26/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 18







“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 18

CENA 01: CASA DE CLÁUDIA - SALA - NOITE

Continuação direta da cena anterior. O clima é de tensão, pesado. Gisela está parada, com os olhos ardendo de fúria, o braço estendido com uma arma em punho. Sem hesitar, ela ATIRA.

Jaqueline se joga pro lado. O tiro acerta a parede. Ela se levanta num pulo e agarra o braço de Gisela com força. As duas travam uma luta violenta pelo controle do revólver.

GISELA: (gritando, descontrolada) SUA PUTA, EU VOU TE MATAR. VOCÊ ACHA MESMO QUE VAI FICAR COM A HERANÇA DA MINHA FAMÍLIA? ACHA QUE VAI CONSEGUIR SE INFILTRAR NA MINHA CASA ATRAVÉS DO JOSÉ CARLOS? 

JAQUELINE: (rangendo os dentes) Acorda, Gisela. Eu já tô infiltrada, sua vadia!

A luta esquenta. As duas tropeçam pela sala, tombando vasos, derrubando cadeiras. DOIS TIROS sobem em direção ao teto. O eco assusta.

GISELA: Eu vou te matar, eu vou acabar com a sua vida, sua imunda. Sua bastardinha desgraçada! 

Com um movimento brusco, Jaqueline consegue torcer o braço de Gisela. A arma ESCAPA das mãos delas e voa pela porta, caindo no jardim.

JAQUELINE: Quero ver você conseguir fazer isso desarmada! Quem vai te matar agora sou eu, sua desgraçada! 

Ela dá um tapão na cara de Gisela, que cambaleia. Jaqueline avança e a derruba no chão, montando por cima dela. Começa uma sequência de tapas.

JAQUELINE: Isso é por ter me tratado feito lixo! 

Ela dá um tapão. 

JAQUELINE: Isso é por você ter me demitido daquela loja! 

Dá outro tapão. 

JAQUELINE: Isso é pelo seu pai ter me renegado! 

Ela dá outro tapão. 

JAQUELINE: Esse é por você ter invadido a casa da minha mãe! 

Mais um tapão. 

GISELA: (gritando, com a cara ardendo) PARAAAAA! SUA LOUCA!

JAQUELINE: (fervendo de ódio) Toma o que você merece! 

Ela dá mais um tapão em Gisela. Cansada, Jaqueline se levanta e encara Gisela que está inerte no chão. Gisela fica ali, caída, zonza, humilhada. Jaqueline, com a respiração ofegante, descabelada e com as mãos trêmulas de adrenalina, vasculha a bolsa de Gisela, pega o celular e a pasta de documentos. Ela corre até a porta, mas para por um segundo ao ver a arma caída no jardim. Olha de relance para trás. Volta, com cuidado, pega o revólver com um lenço e guarda na bolsa. Logo em seguida, vai embora dali correndo. Dentro da casa, Gisela tenta se levantar. Está suja, descomposta, com sangue nos lábios. A respiração dela é pesada. De repente, solta um grito animalesco.

GISELA: AAAAAAAAAAAH! SUA DESGRAÇADA! VOCÊ VAI PAGAR CADA GOTA DO QUE FEZ!

Ela tropeça até a cozinha. Os olhos transbordam ódio e insanidade. Gisela abre um armário, pega um frasco de álcool e uma caixa de fósforos.

GISELA: (jogando o álcool pelo chão) Olha só o que eu faço com a casinha da empregadinha… Da sua “mamãezinha”... VOU REDUZIR ESSA POCILGA A CINZAS!

Ela despeja o líquido com fúria por todos os cômodos: cortinas, sofá, chão, móveis. Está fora de si.

GISELA: (entre risos desequilibrados) Quer me enfrentar, Jaqueline? ENTÃO VAMOS ATÉ O FIM!

Ela risca o fósforo com as mãos trêmulas. Observa a chama. Um momento de silêncio. Ela joga o fósforo no chão e as chamas começam a se espalhar. Em segundos, o fogo consome o ambiente. Um inferno vermelho dança ao redor.

Gisela, com os olhos fixos nas labaredas, solta uma gargalhada demente. Pega a bolsa, vira as costas e sai.

CLOSE em uma foto antiga de Cláudia com Jaqueline ainda menina, derretendo nas chamas.

CENA 02: DELEGACIA – SALA DE VISITAS – NOITE

Afonso está sentado à mesa. Cabeça baixa. Olhos perdidos. A porta se abre e Otávio entra. Afonso se levanta na mesma hora e o abraça com força. Os dois ficam abraçados por alguns segundos, até que se soltam.

OTÁVIO: Como é que você tá?

AFONSO: (suspira) Péssimo.

OTÁVIO: Eu vou contratar o melhor advogado que existir. Você não vai ficar aqui.

AFONSO: Meus pais já se adiantaram. O advogado disse que posso ser transferido pra uma penitenciária... mas ele tá tentando um jeito de eu responder em liberdade.

OTÁVIO: Afonso… eu te avisei. Pedi pra você largar essa história com o Volney. Virar essa página. Mas não... você foi fundo demais.

AFONSO: Foi um plano idiota. Um teatro que eu criei… Pra fazer o Volney se apaixonar pela Jaqueline.

OTÁVIO: Jaqueline?

AFONSO: Eu contratei ela pra seduzir o Volney. Queria que ele sentisse na pele tudo que eu senti.

OTÁVIO: Você achou mesmo que isso ia funcionar... com uma garota de programa?

AFONSO: A Jaque não é só uma garota de programa. Ela é minha prima. E… é a amante do seu pai.

OTÁVIO: (chocado) Como é que é?

AFONSO: Eu posso explicar...

OTÁVIO: Você sabia que ele tava traindo a minha mãe?

AFONSO: Sabia. Mas lembra o que a gente combinou? Nada de misturar as coisas. A história dela com seu pai não tem nada a ver comigo. O meu acordo com ela era sobre o Volney. E agora eu nem preciso fazer mais nada… Ela tá apaixonada por ele.

OTÁVIO: Pelo meu pai?

AFONSO: Pelo Volney. Mais cedo ou mais tarde, eles vão acabar juntos. E quando ele descobrir quem ela realmente é… Vai ser o fim da linha pra ele.

OTÁVIO: Afonso… (olha firme) Esquece isso. Pensa em você agora. Na sua vida. No que te espera lá fora.

AFONSO: Tá certo...

OTÁVIO: Que loucura essa história toda. Essa mulher no meio de você, do seu ex, do meu pai… É um caos.

AFONSO: Você chegou a ver o Volney lá fora?

OTÁVIO: Vi. A gente se conheceu.

AFONSO: E como foi?

OTÁVIO: Ele tentou me provocar.
Mas eu não fiquei por baixo.

AFONSO: (sorri, cansado) Imaginei. É bem a cara dele. Mas não cai no papo dele, Otávio.

OTÁVIO: Sua avó me disse a mesma coisa.

Afonso pega na mão dele, com delicadeza.

AFONSO: Quando eu sair daqui…
A gente vai ficar junto, né?

Otávio sorri, firme.

OTÁVIO: Você ainda tem alguma dúvida?

Eles se beijam.

CLOSE neles. As mãos entrelaçadas. O beijo carregado de esperança. O mundo desabando ao redor... e eles ali, juntos.

CENA 03: MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE

Cláudia, Felipe, Nadine e Celina estão na sala. O ambiente é tenso, carregado. O silêncio só é quebrado pelo som distante de um relógio de parede.

FELIPE: (olhando pra Cláudia) A Jaqueline não te disse o motivo pra vir até aqui?

CLÁUDIA: Não. Mas só pelo tom de voz dela no telefone… Dava pra sentir o desespero. Eu vim correndo.

NADINE: Meu Deus... que inferno é esse que a gente tá vivendo? É o Afonso preso, a Jaqueline envolvida em sabe-se lá o quê...

CELINA: (com o celular na mão) Já liguei pra ela mil vezes. Nada. Tô com o coração na mão.

CLÁUDIA: (num fio de voz) Imagina eu...

NADINE: (chama) Neide!

Neide entra, prestativa.

NEIDE: Senhora?

NADINE: Prepara um chá de cidreira pra todo mundo.

Neide assente e sai. Nadine se joga no sofá, exausta. Felipe caminha de um lado pro outro, inquieto.

NADINE: O Dr. Nunes disse que tá fazendo de tudo pra o Afonso responder em liberdade.

CELINA: (celular vibra; ela vê a tela) Olha... é a Jaqueline! (atende) Oi, querida! Onde você tá? A gente tá desesperado por aqui! Sua mãe tá aqui em casa! (pausa) Sei... Tudo bem, amor. Eu aviso. Mas não demora! A gente tá quase arrancando os cabelos de tanto nervoso! (pausa) Tá. Beijo. (desliga)

CELINA: (olhando pra todos) Ela disse que foi pra um hotel encontrar o José Carlos. Tava resolvendo uma coisa importante. Mas assim que terminar, vem direto pra cá.

Todos trocam olhares silenciosos. A tensão continua no ar.

CENA 04: CASA DE VOLNEY – SALA – NOITE

Volney está jogado no sofá, olhar perdido, rosto abatido. Do corredor, Raí surge arrastando uma mala, seguido por Estela, aflita.

ESTELA: Raílton, para com essa palhaçada e põe essa mala de volta no quarto agora!

RAÍ: Você acha mesmo que eu vou continuar debaixo do mesmo teto que o seu filhinho? Ele destruiu a vida do meu irmão!

ESTELA: Foi o seu irmão que quase acabou com a vida do meu filho!

RAÍ: Isso só aconteceu porque o seu filho traiu ele! Estela, esse inferno todo começou no momento em que o Volney resolveu chifrar o Afonso com a Sabrine! Ele é um covarde de merda! Um lixo!

Volney se levanta de repente, vai até ele, os olhos em brasa.

VOLNEY: E não esquece que foi VOCÊ quem contou tudo pro Afonso! Você deve ter botado a ideia na cabeça dele! Deve ter alimentado essa vingança desde o início!

RAÍ: A ideia foi dele, Volney! Mas quer saber? Eu achei foi pouco! Espero que o Afonso não desista nunca de te infernizar. Espero que ele saia da cadeia com ainda mais sede de vingança! Porque você merece! Seu canalha desgraçado!

Volney parte pra cima e acerta um SOCÃO no rosto de Raí, que cambaleia pra trás.

ESTELA: (desesperada) Para, Volney! Pelo amor de Deus!

VOLNEY: (encarando Raí, cheio de ódio) Tô devolvendo o soco que você me deu na delegacia. Agora VAZA daqui! SOME DA MINHA CASA! Eu nunca gostei de você. Nunca engoli essa palhaçada desse seu casamento com a minha mãe. Já vai tarde!

Raí o encara. Depois olha pra Estela, com dor nos olhos. Sem dizer mais nada, vai embora com a mala nas mãos.

Estela vai atrás, aflita.

EXT. CASA DE VOLNEY – FRENTE – CONTINUAÇÃO

Raí caminha em direção ao carro. Estela o alcança e o abraça por trás, tentando segurá-lo.

ESTELA: (com a voz embargada) Não vai, Raí… fica aqui. (virando ele de frente) O Volney falou aquilo da boca pra fora. Ele não sabe o que tá falando/

RAÍ: (interrompe, seco) Chega, Estela. Vai ser melhor assim. A gente precisa se afastar.

Ele se solta, entra no carro e parte. Estela fica ali, imóvel, os olhos marejados. As lágrimas descem. CLOSE no rosto dela, destruída.

CENA 05: MANSÃO VON BERGMANN – QUARTO DE GISELA – NOITE

Gisela está diante do espelho, usando um robe de seda escura. Seu rosto está marcado por hematomas e curativos. O cabelo estrategicamente solto, tentando esconder parte da violência que viveu. Gioconda, com uma taça de vinho na mão, observa à parte.

GIOCONDA: Gisela do céu… você foi mesmo atrás da Jaqueline. (olha os ferimentos, sarcástica) E pelo visto... encontrou o que queria, né?

Ela ri. Gisela vira o rosto, tentando disfarçar um dos hematomas com o cabelo.

GISELA: (com ódio contido) Maldita! Eu te juro, Gioconda... eu ainda mato aquela desgraçada.

GIOCONDA: Então as suas suspeitas... se confirmaram?

GISELA: Confirmadíssimas. Aquela imunda é mesmo filha da empregadinha. Filha bastarda do nosso pai.

Gioconda a encara, chocada.

GIOCONDA: Você tá me dizendo... que ela se infiltrou na loja… e depois se envolveu com o José Carlos só pra te destruir?

GISELA: Me destruir? Ela quer destruir todos nós, Gioconda! E o pior... aquele imbecil do José Carlos tá do lado dela.

GIOCONDA: (incrédula) O quê?! Isso não pode ser verdade!

GISELA: É sim. Desde que eu pedi o divórcio, aquela múmia do nosso pai só falta lamber o rabo do José Carlos. Faz todas as vontades dele. E isso não é nada bom pra mim.

Ela começa a andar pelo quarto, agitada.

GISELA: Eu sou a principal herdeira do velho. Se a Jaqueline der um jeito de mudar isso... usando o José Carlos… Eu acabo na miséria. E você também.

GIOCONDA: Mon chérie... não dramatiza. Eu vivo da pensão e da herança do meu falecido marido, esqueceu?

GISELA: E vai abrir mão da sua parte na herança do papai?

Gioconda se cala. Gisela sorri, triunfante.

GISELA: Foi o que eu pensei.

GIOCONDA: (tensa) O que você pretende fazer?

GISELA: (fria, decidida) O que eu já devia ter feito há muito tempo.

CORTA PARA – COZINHA – NOITE

Gisela entrega discretamente um pequeno frasco com líquido transparente a Caetano, o mordomo fiel. Os dois conversam em voz baixa, à sombra da penumbra.

CAETANO: A senhora quer que eu coloque isso na comida do senhor Nelson?

GISELA: (olhar firme, um sorrisinho cínico) Exatamente. Aquele velho tem que morrer antes que resolva mudar o testamento.

Ela faz uma pausa. O sorriso se amplia. Venenoso.

GISELA: E também… Faço questão que ele sofra. Por todos os anos de infelicidade que me fez viver nessa casa maldita.

CLOSE no frasco transparente nas mãos de Caetano. 

CENA 06: APART-HOTEL – SUÍTE PRESIDENCIAL – NOITE

Jaqueline de pé, carrega uma pasta preta e uma bolsa estilosa. José Carlos a observa, tenso, sentado em uma poltrona de couro.

JAQUELINE: (determinada) A pasta fica comigo. E no momento certo, eu devolvo o celular pra aquela vadia...

Ela abre a bolsa e, cuidadosamente, tira o revólver de Gisela enrolado em um pano.

JAQUELINE: Olha só o presentinho dela. As digitais tão todas aí. Essa arma vai ser meu seguro.

JOSÉ CARLOS: (preocupado) Você tem certeza do que tá fazendo?

JAQUELINE: Mais do que nunca. Sem a pasta, Gisela não tem como provar nada pro Nelson. Mas eu preciso que você marque esse encontro entre mim e ele o quanto antes!

JOSÉ CARLOS: Fica tranquila. Eu dou um jeito.

JAQUELINE: (intensa) José Carlos, essa mulher é capaz de tudo! Se eu não botar as mãos na grana do velho antes dela… já era.

JOSÉ CARLOS: (seguro) Você vai conseguir.

JAQUELINE: É melhor mesmo.

Ela checa o celular, pega a bolsa, guarda a arma e caminha até ele. Para. O encara.

JAQUELINE: Obrigada por tudo… por arriscar junto comigo.

Ela se inclina e o beija. Um beijo rápido, seco, objetivo. Ela se afasta, firme.

JAQUELINE: Preciso ir.

Jaqueline sai decidida. José Carlos fica parado, pensativo… e apreensivo.

CENA 07: MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE

Celina, Cláudia, Nadine e Felipe estão reunidos na sala. A tensão ainda paira no ar. Raí entra com as malas. Nadine se levanta, emocionada.

NADINE: Neide, leva as malas do meu filho lá pra cima. (dando um abraço apertado em Raí) Meu filho… como é que você tá?

RAÍ: Acabado, né, mãe?

CELINA: (pega na mão dele) Vem cá, meu amor... vem sentar com a vovó.

Eles se acomodam no sofá. Celina o abraça com carinho.

CELINA: Não fica assim, querido. Logo logo você e sua mulher se entendem. Eu garanto.

CLÁUDIA: (alfinetando) O que foi que houve, Raí? Ela descobriu que tu é cafetão e te botou pra fora?

RAÍ: (vira pra ela, ríspido) Você deve estar se divertindo com isso, né, sua cobra velha?

FELIPE: (se levantando) Não fala assim com a minha irmã!

Todos começam a discutir ao mesmo tempo. Um verdadeiro caos sonoro.

CELINA: (tentando acalmar) Não debocha do meu neto! Não tá vendo que ele tá sofrendo?

RAÍ: (olha pra ela, emocionado) Obrigado, vó.

De repente, a porta se abre. Todos se viram. Jaqueline entra. O rosto fechado, olhar sério.

JAQUELINE: Oi, gente.

CLÁUDIA: (corre até ela) Minha filha… graças a Deus! Pelo amor de Deus, o que aconteceu?

Jaqueline se joga no sofá. Todos se reúnem ao redor, em silêncio.

JAQUELINE: A casa caiu.

RAÍ: (ri, amargo) Ah é? Conta uma novidade.

JAQUELINE: O José Carlos desconfiou de mim. Mandou um detetive me investigar... e descobriu TUDO.

CELINA: (alarmada) Tudo?

JAQUELINE: Tudo, tudo. Me botou contra a parede e… eu confessei. Disse que me envolvi com ele por causa do Nelson, por ser filha dele. E sabe o que ele fez? Me apoiou. Mas aí… a Gisela roubou a pasta com todas as informações, invadiu a casa da minha mãe e tentou me matar com ISSO.

Ela tira o revólver da bolsa, envolto em pano. Todos reagem, chocados.

CLÁUDIA: Jesus amado! Minha filha... você tem que se livrar disso/

JAQUELINE: (interrompe, firme) Nem pensar! As digitais dela estão todas aqui. Essa arma vai ser meu trunfo. E eu ainda tô com a pasta. E com o celular dela também.

RAÍ: Como é que você conseguiu escapar?

JAQUELINE: Me safando, ué. Dei tanto na cara daquela víbora que minha mão tá até doendo...

O celular de Cláudia toca. Ela atende. A expressão dela muda drasticamente.

CLÁUDIA: Alô? (pausa) O quê?!

Ela derruba o celular no chão. Todos se levantam, em alerta.

FELIPE: O que foi?

CLÁUDIA: (em choque) A minha casa… pegou fogo!

Todos reagem, alarmados.

CLÁUDIA: (em desespero) Incendiaram a minha casa! A casa da minha vida!

JAQUELINE: (grita) FOI ELA! Foi a Gisela, aquela desgraçada! Tenho certeza!

Cláudia desaba. Felipe a segura. Ela chora, desamparada.

CLÁUDIA: (aos prantos) E agora, minha filha? O que a gente vai fazer? Essa casa nem era minha, era alugada… Meu Deus do céu, minha vida virou pó...

NADINE: (segura Cláudia pelo braço, tentando acalmar) Vem, Cláudia… respira. Você precisa de ar.

Ela a leva pro jardim. Cláudia sai aos soluços. Felipe se aproxima de Jaqueline, em voz baixa.

FELIPE: A Gisela não podia ter feito isso… Você tá com o celular dela?

JAQUELINE: (encara ele, firme) Tá na minha bolsa. Por quê?

CLOSE em Felipe, refletindo, com o olhar sombrio.

CENA 08: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – NOITE

A mansão está silenciosa. Luzes baixas. O telefone fixo toca. Caetano surge atende com postura impecável.

CAETANO: Boa noite. Residência von Bergmann.

FELIPE (voz firme, do outro lado da linha): Boa noite. Gostaria de falar com a senhora Gisela. Ela está?

CAETANO: Quem deseja?

FELIPE: Apenas diga que é do interesse dela. Algo urgente.

Caetano franze o cenho.

CAETANO: Um momento.

Ele aperta outro ramal.

CORTA PARA – QUARTO DE GISELA

Gisela está de robe, ainda com hematomas visíveis no rosto. Sentada à penteadeira, ela passa batom, mesmo sozinha. O telefone toca. Ela atende, altiva.

GISELA: Alô?

VOZ DE CAETANO (OFF): Ligação pra senhora.

GISELA: Quem é?

CAETANO (OFF): Não se identificou. Mas disse que é importante.

Gisela sorri com deboche.

GISELA: Claro que é. Transfere.

Ela apoia os cotovelos na penteadeira e aguarda. Um clic. A linha é transferida.

FELIPE (voz firme, seca): Dona Gisela...

GISELA: (alerta) Pois não?

FELIPE: Eu encontrei o seu celular. E quero devolvê-lo pessoalmente.

Gisela esboça um sorriso venenoso, desconfiada.

GISELA: Ah, tá. Isso é uma armadilha, não é? Quer mesmo me fazer de idiota?

FELIPE: Se você não aparecer amanhã… No alto do Morro das Gaivotas… pra pegar o seu celular de volta… Eu vou direto na delegacia. E denuncio você pela tentativa de homicídio que cometeu hoje à noite.

O sorriso de Gisela se apaga. Um arrepio percorre sua espinha.

GISELA: (tensa) Quem é que tá falando?

FELIPE (enigmático): Amanhã… No Morro das Gaivotas… Você vai ter uma grande surpresa.

CLIQUE. Ele desliga. Gisela fica com o fone colado no ouvido, estática. Aos poucos, abaixa o telefone. Seus olhos estão arregalados. Assustada.

GISELA: (em sussurro) Morro das Gaivotas…?

CLOSE no reflexo dela no espelho.

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