11/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 11 (11/04/2025)

 


Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 11

 

Cena 01: Biblioteca. Exterior. Manhã.

 

ABNER, por instinto toca no ombro de ISOLDA, ela se vira, quando o homem olha o rosto inchado e avermelhado a mulher, entra em um estado de espanto.

 

ABNER: (chocado) – Isolda, o que aconteceu com você?

 

ISOLDA: (lacrimejando) – Me desculpe procura-lo tão cedo, podemos conversar?

 

ISOLDA não contém as lágrimas, tapa o rosto por tamanha vergonha, ABNER aproxima-se e a abraça carinhosamente.

 

Cena 02: Biblioteca. Interior. Manhã.

 

ISOLDA olhava para a mesa, no ímpeto de fugir do olhar de ABNER, com vergonha, receio do que ele iria suspeitar.

 

ABNER: (assustado) – Isolda, você não vai me contar o que aconteceu – respira fundo – posso ajudá-la de alguma forma?

 

ISOLDA: (entristecida) – Abner, não se preocupe – suspira – foi apenas uma queda, acabei batendo o rosto na mesa, mas em poucos dias já estará sarado – desvia o semblante para ele – vim aqui, para pedir desculpas por ter corrido de você, sem me despedir corretamente, me senti culpada por isso.

 

ABNER: (esboçando um leve sorriso) – Fico contente que tenhas gostado de nosso passeio – colocando as mãos sobre a mesa – quando quiser, podemos ir novamente, eu trabalho lá, na verdade, aqui na biblioteca e na floricultura.

 

ISOLDA: (envergonhada) – Fico feliz por você – colocando as mãos sobre a mesa – porém, só queria agradecê-lo, mas é melhor não fazermos mais isso, é perigoso, o que as pessoas vão pensar de mim?

 

ABNER: - As pessoas não precisam achar nada de você, só precisam respeitar seu espaço, suas escolhas – aproximando as mãos das dela – você está bem mesmo?

 

ISOLDA não contém as lágrimas e passa a chorar, ABNER se levanta e senta-se ao lado dela, abraça carinhosamente, ela delicadamente põe a cabeça sobre o tórax do homem, ele fica trêmulo, atônito, mas permanece firme, segurando-a com todo vigor.

 

Cena 03: Casarão de Herculano. Cozinha. Interior. Manhã

 

HERCULANO estava desesperado, aflito em imaginar que ISOLDA tenha fugido de casa.

 

HERCULANO: (desesperado) – Vocês precisam me ajudar! Isolda pode ter fugido, pode ter me denunciado!

 

MARCO PAULO: (nervoso) – E qual seria a lástima se isto fizesse? Agiste como um covarde para com minha filha, nada mais justo que ela prestar queixa contra você!

 

JOCASTA: - Cale a boca Marco, não se meta, Isolda arranjou toda essa confusão para si, ela que aguente!

 

HERCULANO: (irritado) – Todos, se calem, se calem!

 

HERCULANO se retira da cozinha, MARCO PAULO se levanta da mesa.

 

MARCO PAULO: (nervoso) – Herculano precisa se acalmar, pois teremos uma conversa muito franca e de hoje não passa – tosse – não aguentarei ficar muito tempo aqui, ocioso, irei procurar um emprego, irei investigar ramos de atuação, de mãos vazias não me apresentarei nesta casa!

 

JOCASTA: - Pois, que seja logo, Herculano, não está com muitos créditos, tenho certeza que o dinheiro que comprastes esse casarão já se esvaiu, nem sequer um pão há nesta mesa!

 

MARCO PAULO retira-se da cozinha, cafungando. JOCASTA e BERENICE olham para o prato uma da outra, vazios.

 

Cena 04: Igreja Matriz. Interior. Manhã.

 

SULAMITA encara PADRE ELVIS, atônita, seu semblante demonstrava um desespero emocional.

 

SULAMITA: (assustada) – Padre, se com vossa pessoa não falo, quem está nesse confessionário?

 

PADRE ELVIS: (envergonhado) – Minha filha, não se preocupe, é um coroinha – batendo algumas vezes no estande – confessastes a Deus da mesma forma, está mais leve?

 

SULAMITA: (assustada) – Na verdade, acredito que não disse muita coisa, é melhor eu ficar de bico calado!

 

SULAMITA se apressa e se retira do local, em lágrimas.

 

CORTA PARA:

 

SULAMITA estava na porta da igreja, pronta para sair, ela se vira, olha para a cruz no altar, coloca a mão no peito, com os olhos cheios de lagrimas.

 

SULAMITA: (emocionada) – Senhor, sou falha e pecadora, tenho consciência disso, Tu sabes, o que farei é para melhorar minhas condições – uma lágrima escorre – sou uma mulher de fibra!

 

CORTA PARA:

 

PADRE ELVIS pega LUÍS MIGUEL pela orelha, o retira do confessionário e o repreende.

 

SONOPLASTIA: Charleston 3 (Mu Carvalho) – Instrumental

 

PADRE ELVIS: (chateado) – Mas, que diabos fazes atrás do confessionário? Já não disse que nenhum de vocês estão preparados, somente eu sou consagrado para isto!

 

LUÍS MIGUEL: - Me perdoe Padre, estava limpando o confessionário, quando ela chegou, me senti à vontade para conversar, prometo que não farei mais isso!

 

PADRE ELVIS: (aos berros) – PROMETA!

 

LUÍS MIGUEL: - Prometo Padre – juntando as mãos –  juro!

 

PADRE ELVIS: - Não aceito juras de tolice – pegando pelo braço – vamos, temos que organizar todos os afazeres na igreja, pois esta noite acontecerá o banquete do senhor Hans, precisaremos estar todos presentes!

 

LUÍS MIGUEL assente-se com a cabeça e segue o Padre, no mais puro silêncio.

 

 



Cena 05: Mansão de Hans. Sala de Estar. Manhã

 

Alguns homens retiravam os móveis da sala e levavam para outro cômodo, algumas mulheres estavam preparando arranjos de flores, o local estava praticamente vazio, preparado para o banquete que haveria naquela noite. JÚLIO desce a escada, sorridente, GARDÊNIA o aguardava nos pés da escada, também sorridente.

 

GARDÊNIA: (alegre) – Hans, é tão bom te ver assim, feliz!

 

JÚLIO: (alegre) – Gardênia, hoje eu acordei com uma alegria imensa, deu uma vontade de caminhar, andar bicicleta – coloca os dedos nos lábios – olha, está aí algo que não faça a muito tempo! Acho que vou pedalar!

 

GARDÊNIA: - De forma alguma, o senhor precisa estar aqui, os preparativos do banquete precisam na anuência do senhor!

 

JÚLIO: (sorridente) – Tudo bem, deixo esse evento para outra hora!

 

AUGUSTO adentra a mansão, maravilhado ao ver a movimentação no local.

 

AUGUSTO: (surpreso) – Parece que os preparativos para hoje à noite estão de vento em poupa! – abraça o amigo – e você Hans, parece que amanheceu muito bem, sua feição está ótima.

 

MARICOTA aparece na sala, estava encarando dois homens musculosos que estavam carregando o sofá, ela manda beijos, os dois riem e continuam o trabalho, GARDÊNIA observa e aproxima-se dela.

 

GARDÊNIA: (irritada) – Sua insolente, o que está fazendo aqui? Já preparou o café de Hans?

 

MARICOTA: (sorridente) – Calma dona Gardênia, muita calma nesta hora, deixa-me aproveitar, não é todo dia que vejo um deus grego, bem assim, na minha frente!

 

GARDÊNIA: (irritada) – Deixe de ser atrevida, eles estão trabalhando, também precisa voltar para o seu, apressa-te!

 

Um dos homens tira a camisa, mostrando o peitoral definido, estava suado, faz isso de forma provocativa, ele pega a poltrona e passa próximo as duas, MARICOTA estremece, GARDÊNIA fecha os olhos.

 

MARICOTA: (arrepiada) – Céus, estou a ver maledicências! – abana-se com um pano – se eu pudesse... seu eu pudesse, não tem que me tiraria!

 

GARDÊNIA: (chocada) – Maricota – com os olhos fechados – esse ser já passou?

 

MARICOTA: (arrepiada) – Já passou, mas está voltando!

 

SONOPLASTIA: Urubu Malandro – instrumental

 

O homem passa novamente próximo a elas, no instante, MARICOTA aproveita que a governanta estava com os olhos fechados e a empurra encima do homem, os dois caem no chão, agarrados, a empregada se deleita em gargalhadas.

 

GARDÊNIA: (assustada) – O que é isso – passando mão no peitoral dele e se afastando – o que é isso?

 

JÚLIO e AUGUSTO correm levantá-la, o homem também se levanta, se acabando de rir.

 

GARDÊNIA: (chocada) – Foi essa petulante! Me pagas Maricota, me pagas!

 

MARICOTA dá as costas para ela e volta para a cozinha, em gargalhadas.

 

Cena 06: Biblioteca. Interior. Manhã.

 

ISOLDA estava em pé, frente a frente com ABNER.


ISOLDA: (envergonhada) – Abner, me perdoe, não queria tomar seu tempo, me desculpe pelos abraços, não queria ser invasiva.

 

ABNER: (sorridente) – De maneira alguma, não se sentia assim, estou aqui para o que for preciso, já que estamos mais próximo, gostaria de fazer um convite, hoje à noite – encara o rosto dela, com o hematoma – eu... esqueça!

 

ISOLDA: (curiosa) – Hoje à noite?

 

ABNER: (entristecido) – Não, eu pensei alto demais, em outro momento, combinamos para fazer algo, agora, sabes onde me encontrar, aqui ou na floricultura!

 

ISOLDA: (esboçando um leve sorrido) – Ah, sim, agradeço toda sua gentileza, está sendo um prazer ter sua rica amizade!

 

ISOLDA aproxima-se de ABNER e beija carinhosamente a bochecha dele, ele fica todo envergonhado, ela se afasta e se retira apressadamente da biblioteca, deixando o homem impressionado.

 

Cena 07: Mansão de Hans. Jardim. Exterior. Manhã.

 

AUGUSTO e JÚLIO conversavam em frente o chafariz, havia um jardineiro que estava podando algumas plantas, o local estava bem movimentado.

 

JÚLIO: (alegre) – Meu caro, sento que esta noite será emocionante, quero mostrar a toda sociedade que a família Hans mantém a tradição de doações, principalmente à igreja, que presta serviços inestimáveis ao povo!

 

AUGUSTO: (sarcástico) – Seu gesto é louvável, mas tenho minhas dúvidas quanto ao que a igreja ajuda o povo – tosse forçosamente – enfim, não é o caso, porém concordo que será uma noite de recomeço para você!

 

JÚLIO: (alegre) – Estou tão contente, que sairia pelas ruas convidando todas as pessoas, convidando meus velhos amigos, passando pelas praças – encara o amigo – vamos?

 

AUGUSTO: (surpreso) – Está maluco? Já fora publicado o convite nos jornais, Hans, melhor não, pode parecer muitos pobres, pedindo comida!

 

JÚLIO: (alegre) – Que apareças, essa noite é para toda sociedade de Vale das Rosas!

 

SALAZAR vinha em direção aos dois, JÚLIO logo o interpela.

 

JÚLIO: (alegre) – Salazar, vens em boa hora, prepare o carro, me levará para fazer alguns convites pessoalmente aos velhos amigos!

 

SALAZAR assente e se retira apressadamente, AUGUSTO encara o amigo, preocupado.

 

Cena 08: Rua. Exterior. Manhã.

 

ISOLDA, anda pela praça onde estava localizada a igreja de cabeça baixa, com receio que alguém reparasse em seu rosto machucado, ainda sentia a dor da bofetada, era muito mais sentimental do que físico, ela estava dilacerada por dentro.

 

- FLASHBACK ON –

(...)

HERCULANO: (nervoso) – Sobe Isolda – respira fundo – SOBE!

 

ISOLDA: (trêmula) – Amor, calma, vamos conversar!

 

HERCULANO: (aos berros) – SOBE!

 

ISOLDA segura a cintura de HERCULANO na tentativa de convencê-lo e fazer ouvi-la, mas o marido estava tomado pelo ódio, todavia, ela insistia em segurá-lo, quando o homem em estado de nervos, desfere uma bofetada na cara da mulher que se esparrama pelo chão, todos ficam chocados.

(...)

 

- FLASHBACK OFF –

 

ISOLDA levanta a cabeça para atravessar a rua, é quando sente um mão áspera apertar seu ombro, vira-se.

 

HERCULANO: (bravo) – Onde fostes? Ondei muitas ruas até lhe encontrar!

 

ISOLDA arregala os olhos ao marido, fica pálida, passa a tremer de forma descontrolada.

 

HERCULANO: (bravo) – Isolda, não quero problemas, me diz, onde fostes?

 

ISOLDA não conseguia falar, não conseguia reagir.

 

HERCULANO: (bravo) – Vamos para a casa, lá conversamos.

 

HERCULANO se vira e caminha alguns metros, nota que ISOLDA estava parada no mesmo lugar, ele fica ainda mais bravo.

 

SONOPLASTIA: Tenso Stereoflute – instrumental

 

HERCULANO: (aos berros) – Não fiques de mimos, ande, ISOLDA! VENHA!

 

HERCULANO retorna, pega ISOLDA pelo braço com demasiada força.

 

CORTA PARA:

 

De dentro do carro, JÚLIO, observava um casal na praça, o homem puxava a moça pelo braço e ela não correspondia, o carro estava em baixa velocidade, conseguia ver tudo com muita nitidez.

 

JÚLIO: (assustado) – Augusto, olhe, aquele homem está agredindo a mulher!

 

AUGUSTO: (olhando pelo vidro do amigo) – Será? Parece que estão apenas conversando.

 

CORTA PARA:

 

HERCULANO puxa ISOLDA com tanta força que a mulher esbarra no chão, mesmo assim, ela ainda não conseguia esboçar reações, estava incrédula.

 

HERCULANO: (aos berros) – Levante... levante Isolda, pare de drama!

 

CORTA PARA:

 

JÚLIO tem calafrios, fica com receio e aperta o ombro de SALAZAR.

 

JÚLIO: (aflito) – Pare o carro, irei descer, aquela mulher está sendo agredida!

 

SALAZAR, imediatamente para o carro no meio da via, JÚLIO desce às pressas, AUGUSTO também se retira, e segue o amigo.

 

CORTA PARA:

 

ISOLDA lacrimejava, sentada no chão, estava trêmula.

 

ISOLDA: (lacrimejando) – Herculano, eu não consigo me mexer, estou muito fraca – limpando as lágrimas – não estou fazendo de propósito!

 

HERCULANO: (aos berros) – Pare de mentiras, levante!

 

HERCULANO aproximava-se para levantar ISOLDA, contudo, no mesmo instante, JÚLIO chega e empurra o homem, que cai encima do banco da praça.

 

JÚLIO: (nervoso) – COVARDE! Por que maltratas esta mulher?

 

É então que JÚLIO desvia-se para a mulher, encara o rosto dela e toma um profundo susto, fica pálido, seu coração dispara no mesmo instante, AUGUSTO também olha para ela, indefesa jogada ao chão.

 

AUGUSTO: (aos berros) – Hans, ela é a cara da Olívia!

 

JÚLIO perde as forças, ajoelha-se ao chão, em lágrimas, enquanto ISOLDA fica assustada, tentando entender o que estava acontecendo.

 

Encerramento




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

CONHEÇA A NOVA SEDE!