“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 11
CENA 01: BERGMANN PRIVÉ - SALA DA DIRETORIA - MANHÃ
José Carlos analisa alguns papéis quando ouve batidas na porta. Susane entra.
SUSANE: Com licença, senhor. Um rapaz chamado Alencar está aqui. Disse que é detetive.
JOSÉ CARLOS: Pode mandar entrar.
Ainda parada na porta, Susane faz sinal para o homem, que entra. Ela fecha a porta.
JOSÉ CARLOS: (o cumprimenta) Como vai? Sente-se.
O homem se senta.
ALENCAR: O senhor tinha me dito que quer informações sobre uma pessoa.
José Carlos pega uma pasta e joga diante dele, abrindo-a. CLOSE na foto de Jaqueline.
JOSÉ CARLOS: Essa pessoa se chama Jaqueline de Moraes! Aí na ficha tem tudo sobre ela. Data de nascimento, endereço, nome da mãe…
Alencar pega a ficha e começa a olhar.
JOSÉ CARLOS: Ela foi funcionária aqui da loja. Dei uma olhada na ficha e… pelos detalhes que tem aí sobre ela, me veio uma ideia na cabeça, eu agora preciso da sua ajuda pra saber se essa moça é mesmo quem eu tô pensando. Quero saber tudo sobre ela. O passado. A mãe. Tudo! E pago em triplo pra ter essas informações nas minhas mãos em menos de dois dias.
Alencar olha para ele, abrindo um sorriso.
ALENCAR: O doutor é quem manda!
José Carlos olha para ele, satisfeito.
CENA 02: CASA DE VOLNEY - QUARTO - MANHÃ
No quarto, Volney – já sem o curativo na cabeça – está arrumando uma mochila. Estela entra, observando-o.
ESTELA: (Preocupada) Tá se arrumando? Vai aonde?
VOLNEY: (Focado, sem parar de arrumar a mochila) Na praia. Treinar. O campeonato já é semana que vem.
ESTELA: Você tirou os pontos hoje, filho. Não é melhor esperar até amanhã?
VOLNEY: (Irritado) Já perdi tempo demais, mãe.
ESTELA: (Muda de assunto, um sorriso discreto no rosto) Ah, filhinho, a Jaqueline tá aí na sala. Ela veio te ver.
Volney para o que está fazendo, visivelmente surpreso com a informação.
CORTA PARA A SALA:
Jaqueline está sentada no sofá. Volney surge, e os dois se olham.
JAQUELINE: (Com um sorriso simpático) Oi.
VOLNEY: (sorri) Oi.
JAQUELINE: Eu vim te visitar. Ver se você tá melhor. Pelo que eu tô vendo, você tá ótimo…
VOLNEY: (Olha para ela, um pouco sem jeito) Tirei os pontos hoje. Eu tava indo pra praia agora. Não tá a fim de ir comigo?
JAQUELINE: (O sorriso se alarga, animada) Claro! Vamo!
CENA 03: PEDRA DO FORTE - PRAIA - MANHÃ
É um dia ensolarado, e a praia está cheia de surfistas. Jaqueline está sentada na areia, observando Volney surfar.
Volney desliza pela crista de uma onda com uma fluidez impressionante. Seu corpo se move em perfeita sintonia com a força do oceano, os músculos definidos se contraindo enquanto ele se agacha, o braço estendido para tocar a parede d'água cristalina.
O sol forte da manhã reflete na superfície molhada da prancha, criando um rastro de luz enquanto ele corta a onda com precisão. Em um momento de pura destreza, ele executa um aéreo, elevando-se acima da espuma com a prancha grudada aos seus pés, antes de aterrissar suavemente de volta na face da onda, sem perder o ritmo.
Um sorriso de pura satisfação se estende em seu rosto enquanto o spray da onda respinga em seu corpo. Ele faz uma manobra radical, virando a prancha quase perpendicularmente à água, mostrando o controle total e a paixão que sente por cada movimento.
Ele retorna da água com a prancha embaixo do braço. Crava a prancha na areia e senta-se ao lado de Jaqueline.
JAQUELINE: (Sorri, genuína) Arrasou, gostei de ver.
VOLNEY: (Sorri de volta, um pouco envergonhado) Gostou mesmo?
JAQUELINE: Aposto como esse prêmio já é seu.
VOLNEY: (Suspira, o sorriso se desfazendo um pouco) Tomara… Tem falado com o Afonso?
Jaqueline hesita por um instante, antes de disfarçar.
JAQUELINE: (Mente, com um leve encolher de ombros) A gente não é tão próximo assim.
VOLNEY: (Com um olhar de quem sabe mais do que diz) Sério? O Raí contou que você tá morando lá na casa dele agora.
JAQUELINE: (Risadinha nervosa) Você sabe que aquela casa é grande, né? Meio difícil a gente se esbarrar por lá.
VOLNEY: (Curioso) Por que você saiu de casa?
JAQUELINE: (A voz mais baixa, com um toque de tristeza simulada) Não tava me dando bem com a minha mãe. A gente brigou feio e ela me botou pra fora.
VOLNEY: (Solidário) Poxa, sinto muito.
Os dois se olham, sorrindo sem jeito por um instante. Volney, então, volta seu olhar para o mar, ficando pensativo. Jaqueline o encara, observando-o intensamente. Volney percebe o olhar dela e a fita de volta.
VOLNEY: Que foi?
Jaqueline não diz nada. Ela se aproxima, lentamente, seu rosto vindo em direção ao dele para beijá-lo. Mas, no último segundo, Volney recua. Jaqueline congela, sem entender a rejeição.
VOLNEY: (Abaixa a cabeça, a voz baixa, quase um lamento) Desculpa. É que… eu não consigo esquecer o Afonso.
JAQUELINE: (Força um sorriso, a decepção visível em seus olhos, mas tentando se mostrar forte) Relaxa. Eu sei bem como é isso.
Ela vira o rosto, claramente inconformada, mas tentando disfarçar.
CLOSE NELA. Sua expressão, por um instante, revela frustração e raiva contida.
CENA 04: MANSÃO PASSARELLI - PISCINA - MANHÃ
Afonso mergulha na piscina e, ao emergir da água, dá de cara com Neide, que o observa da beira.
AFONSO: (Ofegante, surpreso) O que foi, Neide?
NEIDE: (Com a voz calma) Dona Jéssica tá aí querendo falar com você.
Afonso arqueia uma sobrancelha, visivelmente surpreso pela visita.
CORTA PARA: Afonso, agora de roupão, sentado sob um sombreiro ao lado de Jéssica Klein, que toma um drink.
AFONSO: (Com um sorriso irônico) Achei que não viria mais me visitar.
JÉSSICA: (Sorri de volta, cínica) Agenda cheia, você já sabe como é minha vida.
AFONSO: (Assentindo) Sei sim. Menina, nossa notícia deu o maior burburinho, né?
JÉSSICA: (Com um risinho maldoso) Cê nem imagina. A Sabrine ficou tão puta com aquilo que até ameaçou me processar.
Afonso gargalha alto, achando graça da situação.
AFONSO: Que garota patética.
JÉSSICA: (Rindo junto) Ela me ligou, menino, louca da vida, me xingando de tudo que é nome. Aposto que ela deve estar putassa com você e com o tal Volney também.
AFONSO: (Com desprezo) Tô nem aí pra essa vagabundinha.
JÉSSICA: (Sussurra, como quem conta um segredo ultrajante) Cê acredita que a maioria dos seguidores dela são comprados? Tudo conta árabe.
Eles riem juntos, cúmplices.
AFONSO: (Entre risadas) Você é o cão.
Os dois são subitamente interrompidos por Jaqueline, que se aproxima, visivelmente frustrada, vindo da praia.
AFONSO: (Vira-se para ela, curioso) Oi, e aí, como foi com o Volney?
JAQUELINE: (Suspira, exausta) Ai, um saco!
AFONSO: (Apresentando-as, com um sorriso) Essa é minha amiga, Jéssica Klein. (Para Jéssica) Essa é Jaque, minha prima.
JAQUELINE: (Trocando beijinhos com Jéssica) Oi, Jéssica, muito prazer, tudo bem?
JÉSSICA: Tudo, amada!
Jaqueline se senta com eles, pegando um drink.
AFONSO: (Com um tom de expectativa) Conta. O que aconteceu?
JAQUELINE: Não aconteceu nada, né, Afonso?! O Volney não consegue te tirar da cabeça de jeito nenhum. Até achei que tava conseguindo conquistar ele, mas tá foda hein. Saco.
AFONSO: Se acalma, toma um drink.
JÉSSICA: (concorda, apontando para a bebida) Ó, tá uma delícia.
AFONSO: (Ele suspira, pensativo, e seus olhos brilham com uma nova ideia) Olha... A Jéssica me contou que a Sabrine tá puta com a notícia até agora, ligou pra ela, falou horrores... E isso me deu uma ideia.
JAQUELINE: (Curiosa) Ideia?
AFONSO: (Os olhos dele cintilam com malícia e triunfo) Já sei uma forma de fazer o Volney cair de quatro por você! Definitivamente!
Jéssica olha para os dois, com uma expressão de surpresa misturada com malícia.
JÉSSICA: (Com uma risada e um duplo sentido) De quatro? Ele é passiva?
JAQUELINE: (Com um sorriso forçado, resignada) Do jeito como estão as coisas, já tô vendo que vou ser a ativa da relação... (Para Afonso, impaciente) Conta. Qual é o plano?
CENA 05: MANSÃO VON BERGMANN - ACADEMIA - MANHÃ
Sabrine corre focada na esteira, suando. Caetano surge com o telefone fixo na mão.
CAETANO: (Com licença) Com licença, dona Sabrine. Telefone pra você.
SABRINE: (Ofegante, sem diminuir o ritmo) Quem é?
CAETANO: (Anuncia) Afonso Passarelli.
Sabrine, em choque, aperta o botão para pausar a esteira. Caetano espera pacientemente a máquina parar de vez, com o telefone estendido. Sabrine desce da esteira e pega o aparelho da mão dele, ainda surpresa.
SABRINE: (Atende, a voz carregada de estranhamento) Alô?!
AFONSO: (Do outro lado da linha, com um sorriso falso e sedutor na voz) Oi, Sabrine, tudo bem, flor? Eu queria muito marcar um encontro com você pra gente conversar sobre os últimos acontecimentos. Quero te contar minha versão da história. E quero ouvir a sua também. Pode ser?
Sabrine fica pensativa por alguns instantes, processando o convite inesperado.
SABRINE: (Decide, com um tom de desafio) Tá. Pode ser. Em uma hora, no café do shopping.
Do outro lado da linha, Afonso sorri maquiavelicamente, seu plano começando a se desenrolar.
CENA 06: SHOPPING - CAFÉ - MANHÃ
No café do shopping, Sabrine e Afonso estão sentados um de frente para o outro.
SABRINE: (Sincera) Eu fiquei surpresa, Afonso. De todas as pessoas que eu conheço, nunca pensei que receberia uma ligação sua.
AFONSO: Pois é. Acho que a gente precisa acertar as nossas contas, né? Você namorava com o Volney. Eu namorava com o Volney. Temos arestas a serem aparadas e não quero que fique nenhum mal entendido entre a gente.
SABRINE: Você tinha falado na ligação que queria contar sua versão da história…
AFONSO: (assentindo, com um ar de desabafo) Eu fiquei dois anos com o Volney. Sempre querendo levar nosso namoro adiante, sabe? Da gente se assumir mesmo, pra geral, mas é aquilo… ele sempre me enrolava… dizia que não tava pronto, e não sei o quê…
SABRINE: (compreensiva) Sei…
AFONSO: (sua voz muda para um tom de quem foi injustiçado) Fiquei com muita raiva quando vi você postando que tava namorando com ele. Na real, eu nem sei de quem eu mais senti raiva, se de você ou dele. Mas aí saiu aquela notícia escrota daquela louca daquela Jéssica. Depois as pessoas te chamando de corna… aliás, achei isso aí uma coisa horrorosa… de muito mau gosto. Aí eu pensei: "será que ela também não foi enganada por ele?"
SABRINE: (reage, a raiva voltando à tona) É, eu fui mesmo! Aquele canalha me enganou! Confesso também fiquei com muita raiva de você, até cheguei a pensar que você tinha mandado a foto pra Jéssica publicar aquilo.
AFONSO: (com um ar de ofendido, mentindo descaradamente) Não. Nunca faria isso. Eu nem sei como aquela foto foi parar nas mãos daquela louca. Sabrine, nós dois fomos vítimas do Volney! Ele traiu a gente! Nos enganou!
Afonso estende a mão e pega a dela, olhando-a intensamente.
AFONSO: Eu acho, de verdade, que a gente precisa se unir! Se unir contra esse canalha! E então? O que você me diz?
Sabrine o fita por um tempo, a ideia de vingança começando a germinar em sua mente. Ela aperta a mão de Afonso, a decisão tomada.
SABRINE: (com convicção) Você tá certo. É isso mesmo que a gente deve fazer!
Afonso sorri, maquiavélico, sua manipulação tendo sucesso.
CLOSE NELE.
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