Criado
e Escrito por LUCAS GARCIA
CAPÍTULO 11
Cena 01: Biblioteca. Exterior. Manhã.
ABNER,
por instinto toca no ombro de ISOLDA,
ela se vira, quando o homem olha o rosto inchado e avermelhado a mulher, entra
em um estado de espanto.
ABNER:
(chocado) – Isolda, o que aconteceu
com você?
ISOLDA:
(lacrimejando) – Me desculpe
procura-lo tão cedo, podemos conversar?
ISOLDA
não contém as lágrimas, tapa o rosto por tamanha vergonha, ABNER aproxima-se e a abraça carinhosamente.
Cena 02: Biblioteca.
Interior. Manhã.
ISOLDA
olhava para a mesa, no ímpeto de fugir do olhar de ABNER, com vergonha, receio do que ele iria suspeitar.
ABNER:
(assustado) – Isolda, você não vai
me contar o que aconteceu – respira fundo
– posso ajudá-la de alguma forma?
ISOLDA:
(entristecida) – Abner, não se
preocupe – suspira – foi apenas uma
queda, acabei batendo o rosto na mesa, mas em poucos dias já estará sarado – desvia o semblante para ele – vim aqui,
para pedir desculpas por ter corrido de você, sem me despedir corretamente, me
senti culpada por isso.
ABNER:
(esboçando um leve sorriso) – Fico contente
que tenhas gostado de nosso passeio – colocando
as mãos sobre a mesa – quando quiser, podemos ir novamente, eu trabalho lá,
na verdade, aqui na biblioteca e na floricultura.
ISOLDA:
(envergonhada) – Fico feliz por você
– colocando as mãos sobre a mesa –
porém, só queria agradecê-lo, mas é melhor não fazermos mais isso, é perigoso,
o que as pessoas vão pensar de mim?
ABNER:
- As pessoas não precisam achar nada de você, só precisam respeitar seu espaço,
suas escolhas – aproximando as mãos das
dela – você está bem mesmo?
ISOLDA
não contém as lágrimas e passa a chorar, ABNER
se levanta e senta-se ao lado dela, abraça carinhosamente, ela delicadamente
põe a cabeça sobre o tórax do homem, ele fica trêmulo, atônito, mas permanece firme,
segurando-a com todo vigor.
Cena 03: Casarão de
Herculano. Cozinha. Interior. Manhã
HERCULANO
estava desesperado, aflito em imaginar que ISOLDA
tenha fugido de casa.
HERCULANO:
(desesperado) – Vocês precisam me
ajudar! Isolda pode ter fugido, pode ter me denunciado!
MARCO PAULO:
(nervoso) – E qual seria a lástima
se isto fizesse? Agiste como um covarde para com minha filha, nada mais justo
que ela prestar queixa contra você!
JOCASTA:
- Cale a boca Marco, não se meta, Isolda arranjou toda essa confusão para si,
ela que aguente!
HERCULANO:
(irritado) – Todos, se calem, se
calem!
HERCULANO
se retira da cozinha, MARCO PAULO se
levanta da mesa.
MARCO PAULO:
(nervoso) – Herculano precisa se
acalmar, pois teremos uma conversa muito franca e de hoje não passa – tosse – não aguentarei ficar muito
tempo aqui, ocioso, irei procurar um emprego, irei investigar ramos de atuação,
de mãos vazias não me apresentarei nesta casa!
JOCASTA:
- Pois, que seja logo, Herculano, não está com muitos créditos, tenho certeza
que o dinheiro que comprastes esse casarão já se esvaiu, nem sequer um pão há
nesta mesa!
MARCO PAULO
retira-se da cozinha, cafungando. JOCASTA
e BERENICE olham para o prato uma da
outra, vazios.
Cena 04: Igreja Matriz.
Interior. Manhã.
SULAMITA
encara PADRE ELVIS, atônita, seu
semblante demonstrava um desespero emocional.
SULAMITA:
(assustada) – Padre, se com vossa
pessoa não falo, quem está nesse confessionário?
PADRE ELVIS:
(envergonhado) – Minha filha, não se
preocupe, é um coroinha – batendo
algumas vezes no estande – confessastes a Deus da mesma forma, está mais
leve?
SULAMITA:
(assustada) – Na verdade, acredito
que não disse muita coisa, é melhor eu ficar de bico calado!
SULAMITA se
apressa e se retira do local, em lágrimas.
CORTA PARA:
SULAMITA
estava na porta da igreja, pronta para sair, ela se vira, olha para a cruz no
altar, coloca a mão no peito, com os olhos cheios de lagrimas.
SULAMITA:
(emocionada) – Senhor, sou falha e
pecadora, tenho consciência disso, Tu sabes, o que farei é para melhorar minhas
condições – uma lágrima escorre –
sou uma mulher de fibra!
CORTA PARA:
PADRE ELVIS
pega LUÍS MIGUEL pela orelha, o retira
do confessionário e o repreende.
SONOPLASTIA: Charleston 3 (Mu
Carvalho) – Instrumental
PADRE ELVIS:
(chateado) – Mas, que diabos fazes
atrás do confessionário? Já não disse que nenhum de vocês estão preparados,
somente eu sou consagrado para isto!
LUÍS MIGUEL:
- Me perdoe Padre, estava limpando o confessionário, quando ela chegou, me
senti à vontade para conversar, prometo que não farei mais isso!
PADRE ELVIS:
(aos berros) – PROMETA!
LUÍS MIGUEL:
- Prometo Padre – juntando as mãos –
juro!
PADRE ELVIS:
- Não aceito juras de tolice – pegando pelo
braço – vamos, temos que organizar todos os afazeres na igreja, pois esta
noite acontecerá o banquete do senhor Hans, precisaremos estar todos presentes!
LUÍS MIGUEL
assente-se com a cabeça e segue o Padre, no mais puro silêncio.
Cena 05: Mansão de Hans.
Sala de Estar. Manhã
Alguns
homens retiravam os móveis da sala e levavam para outro cômodo, algumas
mulheres estavam preparando arranjos de flores, o local estava praticamente
vazio, preparado para o banquete que haveria naquela noite. JÚLIO desce a escada, sorridente, GARDÊNIA o aguardava nos pés da escada,
também sorridente.
GARDÊNIA:
(alegre) – Hans, é tão bom te ver
assim, feliz!
JÚLIO:
(alegre) – Gardênia, hoje eu acordei
com uma alegria imensa, deu uma vontade de caminhar, andar bicicleta – coloca os dedos nos lábios – olha, está
aí algo que não faça a muito tempo! Acho que vou pedalar!
GARDÊNIA:
- De forma alguma, o senhor precisa estar aqui, os preparativos do banquete precisam
na anuência do senhor!
JÚLIO:
(sorridente) – Tudo bem, deixo esse
evento para outra hora!
AUGUSTO
adentra a mansão, maravilhado ao ver a movimentação no local.
AUGUSTO:
(surpreso) – Parece que os
preparativos para hoje à noite estão de vento em poupa! – abraça o amigo – e você Hans, parece que amanheceu muito bem, sua
feição está ótima.
MARICOTA
aparece na sala, estava encarando dois homens musculosos que estavam carregando
o sofá, ela manda beijos, os dois riem e continuam o trabalho, GARDÊNIA observa e aproxima-se dela.
GARDÊNIA:
(irritada) – Sua insolente, o que
está fazendo aqui? Já preparou o café de Hans?
MARICOTA:
(sorridente) – Calma dona Gardênia,
muita calma nesta hora, deixa-me aproveitar, não é todo dia que vejo um deus
grego, bem assim, na minha frente!
GARDÊNIA:
(irritada) – Deixe de ser atrevida,
eles estão trabalhando, também precisa voltar para o seu, apressa-te!
Um
dos homens tira a camisa, mostrando o peitoral definido, estava suado, faz isso
de forma provocativa, ele pega a poltrona e passa próximo as duas, MARICOTA estremece, GARDÊNIA fecha os olhos.
MARICOTA:
(arrepiada) – Céus, estou a ver maledicências!
– abana-se com um pano – se eu
pudesse... seu eu pudesse, não tem que me tiraria!
GARDÊNIA:
(chocada) – Maricota – com os olhos fechados – esse ser já passou?
MARICOTA:
(arrepiada) – Já passou, mas está
voltando!
SONOPLASTIA: Urubu Malandro –
instrumental
O
homem passa novamente próximo a elas, no instante, MARICOTA aproveita que a governanta estava com os olhos fechados e
a empurra encima do homem, os dois caem no chão, agarrados, a empregada se
deleita em gargalhadas.
GARDÊNIA:
(assustada) – O que é isso – passando mão no peitoral dele e se
afastando – o que é isso?
JÚLIO
e AUGUSTO correm levantá-la, o homem
também se levanta, se acabando de rir.
GARDÊNIA:
(chocada) – Foi essa petulante! Me
pagas Maricota, me pagas!
MARICOTA
dá as costas para ela e volta para a cozinha, em gargalhadas.
Cena 06: Biblioteca.
Interior. Manhã.
ISOLDA
estava em pé, frente a frente com ABNER.
ISOLDA:
(envergonhada) – Abner, me perdoe,
não queria tomar seu tempo, me desculpe pelos abraços, não queria ser invasiva.
ABNER:
(sorridente) – De maneira alguma,
não se sentia assim, estou aqui para o que for preciso, já que estamos mais próximo,
gostaria de fazer um convite, hoje à noite – encara o rosto dela, com o hematoma – eu... esqueça!
ISOLDA:
(curiosa) – Hoje à noite?
ABNER:
(entristecido) – Não, eu pensei alto
demais, em outro momento, combinamos para fazer algo, agora, sabes onde me
encontrar, aqui ou na floricultura!
ISOLDA:
(esboçando um leve sorrido) – Ah,
sim, agradeço toda sua gentileza, está sendo um prazer ter sua rica amizade!
ISOLDA
aproxima-se de ABNER e beija
carinhosamente a bochecha dele, ele fica todo envergonhado, ela se afasta e se
retira apressadamente da biblioteca, deixando o homem impressionado.
Cena 07: Mansão de Hans.
Jardim. Exterior. Manhã.
AUGUSTO
e JÚLIO conversavam em frente o
chafariz, havia um jardineiro que estava podando algumas plantas, o local
estava bem movimentado.
JÚLIO:
(alegre) – Meu caro, sento que esta
noite será emocionante, quero mostrar a toda sociedade que a família Hans
mantém a tradição de doações, principalmente à igreja, que presta serviços
inestimáveis ao povo!
AUGUSTO:
(sarcástico) – Seu gesto é louvável,
mas tenho minhas dúvidas quanto ao que a igreja ajuda o povo – tosse forçosamente – enfim, não é o
caso, porém concordo que será uma noite de recomeço para você!
JÚLIO:
(alegre) – Estou tão contente, que
sairia pelas ruas convidando todas as pessoas, convidando meus velhos amigos,
passando pelas praças – encara o amigo
– vamos?
AUGUSTO:
(surpreso) – Está maluco? Já fora
publicado o convite nos jornais, Hans, melhor não, pode parecer muitos pobres,
pedindo comida!
JÚLIO:
(alegre) – Que apareças, essa noite
é para toda sociedade de Vale das Rosas!
SALAZAR
vinha em direção aos dois, JÚLIO
logo o interpela.
JÚLIO:
(alegre) – Salazar, vens em boa
hora, prepare o carro, me levará para fazer alguns convites pessoalmente aos
velhos amigos!
SALAZAR
assente e se retira apressadamente, AUGUSTO
encara o amigo, preocupado.
Cena 08: Rua. Exterior.
Manhã.
ISOLDA,
anda pela praça onde estava localizada a igreja de cabeça baixa, com receio que
alguém reparasse em seu rosto machucado, ainda sentia a dor da bofetada, era
muito mais sentimental do que físico, ela estava dilacerada por dentro.
- FLASHBACK ON –
(...)
HERCULANO: (nervoso) – Sobe
Isolda – respira fundo – SOBE!
ISOLDA: (trêmula) – Amor,
calma, vamos conversar!
HERCULANO: (aos berros) – SOBE!
ISOLDA segura a cintura de HERCULANO
na tentativa de convencê-lo e fazer ouvi-la, mas o marido estava tomado pelo
ódio, todavia, ela insistia em segurá-lo, quando o homem em estado de nervos,
desfere uma bofetada na cara da mulher que se esparrama pelo chão, todos ficam
chocados.
(...)
- FLASHBACK OFF –
ISOLDA
levanta a cabeça para atravessar a rua, é quando sente um mão áspera apertar
seu ombro, vira-se.
HERCULANO:
(bravo) – Onde fostes? Ondei muitas
ruas até lhe encontrar!
ISOLDA
arregala os olhos ao marido, fica pálida, passa a tremer de forma descontrolada.
HERCULANO:
(bravo) – Isolda, não quero
problemas, me diz, onde fostes?
ISOLDA
não conseguia falar, não conseguia reagir.
HERCULANO:
(bravo) – Vamos para a casa, lá
conversamos.
HERCULANO
se vira e caminha alguns metros, nota que ISOLDA
estava parada no mesmo lugar, ele fica ainda mais bravo.
SONOPLASTIA: Tenso Stereoflute –
instrumental
HERCULANO:
(aos berros) – Não fiques de mimos,
ande, ISOLDA! VENHA!
HERCULANO retorna,
pega ISOLDA pelo braço com demasiada
força.
CORTA PARA:
De
dentro do carro, JÚLIO, observava um
casal na praça, o homem puxava a moça pelo braço e ela não correspondia, o
carro estava em baixa velocidade, conseguia ver tudo com muita nitidez.
JÚLIO:
(assustado) – Augusto, olhe, aquele
homem está agredindo a mulher!
AUGUSTO:
(olhando pelo vidro do amigo) –
Será? Parece que estão apenas conversando.
CORTA PARA:
HERCULANO
puxa ISOLDA com tanta força que a
mulher esbarra no chão, mesmo assim, ela ainda não conseguia esboçar reações,
estava incrédula.
HERCULANO:
(aos berros) – Levante... levante
Isolda, pare de drama!
CORTA PARA:
JÚLIO
tem calafrios, fica com receio e aperta o ombro de SALAZAR.
JÚLIO:
(aflito) – Pare o carro, irei
descer, aquela mulher está sendo agredida!
SALAZAR,
imediatamente para o carro no meio da via, JÚLIO
desce às pressas, AUGUSTO também se
retira, e segue o amigo.
CORTA PARA:
ISOLDA lacrimejava,
sentada no chão, estava trêmula.
ISOLDA:
(lacrimejando) – Herculano, eu não
consigo me mexer, estou muito fraca – limpando
as lágrimas – não estou fazendo de propósito!
HERCULANO:
(aos berros) – Pare de mentiras,
levante!
HERCULANO aproximava-se
para levantar ISOLDA, contudo, no
mesmo instante, JÚLIO chega e
empurra o homem, que cai encima do banco da praça.
JÚLIO:
(nervoso) – COVARDE! Por que maltratas
esta mulher?
É
então que JÚLIO desvia-se para a
mulher, encara o rosto dela e toma um profundo susto, fica pálido, seu coração
dispara no mesmo instante, AUGUSTO
também olha para ela, indefesa jogada ao chão.
AUGUSTO:
(aos berros) – Hans, ela é a cara da
Olívia!
JÚLIO
perde as forças, ajoelha-se ao chão, em lágrimas, enquanto ISOLDA fica assustada, tentando entender o que estava acontecendo.
Encerramento


Nenhum comentário:
Postar um comentário