos olhos, aperta as mãos de Júlinho.)
CELEBRANTE: Viviana, quer compartilhar seus votos?
(Viviana respira fundo, com uma emoção evidente em sua voz.)
VIVIANA: Júlinho… (olha para o mar por um breve instante) Eu nem sabia o que era amar de verdade até te conhecer. Com você, aprendi que o amor é simples, é como a brisa suave que nos toca e nos acalma. (sorri, emocionada) Prometo ser sua amiga, sua companheira, e viver todos os nossos dias como se fossem os primeiros.
(Close no rosto emocionado de Júlinho. O celebrante sorri e acena com a cabeça.)
CELEBRANTE: Pela promessa de amor que vocês trocaram e pelo compromisso que assumiram, eu os declaro marido e mulher. Júlinho, pode beijar sua esposa.
(Júlinho sorri e se aproxima de Viviana, tocando seu rosto com delicadeza antes de selar o beijo. A câmera se afasta lentamente, revelando o mar ao fundo e os convidados sorrindo e aplaudindo. As ondas quebram suavemente na praia, em um ritmo harmonioso.)
VIVIANA (VOZ): "Naquele momento, soube que tinha feito a escolha certa… E que, por mais que a vida pudesse ser incerta, o que sentíamos era real."
(Close final nas mãos de Júlinho e Viviana, entrelaçadas, enquanto eles caminham juntos pela areia. A imagem vai desvanecendo à medida que o sol se põe no horizonte.)
Cena 05 (Casa de Viviana/Entrada/Tarde)
(Viviana sai de malas prontas de dentro da casa. Consuelo e Diogo olham com os olhos marejados para a filha.)
CONSUELO (COM OS OLHOS MAREJADOS): Já está pronta meu amor?
VIVIANA: Sim, mãe...
CONSUELO: Pegue, isso é para você!
(Viviana segura o colar que a mãe dela deu a ela.)
VIVIANA: É o colar da Vovó?
CONSUELO: Sim, é o colar da vovó...
(Viviana fixa seu olhar no colar.)
JÚLINHO: Vamos Viviana.
VIVIANA: Obrigado mãe, até breve.
*INSTRUMENTAL ON*
(Elas se abraçam. O pai acena ppara ela com a cabeça e pede para ela voltar logo. Júlinho sobe na moto dele. Viviana sobe na garoupa da mogo. Júlinho liga a moto e ele vão rumo a são paulo.)
Cena 06 (Casa de Viviana e Júlinho/Entrada/Tarde)
(Viviana e Júlinho chegam num bairro humilde e modesto de São Paulo. A casa deles também é humilde. Viviana se sente insegura, e Júlinho percebe isso.)
JÚLINHO: Aconteceu algo?
VIVIANA: Nada meu amor. Está tudo ótimo...
Cena 07 (Casa de Viviana e Júlinho/Entrada/Fim de Noite)
(Viviana está colocando os lixos para fora da casa. Ela sai e coloca eles na lixeira. A câmera avista numa sirueta de um homem com um chapéu e capuz. Ela continua colocando o lixo tranquila enquanto a câmera foca nele. Ela continua despercebida por um momento. Até que ela sente um frio na barriga, olha a sirueta do homem e se assusta. Ela corre de medo pra dentro da casa.
Cena 08 (Casa de Viviana e Júlinho/Quarto/Fim de Noite)
*INSTRUMENTAL ON*
(Júlinho está dormindo na cama tranquilamente.)
*INSTRUMENTAL OFF*
VIVIANA (DESESPERADA): Júlinho, Júlinho, Júlinho!
JÚLINHO: O que houve Viviana?
VIVIANA: Tem um homem que estava me observando do outro lado da rua!
JÚLINHO: O quê?
VIVIANA: Sim! Há um homem me observando!
(Viviana continua mantendo seu semblante preocupado.)
Cena 09 (Ruas de São Paulo/Manhã)
*TRILHA SONORA ON*
(A câmera mostra as ruas de São Paulo bem movimentadas e alegres.)
*TRILHA SONORA OFF*
Cena 10 (Ruas de São Paulo/Manhã)
(A câmera mostra Júlinho andando pelas ruas de São Paulo)
Cena 11 (Casa de Viviana/Quarto/Fim de Tarde)
(Viviana e Júlinho já estão na cama prontos para dormir.)
VIVIANA: Porque temos que dormir tão cedo?
JÚLINHO: Para o bem de nossa saúde. E amanhã eu tenho que acordar bem cedo para arrumar emprego.
VIVIANA: Mas Júlinho, ainda nem anoiteceu direito... Está muito cedo...
JÚLINHO: Então o que vamos fazer?
(Viviana olha para ele.)
VIVIANA: Bom... Podemos ver televisão...
JÚLINHO: E o que está passando na televisão?
VIVIANA: A essa hora deve estar passando a reprise de Rios da Razão, minha novela favorita!
*INSTRUMENTAL ON*
(Júlinho sorri para ela. Viviana se levanta para pegar o controle remoto. Ela pega o controle remoto e liga a TV. Está passando uma cena avulsa de Rios da Razão. Ela se deita do lado de Júlinho. O quarto está escuro, e sendo iluminado apenas pela luz da TV.)
(A câmera mostra o dia seguinte amanhecendo. Viviana e Júlinho ainda estão dormindo. Júlinho acorda lentamente e com cuidado para não acordar Viviana.)
-DIAS DEPOIS-
Cena 12 (Casa de Viviana e Júlinho/Lado de Fora/Tarde)
(Viviana varre a calçada de casa tranquilamente até que um grupo de jovens passa pela rua, dando gargalhadas e com sorrisos felizes no rosto. Viviana vê o grupo e sente uma mistura de sentimentos. A face dela se fecha com uma expressão triste ao ver que os jovens estão se divertindo e ela cuidado de uma casa tão cedo.)
Cena 13 (Casa de Viviana e Júlinho/Sala/Noite)
(Viviana abre a porta.)
VIVIANA: Boa noite Júlinho, entre.
JÚLINHO: Boa noite meu amor, como passou o dia?
VIVIANA: Bem...
(Júlinho cansado, se senta no sofá. Viviana olha para ele com uma expressão séria.)
VIVIANA: Júlinho, podemos conversar?
(Júlinho olha para ela com um olhar desconfiado.)
JÚLINHO: Podemos sim...
VIVIANA: É que... Bom, você sabe que quando nos conhecemos, foi amor a primeira vista... E desde então aconteceu tudo aquilo, nos casamos e viemos morar aqui em São Paulo... E estamos tendo uma vida boa por enquanto... Mas, nós vamos... Ficar apenas por aqui? Sem nos divertirmos?
JÚLINHO: Como assim, Viviana? "Ficarmos aqui"?
VIVIANA: É que... Todavia ainda somos jovens, eu vi um grupo de jovens andando na rua e dando gargalhadas e andando juntos... Eu... Só queria... Poder também ter amigas... Andar por aí, sabe?
JÚLINHO: E ficar se assanhando para os outros meninos e eles te assediando igual esses jovens estavam fazendo?
VIVIANA (CONFUSA): Não!
*INSTRUMENTAL ON*
JÚLINHO: É sério que você tá me pedindo isso Viviana? Você quer sair para quê? Para poder dar em cima dos outros meninos enquanto eu trabalho igual um burro?
(Viviana estranha as palavras de Júlinho.)
VIVIANA: Essa nunca foi minha intenção, Júlinho!
JÚLINHO: Você não veio conversar comigo atoa! *em tom rude* eu não vou ficar me matando de trabalhar para você ficar se assanhando para os outros!
(Viviana desconhece as palavras de Júlinho e fica abalada. Ela corre para o quarto para chorar.)
ABERTURA:
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