“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 18
CENA 01: CASA DE CLÁUDIA - SALA - NOITE
Continuação direta da cena anterior. O clima é de tensão, pesado. Gisela está parada, com os olhos ardendo de fúria, o braço estendido com uma arma em punho. Sem hesitar, ela ATIRA.
Jaqueline se joga pro lado. O tiro acerta a parede. Ela se levanta num pulo e agarra o braço de Gisela com força. As duas travam uma luta violenta pelo controle do revólver.
GISELA: (gritando, descontrolada) SUA PUTA, EU VOU TE MATAR. VOCÊ ACHA MESMO QUE VAI FICAR COM A HERANÇA DA MINHA FAMÍLIA? ACHA QUE VAI CONSEGUIR SE INFILTRAR NA MINHA CASA ATRAVÉS DO JOSÉ CARLOS?
JAQUELINE: (rangendo os dentes) Acorda, Gisela. Eu já tô infiltrada, sua vadia!
A luta esquenta. As duas tropeçam pela sala, tombando vasos, derrubando cadeiras. DOIS TIROS sobem em direção ao teto. O eco assusta.
GISELA: Eu vou te matar, eu vou acabar com a sua vida, sua imunda. Sua bastardinha desgraçada!
Com um movimento brusco, Jaqueline consegue torcer o braço de Gisela. A arma ESCAPA das mãos delas e voa pela porta, caindo no jardim.
JAQUELINE: Quero ver você conseguir fazer isso desarmada! Quem vai te matar agora sou eu, sua desgraçada!
Ela dá um tapão na cara de Gisela, que cambaleia. Jaqueline avança e a derruba no chão, montando por cima dela. Começa uma sequência de tapas.
JAQUELINE: Isso é por ter me tratado feito lixo!
Ela dá um tapão.
JAQUELINE: Isso é por você ter me demitido daquela loja!
Dá outro tapão.
JAQUELINE: Isso é pelo seu pai ter me renegado!
Ela dá outro tapão.
JAQUELINE: Esse é por você ter invadido a casa da minha mãe!
Mais um tapão.
GISELA: (gritando, com a cara ardendo) PARAAAAA! SUA LOUCA!
JAQUELINE: (fervendo de ódio) Toma o que você merece!
Ela dá mais um tapão em Gisela. Cansada, Jaqueline se levanta e encara Gisela que está inerte no chão. Gisela fica ali, caída, zonza, humilhada. Jaqueline, com a respiração ofegante, descabelada e com as mãos trêmulas de adrenalina, vasculha a bolsa de Gisela, pega o celular e a pasta de documentos. Ela corre até a porta, mas para por um segundo ao ver a arma caída no jardim. Olha de relance para trás. Volta, com cuidado, pega o revólver com um lenço e guarda na bolsa. Logo em seguida, vai embora dali correndo. Dentro da casa, Gisela tenta se levantar. Está suja, descomposta, com sangue nos lábios. A respiração dela é pesada. De repente, solta um grito animalesco.
GISELA: AAAAAAAAAAAH! SUA DESGRAÇADA! VOCÊ VAI PAGAR CADA GOTA DO QUE FEZ!
Ela tropeça até a cozinha. Os olhos transbordam ódio e insanidade. Gisela abre um armário, pega um frasco de álcool e uma caixa de fósforos.
GISELA: (jogando o álcool pelo chão) Olha só o que eu faço com a casinha da empregadinha… Da sua “mamãezinha”... VOU REDUZIR ESSA POCILGA A CINZAS!
Ela despeja o líquido com fúria por todos os cômodos: cortinas, sofá, chão, móveis. Está fora de si.
GISELA: (entre risos desequilibrados) Quer me enfrentar, Jaqueline? ENTÃO VAMOS ATÉ O FIM!
Ela risca o fósforo com as mãos trêmulas. Observa a chama. Um momento de silêncio. Ela joga o fósforo no chão e as chamas começam a se espalhar. Em segundos, o fogo consome o ambiente. Um inferno vermelho dança ao redor.
Gisela, com os olhos fixos nas labaredas, solta uma gargalhada demente. Pega a bolsa, vira as costas e sai.
CLOSE em uma foto antiga de Cláudia com Jaqueline ainda menina, derretendo nas chamas.
CENA 02: DELEGACIA – SALA DE VISITAS – NOITE
Afonso está sentado à mesa. Cabeça baixa. Olhos perdidos. A porta se abre e Otávio entra. Afonso se levanta na mesma hora e o abraça com força. Os dois ficam abraçados por alguns segundos, até que se soltam.
OTÁVIO: Como é que você tá?
AFONSO: (suspira) Péssimo.
OTÁVIO: Eu vou contratar o melhor advogado que existir. Você não vai ficar aqui.
AFONSO: Meus pais já se adiantaram. O advogado disse que posso ser transferido pra uma penitenciária... mas ele tá tentando um jeito de eu responder em liberdade.
OTÁVIO: Afonso… eu te avisei. Pedi pra você largar essa história com o Volney. Virar essa página. Mas não... você foi fundo demais.
AFONSO: Foi um plano idiota. Um teatro que eu criei… Pra fazer o Volney se apaixonar pela Jaqueline.
OTÁVIO: Jaqueline?
AFONSO: Eu contratei ela pra seduzir o Volney. Queria que ele sentisse na pele tudo que eu senti.
OTÁVIO: Você achou mesmo que isso ia funcionar... com uma garota de programa?
AFONSO: A Jaque não é só uma garota de programa. Ela é minha prima. E… é a amante do seu pai.
OTÁVIO: (chocado) Como é que é?
AFONSO: Eu posso explicar...
OTÁVIO: Você sabia que ele tava traindo a minha mãe?
AFONSO: Sabia. Mas lembra o que a gente combinou? Nada de misturar as coisas. A história dela com seu pai não tem nada a ver comigo. O meu acordo com ela era sobre o Volney. E agora eu nem preciso fazer mais nada… Ela tá apaixonada por ele.
OTÁVIO: Pelo meu pai?
AFONSO: Pelo Volney. Mais cedo ou mais tarde, eles vão acabar juntos. E quando ele descobrir quem ela realmente é… Vai ser o fim da linha pra ele.
OTÁVIO: Afonso… (olha firme) Esquece isso. Pensa em você agora. Na sua vida. No que te espera lá fora.
AFONSO: Tá certo...
OTÁVIO: Que loucura essa história toda. Essa mulher no meio de você, do seu ex, do meu pai… É um caos.
AFONSO: Você chegou a ver o Volney lá fora?
OTÁVIO: Vi. A gente se conheceu.
AFONSO: E como foi?
OTÁVIO: Ele tentou me provocar.
Mas eu não fiquei por baixo.
AFONSO: (sorri, cansado) Imaginei. É bem a cara dele. Mas não cai no papo dele, Otávio.
OTÁVIO: Sua avó me disse a mesma coisa.
Afonso pega na mão dele, com delicadeza.
AFONSO: Quando eu sair daqui…
A gente vai ficar junto, né?
Otávio sorri, firme.
OTÁVIO: Você ainda tem alguma dúvida?
Eles se beijam.
CLOSE neles. As mãos entrelaçadas. O beijo carregado de esperança. O mundo desabando ao redor... e eles ali, juntos.
CENA 03: MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE
Cláudia, Felipe, Nadine e Celina estão na sala. O ambiente é tenso, carregado. O silêncio só é quebrado pelo som distante de um relógio de parede.
FELIPE: (olhando pra Cláudia) A Jaqueline não te disse o motivo pra vir até aqui?
CLÁUDIA: Não. Mas só pelo tom de voz dela no telefone… Dava pra sentir o desespero. Eu vim correndo.
NADINE: Meu Deus... que inferno é esse que a gente tá vivendo? É o Afonso preso, a Jaqueline envolvida em sabe-se lá o quê...
CELINA: (com o celular na mão) Já liguei pra ela mil vezes. Nada. Tô com o coração na mão.
CLÁUDIA: (num fio de voz) Imagina eu...
NADINE: (chama) Neide!
Neide entra, prestativa.
NEIDE: Senhora?
NADINE: Prepara um chá de cidreira pra todo mundo.
Neide assente e sai. Nadine se joga no sofá, exausta. Felipe caminha de um lado pro outro, inquieto.
NADINE: O Dr. Nunes disse que tá fazendo de tudo pra o Afonso responder em liberdade.
CELINA: (celular vibra; ela vê a tela) Olha... é a Jaqueline! (atende) Oi, querida! Onde você tá? A gente tá desesperado por aqui! Sua mãe tá aqui em casa! (pausa) Sei... Tudo bem, amor. Eu aviso. Mas não demora! A gente tá quase arrancando os cabelos de tanto nervoso! (pausa) Tá. Beijo. (desliga)
CELINA: (olhando pra todos) Ela disse que foi pra um hotel encontrar o José Carlos. Tava resolvendo uma coisa importante. Mas assim que terminar, vem direto pra cá.
Todos trocam olhares silenciosos. A tensão continua no ar.
CENA 04: CASA DE VOLNEY – SALA – NOITE
Volney está jogado no sofá, olhar perdido, rosto abatido. Do corredor, Raí surge arrastando uma mala, seguido por Estela, aflita.
ESTELA: Raílton, para com essa palhaçada e põe essa mala de volta no quarto agora!
RAÍ: Você acha mesmo que eu vou continuar debaixo do mesmo teto que o seu filhinho? Ele destruiu a vida do meu irmão!
ESTELA: Foi o seu irmão que quase acabou com a vida do meu filho!
RAÍ: Isso só aconteceu porque o seu filho traiu ele! Estela, esse inferno todo começou no momento em que o Volney resolveu chifrar o Afonso com a Sabrine! Ele é um covarde de merda! Um lixo!
Volney se levanta de repente, vai até ele, os olhos em brasa.
VOLNEY: E não esquece que foi VOCÊ quem contou tudo pro Afonso! Você deve ter botado a ideia na cabeça dele! Deve ter alimentado essa vingança desde o início!
RAÍ: A ideia foi dele, Volney! Mas quer saber? Eu achei foi pouco! Espero que o Afonso não desista nunca de te infernizar. Espero que ele saia da cadeia com ainda mais sede de vingança! Porque você merece! Seu canalha desgraçado!
Volney parte pra cima e acerta um SOCÃO no rosto de Raí, que cambaleia pra trás.
ESTELA: (desesperada) Para, Volney! Pelo amor de Deus!
VOLNEY: (encarando Raí, cheio de ódio) Tô devolvendo o soco que você me deu na delegacia. Agora VAZA daqui! SOME DA MINHA CASA! Eu nunca gostei de você. Nunca engoli essa palhaçada desse seu casamento com a minha mãe. Já vai tarde!
Raí o encara. Depois olha pra Estela, com dor nos olhos. Sem dizer mais nada, vai embora com a mala nas mãos.
Estela vai atrás, aflita.
EXT. CASA DE VOLNEY – FRENTE – CONTINUAÇÃO
Raí caminha em direção ao carro. Estela o alcança e o abraça por trás, tentando segurá-lo.
ESTELA: (com a voz embargada) Não vai, Raí… fica aqui. (virando ele de frente) O Volney falou aquilo da boca pra fora. Ele não sabe o que tá falando/
RAÍ: (interrompe, seco) Chega, Estela. Vai ser melhor assim. A gente precisa se afastar.
Ele se solta, entra no carro e parte. Estela fica ali, imóvel, os olhos marejados. As lágrimas descem. CLOSE no rosto dela, destruída.
CENA 05: MANSÃO VON BERGMANN – QUARTO DE GISELA – NOITE
Gisela está diante do espelho, usando um robe de seda escura. Seu rosto está marcado por hematomas e curativos. O cabelo estrategicamente solto, tentando esconder parte da violência que viveu. Gioconda, com uma taça de vinho na mão, observa à parte.
GIOCONDA: Gisela do céu… você foi mesmo atrás da Jaqueline. (olha os ferimentos, sarcástica) E pelo visto... encontrou o que queria, né?
Ela ri. Gisela vira o rosto, tentando disfarçar um dos hematomas com o cabelo.
GISELA: (com ódio contido) Maldita! Eu te juro, Gioconda... eu ainda mato aquela desgraçada.
GIOCONDA: Então as suas suspeitas... se confirmaram?
GISELA: Confirmadíssimas. Aquela imunda é mesmo filha da empregadinha. Filha bastarda do nosso pai.
Gioconda a encara, chocada.
GIOCONDA: Você tá me dizendo... que ela se infiltrou na loja… e depois se envolveu com o José Carlos só pra te destruir?
GISELA: Me destruir? Ela quer destruir todos nós, Gioconda! E o pior... aquele imbecil do José Carlos tá do lado dela.
GIOCONDA: (incrédula) O quê?! Isso não pode ser verdade!
GISELA: É sim. Desde que eu pedi o divórcio, aquela múmia do nosso pai só falta lamber o rabo do José Carlos. Faz todas as vontades dele. E isso não é nada bom pra mim.
Ela começa a andar pelo quarto, agitada.
GISELA: Eu sou a principal herdeira do velho. Se a Jaqueline der um jeito de mudar isso... usando o José Carlos… Eu acabo na miséria. E você também.
GIOCONDA: Mon chérie... não dramatiza. Eu vivo da pensão e da herança do meu falecido marido, esqueceu?
GISELA: E vai abrir mão da sua parte na herança do papai?
Gioconda se cala. Gisela sorri, triunfante.
GISELA: Foi o que eu pensei.
GIOCONDA: (tensa) O que você pretende fazer?
GISELA: (fria, decidida) O que eu já devia ter feito há muito tempo.
CORTA PARA – COZINHA – NOITE
Gisela entrega discretamente um pequeno frasco com líquido transparente a Caetano, o mordomo fiel. Os dois conversam em voz baixa, à sombra da penumbra.
CAETANO: A senhora quer que eu coloque isso na comida do senhor Nelson?
GISELA: (olhar firme, um sorrisinho cínico) Exatamente. Aquele velho tem que morrer antes que resolva mudar o testamento.
Ela faz uma pausa. O sorriso se amplia. Venenoso.
GISELA: E também… Faço questão que ele sofra. Por todos os anos de infelicidade que me fez viver nessa casa maldita.
CLOSE no frasco transparente nas mãos de Caetano.
CENA 06: APART-HOTEL – SUÍTE PRESIDENCIAL – NOITE
Jaqueline de pé, carrega uma pasta preta e uma bolsa estilosa. José Carlos a observa, tenso, sentado em uma poltrona de couro.
JAQUELINE: (determinada) A pasta fica comigo. E no momento certo, eu devolvo o celular pra aquela vadia...
Ela abre a bolsa e, cuidadosamente, tira o revólver de Gisela enrolado em um pano.
JAQUELINE: Olha só o presentinho dela. As digitais tão todas aí. Essa arma vai ser meu seguro.
JOSÉ CARLOS: (preocupado) Você tem certeza do que tá fazendo?
JAQUELINE: Mais do que nunca. Sem a pasta, Gisela não tem como provar nada pro Nelson. Mas eu preciso que você marque esse encontro entre mim e ele o quanto antes!
JOSÉ CARLOS: Fica tranquila. Eu dou um jeito.
JAQUELINE: (intensa) José Carlos, essa mulher é capaz de tudo! Se eu não botar as mãos na grana do velho antes dela… já era.
JOSÉ CARLOS: (seguro) Você vai conseguir.
JAQUELINE: É melhor mesmo.
Ela checa o celular, pega a bolsa, guarda a arma e caminha até ele. Para. O encara.
JAQUELINE: Obrigada por tudo… por arriscar junto comigo.
Ela se inclina e o beija. Um beijo rápido, seco, objetivo. Ela se afasta, firme.
JAQUELINE: Preciso ir.
Jaqueline sai decidida. José Carlos fica parado, pensativo… e apreensivo.
CENA 07: MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE
Celina, Cláudia, Nadine e Felipe estão reunidos na sala. A tensão ainda paira no ar. Raí entra com as malas. Nadine se levanta, emocionada.
NADINE: Neide, leva as malas do meu filho lá pra cima. (dando um abraço apertado em Raí) Meu filho… como é que você tá?
RAÍ: Acabado, né, mãe?
CELINA: (pega na mão dele) Vem cá, meu amor... vem sentar com a vovó.
Eles se acomodam no sofá. Celina o abraça com carinho.
CELINA: Não fica assim, querido. Logo logo você e sua mulher se entendem. Eu garanto.
CLÁUDIA: (alfinetando) O que foi que houve, Raí? Ela descobriu que tu é cafetão e te botou pra fora?
RAÍ: (vira pra ela, ríspido) Você deve estar se divertindo com isso, né, sua cobra velha?
FELIPE: (se levantando) Não fala assim com a minha irmã!
Todos começam a discutir ao mesmo tempo. Um verdadeiro caos sonoro.
CELINA: (tentando acalmar) Não debocha do meu neto! Não tá vendo que ele tá sofrendo?
RAÍ: (olha pra ela, emocionado) Obrigado, vó.
De repente, a porta se abre. Todos se viram. Jaqueline entra. O rosto fechado, olhar sério.
JAQUELINE: Oi, gente.
CLÁUDIA: (corre até ela) Minha filha… graças a Deus! Pelo amor de Deus, o que aconteceu?
Jaqueline se joga no sofá. Todos se reúnem ao redor, em silêncio.
JAQUELINE: A casa caiu.
RAÍ: (ri, amargo) Ah é? Conta uma novidade.
JAQUELINE: O José Carlos desconfiou de mim. Mandou um detetive me investigar... e descobriu TUDO.
CELINA: (alarmada) Tudo?
JAQUELINE: Tudo, tudo. Me botou contra a parede e… eu confessei. Disse que me envolvi com ele por causa do Nelson, por ser filha dele. E sabe o que ele fez? Me apoiou. Mas aí… a Gisela roubou a pasta com todas as informações, invadiu a casa da minha mãe e tentou me matar com ISSO.
Ela tira o revólver da bolsa, envolto em pano. Todos reagem, chocados.
CLÁUDIA: Jesus amado! Minha filha... você tem que se livrar disso/
JAQUELINE: (interrompe, firme) Nem pensar! As digitais dela estão todas aqui. Essa arma vai ser meu trunfo. E eu ainda tô com a pasta. E com o celular dela também.
RAÍ: Como é que você conseguiu escapar?
JAQUELINE: Me safando, ué. Dei tanto na cara daquela víbora que minha mão tá até doendo...
O celular de Cláudia toca. Ela atende. A expressão dela muda drasticamente.
CLÁUDIA: Alô? (pausa) O quê?!
Ela derruba o celular no chão. Todos se levantam, em alerta.
FELIPE: O que foi?
CLÁUDIA: (em choque) A minha casa… pegou fogo!
Todos reagem, alarmados.
CLÁUDIA: (em desespero) Incendiaram a minha casa! A casa da minha vida!
JAQUELINE: (grita) FOI ELA! Foi a Gisela, aquela desgraçada! Tenho certeza!
Cláudia desaba. Felipe a segura. Ela chora, desamparada.
CLÁUDIA: (aos prantos) E agora, minha filha? O que a gente vai fazer? Essa casa nem era minha, era alugada… Meu Deus do céu, minha vida virou pó...
NADINE: (segura Cláudia pelo braço, tentando acalmar) Vem, Cláudia… respira. Você precisa de ar.
Ela a leva pro jardim. Cláudia sai aos soluços. Felipe se aproxima de Jaqueline, em voz baixa.
FELIPE: A Gisela não podia ter feito isso… Você tá com o celular dela?
JAQUELINE: (encara ele, firme) Tá na minha bolsa. Por quê?
CLOSE em Felipe, refletindo, com o olhar sombrio.
CENA 08: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – NOITE
A mansão está silenciosa. Luzes baixas. O telefone fixo toca. Caetano surge atende com postura impecável.
CAETANO: Boa noite. Residência von Bergmann.
FELIPE (voz firme, do outro lado da linha): Boa noite. Gostaria de falar com a senhora Gisela. Ela está?
CAETANO: Quem deseja?
FELIPE: Apenas diga que é do interesse dela. Algo urgente.
Caetano franze o cenho.
CAETANO: Um momento.
Ele aperta outro ramal.
CORTA PARA – QUARTO DE GISELA
Gisela está de robe, ainda com hematomas visíveis no rosto. Sentada à penteadeira, ela passa batom, mesmo sozinha. O telefone toca. Ela atende, altiva.
GISELA: Alô?
VOZ DE CAETANO (OFF): Ligação pra senhora.
GISELA: Quem é?
CAETANO (OFF): Não se identificou. Mas disse que é importante.
Gisela sorri com deboche.
GISELA: Claro que é. Transfere.
Ela apoia os cotovelos na penteadeira e aguarda. Um clic. A linha é transferida.
FELIPE (voz firme, seca): Dona Gisela...
GISELA: (alerta) Pois não?
FELIPE: Eu encontrei o seu celular. E quero devolvê-lo pessoalmente.
Gisela esboça um sorriso venenoso, desconfiada.
GISELA: Ah, tá. Isso é uma armadilha, não é? Quer mesmo me fazer de idiota?
FELIPE: Se você não aparecer amanhã… No alto do Morro das Gaivotas… pra pegar o seu celular de volta… Eu vou direto na delegacia. E denuncio você pela tentativa de homicídio que cometeu hoje à noite.
O sorriso de Gisela se apaga. Um arrepio percorre sua espinha.
GISELA: (tensa) Quem é que tá falando?
FELIPE (enigmático): Amanhã… No Morro das Gaivotas… Você vai ter uma grande surpresa.
CLIQUE. Ele desliga. Gisela fica com o fone colado no ouvido, estática. Aos poucos, abaixa o telefone. Seus olhos estão arregalados. Assustada.
GISELA: (em sussurro) Morro das Gaivotas…?
CLOSE no reflexo dela no espelho.
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