“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 17
CENA 01: BERGMANN PRIVÉ – SALA DA DIRETORIA – NOITE
José Carlos encara Gisela do outro lado da sala. Ela segura a pasta com as informações de Jaqueline contra o peito.
JOSÉ CARLOS: Gisela… me dá essa pasta.
GISELA: (com desprezo) É impressionante como aquela vadia sabe jogar. Se infiltrou na empresa… Quando ficou sem saída, se enroscou em você. Até que não é tão burra quanto eu pensava.
JOSÉ CARLOS: (perdendo a paciência) Me dá a porra da pasta, Gisela!
GISELA: (avançando lentamente para a porta) Você é um idiota, José Carlos. Tá mesmo acreditando que aquela puta quer alguma coisa com você?
Ele dá um passo brusco na direção dela. Gisela, ágil, saca um revólver da bolsa e aponta para o peito dele. Ele congela.
GISELA: Se encostar em mim, eu atiro.
JOSÉ CARLOS: (trêmulo, mas firme) Você não seria capaz.
GISELA: (sorri) Você já viveu tempo suficiente comigo pra saber que eu sou capaz de qualquer coisa. Eu posso ter aberto mão da presidência… Mas da minha herança? Nunca.
Ela sai correndo da sala. José Carlos hesita um segundo e vai atrás.
CORTA PARA – FACHADA DA BERGMANN PRIVÉ – NOITE
Gisela sai apressada, entra no carro e bate à porta com força. José Carlos vem correndo atrás.
JOSÉ CARLOS: (gritando) Volta aqui, Gisela! VOLTA AQUI!
Ele bate na lataria do carro, desesperado. O motor ronca e o veículo arranca.
CORTA PARA – SALA DA DIRETORIA – INSTANTES DEPOIS
José Carlos volta esbaforido, mãos trêmulas. Pega o celular e liga. Jaqueline atende, aflita.
JAQUELINE: O que foi?
JOSÉ CARLOS: Ela pegou a pasta. Me rendeu com uma arma… Eu não sei pra onde ela vai, Jaque… mas eu sei do que ela é capaz.
JAQUELINE: Meu Deus do céu…
Ela encerra a chamada e disca outro número imediatamente.
CORTA PARA – CASA DE CLÁUDIA – SALA – NOITE
Cláudia atende o telefone, tranquila.
CLÁUDIA: Oi, minha filha.
JAQUELINE: Mãe… pega suas coisas e cai fora daí. Agora!
CLÁUDIA: (assustada) Mas por quê, Jaqueline? O que tá acontecendo?
JAQUELINE: Só faz o que eu tô te pedindo. Vai pra casa do Afonso, mas sai daí agora! Arruma suas coisas e sai!
Cláudia desliga, assustada. O silêncio da casa se torna pesado. Ela leva a mão ao peito.
CENA 02: DELEGACIA – SALA DE INTERROGATÓRIO – NOITE
Sabrine sentada diante do delegado.
SABRINE: O Afonso tentou me manipular, delegado. Quis me usar como marionete pra fazer a sujeira dele. Mas eu não fiz nada.
DELEGADO: A vítima declarou que a senhora estava presente no campeonato.
SABRINE: (encenando inocência) Sim, eu fui... mas não por causa dele! Eu só queria um banho de mar! Nem sabia que tinha campeonato naquele dia! Cheguei, molhei os pés e fui embora. Eu juro. Eu juro pela minha mãe! Eu não seria capaz de fazer mal nem a uma formiga… imagine ao Volney!
CORTA PARA – INSTANTES DEPOIS
Pitanga o dono do quiosque, sua frio diante do delegado. O escrivão digita tudo.
PITANGA: Seu delegado… quem me pagou pra colocar o sonífero na bebida não foi a dona Sabrine, não. Foi o tal do Afonso Passarelli.
Ele coça a nuca, desconfortável.
PITANGA: Era muito dinheiro… fiquei tentado. Mas me arrependo. Nunca me meti com coisa errada… foi burrice minha. Agora tô no meio dessa sujeirada…
O delegado o encara, sério. O escrivão continua digitando sem levantar os olhos.
CORTA PARA – SALA DE ESPERA DA DELEGACIA – MOMENTOS DEPOIS
Todos os envolvidos aguardam com tensão no ar: Afonso, Raí, Nadine, Felipe, Celina, Gioconda, Sabrine, Estela, Volney e os respectivos advogados. A porta da sala se abre e Pitanga sai.
RAÍ: E aí?
DELEGADO: Segundo depoimento da testemunha ocular… o único responsável pelo ocorrido é o Sr. Afonso Passarelli. Foi ele quem pagou ao Sr. Pitanga para dopar Volney.
AFONSO: (explodindo) ISSO É MENTIRA! Essa vagabunda da Sabrine que pagou pra ele mentir! Tá tentando se safar às minhas custas!
Ele avança sobre Sabrine e dá um tapa violento em seu rosto. O ambiente explode em gritos e empurra-empurra.
SABRINE: SEU ANIMAL! MEUS ADVOGADOS VÃO TE FAZER PAGAR POR ISSO!
DELEGADO: (gritando) Policiais! Prendam ele! AGORA!
Policiais entram e algemam Afonso, que ainda tenta se soltar.
VOLNEY:Delegado, a Sabrine tava lá! Ela e o Afonso se encontraram no shopping! Ela também tem culpa!
SABRINE: (cínica) Coincidência, Volney. Eu tava na praia, você me viu por acaso. Mas eu nunca encostei um dedo em você.
VOLNEY: (gritando) FALA A VERDADE, SUA PUTA MENTIROSA!
ESTELA: (avançando nela) Dá licença, meu filho… porque agora quem vai enfiar a mão na cara dela sou eu!
Ela dá um tapa estalado no rosto de Sabrine, que cambaleia.
SABRINE: Se me encostar de novo, eu te processo, sua vaca desequilibrada!
Estela revida com mais um tapa, ainda mais forte.
VOLNEY: CHEGA, MÃE! JÁ CHEGA!
GIOCONDA: (puxando Sabrine pelo braço) Vamos embora, minha filha. Isso aqui virou um circo.
As duas saem. Nadine e Felipe se aproximam do delegado.
NADINE: Por favor, a gente quer ver nosso filho.
DELEGADO: (mais calmo) Me acompanhem.
Eles seguem. Celina se vira para Volney, com o olhar carregado de mágoa.
CELINA: Você devia se envergonhar, Volney. Entregar o Afonso desse jeito…
VOLNEY: (com a voz trêmula, mas firme) Ele tentou me matar, dona Celina.
CORTA PARA – ESTACIONAMENTO DA DELEGACIA – NOITE
Sabrine e Gioconda caminham até o carro. Pitanga os espera de braços cruzados.
Sabrine: (mostra o celular) Pix feito. Amanhã você recebe a outra metade. Mas ó… bico calado, ouviu?
PITANGA: (com desgosto) Fica longe de mim, mulher. Nunca mais quero ver tua cara.
Ele se afasta, enojado. Sabrine cruza os braços, impassível. Gioconda observa calada, com um meio sorriso. Mãe e filha entram no carro.
CENA 03: MANSÃO VON BERGMANN – QUARTO DE MARCOS – NOITE
Marcos está sentado na beira da cama, com a camisa aberta e um corte no lábio. Caetano delicado mas atento, passa um algodão embebido em antisséptico. Marcos solta um leve gemido de dor.
CAETANO: Não consigo entender… como é que isso foi acontecer?
MARCOS: (amargo) Otávio me deu um soco porque eu contei a verdade. Porque eu tive a ousadia de dizer que o namoradinho dele é um criminoso.
CAETANO: Você cutucou onça com vara curta, né? Você sabe que o Afonso é o ponto fraco do Otávio.
Marcos engole seco. A raiva brilha nos olhos.
MARCOS: E é exatamente por isso que ele vai pagar. Porque é através do Afonso que eu vou destruir o Otávio.
Ele se levanta, encara o próprio reflexo no espelho, toca o rosto machucado com desprezo.
MARCOS: (venenoso) Ele acha que esse soco vai ficar por isso mesmo? Tá enganado. O Afonso vai pagar por cada hematoma que eu tiver no rosto. E o Otávio… O Otávio vai se arrepender pelo resto da vida por ter colocado as mãos em mim.
Caetano observa em silêncio. Marcos sorri de canto, sombrio. O plano já começa a fermentar dentro dele.
CENA 04: DELEGACIA – RECEPÇÃO – NOITE
Porta se abre com força. Otávio entra, tenso, olhos varrendo o ambiente. Celina se levanta de um banco ao vê-lo.
CELINA: Otávio!
OTÁVIO: (aliviado) Dona Celina… Que bom ver a senhora aqui.
Eles se cumprimentam com carinho. Otávio já olha em direção ao corredor.
OTÁVIO: Tem alguma notícia do Afonso?
CELINA: Ele tá lá dentro. Com a Nadine e o Felipe. Coitado… tá arrasado com toda essa situação.
OTÁVIO: (decidido) Eu preciso falar com ele, dona Celina, eu preciso ver ele. Agora.
Antes que Celina possa responder, uma voz se intromete. Volney se aproxima com as mãos no bolso, olhar carregado de ironia.
VOLNEY: Você é o Otávio, né?
OTÁVIO: (virando-se com calma) Eu mesmo. E você?
CELINA: (tensa) Esse é o Volney.
Os dois se encaram. Otávio estende a mão, com frieza elegante. Volney aperta, mas sem esconder a antipatia.
OTÁVIO: Muito prazer…
VOLNEY: Prazer… não é bem a palavra. Você tá com o Afonso agora, né?
OTÁVIO: Tô. Por quê?
VOLNEY: Só espero que saiba o buraco onde tá se enfiando.
OTÁVIO: (sarcástico, com meio sorriso) Eu não sei. A gente não chegou a ir pra cama… Ainda.
Volney cerra os olhos, irritado. Estela se aproxima, puxando o braço dele.
ESTELA: Vamos embora, meu filho!
Volney vai saindo, mas sem tirar os olhos de Otávio. Troca de olhares intensa. Celina toca o braço de Otávio.
CELINA: Não cai na pilha, Otávio.
OTÁVIO: (olhando para a porta do corredor) Fica tranquila, sou um von Bergmann, dona Celina. Sei bem como lidar com veneno de cobra.
CENA 05: CASA DE CLÁUDIA – SALA – NOITE
A porta está entreaberta. Jaqueline entra, desconfiada. A casa está às escuras, silenciosa demais.
JAQUELINE: (sussurrando) Mãe...? Tá aí?
Ela fecha a porta devagar. O ambiente é estranho. Há algo no ar. Ela avança alguns passos na penumbra, olhando em volta.
GISELA: (surgindo da cozinha, com uma arma em punho) Olá, putinha.
Jaqueline leva um susto e congela no lugar. Gisela dá alguns passos à frente com a arma firme, apontada.
JAQUELINE: Gisela...
GISELA (com frieza cruel) Imaginei que você viria aqui. Vou acabar com o que você começou. Você achou mesmo que ia sair ilesa? Que podia brincar de vendedorazinha infiltrada, subir na vida dando pra homem casado, acabar com meu casamento… e sair viva?
Jaqueline não responde. Tenta controlar o medo, mas está visivelmente trêmula. Gisela ergue mais a arma, agora mirando direto no peito de Jaqueline. A tensão explode no ar.
GISELA: Chega de joguinhos. Chega de tramas. Finalmente, teremos nosso acerto de contas. (Aponta a arma para ela) E vai ser o último! Vou te mandar pro inferno. Sua bastardinha de merda!
Ela tira a trava da arma. Jaqueline dá um passo para trás, ofegante, encostando-se à parede. Gisela avança com frieza.
CLOSE EM JAQUELINE – OLHAR APAVORADO. CLOSE NA ARMA – DEDO APERTANDO O GATILHO.
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