26/06/2025

Entre a Cruz e a Espada - Capítulo 3 (26/06/2025)

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - CAPÍTULO 3



CENA 01 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./TARDE):


OTÁVIO: Joyce?

JOYCE: Já chegou, Otávio? 

OTÁVIO: É já, estranhei você não ter ido comigo para o aeroporto, afinal vamos ficar um bom tempo sem ver nossos dois filhos.

JOYCE: Você sabe que eu detesto despedidas. Acho um melodrama desnecessário.

OTÁVIO: Ah Joyce, vai entender o que se passa nessa sua cabeça.

JOYCE (sentada no sofá enquanto toma uma taça de gin): Sinto que muitas novidades estão por vim.

O tempo passa: cortes rápidos de reportagens, imagens com diferentes lugares do Brasil e assim, avançamos 20 anos no tempo. 

CENA 02 - (RIO DE JANEIRO/EXT./TARDE):

SONOPLASTIA: "THE PEOPLE'S HOUSE" — BON JOVI


Numa cartela lemos: Rio de Janeiro, 2025. A câmera sobrevoa a cidade, o sol reluz sobre os prédios da Zona Sul, o transito flui lentamente pela orla de Copacabana e um movimento agitado de pessoas, carros mais modernos e pessoas indo e voltando, a maioria delas ocupadas no celular, representando o cotidiano de 2025. Direcionado para o Tower Shopping, que só cresceu com o passar dos anos e no comando de Otávio. Simone, filha dos Venturini, comanda uma loja de moda: "Maison Venturini", sendo um dos maiores orgulhos de sua mãe, Joyce. Ela tem um relacionamento amoroso com André, os dois são um casal apaixonado e cheio de sonhos. Em mais um dia comum, André vai até a loja de Simone no fim do expediente, agarrando ela por trás:

SIMONE (rindo surpresa): Ai, mais que susto, André.

ANDRÉ: Não gostou da surpresa? 

SIMONE: Claro que eu gostei. Só disfarça mais da próxima vez.

ANDRÉ: Hmmmm, você sabe que eu vou ser bem menos discreto da próxima vez, né?

SIMONE (rindo): Seu bobo.

SIMONE: Tá, mas me conta, saiu a lista dos aprovados? 

ANDRÉ: É... Saiu.

SIMONE: E então? 

ANDRÉ: Eu não passei, fiquei entre os 40, e só aprovava a partir dos 30. E sendo sincero, eu nem tô mais me importando com isso. 

SIMONE: Mas meu amor, esse não era o seu sonho, passar no concurso de engenharia mecânica? 

ANDRÉ: Era Simone, só que isso não enche barriga. Eu tenho que focar no meu trabalho. 

SIMONE: Olha, eu nem vou me meter nisso, você toda vez muda de ideia.

ANDRÉ: Não, mas agora é sério. Eu vou focar mais no meu trabalho, evoluir lá na empresa, quem sabe eu não cresça no ramo de importação e revenda de carros. 

SIMONE: Você que sabe, eu super apoio esse ramo, acho algo bem rentável e o que você gosta. 


CENA 03 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./NOITE):

O tempo passou, mas a Família Venturini envelheceu como o vinho. Principalmente, se tratando de Joyce, que só ficou mais elegante e importante na sociedade carioca. Nos preparativos pra festa do aniversário de casamento de 40 anos de Otávio e Joyce, a mansão está cheia de funcionários decorando. 

JOYCE (apressada): Não, aqui não, é melhor por aquele vaso em cima daquela mesa.

ASSISTENTE: Dona Joyce! Dona Joyce!

JOYCE: Mas o que é minha querida? Eu não falei pra você ajudar a montar lá o palco? 

ASSISTENTE: Sim, eu sei, mas uma tal de Amanda tá no telefone, dizendo que precisa falar com a senhora. 

Joyce respira fundo.

JOYCE: Mas o que essa criatura quer falar comigo em pleno dia do meu aniversário de casamento? Mas que inferno, detesto gente inconveniente.

JOYCE (atendendo): Alô querida! Como vai? Nossa, nós temos uma conexão de outro mundo, estava pensando em você agora mesmo. 

A Assistente se assusta com a falsidade da mulher. Joyce na mesma hora mexe as mãos, sinalizando pra a assistente voltar a cuidar das organizações. 

JOYCE: A Maria Isabel? Essa nunca me enganou. Aquilo é uma cobra, sempre foi baixa e quis dar o golpe no pobre coitado do Marcelo, mas nem pra isso teve competência. 

JOYCE: E eu não entendo, eu sinceramente não entendo como existe gente idiota que se deixa enganar por um esse tipo de marginal que estão aí, espalhados pelo mundo. Tem que ter muita inteligência pra me enganar, minha querida.

Corta para: 


CENA 04 - (CARRO DE FELIPE/INT./TARDE):

SONOPLASTIA: "ESCORPIÃO" — JÃO

Felipe cresceu, e nunca superou a morte de Adelaide, e com revolta de Jorge, por nunca ter sido presente. Ele se juntou ao mundo do crime, e assim conheceu Giovanna, uma moça ambiciosa, que faz de tudo pra conseguir aquilo que deseja. Os dois se beijam intensamente dentro de um carro que roubaram.

GIOVANNA: Seu louco, dessa vez a gente se arriscou muito. 

FELIPE: Tudo é melhor quando há mais risco, essa é a graça. 

GIOVANNA: Até que valeu a pena, que carro lindo esse. 

FELIPE (sarcástico): É ninguem mandou aquela velha ficar pastando com esse carro por aí. 

GIOVANNA (gargalhando): A cara dela foi a melhor! 

FELIPE: Do jeito que era lerda, é capaz de nem tá no seguro. 

GIOVANNA: Mas, e agora? 

FELIPE: Agora vamo naquela lanchonete que eu tô morrendo de fome. 


ABERTURA


CENA 05 - (RIO DE JANEIRO/EXT./NOITE):

SONOPLASTIA: "RESPOSTAS AO TEMPO" - NANA CAYMMI (apenas o instrumental)


A música da abertura mescla com as cenas aéreas, sobrevoando lentamente a cidade naquela noite tropical de sexta-feira, nuvens finas e quase inexistentes, prédios luxuosos, uma modernidade clássica, avenidas lotadas de carros indo e voltando, o movimento do fim de comércio, até que finalmente põe em foco no saudoso "Hotel Carioca Palace", e numa transição externa pra interna. Saindo de um elevador, e andando em um imenso piso de mármore travertino, sobre inúmeros lustres que iluminam o aquele espaço que parece infinito de tão grande. Sobre esse piso escutamos barulhos de malas e passos apressados, e assim mostrando pela primeira vez, Isabelle Venturini, de 50 e poucos anos, uma mulher de classe e bem vivida, com um vestido preto e um colar discreto. Em direção a porta de vidro do hotel, e chama um taxi, que rapidamente a atende, ela pede pro motorista por as bagagens dela na mala do carro, e em seguida, eles entram no carro, na mesma hora o celular dela toca:

ISABELLE (atendendo): Alô? 

Sobre o outro lado da ligação, é a sua amiga íntima, Lídia, direto de Paris:

LÍDIA: Isabelle?

ISABELLE (em um tom simpático): Lídia, meu bem, nem esperava que fosse ligar por agora.

LÍDIA: Eu liguei pra saber se a viagem ocorreu bem, minha amiga. 

ISABELLE: Sim, sim. Eu já estou a caminho da casa da Joyce, vou tentar salvar a pátria.

LÍDIA (um pouco surpresa): Mas já? De qualquer forma, ótimo. Ah, e desculpa não ter ligado antes, é que essa coisa de fuso horário me deixa todo confuso. 

ISABELLE: Não, eu também mal tive tempo, cheguei no aeroporto atrasada, e ainda no hotel tive problemas com a reserva, foi o maior horror. 

ISABELLE: Mas o importante é que eu já resolvi tudo, agora, meu problema é outro.

LÍDIA: Você avisou pra sua irmã que está a caminho da casa dela? 

ISABELLE: Ha! Óbvio não que não. Você não conhece a Joyce, se eu falasse alguma coisa, ela ia inventar uma desculpa pra não me receber, como fez das outras vezes, já sei como é. então é a melhor assim.

ISABELLE (debochada e sorrindo): E você sabe o quanto eu gosto de fazer umas... surpresinhas de vez em quando. 

LÍDIA: Você que sabe. Então... Liguei só pra saber se tudo ocorreu bem. Eu vou me recolher porque já é tarde por aqui. Estou morta de sono.

ISABELLE: Tá bom, Lídia. Um beijo minha querida. 

Isabelle desliga o telefone e o põe na bolsa, e segue a viagem. 


CENA 06 - (MANSÃO DOS VENTURINI/EXT./NOITE):

A decoração da mansão está perfeita, arranjos florais de orquídeas brancas sobre as inúmeras mesas que ocupam o quintal da casa. Uma orquestra ao vivo, posicionada ao fundo, toca clássicos do jazz internacional. Os convidados da alta sociedade carioca com trajes de gala, smokings bem ajustados, vestidos de grife e joias reluzentes. Otávio sempre muito sorridente, caminha e cumprimenta os convidados da festa. Joyce impecável com um vestido azul cintilante, posa pra fotos, com um sorriso elegante, vivendo daquilo que mais gosta, fama e luxo. Após isso, os dois sobem ao palco sobre aplausos.

JOYCE (com um microfone na mão): Boa noite meus queridos, é uma honra recebê-los em minha casa pra celebrar o nosso aniversário de 40 anos casamento.

Enquanto Joyce vai falando, vemos algumas pessoas conversando e falando baixo, entre eles, Simone e André.

SIMONE: As vezes esse luxo todo me envergonha. 

ANDRÉ: Oh amor, queria eu viver essa vida, imagina nós dois daqui uns 40 anos fazendo um festão desses?

SIMONE (brincando): Eu com certeza não vou conseguir chegar perto de fazer uma festa tão luxuosa como essa. 

Buzinas de carro, interrompem a apresentação, os convidados olham entre si, se perguntando da onde vem esse barulho. Até que ouvimos Isabelle, entrando pelos portões e reclamando. 

ISABELLE: Mas que absurdo, além de não ter ninguém pra me receber nesta casa, o porteiro ainda barra minha entrada. 

As expressões de Joyce muda completamente. 

OTÁVIO: Aquela é a sua irmã?

JOYCE (falando baixo): Otávio por favor me diz que isso não está acontecendo.

OTÁVIO: Espera aí eu vou resolver.

Otávio vai até Isabelle, pra recebê-la. 

ISABELLE (abraçando o cunhado): Otávio, querido! Quanto tempo! 

OTÁVIO: Pois é, você por aqui, assim, sem avisar nada. 

ISABELLE: Ah, nem te conto. E a Joyce, onde está?

Joyce caminha em direção a sua irmã, todos em volta observam. O seu olhar expressa todo ódio da situação.


ISABELLE (com um sorriso sínico): Irmã, quanto tempo, não é mesmo?

CONGELAMENTO EM JOYCE.

A novela encerra seu terceiro capítulo ao som de um instrumental tenso.

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