12/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 09

 



“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por 

Susu Saint Clair

Capítulo 09



CENA 01: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE ESTAR - MANHÃ


Gisela encara José Carlos diante de toda a família, que observa a cena em choque.


JOSÉ CARLOS: (incrédulo) Você contratou um detetive pra me seguir, Gisela? 


GISELA: (solta um riso seco e debochado) Nem precisei de detetive, seu canalha! Eu sempre soube que você tinha amantes. Várias! Não sou idiota, José Carlos. Acontece que eu tava só esperando a hora certa pra te desmascarar. E essa hora, meu caro, finalmente chegou.


Gisela dá um passo à frente, a voz cheia de triunfo e desprezo.


GISELA: Agora que eu sei onde está o homem que eu amo, não preciso mais de você. Nem dessa farsa que a gente vive! (Um brilho de fúria acende nos olhos dela) Eu só não esperava que sua amante seria justamente a vagabunda da Jaqueline, que ainda teve a ousadia de me afrontar outro dia!


JOSÉ CARLOS: (A voz urgente, quase implorando) Gisela... Pensa bem no que você vai fazer! É a nossa família! É o nosso nome! Nossa imagem na frente de todo mundo! Você vai jogar tudo isso no lixo por causa de um... de um chilique?


GISELA: (com um riso amargo) Eu tô pouco me lixando pra isso, José Carlos! Já perdi tempo demais me preocupando com esse tipo de bobagem. Eu quero mais é que a sociedade se foda junto com você!


NELSON: (autoritário, gélido) Gisela, se você seguir em frente com esse divórcio e, pior, com essa ideia ridícula de querer o filho do motorista de volta, eu vou reunir o conselho da Bergmann Privé! E pode ter certeza que eu te tiro da presidência da empresa. Não se esqueça que você pode até ser o rosto da marca, mas eu continuo sendo o dono da maioria das ações!


GISELA: (ela o encara) Faça o que você quiser, papai. Reúna o conselho, que eu vou reunir os meus advogados. Vou dar entrada na papelada do divórcio. Eu não fico mais um dia sequer casada com esse cafajeste.


Gisela dá as costas para todos, sem uma última palavra ou olhar, e sobe as escadas com a cabeça erguida, deixando o silêncio atordoado para trás. José Carlos está em choque, percebendo que nada a fará mudar de ideia. Nelson, por sua vez, disfarça o próprio choque com sua frieza de sempre, mas o tremor nas mãos dele entrega a surpresa.


GIOCONDA: Meu Deus, a Gisela enlouqueceu de vez. Abrir mão da empresa por causa do filho do motorista…


MARCOS: (fala baixo) Vê-se bem a quem o Otávio puxou. 


JOSÉ CARLOS: E agora, Nelson? 


NELSON: Ela fez a escolha dela. Amanhã mesmo vamos nos reunir e destituí-la do cargo. 


CENA 02: MANSÃO VON BERGMANN - QUARTO DE GISELA - MANHÃ


Gisela está no quarto, falando ao celular com seu advogado, Paiva.


GISELA: Não, Paiva, eu não caí e bati a cabeça na calçada, eu sei muito bem o que eu tô fazendo. Eu quero mais é que a empresa se dane! Eu duvido meu pai conseguir eleger um presidente com a minha força. Sem mim, aquilo vai à falência. Prepare os papéis do divórcio que eu já esperei tempo demais.


Ela desliga, com um ar de decisão inabalável. Nisso, Gioconda entra no quarto, acompanhada de Marcos e Sabrine.


GIOCONDA: (Com a voz carregada de preocupação) Gisela, você vai mesmo seguir com essa loucura?


GISELA: (Com um sorriso irônico) Ué, claro que vou. Assim que eu me separar, eu vou correr atrás do Felipe. Aquele homem é meu!


GIOCONDA: (Chocada) Felipe tá casado, criatura!


GISELA: José Carlos era casado comigo e isso não impediu ele de comer a Jaqueline. E eu duvido que o Felipe vá querer continuar casado depois que ficar frente a frente comigo. Aposto como ele nunca me esqueceu.


Gioconda olha para Gisela, balançando a cabeça negativamente, descrente.


MARCOS: (Com um tom de acusação) Pra tá falando assim é porque sabe do paradeiro dele.


GISELA: (Com um brilho de triunfo nos olhos) Eu investiguei por conta própria. O Felipe é pai do Afonso Passarelli.


MARCOS: (Chocado, a voz quase inaudível) Quê?


GISELA: (Sorri, um riso frio) A melhor coisa que aconteceu foi aquela batida de carro. Com o Otávio apaixonado por ele, as chances de eu me aproximar do Felipe são gigantes.


MARCOS: (Cético) Você vai mesmo apoiar aqueles dois?


GISELA: (Com um desafio no olhar) Vou! Algum problema com isso?


SABRINE: (Indignada) Você não pode tá falando sério, tia. O Afonso é o ex do Volney!


GISELA: (Perde a paciência, explodindo) E eu com isso?! Ai, quer saber? Sai todo mundo daqui! Sai! Sai! Não quero ver mais ninguém na minha frente, sai, sai todo mundo! A vida é minha, o problema é meu, vão cuidar da vida de vocês! Vai!


Ela gesticula, praticamente empurrando-os para fora do quarto. Assim que a porta se fecha, Gisela fica sozinha, seu semblante muda. Ela está pensativa, um sorriso sutil brincando em seus lábios.


GISELA: (Para si mesma, com uma voz carregada de satisfação) Demorou, mas a felicidade finalmente voltou a bater na minha porta.


CLOSE no olhar maligno dela.


CENA 03: PEDRA DO FORTE - PRAIA - MANHÃ


Na areia, Afonso e Otávio estão deitados, adormecidos. Afonso repousa a cabeça no peito de Otávio, em um abraço relaxado.


Otávio acorda devagar, percebendo Afonso ali, aninhado. Um sorriso gentil surge em seu rosto enquanto ele começa a acariciar os cabelos de Afonso, num gesto carinhoso para acordá-lo. Afonso resmunga, apegado ao sono, e o abraça ainda mais forte.


OTÁVIO: (Voz baixa e suave) Hora de acordar.


AFONSO: (Com a voz arrastada de sono) Não quero.


OTÁVIO: Melhor dormir na cama do que na areia, né?


Afonso abre os olhos de repente, como se a última frase o tivesse despertado por completo. Ele levanta a cabeça, olhando ao redor, desorientado.


AFONSO: (Surpreso) Peraí, a gente dormiu aqui?


Otávio ri, achando graça da reação dele.


OTÁVIO: Pois é. Deu pena de te acordar. Você tava tão bonitinho dormindo. 


Afonso coça os olhos, ainda se acostumando com a luz e a realidade. Otávio se levanta, batendo a areia das roupas.


OTÁVIO: (Estende a mão para Afonso) Vem. Te deixo em casa.


Afonso pega a mão de Otávio, que o ajuda a levantar, e os dois compartilham um olhar cúmplice antes de começar a caminhar.


CENA 04: CARRO DE OTÁVIO - MANHÃ


O carro de Otávio para suavemente em frente à imponente casa de Afonso. O silêncio dentro do veículo é preenchido pela tensão e expectativa.


OTÁVIO: (Com um leve sorriso) Tá entregue.


Os dois se olham, o flerte silencioso preenchendo o espaço.


AFONSO: (a voz convidativa, um brilho nos olhos) Você não quer entrar e tomar um café? A Neide faz um bolo delicioso. Vai ser bom pra você começar bem o dia. Vem.


OTÁVIO: (hesita, um pouco sem jeito) Melhor não. Não ia me sentir à vontade.


AFONSO: (curioso) Mas por quê?


OTÁVIO: Tô com a roupa toda suja de areia.


Afonso ri, descontraído, sem se importar com a desculpa.


AFONSO: (sorri) E daí? Eu também tô! E se isso é um problema, a gente pode tomar um banho antes, se você quiser.


Otávio o fita intensamente.


OTÁVIO: Esse banho seria como? Um de cada vez... ou os dois juntos?


Afonso sustenta o olhar de Otávio.


AFONSO: (a voz baixa, carregada de significado) Do jeito que você quiser.


CENA 05: MANSÃO PASSARELLI - QUARTO DE AFONSO - BANHEIRO - MANHÃ


O vapor suave do chuveiro preenche o banheiro de Afonso, criando uma névoa delicada. A luz da manhã, filtrada pela janela, ilumina os contornos de Afonso e Otávio, que estão próximos, sentindo a água morna escorrer por seus corpos.


CLOSE neles.


Um beijo lento e profundo sela o momento, um carinho que mistura a suavidade da água com a quietude daquele amanhecer. Mãos encontram cinturas, desenham curvas, sem pressa, apenas explorando a proximidade. Os lábios se movem com ternura, um suspiro leve escapa, e o som abafado do chuveiro se mistura ao ritmo sereno de suas respirações. É um beijo de entrega, onde o mundo externo se dissolve, deixando apenas a sensação de calor e a paixão que os consome.


CENA 06: MANSÃO PASSARELLI - SALA DE JANTAR - MANHÃ


Felipe, Nadine e Celina estão à mesa de jantar, tomando café. Neide serve a todos com a discrição habitual.


NADINE: (para Neide, sem desviar o olhar do prato) O Afonso já chegou?


NEIDE: (com a voz calma) Chegou agora pouco com aquele rapaz que esteve aqui ontem à noite, dona Nadine. Seu Afonso falou que eles iriam tomar banho e depois viriam descer pra tomar café.


Nadine arregala os olhos, o garfo parando no ar.


NADINE: (em choque) Estão tomando banho? Juntos?


NEIDE: Isso eu não sei te dizer, dona Nadine, só se eu for lá olhar.


Nadine, irritada, gesticula para a empregada.


NADINE: Neide, vai pra cozinha, vai! Vai!


NEIDE: Com licença. (Ela se retira, com um leve sorriso nos lábios.)


CELINA: (sorri, orgulhosa) Rápido esse meu neto, né? Puxou a mim.


FELIPE: Claro que puxou. Véia safada. Não pode ver macho.


CELINA: Eu não tô morta. 


NADINE: (suspira, exasperada) Um absurdo o que o Afonso tá fazendo. Se metendo com aquela gente.


CELINA: (balança a cabeça, impaciente) Ai, Nadine, deixa de ser chata. Aquele rapaz é tão simpático. E foi você mesma quem falou pro seu filho seguir em frente. Agora tá aí reclamando. Eu hein, nunca sabe o que quer.


NADINE: (Volta-se para Felipe, buscando apoio) E você, Felipe? Não vai falar nada? O Afonso tá com o filho da Gisela lá em cima!


FELIPE: (com um encolher de ombros, resignado) E o que você quer que eu faça? Que eu tire os dois debaixo do chuveiro à força?


Nesse momento, Afonso aparece na sala de jantar, acompanhado de Otávio. Os dois parecem relaxados, com uma aura de intimidade recém-adquirida.


AFONSO: (com um sorriso largo para a família) Bom dia, gente. Mamãe e vovó já conhecem o Otávio.


OTÁVIO: (Um pouco sem jeito, educado) Como vão?


AFONSO: (Apresentando Otávio a Felipe) Esse é Felipe, meu pai.


FELIPE: (Levanta-se, estendendo a mão para Otávio) Tudo bem, rapaz?


Ele cumprimenta Otávio com um aperto de mão.


OTÁVIO: (Sorri) Muito prazer.


FELIPE: (Analisando Otávio de cima a baixo, a expressão séria) Você é bem parecido com o seu pai, sabia?


OTÁVIO: (Surpreso com a observação) Você conhece meu pai?


NADINE: (Sem rodeios, a voz cortante e cheia de ressentimento) Claro que conhece! O seu pai roubou a sua mãe dele!


Afonso repreende a mãe com um olhar e um tom de voz baixos.


AFONSO: Mãe!


NADINE: (Ignorando Afonso, direto para Otávio) Olha, vamos deixar as coisas claras aqui? Sua mãe era namorada do meu marido antes dela se casar com seu pai.


Otávio pisca, assimilando a informação.


OTÁVIO: (A voz baixa, quase chocada, olhando para Felipe) Peraí. Você é o filho do motorista?


NADINE: (Agora chocada com a reação dele) Como assim, você sabe dessa história?


OTÁVIO: Claro, foi minha tia que me contou.


FELIPE: (Intervém, tentando apaziguar a situação) Nadine, agora não é a hora.


CELINA: (Com a voz firme, apontando para a cadeira) Pois é, SENTA AÍ.


NADINE: Mas...


CELINA: (Irredutível) Senta! 


Nadine se senta à mesa, visivelmente contrariada.


OTÁVIO: (Olha para todos, sem jeito) Olha, gente, não quero causar confusão nenhuma. Na verdade, só vim porque o Afonso insistiu muito. (Para Afonso) É melhor eu ir embora.


AFONSO: (Imediatamente, com firmeza) Nem pensar! Se você for, eu vou junto!


CELINA: (Com um sorriso simpático, gesticulando para a mesa) Senta, querido. Come um pedaço de bolo.


Com um aceno, Felipe o conduz à mesa. Otávio se senta, meio relutante, com Afonso sentando bem ao lado dele.


NADINE: (Suspira, a voz carregada de preocupação) Olha, Otávio, me desculpe o destempero. É que a história do Felipe com a sua mãe ainda mexe muito com a gente aqui. Eu só tô preocupada com o meu filho, e esse envolvimento de vocês me deixa apreensiva... Sua família não tem a melhor das reputações, e eu tenho motivos pra estar preocupada.


OTÁVIO: (Com uma postura firme, olhando Nadine nos olhos) Eu entendo a sua preocupação. Mas, por favor, não me julgue pela minha família, nem pelo passado da minha mãe. Eu não quero misturar as coisas. E eu gosto do Afonso de verdade, desde que a gente se conheceu. Não tenho intenção nenhuma de machucá-lo.


Afonso sorri para Otávio, orgulhoso.


AFONSO: (Para Nadine) Mãe, dá uma chance, vai.


OTÁVIO: (Com um aceno confiante para Nadine, sua voz firme) Se o problema é a Gisela, não se preocupe. A minha mãe e eu temos os nossos acertos de contas, e eu cuido dela.


CENA 07: MANSÃO VON BERGMANN - ESCRITÓRIO - MANHÃ


José Carlos anda de um lado para o outro, visivelmente nervoso. Nelson o observa com a calma calculista de sempre.


JOSÉ CARLOS: (com a voz tensa, quase um lamento) Eu nunca imaginei que a Gisela reagiria daquele jeito. Nunca! Abrir mão da empresa... por causa do filho do motorista? Ela dava a vida pela Bergmann Privé!


NELSON: (com um tom seco, sem surpresa) Uma coisa é certa: ela já sabia que você tinha suas putinhas por fora. Aliás, no fundo, todo mundo aqui sempre soube. Nem vou me meter no meio disso, porque pra mim isso nunca foi novidade.


José Carlos suspira, mergulhado em seus pensamentos.


JOSÉ CARLOS: Quem você pretende colocar no lugar da Gisela?


Nelson se aproxima dele, os olhos fixos nos de José Carlos.


NELSON: (um sorriso quase imperceptível surgindo nos lábios) Você.


José Carlos olha para ele, em choque, sem conseguir acreditar.


JOSÉ CARLOS: (a voz embargada) Você tá brincando?!


NELSON: (o sorriso se alarga, frio e confiante) Eu nunca brinco. Não brinquei quando botei o filho do motorista e a irmã pra fora dessa casa. E não brinquei quando obriguei a Gisela a casar com você. Afinal de contas, assim… a gente poderia ficar… mais próximos.


Ele se aproxima ainda mais de José Carlos, a intimidade no ar.


NELSON: Minha filha, no fundo, sabia das suas traições. Mas teria que ser muito mais inteligente pra saber que você traiu ela esses anos todos... comigo.


Nelson agarra José Carlos pela cintura, e os dois se beijam com uma intensidade surpreendente, um segredo só deles que agora se revela.


CLOSE neles.


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