“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por
Susu Saint Clair
Capítulo 29
CENA 01: APART-HOTEL - SUÍTE DE JOSÉ CARLOS - NOITE
CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA FINAL DO CAPÍTULO ANTERIOR.
OTÁVIO: Como assim a minha mãe matou o meu avô?! Que loucura é essa?!
JOSÉ CARLOS: Infelizmente é verdade, meu filho. A sua mãe tava envenenando o Nelson. Graças à Jaqueline, a gente descobriu esse plano sórdido. Ele começou a fingir os sintomas, tudo pra fazer a Gisela cair na própria armadilha. Mas parece que ela descobriu... e matou ele. Ela fez tudo com a ajuda do Caetano. Ele é cúmplice dela!
OTÁVIO: Espera aí… Mas o que a Jaqueline tem a ver com isso?
JAQUELINE: Porque eu sou filha bastarda do Nelson. Minha mãe foi empregada na mansão há muitos anos.
OTÁVIO: Claro… Você é sobrinha do Felipe. Ele é filho do motorista… Meu Deus… Como é que eu nunca juntei os pontos?!
JAQUELINE: Por isso eu me infiltrei na Bergmann Privé, virei amante do seu pai… Tudo pra destruir a Gisela. E não só ela. A família inteira. O Nelson topou colaborar comigo. Mas agora ele tá morto.
JOSÉ CARLOS: Quando a Gisela descobriu que a Jaqueline era irmã bastarda dela, ela invadiu a casa da Cláudia, a mãe da Jaque, e tentou matar ela. Mas a Jaque conseguiu pegar a pasta com as provas, o revólver da Gisela e o celular dela… Ela colocou uma escuta no aparelho. Foi assim que descobrimos tudo. Inclusive por que o Caetano virou capacho da Gisela.
OTÁVIO (abalado): O Caetano… Meu Deus… Mas por quê? Por que ele tá fazendo isso?
JAQUELINE: Porque eles têm um segredo em comum. O Marcos e a Sabrine são filhos do Caetano. A Gioconda teve um caso com ele. O marido dela descobriu, ameaçou deserdar ela e os filhos… Ela matou o próprio marido. A Gisela e o Caetano desovaram o corpo, jogaram o carro dele num precipício pra parecer um acidente. E agora fizeram o mesmo com o Nelson. A Gisela matou ele e jogou o carro no penhasco. Tá tudo gravado aqui. Tudo!
Jaqueline vai até o notebook, prestes a mostrar a gravação. Otávio, pálido, cambaleia até o banheiro. Se ajoelha no chão e começa a vomitar. José Carlos corre atrás para ajudá-lo.
JOSÉ CARLOS: Calma, filho… Respira.
Otávio se levanta, dá descarga e molha o rosto. José Carlos pega uma toalha, entrega a ele e o ajuda a se sentar na cama.
Otávio respira fundo, mas não aguenta. Se joga na cama e desaba em lágrimas. José Carlos entrega um copo d’água gelada.
JOSÉ CARLOS: Toma, Otávio.
Otávio bebe, aos prantos.
OTÁVIO: (chorando) Meu Deus… Que loucura é essa?!
JAQUELINE: Calma, Otávio. Respira. Eu não queria despejar tudo assim em cima de você… Mas você precisava saber.
OTÁVIO: A minha tia Gioconda… Ela tá envolvida nisso também? Você disse que eles tinham um segredo juntos…
JAQUELINE: Ela foi coagida pelos dois, mas… Até onde a gente sabe, quem deu fim no Nelson foram só o Caetano e a Gisela.
OTÁVIO: A gente tem que avisar a polícia. Contar tudo. A gente tem provas!
JAQUELINE: Não.
OTÁVIO: Como assim, não?!
JOSÉ CARLOS: Nesse momento, a gente tem que agir com cautela. A Gisela nem desconfia que a gente sabe de tudo. Pra todos os efeitos, o Nelson tá desaparecido. Quando completar 24 horas, a gente aciona a polícia… e aí sim, desmascara essa víbora.
JAQUELINE: Você não pode contar isso pra ninguém, Otávio. Ninguém! Entendeu?
OTÁVIO: Nem pro Afonso?
JAQUELINE: Com o Afonso, tudo bem. Ele já sabe de muita coisa.
CENA 02: APARTAMENTO DE OTÁVIO – SALA – NOITE
A chave gira na fechadura. Otávio entra, cansado, fecha a porta atrás de si e acende a luz.
Ao virar-se para a sala, leva um susto ao ver Marcos sentado no sofá, pernas cruzadas, sorriso debochado no rosto.
OTÁVIO: (assustado e furioso) Mas que diabos você tá fazendo aqui?!
MARCOS: (cínico) Esperando por você, ué. Achei que a gente podia ter uma conversa civilizada.
OTÁVIO: Como é que você entrou aqui?
MARCOS: Dinheiro compra tudo. Foi só molhar a mão do porteiro e ele me deixou subir. Coisa simples.
Marcos tira do lado uma camiseta dobrada.
MARCOS: Achei isso lá em casa. Pensei que fosse importante pra você... ou pelo menos, era na época que a gente se via.
Otávio arranca a camiseta da mão dele com desprezo.
OTÁVIO: Obrigado. Agora cai fora da minha casa. E pode avisar ao seu amiguinho da portaria que amanhã ele vai estar desempregado.
MARCOS: (levanta, sem perder a pose) Você sempre foi tão intenso…
Ele tira do bolso um envelope branco com detalhes dourados — o convite do casamento de Otávio com Afonso.
MARCOS: (provocador) Olha só o que eu achei na mesa de centro. Fiquei bem magoado que você vai se casar e nem pensou em me convidar.
OTÁVIO: Você não tem nada a ver com a minha vida.
MARCOS: (se aproxima, tenta tocá-lo) Ah, para com essa palhaçada, Otávio… A gente foi feito um pro outro. Esquece o Afonso. Ele não te conhece como eu.
OTÁVIO: (se afasta com repulsa) Você quer saber a verdade, Marcos? Eu nunca gostei de você. Nunca! No máximo, o que eu sentia por você era tesão, só isso. (pausa, firme) Mas agora, a única coisa que eu sinto por você é nojo. Fora daqui!
Otávio pega Marcos pelo braço com força e o puxa em direção à porta.
MARCOS: (esperneando) Você vai se arrepender disso!
Ele abre a porta — e dá de cara com Afonso, que vinha chegando.
AFONSO: Que porra é essa? O que esse desgraçado tá fazendo aqui?
OTÁVIO: (ele empurrando Marcos pra fora) Já tava indo embora.
MARCOS: (com desdém, se soltando de Otávio) Vocês acham mesmo que vão ser felizes juntos? Você nunca vai fazer o Otávio feliz, Afonso! Nunca!
Num impulso, Afonso dá um soco certeiro no rosto de Marcos, que cambaleia.
AFONSO: (grita) Seu verme! Você vai sair daqui agora!
Ele agarra Marcos pelo colarinho, o leva até o elevador. A porta se abre. Afonso o empurra lá dentro com brutalidade.
AFONSO: (grita) Se eu te ver perto do meu homem de novo, eu te quebro na porrada, seu lixo!
As portas do elevador se fecham.
CORTE PARA A SALA DO APARTAMENTO:
Otávio está no interfone, exaltado.
OTÁVIO: Olha aqui, já deixei o recado no grupo do condomínio, a síndica já tá sabendo dessa palhaçada que aconteceu aqui em casa, e você vai ser mandado embora, pra aprender a não deixar um maluco invadir o apartamento dos outros!
Ele desliga. Afonso entra e o abraça por trás.
AFONSO: Calma, amor… Você não pode se abalar desse jeito.
OTÁVIO: É difícil… Depois de tudo o que eu descobri sobre o meu avô... Eu não tô bem, Afonso.
AFONSO: (sério, carinhoso) O melhor que você pode fazer agora é se manter calmo. Eu tô aqui com você. E não vou sair do seu lado por nada nesse mundo.
Eles se encaram. Otávio, emocionado, o beija com intensidade. Os dois se abraçam com força.
CENA 03: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – NOITE
Marcos está sentado no sofá com um corte no canto da boca, visivelmente irritado. Sabrine de pé, encara o irmão com reprovação.
SABRINE: Você invadiu o apartamento do Otávio? Ficou louco de vez, é? Tá querendo parar na cadeia, seu imbecil?
MARCOS: (seco, com ódio nos olhos) Se eu pudesse, matava o Afonso ali mesmo. Aquele babaca acha que vai se casar com o Otávio? Ele tá muito enganado. (pausa, firme) Eu vou acabar com essa festinha antes do "sim" pro juiz. Vou fazer um escândalo na vida daqueles dois!
SABRINE: (impaciente) Ai, Marcos, sabe o que eu acho? Que você devia esquecer o Otávio de vez! Para de se humilhar por ele, pelo amor de Deus! (gesticula) Você acha mesmo que é desse jeito que vai reconquistar ele? Nem se a gente tivesse em outra vida, meu filho!
MARCOS: (rosna) Cala a boca, Sabrine.
SABRINE: Não, agora você vai me ouvir. A gente já fez o que tinha que fazer com o Afonso naquela história da cadeia, lembra? Melhor deixar eles quietos no canto deles. (pausa, dura) Você tá caçando sarna pra se coçar. E vou te dizer: quem procura acha!
Marcos levanta, pega as chaves do carro de cima da mesinha com um movimento brusco.
SABRINE: (alarmada) Onde é que você vai?
MARCOS: (seco) Voltar lá. Isso não vai ficar assim. Não vai mesmo!
SABRINE: (assustada) Marcos, peraí! Não vai fazer nenhuma besteira!
Marcos bate a porta com força, ignorando completamente a irmã.
Sabrine, preocupada, corre até a mesa, pega o celular e começa a discar com pressa.
SABRINE: (tensa) Atende, mãe... pelo amor de Deus, atende!
CENA 04: VELUDO VERMELHO – QUARTO DOS FUNDOS – NOITE
Luz vermelha suave, música lounge pulsando nos alto‑falantes. Lençóis de cetim amassados sobre um colchão de casal. Gioconda cavalga em Oscar, o garoto de programa que tava com ela no capítulo anterior. Ela apoia as mãos em seu peito, o quadril ritmado, gemidos roucos escapando‑lhe dos lábios.
O celular vibra na mesa lateral, exibindo “SABRINE LIGANDO”. Gioconda nem olha; empurra os cabelos para trás, prende o olhar em Oscar.
GIOCONDA: Mais fundo… quero esquecer que o mundo existe! Vai, fode essa buceta com força.
Oscar obedece, acelera os movimentos. A madeira da cama range; a câmera acompanha o balanço de seus corpos, cortando para suas expressões — prazer escancarado, suor brilhando na pele.
CORTE PARA — PÓS‑SEXO
Lençóis embolados até a cintura. Gioconda, despenteada e reluzente, repousa com a cabeça no peito dele. Oscar alisa a coxa dela.
OSCAR: Que fogo é esse, madame?
GIOCONDA: Família tóxica esgota a paciência de qualquer santa. Eu precisava explodir…
Ele a beija no ombro nu, deslizando os dedos por sua coluna.
OSCAR: Posso fazer você explodir de novo.
Ela ri e gira o corpo, ficando de bruços sobre ele, se divertindo com a própria ousadia.
GIOCONDA: Você é tão gostoso… Não quer casar comigo, não? Tenho dinheiro, mansão, um iate. Posso refinar sua vida inteira.
OSCAR: (rindo) Convite tentador. Mas antes, qual a franquia de cartão pra aguentar meu apetite?
GIOCONDA: Ilimitada. Quantos anos você disse que tem?
OSCAR: Vinte e um.
GIOCONDA: (ri alto) Mais novo que meus filhos.
OSCAR: Se a madame me adotar, prometo mamar com carinho todo dia.
Ela lhe dá um tapa de brincadeira, depois passa a língua pelo contorno da orelha dele.
GIOCONDA: Nome?
OSCAR: Oscar. À sua inteira disposição.
GIOCONDA: Pois bem, Oscar… vamos selar nosso contrato agora.
Ela o puxa novamente para baixo dos lençóis. Oscar monta por cima, segura-lhe os pulsos sobre a cabeça, alterna beijos famintos e pequenas mordidas no colo.
Gioconda arqueia as costas, ofegante.
GIOCONDA: Isso… não para. Soca tudo até as bolas.
A câmera se afasta, deixando à vista apenas os lençóis remexendo e as sombras sensuais dos corpos entrelaçados enquanto a música sobe de volume, abafando gemidos cada vez mais altos.
CENA 05: CASA DE VOLNEY – SALA – NOITE
Volney caminha de um lado pro outro, celular colado no ouvido.
VOLNEY: (gritando) Você acha que eu sou algum otário, Jaqueline? Acha mesmo que eu engoli aquele papinho furado de estágio de contabilidade? Eu imagino muito bem que tipo de contabilidade você tá fazendo, viu?! Escuta aqui: ou você vem pra cá agora... ou eu vou aí e boto fogo nesse prédio!
INTERIOR - APART-HOTEL - SUÍTE DE JOSÉ CARLOS
JAQUELINE: (seca) Para de gritar que eu não sou surda, Volney! A gente vai conversar, sim. Mas vai ser amanhã. Agora eu tenho mais o que fazer — minha vida tá acontecendo, não gira ao redor do seu surto.
VOLNEY: (ácido) Claro. Vai dar uma trepadinha com teu amante e depois vem me dar satisfação, né?
JAQUELINE: (pausa seca, depois explode) Qual é o teu problema, hein?! Isso é o quê? Ciúmes? Porque você já deixou bem claro que não é apaixonado por mim. Então explica: é ego ferido, é carência, é surto, é que porra hein? Por mais que eu goste de você, não sou obrigada a aguentar esse showzinho patético, não. (sarcástica) Quem tá achando que eu sou idiota é você. E talvez eu seja mesmo — porque até agora tô tentando entender por que me envolvi com alguém que só tá comigo pra fazer ciúmes no Afonso. O Afonso tá cagando pra você. Então aquieta esse cu e me espera amanhã. Ou não espera. Problema é teu.
Ela desliga.
VOLNEY: (grita, descontrolado) INFERNOOOOO!!!
Estela surge segurando duas xícaras de café, com aquele olhar de mãe que já viu esse filme antes.
ESTELA: (entrega uma xícara) Calma, meu filho. Já que ninguém vai dormir mesmo... fiz café pra nós dois.
Volney pega a xícara, dá um gole, respira fundo, mas o sangue ainda ferve.
ESTELA: (encarando ele) Sabe o que eu acho? (pausa) Você tá começando a gostar de verdade dessa menina. Mas pensa: será que vale a pena pra você dividir ela com outro?
VOLNEY: (estoura) Mãe, pelo amor de Deus… eu já tô no limite. Cê acha que eu tenho cabeça pra refletir sobre isso agora? Me poupe!
Ele dá mais um gole, respira fundo, mas os olhos continuam queimando.
APART-HOTEL - SUÍTE DE JOSÉ CARLOS
JOSÉ CARLOS: Então quer dizer que o bonitão tá te usando pra cutucar o meu futuro genro, é isso?
JAQUELINE: (cínica) É... O Volney não supera o Afonso. (pausa) Ou talvez já esteja superando. Tá começando a mudar o foco…
JOSÉ CARLOS: (curioso) Posso te confessar uma coisa?
JAQUELINE: Manda.
JOSÉ CARLOS: (safado) Achei ele uma gracinha, sabia?
JAQUELINE: Quem? O Volney?
JOSÉ CARLOS: É.
JAQUELINE: Tá pensando em investir?
JOSÉ CARLOS: (sorrindo) Olha… não seria uma má ideia.
Eles se olham com cumplicidade e se beijam, rindo da própria audácia.
JOSÉ CARLOS: (maldoso) E ele parece ser bem gostosinho.
JAQUELINE: Isso porque você ainda nem provou. Mas quando provar… (ri) Ali sabe foder. Sabe meter gostoso. Sabe chupar gostoso... Só depois que provei que fui entender porque o Afonso sentiu tanto ódio dele.
JOSÉ CARLOS: (gargalha) Agora tudo faz sentido!
Os dois caem na cama aos risos, se beijando, trocando carícias quentes enquanto o clima esquenta.
CENA 06: PEDRA DO FORTE - STOCK-SHOTS - AMANHECER
TAKES DA CIDADE AMANHECENDO.
CENA 07: PRÉDIO DE OTÁVIO - FRENTE - MANHÃ
Afonso sai do prédio junto com Otávio.
AFONSO: Você vai ficar bem?
OTÁVIO: Eu preciso, né?
AFONSO: Olha, eu vou em casa, mas eu prometo que volto antes do almoço pra ficar com você.
Otávio sorri fraco pra ele. Afonso se aproxima e o beija. Afonso se afasta. Ele vai em direção à pista, ele procura por um táxi.
CORTA PARA O CARRO DE MARCOS
Marcos vê Afonso parado no meio fio. CLOSE NO SEU OLHAR DEMONÍACO, CHEIOS DE ÓDIO. Ele põe as mãos no volante. Mete o pé no acelerador.
Afonso vira-se no susto. Otávio arregala os olhos, assustado. Marcos passa com o carro por cima de Afonso com tudo, que rola por cima do veículo e cai no chão desacordado. Marcos gargalha e arranca com o carro dali.
OTÁVIO: AFONSOOOOOOOOOO!
CLOSE NELE desacordado no chão.
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