05/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 04



 “TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por

Susu Saint Clair

Capítulo 04


CENA 01: PEDRA DO FORTE – AVENIDA SÃO PEDRO – TARDE

Sirene ao fundo. Uma pequena multidão se aglomera. A luz do sol reflete nos carros batidos. O corpo de bombeiros e os paramédicos cercam Afonso, que é colocado cuidadosamente numa maca.


AFONSO: (tonto, tentando reagir) Tô bem... não precisa... só bati a cabeça...


PARAMÉDICO: Fica calmo, senhor. Vamos te levar pro hospital. É protocolo.


Otávio está ao lado, olhando fixamente para ele. Preocupado. Toca levemente o braço de Afonso.


OTÁVIO: Deixa que eu vou com ele. Precisa de alguém lá, caso ele desmaie de novo.


MARCOS: (corta seco, irritado) Otávio, você tá exagerando. O cara já tá consciente. Vai querer dar a mão pra ele agora?


OTÁVIO: (sem olhar pra ele) Cuida do carro, Marcos. Liga pra seguradora. E leva o meu carro também.


MARCOS: (mordido) Você nem conhece esse cara. Vai mesmo largar tudo por causa de um estranho?


Otávio finalmente encara Marcos, firme.


OTÁVIO: Vai logo!


Marcos fecha os punhos, fica furioso, e sai. Otávio acompanha Afonso até a ambulância. Ele sobe junto, sem hesitar.


PARAMÉDICO: Parente?


OTÁVIO: (olha para Afonso, hesita) Amigo.


O olhar entre os dois dura mais do que deveria. A porta se fecha. A ambulância parte.


CORTE RÁPIDO NO ROSTO DE MARCOS — sozinho na calçada, olhando a ambulância sumir. O ciúme escorre pelos olhos.


CENA 02: HOSPITAL – SALA DE CURATIVOS – TARDE

Afonso está sentado na maca, com a sobrancelha cortada, sendo cuidadosamente costurada pela médica. Otávio está encostado na parede, de braços cruzados, atento a cada movimento.


MÉDICA: (terminando o curativo) Prontinho. Nada grave, mas é importante que o seu namorado siga direitinho os horários dos remédios, viu?


Afonso e Otávio se entreolham, constrangidos.


AFONSO: (apressado) Ele não é meu namorado.


OTÁVIO: (tentando disfarçar o riso) A gente mal se conhece.


MÉDICA: (sem graça) Ai, perdão. (para Otávio) Julguei pela forma como você agiu desde que ele chegou aqui… super protetor. Mas tudo bem.


Ela dá um sorriso simpático e se retira, deixando os dois sozinhos.


AFONSO: Desculpa.


OTÁVIO: Pelo quê?


AFONSO: Por te causar esse estresse todo. Nem te conheço e já te dei prejuízo de carro e tempo.


OTÁVIO: Você já me deu coisa muito mais rara que tempo: uma boa história. Não é todo dia que um estranho desmaia nos meus braços.


Afonso ri, contido, mas genuíno. Otávio o observa com interesse.


OTÁVIO: (descontraído) Me passa seu número?


AFONSO: (desconfiado) Pra quê?


OTÁVIO: Pra te lembrar de tomar os remédios.


AFONSO: (sorrindo) E se eu esquecer de responder?


OTÁVIO: Aí eu apareço na sua casa. Gosto de garantir que os acidentados fiquem vivos.


Otávio pega o celular do bolso e entrega para Afonso, que digita o número.


AFONSO: (devolve o celular) Pronto. (baixa o olhar, depois encara) Obrigado por ter ficado.


OTÁVIO: Imagina. Vou te levar em casa.


AFONSO: Não, quê isso, não precisa. Já te causei problemas demais por hoje. Eu peço pro meu motorista vir me buscar.


OTÁVIO: Eu faço questão.


Silêncio entre os dois. Um silêncio cheio de tensão, gentileza e algo que ainda não tem nome. Afonso dá um leve sorriso, resignado.


AFONSO: Tudo bem então.


Eles se olham. Um segundo a mais do que o necessário.


CENA 03: VELUDO VERMELHO – TARDE

Jaqueline entra carregando duas malas. Raí, que estava de costas se servindo de uísque vira-se e sorri.


RAÍ: Ué... que cara de cu é essa? E essas malas aí? Foi despejada?


JAQUELINE: (caminha até ele, com ódio) Você é muito cínico mesmo!


RAÍ: (ergue o copo) Quer um uisquinho? 


JAQUELINE: Como é que você pôde ter contado tudo pra minha mãe? Você quer o quê? Acabar com a minha vida?


RAÍ: Olha, Jaque, uma hora ou outra ela ia descobrir. E foi melhor assim. Melhor que viesse de mim do que de alguma vizinha fofoqueira.


JAQUELINE: (furiosa) Você não tinha esse direito!


RAÍ: Jaque, sair da barra da saia da mamãe faz bem pra crescer, sabe? Ao invés de reclamar, você deveria me agradecer. 


Ele serve um copo e entrega para ela.


RAÍ: Toma. Você tá nervosa demais. 


JAQUELINE: Sabe quem é que vai me agradecer? A sua mulher. Que vai amar saber que o maridinho dela é cafetão. 


RAÍ: Vai fazer isso mesmo? Quer brincar de guerra?


JAQUELINE: Me desafia pra ver se eu não faço isso mesmo.


RAÍ: (se aproxima, ameaçador) Pois saiba que com as mesmas mãos que eu estendi pra te ajudar, eu posso usar pra te ferrar. Se eu quiser, eu acabo com teu plano de vingança, e acabo com a sua vida, vou até a Gisela e conto tudo pra ela. E aí? Pretende continuar?


Silêncio tenso.


Jaqueline respira fundo. Ela vai saindo do bar, mas volta num rompante, pega o copo com uísque, e atira na cara dele. O líquido escorre pelo rosto de Raí, que fecha os olhos.


RAÍ: (grita) Sua filha da puta!


Ela sai às pressa. Raí fica parado, enxugando o rosto, entre o choque e a raiva.


CENA 04: ANOITECE - MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR

Empregados ajeitam flores, alinham talheres, conferem taças. Gioconda distribui ordens, impaciente.


GIOCONDA: Essas velas estão tortas! Endireita isso, pelo amor de Deus! E troca essa bandeja, essa prata tá opaca!


Do outro lado do salão, Gisela sorve seu vinho branco enquanto conversa com Sabrine, que está se arrumando diante de um espelho.


GISELA: Então, me conta... o tal Volney trabalha com o quê?


SABRINE: Ele é surfista, tia.


Gisela solta um riso de deboche. 


GISELA: É mesmo?


SABRINE: É!


GISELA: Meu amor, quer um conselho? Cai fora enquanto é tempo. Surfista é cilada. Falo por experiência própria hein.


SABRINE: (sorri) Relaxa. Eu sei o que eu tô fazendo. Ele é o amor da minha vida.


Sabrine se afasta, sorridente. Gisela ergue as sobrancelhas, dá um gole no vinho e murmura para si mesma:


GISELA: Se você acha...


No canto da sala, Otávio desce as escadas, vestindo uma camisa justa e usando perfume sutil. Marcos o intercepta com olhar de cobrança.


MARCOS: Vai aonde?


OTÁVIO: Sair.


MARCOS: E o jantar? Não vai ficar?


OTÁVIO: Pra quê? É mais um desses jantares da Sabrine. Ela se apaixona, apresenta, termina e depois chora. Não tenho tempo pra isso.


MARCOS: É, mas tempo pra se encontrar com aquele cara você tem, né?


OTÁVIO: Ai, Marcos, para com essa paranóia.


Ele vai saindo, mas Marcos o impede de novo.


MARCOS: (mais baixo) A gente tinha combinado de se divertir depois, esqueceu?... e eu não quero ficar aqui sozinho.


OTÁVIO: (sorri de canto) Usa sua coleção de dildos, então. Você tem um gavetão cheio.


Ele finalmente sai. Marcos fica estático. Gisela, que observava de longe, se aproxima.


GISELA: Vem cá, que “cara” é esse de quem vocês estavam falando?


MARCOS: (tenta disfarçar) Ninguém.


GISELA: Ninguém, uma ova. (segura o braço dele) Fala logo!


MARCOS: (suspira) É o cara do acidente mais cedo. Aquele que bateu no nosso carro.


GISELA: Nome?


MARCOS: Não sei. Ele não falou. (se corrói) Mas parece que o seu filho ficou interessado nele.


Gisela fica pensativa.


A campainha toca. CAETANO (55) o mordomo, abre a porta. Entram Volney, Estela e Raí. Sabrine corre para abraçar e beijar o namorado.


SABRINE: Amor!


GIOCONDA: (sorridente) Então esse é o famoso Volney? Agora entendi porque minha filha anda nas nuvens!


VOLNEY: (sorrindo, tímido) Prazer, dona Gioconda.


SABRINE: Essa aqui é a mãe do Volney, Estela. E esse é o padrasto dele, Raí.


ESTELA: (animada) Prazer, querida! A sua casa é linda!


GIOCONDA: (sorri) Muito obrigada! 


Raí se aproxima, pega a mão dela e a beija.


RAÍ: Prazer, madame.


GIOCONDA: Que cavalheiro. (notando o curativo em Raí) Mas o que houve com você?


RAÍ: Um acidentezinho no bar. Nada demais.


GIOCONDA: Ah, você tem um bar? 


RAÍ: É. O Veludo Vermelho. Conhece? 


GIOCONDA: Gente, mentira que você é o dono de lá. Adorei! Qualquer dia desses vou passar lá pra me divertir um pouquinho.


ESTELA: Meu marido é um homem maravilhoso. 


GIOCONDA: (risonha) Com esse filho e esse marido, virei sua fã!


As duas gargalham. Gisela se aproxima.


GISELA: Então você é o tal Volney...


VOLNEY: É um prazer, dona Gisela. A Sabrine fala muito da senhora.


GISELA: (seca) Imagino. Eu também estava curiosa.


ESTELA: (se aproxima) Espera... A senhora é a dona da Bergmann Privé, não é?


GISELA: Sou, sim.


ESTELA: Meu Deus... Eu sou completamente apaixonada pelas suas peças. A Sabrine me aproximar da senhora foi um presente.


GISELA: (força um sorriso) Que honra…


ESTELA: A minha irmã trabalha lá, sabia?


GISELA: (surpresa) Jura?


ESTELA: Acho que você deve conhecer...


GISELA: Acho que não... São muitas vendedoras, sabe?


ESTELA: Não, ela não é vendedora, é sua secretária. 


Gisela fica surpresa, séria.


GISELA: Você é irmã da Susane?


ESTELA: (sorri) Sim! Sou irmã dela! Isso não é incrível? 


Gisela não diz nada, apenas sorri falsamente. 


GIOCONDA: Esse mundo é mesmo pequeno, não? 


SABRINE: Ah, deixa eu apresentar... esse aqui é meu irmão, Marcos...


Marcos cumprimenta todos.


SABRINE: Mãe, vou apresentar a casa pra eles, tá?


GIOCONDA: Ótima ideia, meu bem. Vou com vocês!


Sabrine e Gioconda levam Volney, Estela e Raí para conhecerem a mansão. Gisela e Marcos ficam sozinhos.


GISELA: Era só o que me faltava... Olha só o buraco onde sua irmã foi se enfiar. Que familiazinha de quinta! E aquela mulher dizendo que é minha fã? Me poupe. Irmã de uma funcionária minha querendo se infiltrar na nossa família. Aposto que enfiou o filho no colo da Sabrine pra dar o golpe. Certeza!


MARCOS: Tá na cara. E tem mais... aquele ali é encubado.


GISELA: Você acha?


MARCOS: Ah, meu amor, eu reconheço uma poc de longe. E ali é passiva ainda. Dou três semanas pra esse namoro acabar. 


GISELA: (solta um riso debochado) Vamos ver até onde vai esse teatrinho.


CENA 05 – MANSÃO DOS PASSARELLI – QUARTO DE AFONSO – NOITE

Afonso está deitado na cama, com uma compressa na testa. Jaqueline entra com uma xícara de chá.


JAQUELINE: Trouxe pra você. 


AFONSO: (pega a xícara) Obrigado. E aí? Vai me explicar ou não?


JAQUELINE: Explicar o quê?


AFONSO: Você se demitiu do bar do Raí! Como você pretende continuar se encontrando com o José Carlos agora, me diz?


JAQUELINE: (se senta aos pés da cama) Eu não sou burra! Eu já tenho o contato dele. Até mensagem ele já me mandou.


AFONSO: Claro que mandou. Homem casado é igual político: promete fidelidade, mas vive caindo em tentação.


JAQUELINE: E eu sou a tentação em carne e osso, meu amor.


AFONSO: Só espero que você saiba até onde pode ir com ele, Jaque. Porque o nosso plano ainda tá só começando. 


JAQUELINE: Eu sei muito bem o que tô fazendo. O José Carlos vai ficar tão viciado em mim que vai fazer o que eu quiser — inclusive se divorciar daquela mulherzinha desgraçada. Eu faço questão de arrancar tudo daquela cobra. Prestígio, dinheiro. Inclusive o marido dela. 


Afonso sorri, mas o celular vibra. Ele olha a tela. Ele atende a chamada.


AFONSO: Fala!


RAÍ (OFF): A gente já tá no território inimigo.


AFONSO: Ótimo!


Ele desliga. 


JAQUELINE: O que foi?


AFONSO: Volney e companhia já estão na casa da família mequetrefe. 


JAQUELINE: Acha mesmo que essa patricinha vai surtar em público?


AFONSO: Motivos ela vai ter de sobra.


Ele pega o celular novamente e abre uma nova chamada de vídeo com JÉSSICA KLEIN (28), colunista de fofocas da alta sociedade.


AFONSO: (ao telefone) Jéssica Klein, querida, como vai?


JÉSSICA: Bem melhor agora que você me ligou, Afonso.  


AFONSO: Querida, eu tenho uma bomba pra você. Uma certa influencer acabou de assumir um namoro. Mas talvez ela não saiba que o boy dela andava beijando outros lábios há pouco tempo. Inclusive os meus.


JÉSSICA: (rindo) Você tá brincando.


AFONSO: Veja a foto que eu acabei de te mandar no WhatsApp. Faz o que quiser com ela. Pode postar, marcar, espalhar, inclusive, mencionar meu nome. Faço questão que todos vejam: Afonso Passarelli. Com dois “S” e dois “L”. Hoje ainda, tá? Que ele foi jantar na casa da patricinha, mas quem vai servir a sobremesa sou eu!


JÉSSICA: Passada... Vai ter confusão nesse jantar, hein, Afonso?


AFONSO: E você duvida?


JÉSSICA: Ai, Afonso, te amo, sabia?


AFONSO: Também, linda. Vamos marcar pra tomar um drink aqui em casa qualquer dia desses. 


JÉSSICA: Pra ontem! 


AFONSO: Beijão, lindona!


CORTE PARA:


STORIES DE SABRINE – CELULAR – NOITE


Imagem: Sabrine sorrindo, com filtros rosados e borboletas.


SABRINE: Oi, meus bergmores! Hoje é um dia MUITO especial! Adivinhem? Não tô mais solteira!


Ela puxa Volney para aparecer.


SABRINE: Esse é o Volney! Meu novo amor!


Volney força um sorriso. Ela o beija na bochecha. Ele retribui com um sorriso gelado.


Notificações de curtidas e comentários aparecem na tela:


— “Casalzãoooo!”

— “Chocada com essa união!”

— “Ele parece tímido kkkk amei!”

— “Volney... Não era ele que tava beijando um cara?”


CORTE SECO PARA: AFONSO SORRINDO SATISFEITO NA CAMA.


CENA 06: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE JANTAR – NOITE

A mesa está posta com porcelana fina, taças de cristal e um banquete digno da alta sociedade. Todos comem em silêncio por um instante. Risadas esparsas. Volney está visivelmente desconfortável, tentando disfarçar. Estela, radiante, fala animada.


ESTELA: Esse tournedos ao molho de vinho do Porto tá divino! Vou pedir a receita pra cozinheira. Quero fazer pro meu mozão, né, mozão?


Ela estende a mão para Raí, que segura e a beija. Eles trocam um selinho apaixonado. Sorriso no rosto. Gisela assiste à cena, revirando os olhos discretamente. Marcos dá um gole no vinho, cochichando algo cínico no ouvido da tia. Volney olha o prato, mexe no garfo, sem apetite. Gisela e Marcos o observam com frieza. Ele percebe os olhares. Tenta desviar.


VOLNEY: (sem graça) Com licença…


SABRINE: Vai aonde, amor?


VOLNEY: (discreto) Vou ao banheiro rapidinho.


Ele se levanta. Sabrine, ao lado, segura o celular que vibra. Uma notificação na tela.


GIOCONDA: Sabrine, por favor, agora não. Você está jantando com a sua família.


SABRINE: (relutante) É minha assessora, mãe... Deve ser urgente.


Ela atende, levando o celular ao ouvido. O rosto muda de expressão em segundos. A felicidade some. Ela abaixa o telefone. Olha fixamente para a tela. Treme.


SABRINE: (baixinho, em choque) Não... não pode ser...


Ela abre uma mensagem. CLOSE no celular: manchete sensacionalista em um site de fofocas:


“Namorado da influenciadora Sabrine von Bergmann é gay enrustido”

 

Foto: Volney aos beijos com Afonso Passarelli.


O silêncio se instaura. O celular escorrega da mão dela, mas ela segura. Lágrimas descem discretamente. Volney retorna à sala, limpando as mãos com um guardanapo.


VOLNEY: (ingênuo) O que foi, meu amor?


Ela levanta, encara ele.


SABRINE: (alta e cortante) Falso.


Volney congela.


VOLNEY: O... quê?


SABRINE: (grita) Você é um mentiroso, Volney! Você me enganou esse tempo todo!


Todos olham. Marcos levanta uma sobrancelha. Gioconda e Estela tentam entender.


ESTELA: Sabrine... do que você tá falando?


SABRINE: (voz embargada) Do seu filho, Estela. O seu filho que dizia me amar... que me chamava de minha princesa... Enquanto vivia um romance com um homem!


Gioconda solta um suspiro. Gisela abaixa lentamente o talher.


SABRINE: (gritando, olhos marejados) O Volney é gay! Ele é gay!


ESTELA: (chocada, se levanta) Isso é verdade, Volney?


Volney tenta falar, mas trava. Todos o encaram, em silêncio absoluto.


CLOSE em Volney. Suado. Tremendo. Sem chão.


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