03/07/2025

Teia de Sedução - Capítulo 23



“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por

Susu Saint Clair

Capítulo 23


CENA 01: CASA DE VOLNEY - NOITE

VOLNEY: Você não vai atender?

Jaqueline olha para a tela e recusa a chamada de José Carlos.

JAQUELINE: (Com um suspiro) Não é importante.

Os dois se olham por um tempo, um silêncio constrangedor paira no ar. Ambos estão visivelmente sem jeito.

JAQUELINE: (Quebra o silêncio, a voz um pouco embargada) Então, você não vai falar nada?

VOLNEY: (Respira fundo, escolhendo as palavras com cuidado) Olha, Jaque, eu gosto de você. Gosto demais. Você é uma mulher incrível. Linda. Maravilhosa. Mas eu não sinto a mesma coisa por você! Você sabe. Eu amo o Afonso. Apesar de tudo. Apesar de todas as coisas que ele fez. Eu sei que eu posso ser trouxa por pensar assim, por ter esse sentimento por ele. Sei que eu deveria odiar, até quis odiar o Afonso, mas eu não consegui. E eu não consigo deixar de amar aquele cara. Eu gosto de você, mas acho que vai ser melhor a gente não confundir as coisas e ficar só na amizade mesmo.

Jaqueline baixa a cabeça, visivelmente triste e magoada. Volney fica sentido, a culpa estampada em seu rosto.

JAQUELINE: (A voz baixa, quase um sussurro) Eu imaginava que você diria isso. Só falei com você porque achei que você precisava saber o que eu sinto e eu precisava saber o que você sente. (Ela se levanta e caminha lentamente até a porta) Acho melhor eu ir embora.

Volney se levanta de imediato e toca o braço dela, impedindo-a de sair.

VOLNEY: (A voz urgente) Peraí, eu não quero que a gente se afaste por causa disso. Eu não quero você longe de mim. Eu gosto da sua companhia, eu gosto de você. Eu não quero que essa conversa acabe com a boa relação que a gente tem.

Jaqueline se aproxima dele novamente. Toca em seu rosto, um sorriso melancólico surgindo em seus lábios.

JAQUELINE: (Com doçura forçada) A gente se fala numa outra hora, tá?

Ela dá as costas e sai da casa, deixando Volney triste e pensativo.

CORTA PARA a sala. Jaqueline passa por Estela e Susane, que estavam ali, sem dizer uma palavra, e vai embora, deixando um rastro de tristeza no ar.

Volney vem logo atrás, incapaz de disfarçar a tristeza em seu olhar.

ESTELA: (Preocupada) O que houve, filho?

VOLNEY: (Com um suspiro pesado) Ela disse que está apaixonada por mim.

SUSANE: E você disse o quê para ela?

VOLNEY: (Com a voz carregada de desânimo) A verdade, né? Eu não sinto a mesma coisa. Mas agora eu estou mal com isso. Por que eu sempre magoo as pessoas?

ESTELA: (Com firmeza e carinho) Volney, você tem que parar com essa mania de ficar sempre se culpando por tudo. Sabe? De ficar remoendo… Primeiro foi com aquela história do Afonso e da Sabrine, depois foi com o Afonso preso, agora isso… Aliás… Se quer um conselho… Esquece o Afonso. Acho que esse amor que você sente por ele está travando a sua vida.

VOLNEY: (Olha para a mãe, a voz um pouco irritada) Você acha que é fácil, mãe?

SUSANE: Fácil não é. Mas impossível também não.

Volney suspira, pensativo, a ideia de desapegar de Afonso pairando em sua mente.

CENA 02: APART-HOTEL - SUÍTE PRESIDENCIAL - NOITE

José Carlos e Jaqueline estão frente a frente. Ele a encara, com uma expressão de questionamento.

JOSÉ CARLOS: (Direto) Por que você não atendeu minha ligação?

JAQUELINE: (Mente, com naturalidade, desviando o olhar) Porque eu estava com a minha mãe resolvendo as coisas sobre a casa que a Gisela botou fogo.

JOSÉ CARLOS: (Cochando a cabeça, um pouco cético) Certo… o Nelson mandou te avisar que o exame de DNA está marcado para amanhã.

JAQUELINE: (Com um brilho de antecipação nos olhos) Ótimo. O resultado sai no mesmo dia?

JOSÉ CARLOS: (Assente) Sim.

JAQUELINE: Perfeito.

José Carlos se aproxima dela, notando que ela está pensativa demais. Ele a agarra levemente pela cintura e começa a beijar seu pescoço. Jaqueline se deixa envolver por alguns instantes, seus olhos se fechando, mas seus pensamentos rapidamente a levam para a conversa que teve com Volney minutos atrás. Ela interrompe José Carlos, afastando-o com as mãos e segurando seu rosto.

JOSÉ CARLOS: (Confuso, surpreso pela interrupção) O que foi?

JAQUELINE: (Com um sorriso forçado, visivelmente distante) É que eu não estou no clima hoje… Vamos dormir? Eu estou muito cansada e amanhã vai ser um dia longo.

Ela se afasta e caminha para a cama, deixando José Carlos para trás, com um olhar frustrado. CLOSE NELE.

CENA 03: PEDRA DO FORTE - STOCK-SHOTS - MANHÃ

Takes da cidade amanhecendo.

CENA 04: MANSÃO PASSARELLI - QUARTO DE AFONSO - MANHÃ

Afonso dorme serenamente em sua cama, o edredom cobrindo-o até o pescoço. A porta se abre devagar e Otávio entra, carregando uma bandeja com o café da manhã. Ele fecha a porta com cuidado e senta-se na cama com delicadeza, observando Afonso.

OTÁVIO: (Sussurra, com carinho) Bom dia…

Ele se inclina e começa a beijar o rosto de Afonso, que desperta lentamente, um sorriso surgindo em seus lábios.

AFONSO: (Com a voz sonolenta) Eu estou sonhando?

OTÁVIO: (Ri baixinho) Está… Melhor nem acordar.

Afonso sorri e se ajeita na cama, afastando o edredom para se sentar.

OTÁVIO: Cheguei cedo, fiz questão de preparar tudo isso para você. Como é que você está?

AFONSO: (Um suspiro de alívio) Aliviado por estar em casa… Achei que não fosse sair daquele inferno nunca mais.

OTÁVIO: (Acariciando o rosto de Afonso com o polegar) Mas você saiu. E agora está aqui.

AFONSO: (Retribuindo o carinho, notando algo no olhar de Otávio) Eu estou te achando meio triste. O que houve?

OTÁVIO: (A voz baixa, um pouco hesitante) É… eu… rompi com a minha família. Saí de casa.

Afonso o olha por um tempo, a ficha caindo.

AFONSO: Foi por minha causa, né?

OTÁVIO: (Com um nó na garganta) Não tinha estômago para continuar lá depois do que eles fizeram. Sem contar que a Gisela me disse coisas horríveis. Falou que nunca gostou de mim, que por ela eu nunca teria nascido… Que o único filho que ela realmente gostava era o filho do seu pai que ela estava esperando…

AFONSO: (Em choque, abraçando Otávio com força) Meu Deus… Eu sinto muito.

Os dois permanecem abraçados por um momento, a dor de Otávio sendo compartilhada. Lentamente, eles se afastam. Otávio olha para Afonso, diretamente nos olhos dele.

OTÁVIO: O que me conforta é saber que eu tenho você comigo. E agora que você saiu da prisão, eu quero que você seja meu…

Afonso pega a mão de Otávio e entrelaça na sua, selando o momento.

AFONSO: Eu já sou seu!

Otávio sorri, um sorriso cheio de esperança e paixão, e o beija intensamente.

CENA 05: MANSÃO PASSARELLI - MANHÃ

Afonso e Otávio entram juntos, abraçados, sorrindo. A família inteira está presente: Nadine, Felipe, Celina, Raí e Cláudia, todas com olhares curiosos.

NADINE: (Com um sorriso carinhoso) Oi, meninos…

AFONSO: A gente veio contar uma novidade pra vocês.

CLÁUDIA: (Com um tom esperançoso) Espero que seja uma coisa boa.

AFONSO: (Olha para Otávio, um brilho nos olhos) E é, tia.

CELINA: Pois então fala, eu estou morrendo de curiosidade!

Afonso e Otávio se entreolham, um sorriso cúmplice em seus lábios.

OTÁVIO: Eu… pedi o Afonso em casamento.

Todos ficam surpresos, os olhos arregalados, olhando para Afonso, aguardando ansiosamente sua resposta.

AFONSO: E eu aceitei!

Os dois sorriem, radiantes. A família toda explode em gritos de euforia e comemoração. Todos se levantam e correm para abraçá-los, formando um aglomerado de alegria. Em meio ao clima de festa, a campainha toca. Neide atende.

Estela entra na mansão sem que a maioria perceba sua presença. Apenas Raí a nota e, com um olhar surpreso, afasta-se discretamente do grupo e vai até ela.

ESTELA: (Com a voz suave, um pedido nos olhos) Será que a gente pode conversar?

RAÍ: (Com um sorriso leve) Claro…

Eles saem discretos, caminhando até a área externa da mansão, buscando um pouco de privacidade.

ESTELA: (A voz embargada pela emoção) Olha, Raí, agora que tudo já se resolveu, eu vim pedir pra você voltar pra casa. Eu te amo, eu não sou nada sem você.

Eles dois se abraçam com força, um abraço cheio de saudade e perdão.

RAÍ: (Com um suspiro) Eu também te amo, mozão, mas é que… O seu filho me odeia… E depois de todas as nossas brigas, nem tem clima, sabe?

ESTELA: (Se afasta um pouco, olhando nos olhos dele) Não importa, Raí, você é casado comigo, esqueceu? E aquela casa não é só do Volney. Ela é minha também. E sua. Não é a mesma coisa sem você!

RAÍ: (Relutante) Eu não sei…

ESTELA: (Um brilho nos olhos, com esperança) Será que não é o momento de você e o meu filho se entenderem?

RAÍ: (Com um sorriso de descrença) Você acha que ele ia me desculpar pelo soco que eu dei nele?

Estela ri da pergunta dele, um riso leve e carinhoso. Eles se beijam, um beijo que sela a reconciliação.

INTERVALO DE TEMPO

O tempo passa. Nelson e Jaqueline fazem o exame de DNA na clínica. Jaqueline retorna para o Apart-hotel para aguardar o resultado. Ela recebe uma ligação que confirma a paternidade. Logo em seguida, Nelson, junto com seu advogado, vai ao tabelião para alterar o testamento, retirando Gisela como sua principal herdeira e colocando Jaqueline em seu lugar.

Raí e Volney se encontram, conversam, se desculpam e se entendem, selando a paz. Raí arruma suas coisas e volta a morar na casa com Estela. À noite, os três jantam juntos, uma família reunida e reconciliada.

CENA 06: ANOITECE - MANSÃO PASSARELLI - QUARTO DE AFONSO

Afonso está absorto em pensamentos quando ouve batidas leves na porta.

AFONSO: (Sua voz soa um pouco distante) Entra…

A porta range suavemente ao se abrir, e Neide surge na soleira.

NEIDE: Tem visita pro senhor.

AFONSO: (Curioso, levanta o olhar) Quem é?

Antes que Neide possa responder, Volney entra no quarto, com uma expressão séria e decidida. Afonso se surpreende ao vê-lo.

AFONSO: (Com um aceno) Pode ir, Neide.

NEIDE: Com licença.

Ela sai, fechando a porta com suavidade, deixando os dois a sós, em um silêncio carregado de expectativas.

AFONSO: (Com um tom de surpresa genuína) Eu não esperava que você viesse me visitar.

VOLNEY: (Respira fundo, o olhar fixo em Afonso) Eu vim porque… Eu fiquei sabendo…

AFONSO: (Franziu a testa, sem entender) Sabendo de quê?

VOLNEY: (Aproxima-se, a voz carregada de emoção e desespero) Do seu casamento com Otávio. Não faz isso, Afonso. Não se casa com ele! Eu te amo! Eu quero ficar com você. Eu quero que a gente volte a ser como antes. Aliás… Como antes não… Melhor do que antes.

Afonso o ouve, seu semblante se tornando melancólico.

AFONSO: (Com uma tristeza no olhar) Volney, eu também te amo. Mas não é mais aquele amor que eu sentia antes, sabe? É um jeito diferente de amar… não é um amor romântico…

Volney suspira, a esperança se esvaindo de seu rosto.

VOLNEY: Você ainda sente raiva de mim, né? Pelo que eu fiz? A traição. Você na cadeia…

AFONSO: (Com honestidade) Não. Eu não tenho mais nenhum sentimento ruim por você. A gente se perdoou, se entendeu, não foi?

VOLNEY: (Encarando-o intensamente, a voz baixa e carregada de presságio) Você não vai ser feliz com ele.

Afonso, chocado com a afirmação, muda sua expressão. Uma sombra de preocupação cruza seu rosto.

VOLNEY: (A voz se eleva, as palavras saindo como um ultimato) Escreve o que eu estou te dizendo… Você não vai ser feliz com o Otávio!

Volney dá as costas e sai do quarto como um furacão, deixando Afonso em choque, digerindo a atitude e as palavras enigmáticas dele. 

CENA 07: MANSÃO PASSARELLI - CORREDOR / QUARTO DE JAQUELINE - NOITE

Volney sai andando pelo corredor, até que se depara com Jaqueline, que sai de um dos cômodos. 

JAQUELINE: (surpresa) Volney?

Sem falar nada, ele se aproxima e num ato impulsivo, a puxa pela cintura, colando seus lábios aos dela num beijo cheio de urgência. Jaqueline, depois de um instante de choque, se entrega. Ele a guia com firmeza para dentro do quarto, fechando a porta com o pé, sem desgrudar da boca dela.

Volney a pressiona contra a parede, as mãos deslizam por sua cintura, Jaqueline segura sua nuca com força, os corpos se encaixam com fome. Ele a carrega até a cama, onde ela cai de costas, ofegante, o olhar em chamas.

Volney tira a camisa num só movimento, revelando o corpo suado e os músculos tensos. Jaqueline sorri, mordendo o lábio, o desejo explodindo entre os dois. Eles se beijam de novo, mais ferozes, mais entregues, os lençóis se embaralham, a noite engole as palavras, restando apenas os suspiros abafados, os toques desesperados e a entrega completa.

CORTA PARA:

Os dois estão deitados, abraçados, envoltos no lençol branco amassado. A luz do abajur banha seus rostos cansados, mas satisfeitos. Jaqueline respira fundo, os olhos ainda fechados, o corpo trêmulo de prazer.

JAQUELINE: (sorrindo, sem fôlego) Nossa…

VOLNEY: (rindo baixinho) Que foi? Ficou surpresa?

JAQUELINE: Muito. O que deu em você?

VOLNEY: Tô só seguindo um conselho que recebi… Seguir em frente. Viver o agora.

Volney se vira de lado, olhando nos olhos dela com sinceridade, o rosto ainda próximo, os dedos deslizando pelos cabelos bagunçados dela.

VOLNEY: Quer namorar comigo, Jaque?

Jaqueline arregala os olhos, pega de surpresa.

Capítulo Anterior

Próximo Capítulo

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário