OTÁVIO: Aquela é a sua irmã?
JOYCE (falando baixo): Otávio por favor me diz que isso não está acontecendo.
OTÁVIO: Espera aí eu vou resolver.
Otávio vai até Isabelle, pra recebê-la.
ISABELLE (abraçando o cunhado): Otávio, querido! Quanto tempo!
OTÁVIO: Pois é, você por aqui, assim, sem avisar nada.
ISABELLE: Ah, nem te conto. E a Joyce, onde está?
Joyce caminha em direção a sua irmã, todos em volta observam. O seu olhar expressa todo ódio da situação.
ISABELLE (com um sorriso sínico): Irmã, quanto tempo, não é mesmo?
No objetivo de não perder a classe diante de todos, Joyce engole o a raiva e mantém a pose.
JOYCE (sorriso falso): Isabelle, minha irmã! Mas que surpresa.
ISABELLE: Ai minha irmã, mas que festa linda, e você nada de me convidar não é mesmo?
JOYCE: É que foi algo tão rápido e simples, achei que não havia necessidade, mas vamos deixar isso de lado.
OTÁVIO: Deixa que eu falo com o motorista pra ele ajudar com as malas.
JOYCE: Faça isso, Otávio. E Isabelle, me espera lá dentro, temos muita coisa pra conversar.
Joyce, mesmo envergonhada, volta ao palco e finge que nada aconteceu.
CENA 02 - (CASA DE MARION/INT./NOITE):
Pouco tempo após o acidente de Adelaide, Marion foi morar no Rio de Janeiro, para ficar mais próxima de Felipe. Sempre trabalhou com orgulho e nunca deixou de cuidar bem do seu filho, André. Ela mora no bairro da Tijuca e tem uma pequena lanchonete.
ANDRÉ (entrando em casa): Mãe?
MARION: Filho, achei que só ia voltar mais tarde.
ANDRÉ: Era, mas o clima fechou lá pela família da Simone.
MARION: Mas o que aconteceu?
ANDRÉ: Parece que a irmã da Dona Joyce apareceu na festa sem mais e nem menos, chegou lá reclamando até do pobre coitado do porteiro.
MARION (rindo): Meu Deus, gente de céu. E ainda tem quem ache que esse povo não tem problemas familiares.
ANDRÉ (se acomodando no sofá): Pois é, coitada da Simone. Sabe, ela é tão diferente daquela família inteira, da mãe principalmente.
MARION: André, meu filho, me diz uma coisa... Você tem visto o Felipe?
ANDRÉ: Poxa, tem quase um mês. A gente se fala muito pelo celular, mas já tem um tempinho que eu não vejo ele.
MARION: Você não sabe como esse menino me deixa preocupada, só se envolve no que não presta. Desde que a Adelaide se foi, eu me sinto responsável por esse menino.
ANDRÉ: Por que ele odeia tanto o pai, hein mãe?
MARION: O Jorge é uma pessoa difícil, há anos que desistiu de cuidar do Felipe, aliás ele nunca quis isso. Ele não só desistiu do Felipe, mas também desistiu da vida. É complicado.
ANDRÉ: Eu tenho pena do Felipe, e do Tio Jorge também, poxa, o cara passou por muita barra na vida.
MARION: Eu também tenho. já quis, já tentei ajudar o Jorge, mas ele mesmo não quer ajuda.
MARION: Olha, tenta ficar mais próximo do seu primo? No fundo, ele não tem praticamente ninguém na vida, só nós dois.
ANDRÉ: Claro mãe, eu soube que ela tá namorando uma garota, quem sabe a gente marca alguma coisa, ele aproveita e conhece a Simone.
MARION: Então, ótima ideia. Agora eu vou me deitar que eu trabalhei muito hoje, e tô acabada de sono. Boa noite, filho.
ANDRÉ: Boa noite mãe.
Corta para:
CENA 03 - (CORTIÇO/INT./NOITE):
Pra muitos, o tempo foi favorável, mas pra Jorge foi totalmente o contrário. Ele agora tem um aspecto 10x mais velho, perdeu tudo e agora mora numa casa velha, se enterrando no alcool. Em mais um dia de uma vida miserável, ele entra no cortiço, no qual chama de casa.
JORGE (entrando em casa bêbado e resmungando): Vagabunda! Foi me vender atum estragado, você ver sua bandida.
Mas, a dona do casa, no qual aluga pra Jorge, chega por trás, sem ele ver.
JORGE: Mas o que é que você tá fazendo aqui, Dona Maria?
MARIA: Vim cobrar o dinheiro desse mês. Seu filho deu dinheiro nenhum esse mês.
JORGE: Desgraçado, ingrato. Ali quer me ver morto. Eu agora, eu não tenho esse dinheiro, depois eu acerto com a senhora.
MARIA: Não quero acerto nenhum, quero meu dinheiro agora.
JORGE: Você não ouviu que eu tô com nada, eu hein.
MARIA: Mas pra encher o rabo de cachaça você tem dinheiro de sobra né mesmo? Escuta, você tem dois dias pra me pagar, se não, RUA! Dá licença, viu.
JORGE (batendo a porta): Vai, cretina.
ABERTURA
CENA 05 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./MANHÃ):
Na cozinha da Mansão Venturini, Zélia continua trabalhando pra família. Após a morte de Mariana, a mulher se dedicou a cuidar da sua outra filha, Camila, que agora já é adulta. Camila é uma jovem talentosa, com um sonho de ser tornar dançarina. Depois da festa de Joyce, a mansão amanheceu em silêncio total, até que Simone vai ter a cozinha pra animar o ambiente.
SIMONE: Então, Camila? Passou no teste?
CAMILA: Menina, é hoje, você não sabe como eu tô nervosa. Imagina meu nome lá: Camila Kelly no jornal ao lado da Claudia Raia?
ZÉLIA (franzindo a testa): Mas que Kelly é esse, menina?
CAMILA: Kelly é o meu artístico, né mãe. Ou a senhora acha que eu vou ser famosa com o nome de "Camila Silva de Oliveira"? Um mico né.
SIMONE: Ai, eu tô torcendo por você. E a minha mãe tá sabendo?
CAMILA: Eu nem sei, e mesmo sabendo acho que agora nem vai ligar, depois que a Dona Isabelle chegou no meio da festa, a perua tá com as ventas lá em cima.
ZÉLIA: Camila, olha lá menina.
SIMONE (gargalhando): Não mas é verdade, a chegada da Tia Isabelle abalou mesmo. E minha mãe com aquele olhar mercenário, com aquele postura.
SIMONE (imitando Joyce): "Otávio, querido! A nossa festa de casamento está adorável, conduza a Isabelle até o quarto". "Otávio, vou ao cabeleireiro, meu bem!"
Joyce chega na mesma hora.
JOYCE: Simone, mas o que você está fazendo na cozinha com as empregadas?
SIMONE: Ué mãe, tomando café da manhã, acabei de acordar.
JOYCE (pra Zélia): Você deveria ter servido a Dona Simone, na sala, Zélia.
SIMONE: A Zélia não tem culpa nenhuma, mãe. Fui eu que escolhi tomar café da manhã aqui na cozinha.
JOYCE (suspirando): Eu preciso falar com você, em particular, claro.
Joyce sai andando na frente, e Simone vai atrás e fazendo graça.
SIMONE (imitando em Joyce): Eu quero falar em particular com você.
Zélia e Camila dão boas risadas discretas na cozinha.
CENA 06 - (PRAIA DE COPACABANA/EXT./MANHÃ):
SONOPLASTIA: "ENTRE O BEM E O MAL" —
JOHNNY HOOKER
André marca com Felipe num barzinho em frente a praia de Copacabana.
ANDRÉ: Felipe!
FELIPE: Como vai, meu primo!
ANDRÉ: No corre, trabalhando, estudando e tal, na mesma luta de sempre.
FELIPE: Como vai a Tia Marion?
ANDRÉ: Bem, ela tava perguntando por você. Você já sabe, ali se preocupa mais com você, do que comigo.
FELIPE: Imagina, ali me adora, mas respira por você.
ANDRÉ: E você, cara? Já tem mais um de mês que a gente não se fala.
ANDRÉ (desconfortável): Você ainda tá envolvido naquela parada?
FELIPE (desviando o olhar): Eu sai daquilo, eu quero viver limpo, agora.
ANDRÉ: Você não sabe como isso me alivia. Olha, no que você precisar, fala comigo! A gente é família, tá aqui pra se ajudar.
FELIPE: E você? Ainda tá estudando pra aquele tal concurso.
ANDRÉ: É, não deu muito certo, eu também já tô focado lá na empresa, tô afim de crescer. Aquilo sim é o que gosto. Ah e, eu conheci uma garota. Eu pensei até em a gente marcar nesse barzinho aqui mesmo! Você ainda tá com aquela garota?
FELIPE (tomando um gole de cerveja): Hmm, sim, a Giovanna. Que tal a gente marcar no sábado? Vai ser ótimo.
ANDRÉ: Então ótimo, no sábado então.
CENA 07 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./MANHÃ):
JOYCE: Então Simone, eu te chamei aqui pra que você participe e seja testemunha dessa conversa que eu vou ter com a sua tia. Por falar nisso, onde está aquela desfrutavel?
ISABELLE (descendo as escadas): A desfrutavel está descendo, ma chérie.
JOYCE: Ótimo!
SIMONE: Bom dia, Tia Isabelle.
ISABELLE: Bom dia, querida. E então minha, o que quer falar tanto comigo?
JOYCE: Primeiramente, não me chame de irmã. O que você fez ontem na minha festa, foi lastimável. Se você quer saber mesmo, você praticamente estragou tudo.
ISABELLE (debochada): Mas gente? Porque estraguei? Que mal tem uma mulher de classe, bem apresentada, aparecer de surpresa no aniversário de casamento de sua irmã?
JOYCE: Não se faça de idiota, você chegou fazendo o mais escarcéu, sem avisar nada a ninguém. Você não sabe o vexame que eu passei. Todos olhando, comentando, julgando, ai que vergonha, meu Deus.
JOYCE: Agora me diga diz uma coisa: qual o motivo dessa visita "surpresa"?
ISABELLE: Saudades, oras.
JOYCE: Ah não mesmo, eu te conheço bem, Isabelle. E sei perfeitamente que você é do tipo de pessoa que sente tudo, menos saudades. Fala logo, antes que eu perca a paciência e mande você embora da minha casa.
ISABELLE (respirando fundo enquanto se senta no sofá): Bom, minha querida. Você soube que há cerca de um ano, o meu marido faleceu.
JOYCE: Sim, e?
ISABELLE: Pois é, o Edward, estava atolado em dívidas, e quando faleceu não me deixou nada.
JOYCE: O que você quer dizer com isso?
ISABELLE: Que estou falida.
JOYCE: Como é?
ISABELLE: Falida. Sem um centavo sequer.
CONGELAMENTO EM ISABELLE.
A novela encerra seu quarto capítulo ao som de "Que Pais é Este?" - (tema de abertura).
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