LET'S DANCE! - CAPÍTULO 06
CENA 01: CARRO/INT./DIA
Leandro começa a encarar Cecília, enquanto seus olhos brilham. Ela percebe o clima que se formou e fica sem graça. A música “Outra Vez - Roberto Carlos” (versão 2021) dá som à cena.
LEANDRO: Você é bonita, sabia? Como alguém tem coragem de humilhar alguém como você?
CECÍLIA (sem graça): É melhor eu descer, não quero mais te atrapalhar.
LEANDRO (pega na mão dela): Espera…
Os dois começam a se olhar diretamente, enquanto Leandro se aproxima. Cecília imediatamente se esquiva.
CECÍLIA: Bom, eu tenho que ir.
LEANDRO (percebendo o desconforto): Me desculpa se te fiz passar por algum constrangimento… não vá pensando que eu saio por aí dando em cima de todo mundo.
CECÍLIA: Então quer dizer que está dando em cima de mim?
LEANDRO (se enrola): Não… não é isso. É que…
CECÍLIA (rindo): Não precisa se explicar. Eu já entendi. (Pausa) Novamente eu te agradeço por ter me salvado daquele assalto. De verdade, Leandro. Eu não sei o que teria acontecido se você não estivesse ali.
LEANDRO: Que isso. Não precisa agradecer. Eu só fiz o que qualquer um faria.
Os dois se encaram por um instante.
CECÍLIA: Mesmo assim… obrigada. (Mudando de assunto para quebrar o clima) Acredita que seu Tércio me deu uma grana pra ajudar a pagar o aluguel atrasado?
LEANDRO: Seu Tércio te deu dinheiro?
CECÍLIA: Sim… ele tá sendo muito generoso comigo. Fico até desconfiada.
LEANDRO: O seu Tércio é um cara legal, Cecília. Pode confiar. (Pausa, encarando a mocinha) Você reparou que o destino sempre arruma um jeito de colocar a gente no mesmo lugar? Desde que sua mãe faleceu, sempre nos vemos com bastante frequência.
CECÍLIA (ri, sem graça): Você acredita em destino?
LEANDRO: Claro! Eu acho que nada nessa vida é por acaso, tudo sempre tem um propósito.
Cecília sorri, e eles se encaram novamente. Ela se inclina levemente para despedir, e os dois se aproximam para dar um beijo no rosto. Só que, no movimento, os rostos quase se encontram demais. Leandro dá um sorriso nervoso, e Cecília desvia o olhar. Ela se afasta para atrás, ajeitando a bolsa, e respira fundo.
CECÍLIA (apressada, tentando sair logo): Bom… eu preciso ir.
LEANDRO: Tá bom… até mais!
Os dois ainda trocam um último olhar antes de Cecília sair. A mocinha sai do veículo e vai em direção ao portão de sua casa. Cortamos para Leandro, que a olha de dentro do carro.
HORAS DEPOIS…
As horas se passam e mostramos imagens do Rio de Janeiro ao som de “Boogie Wonderland - Earth, Wind & Fire”. A câmera captura o movimento de pedestres e veículos nas ruas da cidade. Corta para:
CENA 02: CASA DE CECÍLIA/INT./TARDE
LURDINHA: Morar na mansão?
CECÍLIA: Pois é, Lurdinha… Já que o exame deu compatível, seu Tércio quer que eu vá morar lá… Mas é claro que eu não vou, né. Imagina só? Eu e aquela mimada da filha dele morando na mesma casa.
LURDINHA: Pois no seu lugar eu iria sem pensar duas vezes! Você vai ficar aqui nesse bairro até quando, Cecília? Já viu que aqui não tem tantas oportunidades pra ninguém.
CECÍLIA: Se você tá falando de dinheiro, pode ir tirando o seu cavalinho da chuva porque eu não penso nessas coisas.
LURDINHA: E vai ficar aqui sofrendo, procurando por um emprego até quando? Já que esse ricaço tá te dando essa oportunidade, agarre ela com unhas e dentes! E dane-se a filha, a mulher dele… Você tem que pensar em você agora, Cecília. No seu futuro.
CECÍLIA: É… pensando por esse lado… você tem razão, Lurdinha. Se é assim, eu vou. Eu vou morar na mansão. Mas por favor, não me deixe sozinha, não me abandone.
LURDINHA: Claro que não! Eu sempre vou te visitar, pode ficar tranquila.
CECÍLIA: E você, hein? Por onde andou hoje que ficou sumida a manhã toda?
LURDINHA: Adivinha? Fui fazer uma entrevista de emprego!
CECÍLIA (arregala os olhos, animada): Não acredito! Jura?
As duas gritam juntas e comemoram.
CECÍLIA: E eu posso saber onde você foi fazer essa entrevista?
LURDINHA: Sabe aquela discoteca famosa do centro?
CECÍLIA (empolgada): A Let's Dance?
LURDINHA (sorrindo): Essa mesmo! Ai, Cecília… tomara que me chamem!
CECÍLIA (segurando as mãos da amiga): É claro que vão te chamar! Vai dar tudo certo!
As duas se abraçam, pulando de alegria. Cortamos para a mansão Figueira e mostramos o exterior da casa.
CENA 03: MANSÃO FIGUEIRA/INT./TARDE
Isabel está folheando uma revista no sofá. Leila entra pela porta da sala em seguida, segurando sua bolsa e tirando os óculos escuros.
ISABEL (ansiosa): E aí? Foi até a Idearium?
LEILA (suspira, largando a bolsa sobre a poltrona): Fui, e não trago boas notícias.
ISABEL: O exame não deu incompatível, né? (ela joga a revista sobre a mesa de centro, com força) Mas que droga!
INSTRUMENTAL: TENSION - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
LEILA (tentando acalmar): Eu entendo a sua frustração, Isabel. Mas, infelizmente… não podemos fazer mais nada.
ISABEL: Ah, mas eu posso. Eu posso e vou!
LEILA: Vai fazer o quê, filha?
ISABEL: Lembra que papai disse que se ocorresse tudo bem com o exame, ele traria a morta de fome pra morar aqui? Eu não vou deixar que isso aconteça!
LEILA: Lembro… e ele me disse isso hoje novamente. Filha, qualquer coisa que você faça agora… vai ser em vão. Seu pai já está radiante em saber que Cecília é filha dele.
Isabel respira fundo, bufando de raiva.
ISABEL: Preciso tirar essa sem banho do meu caminho o mais rápido possível.
FLASHBACK - INÍCIO
ISABEL: Aposto que aquela morta de fome mora no subúrbio.
TÉRCIO: Ela é lá de Madureira.
FLASHBACK - FIM
ISABEL: Já sei muito bem o que fazer!
Ela pega a chave de seu carro de qualquer jeito e sai andando, apressada.
LEILA (tentando impedir): Isabel! Filha! Espera ai! Onde você tá indo?
Isabel não responde, apenas sai determinada, sem olhar para trás. Leila fica parada, sozinha na sala, olhando para a porta, aflita.
CENA 04: HOSPITAL DA UNIÃO/TARDE
INSTRUMENTAL: SUSPENSE SOBRENATURAL - SACHA AMBACK
Ivani está na sala de Ubaldo, frente a frente com ele.
IVANI (com os olhos arregalados, pálida): Grávida?
UBALDO: Exatamente. Parabéns!
IVANI (sussurrando, olhando para o chão): Grávida… Não… não pode ser.
UBALDO: Eu entendo que pode ser um choque pra você no início. Mas pode ficar tranquila que tá tudo bem com você e com o bebê. Se quiser, posso marcar uma consulta pra você com um ginecologista ou…
IVANI (interrompe): Não! (ela se levanta abruptamente, em choque) Eu não preciso de mais nada. Eu só vim saber o resultado mesmo.
UBALDO: O que foi? Parece que não gostou de receber essa notícia…
Ivani não responde. Fica parada por um instante, respira fundo, com os olhos cheios d’água. Então vira as costas e sai, em silêncio. Ubaldo fica sozinho na sala, sem entender nada.
CENA 05: MADUREIRA/TARDE
INSTRUMENTAL: INEVITÁVEL - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
A cena mostra o carro de Isabel circulando por várias ruas de Madureira. Mostramos vários takes da vilã procurando informações com moradores sobre o endereço de Cecília.
ISABEL: Olá, senhora. Por acaso pode me dizer se sabe onde mora Cecília? Ela me disse que mora nesse bairro mas não consigo encontrar a casa dela…
SENHORA: Cecília? Ah, tem tanta… Não sei, não.
ISABEL: Uma que perdeu a mãe recentemente… se chamava Margarida.
SENHORA: Já falei que não sei, inferno!
Isabel suspira fundo e revira os olhos. A cada tentativa frustrada, a expressão dela vai se fechando. Depois de várias falhas, ela estaciona seu carro em frente a uma padaria do bairro e decide entrar no estabelecimento.
ISABEL: Desculpa incomodar… Mas você conhece uma moça chamada Cecília? Ela perdeu a mãe há poucos dias. Sei que mora por aqui, mas não consegui encontrar a casa.
ATENDENTE: Cecília? Filha da dona Margarida?
ISABEL: Isso! Conhece?
ATENDENTE: Mas é claro que conheço. Cecília vem todos os dias aqui pra comprar pães. (aponta com a mão) Tá vendo essa rua aqui? Ela mora na primeira casa ao virar a direita, no número 38.
ISABEL (sorri falsamente): Você me ajudou muito! Muito obrigada!
A vilã se retira da padaria e segue em direção ao seu veículo.
ISABEL (falando sozinha, debochando): Mas que padariazinha mais brega! Só podia ser frequentada por aquela morta de fome.
Em seguida ela liga o carro e dá partida.
CENA 06: CASA DE CECÍLIA/EXT./TARDE
Após virar a esquina, Isabel se atenta aos números das casas e percebe que a casa de Cecília é a próxima. Ela então estaciona seu carro e sai do veículo. Ao sair, ela vai em direção ao portão da casa da mocinha e toca a campainha diversas vezes.
ISABEL (olhando a casa com desdém): Mas que casinha mixuruca!
Alguns minutos depois, Cecília vai até o portão e se depara com a vilã. Lurdinha vem logo atrás.
CECÍLIA: Você aqui? Como conseguiu achar meu endereço?
ISABEL: Fiquei horas e horas perguntando pro pessoal onde você morava. Finalmente encontrei a cratera onde você se esconde.
CECÍLIA: Olha aqui, se você veio até aqui pra me humilhar, tá perdendo o seu tempo.
ISABEL: Não. Eu vim aqui pra ter uma conversa com você.
CECÍLIA: Eu não tenho nada pra conversar com você! Não tem vergonha, não? Depois de tudo o que falou pra mim naquele dia…
ISABEL: Fiquei sabendo que o exame deu compatível.
CECÍLIA: Ah, ficou?! Aposto que tá se corroendo por dentro depois que ficou sabendo que tem uma irmã.
ISABEL (debochando): Irmã? Meu amor, acha mesmo que eu vou considerar uma bastarda como minha irmã?
CECÍLIA (direta): Fala logo 0 que você quer e dá o fora daqui!
ISABEL: Quanto você quer pra deixar o meu pai em paz? Fala logo o seu preço!
CECÍLIA: Como é que é?
ISABEL: É isso mesmo que você ouviu. Eu quero que você fique bem longe da minha família, sua golpista barata! Anda, fala logo o quanto você quer pra parar de infernizar as nossas vidas.
Close em Cecília, intercalando com Isabel.
CENA 07: MANSÃO FIGUEIRA/INT./TARDE
Leila está deitada na cama, folheando um jornal. Dalvinha, a empregada, entra, apressada.
LEILA: Mas o que é isso? Quem você pensa que é pra invadir o meu quarto desse jeito?
DALVINHA: Dona Leila, tem uma moça lá embaixo querendo falar com a senhora.
LEILA (arqueando a sobrancelha): Comigo?
DALVINHA: É. Ela disse que precisa conversar com a senhora. Eu deixei ela entrar. Tá lá na sala te esperando, com malas e tudo.
Leila se levanta bruscamente da cama. Ela desce as escadas depressa e ao chegar no fim, paralisa.
LEILA (assustada): Você aqui?
A câmera corta e revela ser Nina (Paolla Oliveira), sobrinha de Leila, sentada no sofá.
NINA (sorrindo sarcasticamente enquanto se levanta): Tava com saudades de mim, titia querida?
Close em Leila, intercalando com Nina.
CONGELAMENTO EM LEILA.
A novela encerra seu 6° capítulo ao som do refrão de “Ring My Bell - Anita Ward”.
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