O tão aguardado dia do casamento de Leandro e Isabel chegou. Ao som de “O Barquinho - Nara Leão”, mostramos imagens do Rio de Janeiro amanhecendo. Corta para:
CENA 01: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
Plena, Isabel ainda dorme em sua cama, envolta nos lençóis de cetim. A porta se abre com cuidado. Leila entra, e caminha até a cama, com um leve sorriso no rosto. Ela se senta na beira da cama e observa a “filha” dormir por alguns segundos, até que decide chama-lá.
LEILA: Vamos acordar, meu amor? Isabel… filha… você sabe que dia é hoje?
Isabel resmunga, virando o rosto para o outro lado. Leila sorri, passa a mão carinhosamente nos cabelos da filha.
LEILA (mais firme, porém gentil): Jajá as pessoas começam a chegar pra te produzir, minha princesa. Você vai ser a noiva mais linda que o Rio de Janeiro já viu.
Isabel abre os olhos, ainda sonolenta, mas já esboçando um sorriso
ISABEL (sonolenta): Já? Nem parece que dormi…
Leila se levanta com leveza e vai até a janela, abrindo as cortinas com um gesto suave. A luz entra com mais força.
LEILA (com orgulho): Hoje vai ser um dia lindo, Isabel! É o dia em que você vai realizar o seu sonho de se casar numa igreja enorme, de vestido branco, véu… Que orgulho que você me dá, filha…
ISABEL: Estou sentindo um negócio estranho…
LEILA: Negócio estranho? Ah, não, Isabel! Não vai ficar doente logo no dia do seu casamento…
ISABEL: Não, não é nada relacionado a doença. Sei lá, parece que estou com um vazio no peito, uma angústia… um sentimento de dor, sofrimento…
LEILA: Pois bata na madeira três vezes e vira essa boca pra lá! Hoje é um dia especial, um dia em que você deve ficar feliz, meu amor… vai se casar com o homem que você ama.
ISABEL: E o Leandro? Será que ele me ama?
LEILA (perde a paciência): Ah, não! Vamos parar com essa conversa agora! Levante-se e vai tomar café, jajá o pessoal tá aí pra te produzir, filha… Eu não quero ver a minha filha com essa cara de preocupação logo no dia do casamento dela. Pensa em coisas boas. Olha só, amanhã a mídia toda vai tá falando de você, do seu vestido… Imagina a sua entrada no altar ocupando a primeira folha do jornal da cidade?
Ao ouvir as palavras da mãe, Isabel começa a se animar e se levanta, indo até a mãe e abraçando-a.
CENA 02: CASA DE LEANDRO/INT./MANHÃ
A câmera se aproxima lentamente de Leandro, que está parado diante da cama. Sobre ela, seu terno bem passado repousa, pronto para o grande dia. Ele o encara em silêncio. A câmera foca em seu olhar, que exala mil sentimentos. Ele começa a pensar nas vezes em que se encontrou com Cecília e em seguida, passa a mão pelos cabelos e respira fundo, inquieto.
LEANDRO: Cecília, Cecília… será que você vai me deixar casar?
Segundos depois, Paulina entra pela porta e se aproxima dele, percebendo que tem algo de errado.
PAULINA (preocupada, se aproximando): O que foi? Que carinha é essa?
Ele fica em silêncio por uns segundos.
LEANDRO: Será que eu tô fazendo a coisa certa, Paulina?
PAULINA: Olha, o seu pai me contou sobre o seu romance com a Cecília… eu não acho que você esteja fazendo a coisa certa em se casar com a Isabel, já que ama outra... Só que, se pararmos pra pensar, imagina o quanto você vai machucar a moça se desistir do casamento horas antes? Imagina só a decepção que Isabel vai sentir…
LEANDRO (tristonho): Agora é tarde… eu não posso mais voltar atrás, não é mesmo? Mas não é isso que eu quero. Eu não quero me casar com a Isabel, Paulina. Por mais que a gente já viveu todos esses anos juntos, fazendo juras de amor, trocando carinho, parece que o meu amor por ela se esgotou…
PAULINA: Ninguém para de amar o outro do dia pra noite. (olha nos olhos dele, segurando sua mão) Fala a verdade pra mim, Leandro. Você realmente amava a Isabel?
LEANDRO (fica em silêncio por uns segundos): Não… não sei… eu não sei, Paulina. Os meus sentimentos estão cada vez mais confusos… (pausa) Eu e Isabel somos muito diferentes um do outro, os nossos pensamentos são totalmente o oposto… não é ela quem eu quero passar a minha vida. Mas eu tenho medo. Tenho medo de causar uma desilusão, uma decepção na Isabel e machucá-la para sempre.
PAULINA: A Isabel tem todos os defeitos que pode ter, Leandro, mas ela te ama.
LEANDRO: Eu sei. Eu reconheço isso. Por isso que, eu não quero destruir os sentimentos dela desse jeito…
PAULINA: Olha, tem uma coisa que minha mãe sempre me dizia quando eu estava indecisa sobre algum assunto, e eu sempre segui este conselho dela.
LEANDRO: O quê?
PAULINA: Faz o que seu coração manda! O coração é burro às vezes... Mas é ele quem sabe o que faz a gente viver de verdade.
Ela dá um leve sorriso, materna, mas firme.
PAULINA: E eu quero ver você feliz, Leandro. Só isso.
Ela se levanta devagar, ajeita a roupa com elegância e caminha até a porta. Antes de sair, lança um último olhar a Leandro. Leandro permanece sentado na cama, em silêncio. Close no olhar dele, perdido, dividido.
HORAS DEPOIS…
As horas passam e o céu do Rio de Janeiro vai escurecendo, se transformando aos poucos em uma tempestade. Nuvens carregadas tomam conta da cidade até que uma forte chuva desaba.
CENA 03: MANSÃO FIGUEIRA/INT./DIA
A cena mostra Cecília deitada em sua cama, pensativa e distante. Ela pensa nos momentos que teve com Leandro e seus olhos enchem d'água. Nina, já arrumada para o casamento, vê que a porta já estava aberta e entra. Ela se preocupa com a tristeza de Cecília e se aproxima.
NINA (acolhedora): Ei… tá triste porquê? Olha, eu sei que você e a Isabel não se dão bem, mas sela essa paz pelo menos por hoje… Já parou pra pensar que daqui uns dias vocês mal vão se encontrar?
CECÍLIA: Eu acordei muito indisposta hoje… acho melhor nem sair nessa chuva.
NINA: Então você não vai no casamento?
CECÍLIA: Não… Também, Isabel nem faz questão que eu vá, nem se vai se importar. (pausa) Vou ficar aqui, quietinha no meu canto, ouvindo uma música, comendo um chocolate quente…
NINA: Qualquer coisa você grita as empregadas, tá bom?
CECÍLIA: Tudo bem, não precisa se preocupar.
NINA: Isabel deve estar quase pronta. Você não vai sair para ver como ela ficou?
CECÍLIA: Melhor não… Eu e Isabel não podemos ficar perto uma da outra, que brigamos. Deixa ela se casar em paz.
NINA: Tudo bem, então. Fique bem.
Nina sorri com delicadeza e sai do quarto, fechando a porta com cuidado. Cecília permanece parada por alguns instantes, olhando para o nada.
CENA 04: MANSÃO FIGUEIRA/INT./DIA
Tércio está na sala, andando de um lado para o outro, ansioso para que Isabel se arrume logo. Nina desce a escada e o faz companhia.
TÉRCIO (impaciente): Quanta demora! Porque as mulheres demoram tanto pra se arrumar?
NINA (rindo): Se acalma, seu Tércio. Deixa a Isabel ter o momento dela… É um momento único, um momento mágico para qualquer mulher que vai se casar.
De repente, a visão de Tércio começa a embaçar e ele começa a sentir tontura. Ele cambaleia e começa a se escora nos móveis da sala.
NINA (alarmada): O que foi, seu Tércio? O senhor tá passando mal?
Ela se aproxima rapidamente, percebendo algo errado.
TÉRCIO (ofegante): Eu... não sei... de repente ficou tudo escuro... não enxergo nada.
NINA: Senta aqui, vai! O senhor tá pálido... Vou buscar uma água pro senhor. Aguenta firme, por favor…
TÉRCIO: Não, não… não precisa, Nina. Já tá melhorando.
NINA (preocupada): Tem certeza?
TÉRCIO: Sim, sim… Deve ter sido só uma queda de pressão.
Nesse momento, Leila surge no alto da escada com uma expressão animadora.
LEILA (sorrindo largamente): Eu apresento a vocês, a noiva mais linda que esse Brasil já viu!
A câmera sobe e revela Isabel descendo a escada em seu vestido impecável. Ela caminha com elegância, esbanjando confiança. Dois empregados seguram a longa cauda da peça com cuidado, para que não encoste no chão. Os olhares de Tércio, Leila e Nina se voltam para ela. A câmera foca em seu rosto, que transcende o brilho no olhar. Corta para:
CENA 05: IGREJA/DIA
A chuva cai intensamente do lado de fora. Do carro, Isabel desce primeiro, protegida por um grande guarda-chuva branco segurado por um dos cerimonialistas. Ela está radiante em seu vestido de noiva, impecável, o rosto maquiado à perfeição e o olhar carregado de expectativa. Tércio, elegante em seu terno escuro, desce logo em seguida, oferece o braço à filha e os dois caminham, juntos, rumo à entrada da igreja. Corta para o interior do local.
A igreja está lotada. Todos os bancos estão ocupados por convidados bem vestidos, figuras da alta sociedade, amigos da família Figueira, empresários, colunistas sociais, parentes distantes. O ambiente é iluminado por vitrais altos, velas e arranjos exuberantes de flores brancas. A música-tema de qualquer casamento começa a tocar, enquanto os convidados se levantam. As portas da igreja se abrem.
Isabel surge, deslumbrante, ao lado de Tércio, que mantém a postura firme e emocionada. Eles começam a percorrer o corredor central, sob os olhares atentos de todos. Leandro se atenta quando vê Isabel entrando. Seu rosto é uma mistura de tensão, medo e preocupação. Isabel e Tércio chegam ao altar. Ele então segura a mão de Isabel e a entrega a Leandro, com um leve aceno de cabeça.
Leandro a segura, em silêncio e trocam olhares breves. O padre se posiciona e começa a fazer a cerimônia, até que chega o momento da troca de alianças.
PADRE: Isabel Figueira, você aceita Leandro Jordão como seu legítimo esposo?
ISABEL (sorrindo): Aceito!
PADRE: Leandro Jordão, você aceita Isabel Figueira como sua legítima esposa?
Nesse momento, Leandro engole seco e paralisa. Isabel percebe que há algo de errado e intervém.
ISABEL (falando baixo para não chamar a atenção): Meu amor, o padre está esperando sua resposta… Vamos, diga logo que aceita.
Nervoso, Leandro começa a olhar em volta, enquanto começa a ter flashbacks com Cecília. Ele começa a tremer e a pressão cai.
PADRE: Vou repetir a pergunta para que possa responder. (T) Leandro Jordão, você aceita Isabel Figueira como sua legítima esposa?
LEANDRO (com a voz trêmula): Não.
INSTRUMENTAL: TENSÃO PSYCHO - SACHA AMBACK
A câmera dá o close em Isabel, que arregala os olhos imediatamente. No fundo, os convidados se chocam. Leandro encara Isabel diretamente.
CONGELAMENTO EM ISABEL.
A novela encerra seu 14° capítulo ao som do instrumental “Tensão Psycho - Sacha Amback”.
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