19/06/2025

Let's Dance! - Capítulo 09

 

 LET'S DANCE! - CAPÍTULO 09

criada e escrita por Sinceridade


Este capítulo é uma espécie de “flashback inédito” 
 para melhor compreensão da história e revelação do verdadeiro vilão (a).

RIO DE JANEIRO, 1953

CENA 01: PRAIA/DIA

Ao som de “Koop Island Blues - Koop, Ane Brun”, sobrevoamos lentamente a orla de Copacabana em um dia ensolarado. A câmera se aproxima lentamente, revelando duas mulheres caminhando tranquilamente sobre a areia. São Leila e Dulce, sua irmã mais nova, que está grávida.

DULCE: Ai minha irmã, nem dá pra acreditar que saímos de Ribeirão Preto. Por mais que eu sinta saudades de lá, aqui é bem melhor.

LEILA: Sente saudades? Pois eu pulei de alegria quando sai daquela roça. Não penso em colocar meus pés naquela cidade tão cedo.

DULCE: Que exagero, minha irmã. Mamãe deve tá morrendo de saudades da gente, da Nina… Mas às vezes me arrependo de ter vindo pro Rio, sabe? Só foi a gente se mudar pra cá, que aconteceu tudo aquilo com o Élcio.

LEILA: Fica calma, Dulce. Tenho fé que jajá ele vai estar em liberdade.

DULCE: Enquanto não cumprir a pena, ele não vai sair. Olha, se eu tivesse grana ou influência, eu provaria a inocência do meu marido e colocava quem fez tudo isso com ele atrás das grades. Meu marido nunca faria essas coisas que estão acusando ele.

LEILA: Bom, eu também acho que não. Mas roubo de carga é um assunto muito sério, Dulce. 

DULCE: E pensar que Élcio vai perder metade da infância de nossa filha… isso me dá um aperto no peito.

LEILA: Filha? Como sabe que é uma menina?

DULCE: Eu sinto. Algo me diz que é uma menina linda! (sorri, enquanto acaricia sua barriga, que já está enorme) Isabel… esse vai ser o nome dela. Em homenagem à nossa bisavó.

Leila fica em silêncio.  No fundo, sente inveja da irmã.

DULCE (percebe que a expressão de Leila mudou): O que foi, Leila? Não gostou do nome?

LEILA: Não… não é isso. O nome é realmente lindo. É que, você sabe… eu não posso engravidar... (T) Olha só você, ainda nem tem 30 anos e já está esperando seu segundo filho. E eu, com quase 40, não tenho nenhum. E nem vou ter, provavelmente.

DULCE: Sabe o que eu acho? Que tudo isso aí é lorota de médico. Um dia, Deus vai abençoar e você vai ter sim o seu filho, Leila. 

LEILA: Que Deus te ouça! 

DULCE: E aquele seu caso, hein? O tal ricaço Tércio Figueira. Não estão mais juntos?

LEILA: Já tem quase um ano que nos encontramos… E eu também não corro mais atrás. 

DULCE: Vocês ainda vão ficar juntos, minha irmã. Eu sinto que esse homem te ama, só não tá na hora de vocês se entenderem ainda. (T) Bom, a Nina já deve estar saindo do colégio. Não acha melhor irmos buscá-la?

LEILA: Claro. 

DULCE: Ela não vê a hora de conhecer o bebê que tá pra chegar. Está radiante!

LEILA: Eu imagino. 

A câmera se afasta lentamente enquanto elas continuam a conversar, caminhando. 

UM MÊS DEPOIS…
A bolsa de Dulce estoura e Leila a leva imediatamente para o hospital, onde ela dá a luz a uma menina, como já havia sentido anteriormente. 

CENA 02: HOSPITAL/QUARTO SIMPLES/NOITE 

Dulce está deitada, abatida e com a pele pálida. Ao lado da cama, está o berço da recém-nascida. Leila está sentada numa cadeira, de mãos dadas com a irmã, que respira com dificuldade. 

DULCE (fraca): Ela é linda, não é? Minha Isabel…

LEILA (forçando um sorriso): Claro que é! E ela se parece muito com você.

Dulce tenta sorrir, mas sente uma pontada forte e fecha os olhos de dor. Leila se assusta.

LEILA: Você tá bem, Dulce? Quer que eu chame a enfermeira?

DULCE: É só uma tontura… Vem desde quando cheguei neste quarto. Deve ser normal.

LEILA (coloca a mão sobre a testa de Dulce): Você tá ardendo em febre! Eu vou falar com o médico agora!

CENA 03: HOSPITAL/CORREDOR/NOITE

Um médico conversa com Leila em voz baixa. Ao fundo, uma enfermeira entra apressada no quarto com uma bandeja de medicamentos.

LEILA: Afinal, o que de fato minha irmã tem, doutor? A febre dela está altíssima e ela está fraca demais.

MÉDICO: A paciente desenvolveu uma infecção pós-parto. Provavelmente começou com uma infecção no útero, o corpo dela reagiu mal e a bactéria se espalhou pela corrente sanguínea.

LEILA: Mas isso tem cura, não tem?

MÉDICO: Sim, estamos entrando com um antibiótico e outros recursos mais eficazes. Porém, o quadro não para de evoluir. A febre persistente, a pressão baixando… ela está entrando em falência de órgãos. 

LEILA: E a bebê, ela corre risco também?

MÉDICO: Não. Por um milagre, a bebê está saudável. 

LEILA (levanta as mãos para o céu): Graças a Deus! 

MÉDICO: A paciente só tem você de parente aqui no Rio? 

LEILA: Sim. Nós viemos de outro estado, nossa família mora lá. 

MÉDICO: Bom, já que só tem você… eu já vou ser franco para não te causar falsas esperanças. (respira fundo) A sua irmã corre um sério risco de vida.

LEILA (em choque): O quê?

NOITE
Após dizer a Nina que Dulce não está bem de saúde, Leila decide mandar a sobrinha de volta para Ribeirão Preto, contra a vontade da adolescente. 
No dia seguinte, a vilã coloca a sobrinha sozinha em um trem com destino à cidade do interior de São Paulo. Nina embarca chorando muito. Leila, por sua vez, leva a bebê para casa e, aos poucos, começa a criar um certo afeto por ela. Quase em silêncio, faz uma promessa diante do berço:
LEILA: Eu nunca vou te abandonar... Isabel. Ninguém vai tirar você de mim!
Mais tarde, Leila retorna ao hospital para buscar notícias da irmã. O médico a recebe com pesar e informa que Dulce tem apenas algumas horas de vida. Ao ouvir isso, Leila decide agir.

CENA 04: PRESÍDIO/DIA

A câmera se aproxima do pátio, onde vários detentos tomam sol. Em meio a um grupo de três homens, está Élcio, marido de Dulce e pai de Isabel, que está preso após ser acusado por um roubo de carga. No próximo take, Leila, ao visitar o cunhado, já contou a situação de Dulce para ele.

ÉLCIO (desesperado): Eu não posso perder a minha mulher. Você só pode tá de brincadeira com a minha cara!

LEILA: Infelizmente, é verdade. (ela mente) A bebê também não resistiu… 

ÉLCIO: Não? Meu Deus! O que que tá acontecendo? Que maldição é essa que jogaram contra a nossa família?

LEILA: O médico disse que Dulce só tem mais algumas horas… eu tô devastada.

ÉLCIO: E agora? E quando eu cumprir a minha pena e sair daqui? O que vai ser de mim sem minha mulher? E a Nina? A minha filha tá bem?

LEILA (omite que colocou a menina sozinha num trem): Mamãe veio buscá-la. Lá vai ser melhor para ela, Élcio. Assim que você sair daqui, vocês vão se reencontrar. Vai dar tudo certo, meu cunhado. Bom, estou indo. Volto aqui na próxima semana pra ver como você está.

Leila se levanta e vai em direção ao portão de saída, onde um dos detentos a observa e solta uma provocação maliciosa. Leila imediatamente se vira para ele, sensualizando.

LEILA: Gostou, é? Pena que não pode provar…

DETENTO: A senhora é difícil, hein, dona?

Leila se senta ao lado dele, como se estivesse interessada em algo.

LEILA: Quer mesmo me ter? Então faça um favor pra mim. 

DETENTO: É só falar, sua gostosa.

LEILA (apontando para Élcio, que está de costas): Tá vendo aquele homem ali? Eu quero que você dê um fim nele! 

DETENTO (assustado): Ficou maluca, é? Eu já tô todo encrencado, vou fazer isso pra quê?

LEILA: Meu bem, eu tenho muito, mas muito dinheiro… Faça o serviço que eu dou um jeito de te tirar daqui o mais rápido possível.

Após muita insistência, o detento acaba aceitando a proposta de Leila, que sorri maleficamente.

DIA SEGUINTE 
Leila recebe a notícia que mais queria, a morte da irmã. No presídio, o detento que Leila conversou, simula uma rebelião e acaba atingindo Élcio com um punhal, que não resiste. Dias depois, Leila visita o detento novamente e faz promessas para ele, dizendo que vai tirar ele de lá o mais rápido possível, mas isso não é verdade. 
Em casa, ela manda uma carta para sua família: “Minha querida mãe, é com muito pesar que venho comunicar a triste notícia que ninguém queria receber. Dulce e Élcio faleceram. Minha querida irmã, ao dar à luz a uma linda menina, acabou falecendo no parto, após ter uma infecção generalizada. Já Élcio, acabou pegando uma pneumonia no presídio e não resistiu. A bebê está comigo, e eu irei criar ela aqui, no Rio, mas jamais irei substituir a verdadeira mãe dela, Dulce, minha irmã. A pequena se chama Isabel, em homenagem à minha bisavó. Vou dar muito amor e carinho para ela, mas como tia. Espero sua visita aqui no Rio de Janeiro. Com amor, Leila.”

CENA 05: MANSÃO FIGUEIRA/DIA

A câmera se aproxima da mansão Figueira, 25 anos antes. Uma empregada doméstica corre apressada em direção à Tércio. 

EMPREGADA: Seu Tércio, tem uma moça ali fora querendo falar com o senhor.

TÉRCIO: Deve ser a Margarida! Manda ela entrar, Neide.

Minutos depois, ao descer as escadas, Tércio se depara com Leila na sala, segurando Isabel nos braços.

TÉRCIO (surpreso): Leila? Quanto tempo! (T) O que faz aqui? De quem é esse bebê?

LEILA (fingindo emoção):  É a nossa filha, Tércio. 

TÉRCIO: Como?

LEILA: Ficamos quase um ano sem nos ver, e nesse período, eu engravidei. De início, eu não quis te procurar porque queria criar a bebê sozinha, mas eu não consigo viver sem você, meu amor. (olhando para a bebê, “emocionada”) É tão linda, não é? Se chama Isabel. 

TÉRCIO: Eu nem sei o que falar, Leila… você havia me dito uma vez que não pode ter filhos.

LEILA: Foi um milagre! Um milagre divino! (T)  Vamos ser felizes, meu amor. Eu sei que o seu sonho sempre foi ser pai, não é? Então, não tem nada que impeça a gente de vivermos essa história juntos! 

TÉRCIO: Leila, é que… eu tô com outra mulher.

LEILA (não se importando): Termina! O seu pai sempre gostou de mim, sempre fez gosto do nosso relacionamento. Pensa bem, Tércio. Essa é a nossa chance de esquecer tudo o que aconteceu no passado. Olha só pra essa bebê, é sua filha! Você não vai deixar a gente na rua, vai? 

Após implorar muito, Tércio acaba cedendo. 
Margarida, mãe de Cecília, era a mulher com quem ele estava se relacionando na época. Ele a deixou e nunca mais apareceu, sem saber que ela estava grávida de Cecília, que nasceria em 1954. 
Leila finalmente conseguiu o que queria: se casar com Tércio e ter Isabel como sua filha, sem se importar em passar por cima de todos. Tércio não desconfia de nada e cria Isabel com muito amor, acreditando na história da vilã. 
Nina, sobrinha de Leila, volta para o Rio anos depois e reencontra a tia, descobrindo que ela criou Isabel como se fosse sua filha, mas sem saber que ela foi a mandante da morte do pai. Ela começa a chantagear a vilã em troca do seu silêncio até os dias em que a novela se passa, 1979.

A novela encerra seu 9° capítulo ao som de “Koop Island Blues - Koop, Ane Brun” (tema de Leila).


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