CENA 01 - PRAÇA DA CIDADE - EXT/NOITE
Caio brinca com a Júlia. Graça observa, sorrindo, mas inquieta. Eles passam por um comércio com uma TV ligada. A reportagem entra ao vivo.
Repórter (TV) - …Lúcia Valente continua desaparecida. Segundo a sua irmã, Fernanda Valente, a última vez que ela se comunicou foi na noite de anteontem…
Graça fica pálida.
Graça - Vamos embora. Agora!
De repente, Fernanda surge na frente de Graça.
Fernanda - Graça! Que bom que eu te encontrei.
Todos viram. A trilha sobe. A câmera foca no rosto tenso de Graça, o olhar desconfiado de Caio.
Caio - Quem é essa moça, Graça?
Fernanda(encarando Graça) - Eu vou ser direta, Graça. Eu quero saber onde está a minha irmã?
Graça(tentando rir) - Sua irmã? Eu nem sei quem é você, meu bem, quanto mais sua irmã.
Fernanda - Sabe sim. Porque na noite em que a Lúcia desapareceu… você estava com ela.
Graça - De onde você tirou um despautério desses? Gata, eu já te disse, eu não faço ideia de quem seja essa tal Lúcia.
Fernanda - Bom, não foi o que a funcionária da tua loja disse. Ela viu vocês subindo juntas pro escritório na manhã retrasada. Ela também disse que vocês ficaram um bom tempo conversando. Minha irmã nunca teve segredos pra mim. O que tanto vocês conversaram lá em cima?
Graça - Impossível, querida. Acho que essa tal funcionária deve ter confundido.
Fernanda - Então você cederia as câmeras da sua lojinha pra gente vê uma coisa?
Graça - Mas é óbvio que não, tá maluca?
Fernanda - Tem culpa no cartório, né? Gracinha! Mas eu fui na polícia. Você pode fingir com os outros, mas comigo não.
Caio se aproxima com Júlia, percebendo o clima tenso.
Caio - O que tá acontecendo aqui?
Fernanda - Ela sabe o que aconteceu com a minha irmã e tá se fazendo de mula sonsa. Mas eu vou descobrir. Eu não sossego enquanto não encontrar a Lúcia!
Graça - Eu tenho a consciência muito tranquila. Não tenho nada a esconder!
Um pequeno grupo de pessoas da praça começa a se aproximar. Graça perde a compostura.
Graça(berrando) - Vão cuidar das suas vidas! Bando de desocupados! Velhos imundos! Intrometidos!
Caio segura o braço de Graça, constrangido.
Eles entram rapidamente no carro. Fernanda permanece firme na calçada, gritando com o carro já partindo.
O instrumental sobe.
Corta para:
CENA 02 - CASA DE CAMPO - INT/NOITE
A câmera acompanha Pérola, sorridente, entrando pela sala rústica da casa. Ela está animada, com um brilho no olhar.
Pérola - E então? Vai ser hoje o segundo teste? Porque eu pensei em uma falas novas, e também…
Gregório(cortando,frio) - Não vai ter mais teste, Pérola.
Pérola para, confusa, o sorriso congelado no rosto.
Gregório(cruel) - Você é ruim. Muito ruim, aliás. Alguém tinha que fazer esse favor de te dizer a verdade.
Pérola - Do que você tá falando?
Gregório - Você não tem técnica nenhuma, nenhuma presença, também. E ainda por cima… é feia. Acabada. Uma caipira que acha que tem talento. Fiz o favor de comer você.
Pérola leva um baque. A expressão dela muda.
Pérola(voz embargada) - Você disse aquilo tudo… só pra passar uma noite comigo?
Gregório - Tava na seca. Quis experimentar uma roceira que nem você.
Pérola começa a tremer. O choque vira raiva.
Pérola(se exaltando) - Seu porco! Nojento! EU ACREDITEI EM VOCÊ!
Ela começa a bater nele, depois empurra uma cadeira. Ela joga vários copos no chão e derruba o abajur.
Gregório - Ih, surtou! Você quer saber? Nem pra figurante você servia!
Pérola, num impulso, agarra um vaso de cerâmica e arremessa com força. O vaso acerta a cabeça dele e a testa começa a sangrar.
Gregório - Você tá louca?!
Pérola - EU VOU ACABAR COM VOCÊ! VAI PAGAR MUITO CARO POR ISSO!
Ela sai da casa correndo. Um produtor vê e corre até a porta. Gregório está ajoelhado, pressionando a testa.
Pérola começa a correr pela estrada vazia. Ela não aguenta de tanto chorar e se senta na beira dela. Ela grita e chora ao mesmo tempo. O rímel escorre, seu rosto está vermelho, as mãos trêmulas.
Ela respira fundo. Depois, aos poucos, se recompõe. Passa a mão pela boca.
Ela se levanta, firme, o olhar decidido, cheio de ódio e convicção.
Pérola - Você mexeu com a mulher errada, Gregório.
A trilha sobe.
Corta para:
CENA 03 - RUA DESERTA - EXT/NOITE
A rua está silenciosa, cinzenta, uma fumaça pairando no ar. Um vento leve sopra folhas secas pelo chão. Ao longe, Agatha caminha distraída, mexendo no celular.
Irene dirige com os olhos fixos em Agatha, que caminha sem perceber a aproximação. Irene aperta o volante com força.
Irene(baixo, com ódio) - É hoje que você me paga… sua maldita…
Ela acelera o carro. O motor ronca alto. A câmera alterna entre os pés de Agatha andando despreocupadamente e o velocímetro aumentando.
Irene - EU VOU TE MATAR!
O carro avança como um míssil. Agatha percebe o barulho tarde demais. Quando levanta a cabeça.
Jonas(gritando) - AGATHA!!!
Jonas surge correndo e se joga sobre ela, tirando-a da frente segundos antes do impacto. Eles rolam no asfalto.
O carro passa raspando. Irene olha pelo retrovisor com os olhos cheios de fúria. Agatha se senta, atônita. Irene e Agatha se encaram pelo espelho do retrovisor por um breve instante.
Agatha(gritando) - DESGRAÇADA!
Irene desvia o olhar e pisa mais fundo no acelerador. O carro faz uma curva e some na esquina com um ronco feroz.
Jonas(ajoelhando, ofegante) - Você tá bem?
Agatha - Graças a você… sim…
Ela levanta, suja de poeira e nervosa, os olhos fervendo de raiva.
Agatha - Eu tenho que agir o quanto antes. E é pra já!
Mais uma vez o instrumental sobe cheio de tensão.
Cenas de Nova Primavera amanhecendo.
(Um Sonhador - Bruno e Marrone)
CENA 04 - MANSÃO LA SELVA - SALA PRINCIPAL - INT/TARDE
Clara entra na mansão, olhando ao redor com certa curiosidade. Angelina aparece vindo da cozinha.
As duas se encaram por alguns segundos. O clima é denso, mas contido.
Clara - Vim visitar a Petra. Ela não apareceu na cooperativa hoje… e fiquei preocupada.
Antes que Angelina responda, Irene surge do corredor, observando Clara com desconfiança.
Irene - Você veio visitar a Petra?
Clara - Isso! Aliás, muito prazer. Meu nome é Clara. Sou amiga dela.
Irene - Amiga da Petra? Que curioso… Ela quase não tem amigos.
Clara - Bom… Marcamos de nos encontrar e ela não apareceu. Quis saber se tá tudo bem.
Irene - Você se importa demais com ela…
Clara - Petra foi uma descoberta muito bonita aqui na cidade. É uma menina tão boa. Eu a considero demais.
Angelina acompanha a conversa em silêncio.
Irene(virando-se para Angelina) - Angelina, meu bem. Vá chamar a Petra. Ela deve estar no quarto.
Angelina - Sim, senhora.
Irene pega a bolsa.
Irene - Eu vou dar uma saída. Mas pode ficar à vontade, Clara.
Corta para:
CENA 05 - MANSÃO DE CÂNDIDA - QUARTO DE ALINE - INT/TARDE
Aline está sentada na cama com Agatha. Aline segura o celular e sorri com frieza.
Aline - O detetive me mandou agora… As fotos. Irene e Luigi… juntos. Transando.
Agatha arregala os olhos, chocada. Aline entrega o celular e Agatha passa as fotos uma a uma, incrédula.
Agatha - Olha só a mulher de bem… que respeita a família… que honra as morais e os bons costumes da família tradicional brasileira… Vai usar essa bomba quando?
Aline - Eu vou esperar o momento oportuno, Agatha. Tem que chocar. Ela não pode sair impune.
Agatha - Hoje eu vou me encontrar com o Caio… E acho que já tá na hora do Antônio saber que eu tô viva.
Aline se levanta, pega duas taças e serve vinho.
Aline - Então vamos brindar, minha querida! Às máscaras que vão cair.
As duas brindam, sorrindo.
Corta para:
CENA 06 - MANSÃO LA SELVA - QUARTO DE PETRA - INT/TARDE
Angelina entra no quarto. Ela encontra Petra no canto, sentada no chão. O rosto com maquiagem borrada, olheiras profundas, os olhos vidrados. Uma cartela de remédios vazia perto dela.
Angelina(chokita) - Petra?! O que aconteceu com você?
Petra não responde. Apenas encara o nada, como se estivesse fora de si. Angelina corre até ela assustada.
Angelina - Petra! Olha pra mim! PETRA!
Sala principal da mansão:
Graça está sentada em frente à Clara. Ela está com um ar arrogante, penteando os cabelos de Júlia. De repente, a porta se abre. O delegado Marino entra com dois policiais. Graça se vira pálida.
Marino - Graça La Selva… Precisamos que nos acompanhe até a delegacia. É sobre o desaparecimento de Lúcia.
Graça gela. Clara observa tudo o que está acontecendo.
De repente, um grito vem do andar de cima.
Angelina gritando o nome de Petra.
Clara fica muito preocupada e corre pro andar de cima.
Os policiais ficam atentos.
CENA 07 - PENSÃO DE LUCINDA - QUARTO - INT/EXT/TARDE
(Heart-Shaped Box - Nirvana)
Pérola ajuda o pai a se levantar, mas está visivelmente tensa, com raiva contida. Em seguida, os dois caminham até um lago próximo à pensão. Ela o empurra até a beira.
Pérola - Você não imagina a raiva que eu tenho de você. Eu estou cansada de ter que cuidar de um inválido. Eu queria um pai, e não uma obrigação.
O pai olha assustado. Nesse momento, Lucinda surge.
Lucinda - Pérola!
Pérola se vira, ainda transtornada, mas hesita ao ver a mãe.
O instrumental cresce.
CENA 08 - SILO DE GRÃOS - EMPRESA DE ALINE - INT/TARDE
Os funcionários estão liberando os grãos. Um deles grita ao ver algo estranho no fluxo. O silo para. Todos correm para ver. O corpo de uma mulher surge entre os grãos.
Funcionário(gritando) - Tem um corpo aqui! Meu Deus!
Jonas se aproxima, horrorizado. Ele reconhece a vítima, que trabalhava ali, e corre pra pegar o celular. Liga pra Aline.
Jonas - Aline! Encontramos um corpo aqui no silo… É a Lúcia!
Aline ouve a notícia. Seu rosto congela.
Close no rosto dela.
ENCERRAMENTO.
(WILDFLOWER - BILLIE EILISH - REMIX
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