criada e escrita por SINCERIDADE
CENA 01: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
INSTRUMENTAL: CHANGES - EDUARDO QUEIROZ, FELIPE ALEXANDRE
Ivani caminha até a janela e abre a cortina, deixando a luz do sol invadir o quarto. Ao pegar a bandeja novamente, Ivani se desequilibra de propósito, deixando tudo cair no chão.
LEILA (furiosa): MAS QUE INCOMPETENTE! VOCÊ VAI LIMPAR ESSA SUJEIRA AGORA, SUA PUTA DE ESQUINA!
Ivani encara Leila, com um sorriso contido.
IVANI: Eu? Eu não vou limpar nada.
LEILA: Como assim, não vai limpar? É claro que vai limpar! Quem você pensa que é pra me enfrentar, hein? Abusada! Se não for pra obedecer às minhas ordens então pode juntar os seus trapos e ir pro olho da rua!
IVANI (provocativa): Sabe quem vai limpar essa bagunça, dona Leila? A senhora.
LEILA: Ah, mas isso é o cúmulo! Vai embora desta casa agora!
IVANI: NÃO OUVIU O QUE EU DISSE? É A SENHORA QUEM VAI JUNTAR OS CACOS E LIMPAR ESSA BAGUNÇA! A partir de agora, dona Leila, quem vai mandar aqui sou eu! Ou se não, todo mundo vai saber o capeta que a senhora é! Não vai querer que descubram que foi a senhora quem cortou os freios do carro, que matou a Dalvinha, ou que está envenenando seu próprio marido, vai?
Leila arregala os olhos, encurralada.
LEILA: Você só pode ter enlouquecido… Acho que a convivência com o Tércio não anda te fazendo muito bem. Já começou a delirar igual… Empregadinhas como você merecem a sarjeta, Ivani, o subsolo! Eu não vou admitir que faça essas acusações contra a minha pessoa. Agora faça como eu pedi, junte as suas malas e vá embora daqui!
IVANI (agarra firme no braço da vilã): Para de tentar disfarçar, sua cínica! Eu sei muito bem dos seus podres, e acho melhor você não tentar nada contra mim, porque eu posso acabar com a tua vida num passe de mágicas!
LEILA: Me solta sua vadiazinha atrevida! Você não sabe do que tá falando.
IVANI (encarando firme, sem medo): Sei mais do que você imagina. Confessa, confessa que foi você quem cortou os freios daquele carro! A Dalvinha viu tudo! Ela me contou, e disse que, se algo acontecesse com ela, eu seria a testemunha… E olha só que coincidência, no mesmo dia em que ela disse que ia se encontrar com você pra receber uma grana, ela simplesmente desaparece. Some do mapa, sem deixar carta, telefonema, nada.
LEILA (nervosa, tentando manter a pose): Você não tem prova nenhuma, sua cachorra!
IVANI: Tenho o suficiente pra acabar com você. E se eu fosse você… começava a me tratar com mais respeito. Porque agora, quem manda aqui sou eu. E você… vai engolir cada uma das suas maldades. Uma por uma.
LEILA: Desgraçada… você não sabe com quem tá brincando.
IVANI (fria): Ah, eu sei muito bem. Tô lidando com a cobra mais venenosa desse lugar. Mas agora é você quem vai provar do próprio veneno, dona Leila. Ah, e por falar em veneno, eu sei muito bem que você tá envenenando o seu marido! Se o Tércio está definhando aos poucos, a culpa é toda sua!
LEILA (dissimulada): Quanta baboseira!
IVANI: Baboseira? Então porque é que você coloca um pózinho misterioso no suco dele todo santo dia, hã? Eu vi tudo, Leila. Eu vi você preparando o suco, colocando o pó, tudo às escondidas, ou quase às escondidas.
LEILA: Você não tem prova de nada, sua biscate!
IVANI: Mais cedo ou mais tarde, a sua máscara de boazinha, de senhora fina da sociedade vai cair, sua vaca, e esse momento tá chegando… mas antes, acho melhor você começar a me respeitar, e abaixar a crista. (cruzando os braços) Bom, já falei o tinha pra falar, agora quero que você pegue o pano e comece a limpar toda essa sujeira.
LEILA (resmungando): Eu só posso ter dormido e acordado no inferno…
IVANI (firme, autoritária): Eu não tô pedindo, eu tô mandando! Será que a madame sabe pegar numa vassoura, num pano de chão? Ou eu vou ter que ensinar? Já vou avisando que não tenho paciência pra quem tá começando.
LEILA: Desgraçada… monstro! Eu vou acabar com você, maldita!
IVANI: Ah, é? Vai me apagar também? Vai dar um sumiço? Ou vai me envenenar assim como tá fazendo com o Tércio? Tenta, Leila, tenta… mas antes de qualquer gracinha, pensa bem. Porque se um dia eu sumir, tem gente que já sabe de tudo!
LEILA: Que?
IVANI: Eu tenho um protetor, minha linda. Um anjo da guarda que sabe de tudo, assim como eu. E a instrução dele é clara: se eu desaparecer… ele joga tudo no ventilador.
LEILA: Você é doente…
IVANI (encara com firmeza): Doente? Eu só aprendi a lidar com cobras, meu bem. E você é a maior de todas. Agora vai… pega o pano e limpa isso tudo. (pausa) Não, não precisa limpar com o pano, eu tive uma ideia bem melhor. Você vai limpar com esse lençol aí, de linho importado que você vive se esfregando.
LEILA (horrorizada): você tá maluca! Esse lençol custou caro, foi comprado em Paris!
IVANI (rindo com desprezo): Ah, foi? Que peninha! Agora ele vai ser seu esfregão de luxo… Vai, anda! Se ajoelha na merda desse chão e começa a limpar essa sujeira logo! E vai com carinho, viu? Porque se sobrar um cisco, eu mando você passar a língua.
Leila hesita, mas acaba se abaixando, pega o lençol com as mãos trêmulas, e começa a limpar, com ódio. Ivani se senta na poltrona e cruza as pernas, relaxada.
IVANI (debochando): Isso, empregadinha, quero ver o serviço aparecendo. (pausa) Ai, me deu uma vontade de tomar um vinho, sabe? Busca pra mim depois? Só não demora, porque eu não gosto muito de esperar. Depois que trazer o vinho, quero que a empregadinha faça as minhas unhas e me faça uma massagem bem relaxante, que tal?
A câmera foca no rosto de Leila, tomado pelo ódio, enquanto ela continua limpando o chão.
CENA 02: CASA DE LEANDRO/INT./MANHÃ
A cena mostra Paulina em seu quarto, arrumando as malas apressadamente. Ubaldo abre a porta e se aproxima, surpreso.
UBALDO: Paulina? O que é isso que você tá fazendo?
PAULINA (sem olhar): Tô indo embora desta casa, Ubaldo.
UBALDO (se aproximando): Como é que é? Você ficou louca?
PAULINA (parando, se virando, com raiva contida): Louca? Louca eu tava quando decidi me casar com você, Ubaldo. O nosso casamento já acabou há muito tempo. Você só vive pro seu trabalho, pro hospital, pros seus pacientes. E eu? Eu sou só mais uma peça decorativa nesta casa.
UBALDO: Você tá sendo injusta! Eu trabalho pra dar conforto pra gente, principalmente pra você.
PAULINA: Eu troquei tudo por você, Ubaldo. Abri mão do meu sonho de ser uma cantora famosa por sua causa! Você se lembra, que eu e minha banda estávamos prestes a conseguir um contrato com a gravadora? Que iríamos nos apresentar na rádio mais famosa do RJ? E você, Ubaldo, você impediu que isso acontecesse!
UBALDO: Paulina...
PAULINA (continua, sem piedade):
Eu larguei tudo. Tudo! Eu achava que estava me casando com um príncipe, um gentleman, desses que cuidam, que ouvem, que protegem. Mas eu me casei com um homem frio, egoísta... um homem que só pensa em si próprio, que vive pro próprio umbigo... que não liga nem pro próprio filho!
UBALDO (tenso): Não fala assim…
PAULINA (explode): Falo sim! Porque é verdade! Você nunca foi pai pro Leandro! Nunca! Sempre ausente, sempre distante, como se ele fosse um incômodo! Eu tentei, Ubaldo! Tentei dar o meu melhor durante esses doze anos ao seu lado, mas agora chega.
Ela se aproxima, com os olhos marejados.
PAULINA: Você me fez acreditar que uma mulher precisa se moldar, se apagar pra ser amada. Mas não precisa. E eu demorei demais pra entender isso. Eu calei minha voz por você. Agora... eu vou parar de ser besta e correr atrás daquilo que eu acredito!
Ela pega a mala. Ubaldo a observa.
PAULINA (antes de sair): Adeus, Ubaldo.
UBALDO (desesperado, tentando conter): Paulina, não faz isso meu amor, vamos conversar! Paulina!
Paulina não dá ouvidos e sai, fechando a porta com força. Ubaldo permanece no quarto, andando de um lado pro outro.
CENA 03: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./MANHÃ
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA PENÚLTIMA CENA DO CAPÍTULO ANTERIOR.
Cecília, mesmo imóvel, mantém o olhar fixo em Isabel, que por dentro, está em pânico.
ISABEL (nervosa): Escuta aqui… não pense eu vou amolecer o meu coração depois disso, tá bem? Eu não me arrependo de nada do que eu disse aqui! Você acabou com a minha vida, e vai pagar caro por tudo!
Cecília pisca lentamente, como quem confirma que entendeu tudo. Isabel engole seco e olha para a porta, depois de volta para Cecília.
ISABEL (desesperada, gritando para fora): Enfermeira! (mais alto) Enfermeira! Venha depressa! Ela acordou!
Uma enfermeira que já estava do outro lado do ambiente, se aproxima.
ENFERMEIRA (surpresa, aliviada): Ora, mas que notícia maravilhosa! Ela acordou mesmo?
A enfermeira corre até a cama de Cecília e verifica os sinais.
ENFERMEIRA (checando o pulso de Cecília): Está tudo dentro do esperado. O pulso tá forte... Ela está reagindo, graças a Deus! E você, é parente dela?
ISABEL (gaguejando): Eu? Não… eu… não sou nada.
ENFERMEIRA (sorrindo para Cecília): Se continuar assim, minha filha, em uma semana você já pode estar de volta pra casa. Tá sendo um milagre!
ISABEL (incrédula): Uma semana?
ENFERMEIRA (olhando de lado para Isabel): É. O doutor vai querer ver isso com os próprios olhos, mas é sinal de que o pior já passou. Agora vou pedir pra senhora se retirar. O horário de visitas já acabou.
ISABEL (tensa, tentando manter a pose): Claro... claro.
Isabel dá um último olhar para Cecília, e sai do quarto.
A câmera dá um close no rosto de Cecília, Uma lágrima escorre de seu olho.
CENA 04: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
INSTRUMENTAL: STREETS - EDUARDO QUEIROZ, GUILHERME RIOS
Vestindo um avental, Leila está na cozinha, preparando o vinho que Ivani pediu. A vilã abre a garrafa e derrama o líquido em uma taça. Com um leve sorriso cínico, ela pega discretamente um frasco pequeno de vidro em seu bolso, gira com a tampa, e despeja o pó venenoso dentro da taça e mistura com uma colherzinha de prata, sem pressa.
LEILA (maléfica): Se você acha que vai me destruir, Ivani, se enganou muito. Enquanto você tá vindo com a farinha, o bolo já está queimando!
Ela coloca a taça dentro de uma bandeja e se retira, indo em direção ao quarto, onde está Ivani. Corte. Ivani está andando de um lado pro outro, impaciente. Leila abre a porta com calma e se aproxima, carregando a bandeja.
IVANI: Quanta demora! Levou quase dois séculos pra preparar um vinho… Que empregadinha incompetente você é, hein?
LEILA (calma): Não vai se sentar?
Ivani caminha até a poltrona e senta, cruzando as pernas. Leila pega a taça e se aproxima lentamente, com um sorriso cínico nos lábios.
LEILA: Com todo prazer… madame.
Ivani segura a taça e encara Leila por alguns segundos. Atenta, ela balança levemente o líquido, pensativa.
IVANI: Hmm, por que não toma um gole antes de mim?
Leila congela.
LEILA: Como?
IVANI: Ué, qual o problema?
LEILA: Não seja ridícula, Ivani. Você me pede um vinho, eu trago com o maior carinho, e você ainda tem a cara de pau de achar que eu coloquei alguma coisa?
IVANI: Se não tem nada mesmo, então porque não bebe? Vamos, Leila. Beba, só um gole, pra mostrar que eu tô errada.
Ivani ergue a taça, oferecendo a Leila, que estende a mão. Mas no momento em que segura a taça, escorrega a mão de propósito, fazendo a taça cair no chão e se espatifar.
LEILA (fingindo desespero): Ai, droga!
IVANI (se levanta, furiosa): SUA DESGRAÇADA! EU SABIA QUE TINHA ALGO DE ERRADO COM ESSE MALDITO VINHO! ASSASSINA... ESQUECEU QUE EU TÔ GRÁVIDA?
De repente, Isabel abre a porta e se depara com a cena.
ISABEL (confusa): Mãe?
As duas se viram, assustadas.
LEILA: Isabel… eu…
ISABEL: O que é isso aqui? Que bagunça é essa no chão? E esse avental? Tá usando isso porquê?
A câmera foca em Leila, Ivani e Isabel, respectivamente.
CONGELAMENTO EM LEILA.
A novela encerra seu 25° capítulo ao som de “Ring My Bell - Anita Ward”.
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