PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 08
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: MANSÃO DE DORALICE/INT./MANHÃ
O instrumental “Oud Oud - Pedro Guedes, Rafael Langoni“ entra em cena e segue até o fim da cena 2.
ANDRÉ: Alô? Seu Vicente?
VICENTE (ligação): Quem tá falando?
ANDRÉ: Me perdoe, esqueci de me apresentar. Me chamo André. André Ribeiro. Tava procurando umas terras pra comprar e vi que o senhor está vendendo as suas aí no Mato Grosso do Sul. Tenho interesse em comprá-las. Eu sou do Rio de Janeiro, mas tenho parentes aí no Mato Grosso do Sul e queria ficar mais perto deles.
VICENTE: Onde achou meu número?
ANDRÉ: Nas redes sociais. Eu sigo vários fazendeiros do Brasil e um acabou me indicando você.
André e Doralice se olham. Ela dá um sorriso de canto enquanto ele conversa na ligação.
VICENTE (ligação): Que coisa boa, rapaz! Faz é tempo que tô procurando um comprador pra essa fazenda. Finalmente achei alguém que tenha interesse.
ANDRÉ: Como eu faço pra entrarmos em um acordo?
VICENTE (ligação): Óia, ocê pode vim até aqui, é bom que já fica conhecendo a fazenda, a região… Só conhecendo pra entender o valor dela.
ANDRÉ: E quando eu posso ir?
VICENTE (ligação): Vem o mais rápido possível, rapaz. Não perde tempo não.
ANDRÉ: Então tá bom, seu Vicente. Irei até aí ainda essa semana, beleza? (Pausa) Então tá, a gente vai se falando. Tchau, tchau.
Eles encerram a ligação. André coloca o celular na mesa.
ANDRÉ: Pronto. Fiz o que você queria.
Doralice, animada, se aproxima e o beija.
DORALICE: Por isso que eu te amo, meu amor. Já resolveu metade dos meus problemas com essa ligação.
ANDRÉ: Ainda acho que você deveria esquecer essa ideia de vingança, Doralice.
DORALICE: Jamais. Eu jamais vou abrir mão do que eu mais quero na vida. Vicente vai pagar, e vai pagar caro por tudo o que fez comigo. Aquele desgraçado que me aguarde.
ANDRÉ: Bom, minha parte eu já fiz. O próximo passo é ir até a fazenda e entrar em um acordo com ele. Você vai comigo, né?
DORALICE: Claro. Quero ficar cara a cara com aquele assassino.
ANDRÉ: E se ele desconfiar de alguma coisa? Vicente não me parece bobo.
DORALICE: Ele nem vai imaginar que Laís Ribeiro e Doralice são a mesma pessoa. Vicente acha que já se livrou de mim há muito tempo.
ANDRÉ: Então você já encomendou a identidade nova?
DORALICE: Já. Laís… Lais Ribeiro vai ser o meu nome de disfarce.
ANDRÉ: Ótimo. Acho que assim ninguém vai desconfiar de você. Mas você tem certeza de que é isso que você quer?
DORALICE: Claro. Eu já esperei bastante. Agora é a hora de agir. Vicente destruiu a minha vida, agora é a minha vez de fazer isso com ele.
CENA 02: MANSÃO DOS GONZÁLEZ/INT./MANHÃ
ÁLVARO: Me responde, Natália. Onde cê tava ontem à noite? Eu exijo uma explicação!
NATÁLIA: Eu…
ÁLVARO (interrompendo, aumentando o tom): E nem adianta mentir, Natália! Eu acordei no meio da noite, e ocê não tava no quarto. Fui até a garagem, e o carro também não tava lá. Achei que tinha acontecido alguma coisa grave.
NATÁLIA (mentindo): Álvaro, eu… fui até o hospital de Santa Aurora. Tive uma crise de enxaqueca muito forte.
ÁLVARO: E por que não me avisou? Eu teria te levado até lá.
NATÁLIA: Não quis incomodar. Você tava dormindo tão bem… Achei que era melhor você descansar.
ÁLVARO: Natália, Natália... Não é a primeira vez que eu acordo e ocê não tá em casa. Essas suas idas à Santa Aurora no meio da madrugada já estão passando do limite.
NATÁLIA (manipulando): Amor, pode ter certeza de que quando eu não tiver no quarto é porque fui até a cidade resolver algum problema. Você sabe que tem anos que tenho essa crise de enxaqueca, se não for até o hospital eu não aguento… Acredita em mim, amor.
Natália se aproxima de Álvaro para beijá-lo, mas ele se afasta.
ÁLVARO: Tá difícil confiar em você, Natália. Parece que a cada dia que passa ocê fica mais distante… cheia de desculpas.
NATÁLIA: Eu jamais te enganaria, jamais faria algo que traísse a sua confiança. Eu te amo.
ÁLVARO: Se me amasse memo, não teria tanto segredo, tantas desculpas esfarrapadas.
NATÁLIA (perdendo a paciência): Que segredos, Álvaro? Eu tô falando a verdade! E você tá aqui me acusando como se eu fosse uma criminosa da pior espécie!
ÁLVARO: Eu só tô pedindo sinceridade, Natália. Se ocê acha que isso é demais, o problema já não é meu.
NATÁLIA: Eu só quero que você confie em mim, amor.
ÁLVARO: Cansei dessa história. Eu vou tomar café, se quiser que me acompanhe.
Focamos no rosto de Natália, cheia de ódio.
NATÁLIA: Maldita. Você me paga, Ofélia.
CENA 03: MANSÃO GONZÁLEZ/INT./MANHÃ
Carmem está sentada à mesa, tomando café com Jerônimo. Álvaro se aproxima, calado.
CARMEM: Bom dia, benzim da mamãe. Olha só o banquete que a Rita preparou pra gente. Tudo por conta dela.
JERÔNIMO: E por que não come com a gente, Rita?
Rita se prepara para sentar à mesa, mas Carmem a impede com um olhar firme.
CARMEM: Isso são modos, Ritinha?
RITA: Desculpa, dona Carmem, é que…
CARMEM: Depois eu levo o que sobrar pra ocê no quartinho, querida. Não se preocupe. (Olha para Álvaro) Que cara é essa, filho? Desde que chegou, não falou uma palavra.
Álvaro olha de relance para Natália, suspira, mas permanece em silêncio. Natália se aproxima.
NATÁLIA: Álvaro tá chateado comigo, dona Carmem. Ontem à noite tive uma forte crise de enxaqueca e precisei ir até a cidade. Não falei nada pra ele, não quis acordá-lo.
CARMEM: Cê fez certo, filhinha. Álvaro precisa ter um sono de donzelo. Agradeço por ter deixado ele dormir.
NATÁLIA: Que bom que me entende, dona Carmem.
Rita serve o café. Segundos depois, Vicente entra na sala, com uma expressão animada no rosto.
CARMEM: Viu o passarinho azul, Vicente? Que cara é essa?
VICENTE: Eu consegui, minha gente! Consegui um comprador pra fazenda!
Todos expressam surpresa e alegria com a notícia.
ÁLVARO: E quem é?
VICENTE: André. André Ribeiro, lá do Rio de Janeiro. Ele viu minhas postagens nas redes sociais e se interessou.
NATÁLIA: Eu disse que seria uma ótima ideia, não disse?
JERÔNIMO: Mas e quando a fazenda for vendida, a gente vai ter que se mudar?
VICENTE: Vamo, mas vou tentar entrar em um acordo com o comprador. Talvez ele deixe a gente morar na outra casa, que está vazia.
NATÁLIA (suspira): Já não gostei dessa ideia. Me apeguei tanto a esta casa.
CARMEM: Tem males que vêm para o bem, como ocê sempre diz, querida.
VICENTE: E outra, do jeito que tá, a gente num vai ter condições de ficar aqui por muito tempo.
CARMEM: Mas, benzim, o tal comprador disse quando vem até aqui?
VICENTE: Ele falou que vem ainda essa semana. Nem acredito que consegui, minha gente. Finalmente, o dinheiro que perdemos vai voltar.
CARMEM: Senta, benzim. Ritinha preparou esse banquete dos deuses pra gente.
VICENTE: Com que dinheiro, Carmem?
CARMEM: Ué, com o dela. Uma fofa, não é?
ÁLVARO (levanta-se): Bom, eu vou trabalhar. Tem um cavalo que tava com a pata machucada lá no estábulo, vou ver como ele tá.
NATÁLIA: Eu vou com você.
ÁLVARO (frio): Não. Não precisa.
Álvaro se retira. Natália fecha a cara, magoada, mas tenta manter a compostura.
NATÁLIA (olhando para Carmem): Dona Carmem, a senhora acha mesmo que o comprador vai deixar a gente ficar na outra casa?
CARMEM: Isso só o tempo dirá, filhinha.
CENA 04
“Como Vai Você - Antonio Marcos, Zezé Di Camargo & Luciano” entra em cena. Álvaro está sentado debaixo da árvore que sempre se encontrava com Doralice no passado. Ele está pensativo.
FLASHBACK INÍCIO
ÁLVARO: Nunca imaginei que a gente fosse ter essa paixão um pelo o outro, sabe? Parece coisa de Deus.
DORALICE: Eu te amo desde o primeiro minuto que botei os olhos em ocê. Nunca ninguém me amou do jeito que ocê me ama, Álvaro, e eu também nunca amei ninguém assim. Mas eu tenho medo, tenho medo das nossas famílias descobrirem e não gostar do nosso namoro.
ÁLVARO: Óia, Doralice, eu quero que ocê saiba que ninguém vai separar a gente. Nem que eu fuja daqui com ocê. E quer saber? Eu quero mermo é que todo mundo fique sabendo do nosso amor, eu tô disposto a assumir a gente, e não tô nem aí se não gostarem.
DORALICE: Eu te amo, Álvaro. Eu te amo.
FLASHBACK FIM
ÁLVARO (chora e olha para o céu): Porque ocê me deixou, Doralice? Por que?
Anoitece e são mostradas imagens de Santa Aurora.
CENA 05: CASA DE SILVINHA/INT./NOITE
Silvinha (Camila Pitanga) está na sala colocando algumas coisas em sua bolsa. Marluce (Elisa Lucinda), sua mãe, se aproxima.
MARLUCE (se aproximando): Já tá indo, minha filha?
SILVINHA: Já, mãe. Só volto amanhã, viu? Tenho plantão hoje.
MARLUCE (acariciando o rosto da filha): Fico tão orgulhosa, meu amor. Lutou tanto pra conseguir o que você sempre quis, ser enfermeira.
SILVINHA: Eu também fico tão orgulhosa de mim, mãezinha. Sempre gostei de cuidar do povo, sempre. Agora finalmente tô colocando isso em prática.
MARLUCE: Só fico preocupada com ocê naquela cidade, filha. Campo Grande não é Santa Aurora.
SILVINHA: Não se preocupa. Deus está comigo, sempre.
MARLUCE: Amém, filha. Amém. Jajá tem missa, pena que ocê não vai.
SILVINHA: Avisa o padre que não pude ir por causa do meu plantão, ele entende. Bom, já tô indo. Até amanhã, mãezinha. Se cuida. A benção.
MARLUCE: Deus abençoe, filha. Tchau meu amor. Vai com Deus, filha. Que Deus te proteja!
SILVINHA: Amém.
Marluce dá um beijo na testa da filha, que sai.
São mostradas imagens de Campo Grande ao som de “Ai Ai Ai Mega Príncipe - Pabllo Vittar”
CENA 06: CAMPO GRANDE/RUA/NOITE
Silvinha, que na verdade trabalha como prostituta, chega em uma rua de Campo Grande de táxi. Ao descer do carro, ela solta os cabelos, passa um batom vermelho e tira a roupa que está usando por cima, revelando um top justo e uma saia curtíssima que estava escondida por baixo da outra roupa.
SILVINHA (mexe no cabelo, mascando um chiclete e se olhando num espelho pequeno): Que enfermeira o que… mamãe acha mermo que eu vou ficar dia e noite num hospital fedido cuidando de doente… (ri) coitada.
Segundos depois, um carro estaciona perto dela.
HOMEM: Quanto tá o programa, gostosa?
SILVINHA: Pra você eu faço no precinho, bebê. Mas só falo se você deixar eu entrar no carro.
HOMEM: Posso demorar não, tenho mulher me esperando em casa.
SILVINHA (exibindo as pernas): Ah, é? E sua mulher tem essas coxas?
HOMEM: Assim cê me enlouquece, madame.
SILVINHA (se exibindo, sensualizando): E esse bumbum, ela tem?
HOMEM: Vai, entra aí logo.
Silvinha entra no carro e dá um beijo no homem, que segue com o veículo, provavelmente até um motel.
CENA 07: (IGREJA/NOITE)
A igreja católica de Santa Aurora está lotada. O padre (Genézio de Barros) termina com a missa e as pessoas vão deixando a igreja aos poucos.
PADRE ROMÁRIO: Cadê Silvinha, dona Marluce?
MARLUCE: Ah, Padre, Silvinha foi trabalhar. Ela me disse que tem plantão hoje no hospital, só volta amanhã. Minha filha é meu maior orgulho!
PADRE ROMÁRIO: Que benção, dona Marluce! Fico feliz que Silvinha esteja indo na direção do caminho que Deus mostrou pra ela.
MARLUCE: Sim padre, minha filha vai se tornar uma grande enfermeira na capital, se Deus quiser!
PADRE ROMÁRIO: Tenho certeza que sim. Mas e aí, gostou da missa de hoje?
MARLUCE: Claro que sim, padre. Parece que foi feita pra mim. O senhor sabe fazer uma missa como ninguém.
PADRE ROMÁRIO: Que bom, dona Marluce. Deus abençoe.
Imagens da cidade ao som de “Yes, and? - Ariana Grande.
CENA 08: MOTEL/INT./NOITE
Vicente e Morgana estão novamente no quarto do motel. Vicente está deitado na cama, observando enquanto Morgana faz um strip-tease na frente dele, sensualizando. Eles trocam olhares intensos. Minutos depois, eles estão abraçados na cama.
VICENTE: Essa tua performance pra mim foi como uma comemoração.
MORGANA: Comemoração? Como assim, daddy? É seu aniversário hoje?
VICENTE: Muito melhor que isso.
MORGANA: A Carmem morreu?
VICENTE: Não... eu consegui, Morgana. Achei um comprador pra fazenda.
MORGANA: E o que eu ganho com isso?
VICENTE: Pix. Dinheiro. Vários pix caindo na sua conta de uma só vez, não é disso que ocê gosta?
Morgana se anima.
MORGANA: Aí ocê tá falando a minha língua. Vem cá, e o carro que ocê me prometeu? Tá vindo aí?
VICENTE: Morgana… eu não tenho condições de te dar um carro por agora né, meu amor. Mas fica tranquila, assim que eu conseguir finalmente vender a fazenda… quem sabe?
MORGANA: ADORO!
Eles se beijam.
MORGANA: Eu não sei como a pata choca da Carmem não desconfia de nada, daddy. Ocê sai à noite, demora pra voltar. Coloca alguma coisa na comida dela, é?
VICENTE: Nada disso. Só falei pra ela que vim resolver alguns assuntos sobre a fazenda. Carmem é ingênua, ela jamais vai desconfiar.
MORGANA: Que bom, né? Não vejo a hora, daddy… não vejo a hora da gente assumir o nosso amor pra todos.
VICENTE: Tá falando do que?
MORGANA: Ué, daddy, não vamos ficar nesse quarto de motel pra sempre, né? Eu quero entrar na igreja de vestido branco, ter uma casinha pra morar, um marido pra cuidar, filhos pra amamentar.
VICENTE: Tá brincando comigo?
MORGANA: Ah, Vicente, ocê não tá achando que eu sou sua amante atoa né? Já vai se preparando pra enxotar aquela mosca morta pra fora de casa.
VICENTE: Ocê tá indo muito rápido, Morgana. Vamo ter calma, paciência…
MORGANA (fazendo chantagem emocional): Ocê é um banana, Vicente! Isso que ocê é. Vive aí pagando seriedade pra todo mundo mas você não é homem de atitude. Eu cansei. Cansei dessa tua enrolação. Tchau, tô de saída!
VICENTE: Não! Deita aí, vai. Óia, eu prometo que assim que eu entrar nos eixos, a fazenda tiver vendida, eu vejo o que eu faço.
MORGANA: Eu vou cobrar, hein…
VICENTE: Agora vamo parar com essa conversa mole, que a noite é uma criança.
Os dois se beijam na cama, logo depois se cobrem por um lençol branco e fazem sexo.
São mostradas imagens do Rio de Janeiro ao som da música da cena anterior. Logo depois, cortamos para o exterior da mansão de Doralice e André.
CENA 09: MANSÃO DE DORALICE/INT./NOITE
André está no quarto. Instantes depois, Doralice chega, animada. Ela está com algo em suas mãos.
DORALICE: Olha só o que chegou!
ANDRÉ: O que é isso?
Doralice entrega o documento para André, sorrindo.
DORALICE: Ué, a nova identidade. Agora sim, André, uma nova mulher.
ANDRÉ: Que coisa boa… Laís Ribeiro!
Os dois riem.
DORALICE: Amor, estive pensando…acho que não vou com você até Santa Aurora.
O instrumental “Sad Gamba - Alexandre de Faria” entra em cena.
ANDRÉ: Ué, Doralice, você disse que ia me acompanhar. Desistiu por quê?
DORALICE: Eu não tô preparada. Por mais que o sentimento de vingança grite aqui dentro de mim, também tem o sentimento de medo, de angústia. Eu não tô preparada pra ficar cara a cara com o homem que destruiu a minha vida, André. Pelo menos por enquanto.
ANDRÉ: Poxa, amor, você tava tão animada pra ir junto comigo até a fazenda.
DORALICE: Eu te peço desculpas, amor. Mas por enquanto eu não tenho essa coragem. Bom, você não se importa de ir sozinho, né?
ANDRÉ: Claro que não. (Pausa) Bom, eu pretendo ir amanhã mesmo. Jajá vou ligar pro Vicente e comunicar pra ele.
DORALICE: Ótimo! Será que amanhã mesmo você consegue comprar a fazenda?
ANDRÉ: É o que eu mais quero. Se isso acontecer, você pode ir pra Santa Aurora assim quando quiser.
DORALICE: Eu tô pensando muito na minha volta. Quero que seja uma volta triunfal. Espero que não levante suspeitas.
ANDRÉ: Calma, meu amor, ninguém vai desconfiar da gente. Bom, vou ligar pro Vicente agora.
André pega o celular que está sobre a cama e disca o número de Vicente.
Amanhece e são mostradas imagens de Santa Aurora ao som de “Troca de Calçada - Marília Mendonça”. Cortamos para a fazenda de Vicente. Uma caminhonete se aproxima da casa deles. Vicente, Carmem, Álvaro, Natália e Jerônimo saem para o exterior da mansão, curiosos.
CENA 10: MANSÃO DOS GONZÁLEZ/EXT./DIA
VICENTE: É ele, é o André!
A caminhonete se aproxima e logo depois, estaciona. André desce do veículo e vai de encontro com a família González, se apresentando e cumprimentando todos.
VICENTE: Que bom conhecer ocê, rapaz! Achei que fosse golpe esse negócio de internet.
ANDRÉ: Jamais, seu Vicente. Assim que vi o anúncio nas redes sociais, me interessei na hora.
ÁLVARO: A fazenda é bem grande, dá até pena de vender… mas não temos outra saída.
ANDRÉ: Grande, sim. Mas é exatamente o que procuro. Tenho planos de expandir e manter o pessoal que trabalha por aqui.
CARMEM (jogando charme): E ocê é casado, André?
ANDRÉ: Sou, sou sim. Casado e muito bem casado, com uma mulher linda chamada Laís.
ÁLVARO: E ela não veio?
ANDRÉ: Não, não. Mas deve chegar em breve. Ela vai adorar esse lugar, tenho certeza.
VICENTE: Bom, vamo entrar, André. Ocê vai conhecer a casa, e depois faço questão de te mostrar a fazenda.
André, com postura educada, acompanha Vicente e a família para dentro na mansão.
CENA 11: MANSÃO DOS GONZÁLEZ/INT./DIA
Rita está na cozinha preparando o café. Natália se aproxima. O instrumental “Influências - Felipe Alexandre” toca.
RITA (sussurrando): Mulher, que gato esse André, hein? Ui, me deu até calor.
NATÁLIA: Sossega esse facho, Rita. Mas que ele é um gato, é… um gatão.
As duas riem. Nesse momento, a família González aparece com André, que observa o ambiente.
CARMEM: Essa é a cozinha, André. É aqui que a Ritinha prepara os banquetes de deuses dela.
ANDRÉ (olha em volta): Muito bom, dona Carmem! Espaçosa e bem organizada. Dá pra ver que tem capricho. Ah, e prazer em conhecê-la, Rita. Já vi que o café aqui vai ser especial.
RITA (um pouco envergonhada): Que isso… é só o básico.
VICENTE: Bom, agora vamo pra sala. Vou pegar a documentação. Quero que ocê veja com calma antes da gente fechar um acordo.
ANDRÉ: Claro.
André e Vicente vão para a sala. André olha atentamente todos os documentos sobre a fazenda. Ele pergunta a Vicente sobre o antigo dono da fazenda e Vicente foge do assunto. Na próxima cena, eles estão num pasto verde. Vicente mostra toda a fazenda para o marido de Doralice. Depois, eles voltam para a mansão.
CENA 12: MANSÃO DOS GONZÁLEZ/EXT./FIM DE TARDE
O instrumental “Os Ramirez - Felipe Alexandre” entra em cena.
VICENTE: Até agora ocê num me disse se vai ficar com a fazenda, André. E aí? Cê não fez eu mostrar tudo isso aqui pro cê atoa, né?
ANDRÉ: Não, seu Vicente (sorri) eu vou ficar sim com a fazenda. O valor é aquele mesmo, né?
VICENTE: Claro, não sou homem de duas palavra.
André vai até sua camionete e pega uma maleta, cheia de dinheiro. A família toda se surpreende com a rapidez de André com o pagamento.
ANDRÉ: Pronto. A fazenda já tá paga.
VICENTE (abrindo a maleta): Cê não brinca em serviço mermo hein, rapaz?
CARMEM (passa a mão no dinheiro que está na maleta): ATÉ QUE ENFIM! FINALMENTE! Finalmente estamos ricos de novo.
ÁLVARO: A gente fica agradecido com o seu interesse na fazenda, André. Nunca vi um comprador pagar tão rápido assim.
ANDRÉ: Bom, agora essa fazenda pertence a mim, né? Só falta levar a documentação até o advogado.
VICENTE: Cê já vai ficar por aqui?
ANDRÉ: Não, não. Eu vou voltar pro Rio de Janeiro. Volto ainda essa semana com minha esposa.
NATÁLIA: André, você vai deixar a gente ficar na outra casa? Ela tá vazia. A gente não pretende se mudar daqui da fazenda.
VICENTE: Eu e Álvaro podemos continuar trabalhando aqui, pro cê, André.
ANDRÉ: Eu deixo. Eu deixo vocês ficarem aqui, não tem problema nenhum. Eu e Laís vamos morar aqui na mansão, tenho certeza que ela vai adorar.
A família comemora.
ANDRÉ: Bom, pessoal, eu vou indo. Foi um dia maravilhoso passar aqui com vocês. Volto ainda essa semana com a documentação. Obrigado.
VICENTE: A gente que agradece, André. E não demora pra trazer a Laís, a gente quer conhecer a moça.
ANDRÉ: Claro. Até mais.
André entra em sua caminhonete e dá partida. A família comemora com a venda da fazenda.
Anoitece ao som de “Romaria - Daniel, Seu Jorge” e são mostradas imagens do Rio de Janeiro.
CENA 13: MANSÃO DE DORALICE E ANDRÉ/INT./NOITE
Doralice está no sofá, mexendo em seu celular. Ela demonstra preocupação com a demora de André, até que ele chega.
DORALICE (vai até ele e o abraça): Amor… que demora, já tava preocupada com você. (Pausa) Mas e aí, você conseguiu? Conseguiu entrar em um acordo com Vicente?
ANDRÉ: Claro, já até paguei a fazenda.
Doralice se surpreende e comemora.
DORALICE: Que bom. Que bom que você conseguiu. Finalmente, André, finalmente eu vou poder colocar a minha vingança em prática.
ANDRÉ: Então já vai se preparando, a gente se muda pra lá ainda esta semana.
O instrumental “All My Love - Guilherme Rios” entra em cena.
DORALICE: E o Álvaro? Você viu ele? Como ele tá?
O sorriso de André se desmancha e ele se afasta de Doralice.
ANDRÉ: Até quando você vai ficar pensando nesse cara? Você ainda ama ele, né? Fala a verdade.
DORALICE: Não. Só perguntei por perguntar, poxa. Querendo ou não eu e Álvaro tivemos uma história.
ANDRÉ: Ele tá bem. Tá casado.
DORALICE: Casado?
ANDRÉ: É. Casado com a Natália. Gostei dela, é educada, bonita, gentil…
Doralice fica com ciúmes.
DORALICE: Chega. Chega desse assunto. Álvaro é passado, já nem deve lembrar mais de mim também.
Focamos no rosto de Doralice por alguns segundos. Ela fica pensativa, pensando em Álvaro.
Três dias se passam ao som de “Oh My God - Adele”
~A família González se muda para a outra casa.
A música continua a tocar e mostramos Inagens de Santa Aurora.
CENA 14: RUA/DIA
Silvinha e Marluce andam pelas ruas de Santa Aurora. De repente, Silvinha avista Morgana vindo em sua direção. As duas se aproximam e se encaram com provocação. "Ai Ai Ai Mega Príncipe - Pabllo Vittar" começa a tocar ao fundo.
MORGANA: Perdeu alguma coisa aqui, queridinha? Ou veio só fazer cosplay da Virgem Maria na minha frente?
SILVINHA (fazendo o sinal da cruz): Que Deus me proteja dessas almas do mal! Amém.
MORGANA: Olha aqui, sua vaca mal comida, tá achando que é quem, a Madre Teresa?
SILVINHA (colocando a mão no peito): Ó, quanta agressividade! Desse jeito cê vai ganhar um lugarzinho especial... mas não no céu, viu?
MARLUCE (interrompendo, com as mãos na cintura): Chega! Ocês duas tão se comportando feito duas crianças! Morgana, vai rezar, minha filha, vai assistir uma missa. E Silvinha, já te falei pra não perder seu tempo com gente que nem ela.
MORGANA: Fala pra tua filhinha parar de me julgar então, dona Marluce. Ela me olha de cima a baixo como se fosse a madre superiora. Mas no fundo, é uma quenga bem pior que eu!
SILVINHA: Ah, por favor, Morgana. Ocê falando de moral é a mesma coisa que o diabo dando aula de catequese.
MORGANA: Olha, é bem melhor ser o diabo do que ser uma falsa santa igual ocê! Prefiro ser uma puta assumida do que andar por aí de vestidinho de boazinha enquanto faz coisas bem piores por trás.
SILVINHA: Eu sou uma mulher de respeito, meu amor.
MARLUCE (suspirando): Silvinha, vamo embora..
SILVINHA (sussurrando para Marluce, mas ainda provocando): Mãe, eu tento salvar essa alma, mas parece que nem Deus quer!
MORGANA: Salvar alma? O que ocê faz é só falsidade, amor! Esse papo de enfermeira... Só quem acredita nisso é tua mãe! (Olha para Marluce) Abre o olho, dona Marluce, abre o olho.
MARLUCE: Ó, Morgana, respeita, viu? E vai arranjar alguma coisa pra fazer, vai lá descer e subir naquele pole dance que ocê ganha mais. Essa briguinha boba não vai levar ninguém a lugar nenhum, muito menos
pro céu!
MORGANA: Céu? Com essa coisinha irritante aqui do meu lado? A gente tá é caminhando pro inferno.
SILVINHA: Ainda bem que cê sabe que vai pra lá, Morgana.
MARLUCE (pegando Silvinha pelo braço): Chega, vamo embora daqui.
MORGANA (gritando enquanto elas se afastam): Isso mesmo, corre, Silvinha, corre! Antes que eu faça ocê conhecer o inferno antes da hora.
SILVINHA (virando-se para trás, com uma piscadinha irônica): Fica tranquila, amor. Vou rezar pra tua alma.
CENA 15: RUAS DE SANTA AURORA/DIA
Uma caminhonete estaciona em frente ao hotel de Santa Aurora. As portas se abrem e, em seguida, uma mulher desce do veículo. A câmera a acompanha, subindo lentamente até revelar seu rosto: é Doralice. Ela olha ao redor, confiante. "It’s My Life" de Bon Jovi começa a tocar.
DORALICE: Quanto tempo, Santa Aurora… agora sim, o que tava faltando chegou.
Close no rosto dela
CONGELAMENTO EM DORALICE.
A novela encerra seu 8° capítulo ao som de “It’s My Life - Bon Jovi” (tema de Doralice).