10/07/2025

Teia de Sedução - Capítulo 27 (Últimas Semanas)




“TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por 

Susu Saint Clair

Capítulo 27


CENA 01: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – NOITE


A mansão está silenciosa. A porta da frente se abre, José Carlos entra, cansado, afrouxando a gravata.


EMPREGADA: Boa noite, doutor José Carlos. Vai querer jantar?


JOSÉ CARLOS: (nem olha) Não, obrigado. Só quero um banho e cama.


Ele começa a subir as escadas, mas ao passar pelo corredor do andar superior, nota a porta do quarto de Nelson aberta e o quarto vazio. Ele vai até o cômodo e vê a cama bagunçada, do jeito como Nelson deixou da última vez. Ele franze a testa, incomodado. Desce de novo, direto para a sala.


JOSÉ CARLOS: O senhor Nelson onde é que tá?


EMPREGADA: Saiu, doutor. Pegou o carro dele e foi embora.


JOSÉ CARLOS: (estranhando) Como assim saiu? Ele tava de cama, se sentindo mal.


EMPREGADA: Pois é... também achei estranho. Na verdade, eu nem vi direito o senhor Nelson hoje à noite, sabe? Só ouvi o barulho do carro arrancando da garagem. O porteiro disse que era o carro dele. Saiu daqui tão apressado… A dona Gisela saiu logo atrás dele. 


José Carlos fica pensativo, estranhando a situação. 


EMPREGADA: Ele pode ter ido pra empresa. 


JOSÉ CARLOS: Impossível. Acabei de vir de lá.


A porta da frente se abra novamente. Gisela entra. 


JOSÉ CARLOS: (aproximando-se) Gisela. Você sabe onde está o seu pai?


GISELA: (sorriso cínico) Não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe. (olha para a empregada) E você, faça o favor de preparar um banho de banheira com espuma de lavanda e pétalas de rosa branca. Estou exausta. E manda o Caetano subir depois. Minhas costas estão um caco.


EMPREGADA: Sim, senhora.


A empregada sai. Gisela faz menção de subir as escadas.


JOSÉ CARLOS: (agarra o braço dela, sério) Onde é que você tava?


GISELA: (puxa o braço, firme) Isso não é da sua conta.


Ela sobe.


JOSÉ CARLOS: (fica parado, encarando a escada, desconfiado) Tem alguma coisa errada…


CLOSE EM JOSÉ CARLOS, tenso, com o olhar carregado de suspeita.


CENA 02: CASA DE VOLNEY – QUARTO – NOITE


Jaqueline está sentada na beira da cama, celular no ouvido, tensa.


JAQUELINE: Você tem certeza?


INTERCORTA – QUARTO DE JOSÉ CARLOS – MANSÃO VON BERGMANN


José Carlos anda de um lado pro outro, nervoso, com o celular no ouvido.


JOSÉ CARLOS: Juro pra você, Jaque. Quando eu cheguei, a cama tava vazia. Ele sumiu. E eu tô ligando sem parar pro celular dele, ele não atende. A empregada falou que ouviu o carro dele sair e o da Gisela logo atrás do dele. Tem alguma coisa errada, Jaqueline. Eu tô sentindo.


JAQUELINE: Você tá achando que a desgraçada da Gisela descobriu alguma coisa?


JOSÉ CARLOS: Não sei… mas se descobriu, ela já deve ter feito merda. Quer me encontrar agora no hotel?


JAQUELINE: Pode ser. Eu só vou passar em casa pra pegar meu notebook. Beijo.


Ela desliga.


VOLNEY: Quem era?


Jaqueline se vira, meio sem graça. Volney está deitado, de peito nu, coberto até a cintura.


JAQUELINE: Coisas do serviço.


VOLNEY: Serviço? Ué… você não trabalha com o Raí no Veludo Vermelho?


JAQUELINE: Tenho dois empregos.


VOLNEY: Garçonete e…?


JAQUELINE: (improvisa rápido) Estagiária de contabilidade.


VOLNEY: Contabilidade?


JAQUELINE: Uhum. Tudo a ver comigo, né? Números, planilhas, boleto vencido...


Ela dá uma risada nervosa, enquanto veste a blusa. Volney a puxa pela cintura, carinhoso.


VOLNEY: Fica mais um pouquinho, vai... Deita aqui comigo. Depois você vai.


Ele beija o pescoço dela. Jaqueline retribui, por um segundo, hesita, mas logo recua.


JAQUELINE: Eu adoraria… mas não dá. Tô atrasada.


VOLNEY: Amanhã você vem?


JAQUELINE: Sem falta.


Ela o beija com vontade e sai. Volney observa a porta se fechando, pensativo. Seus olhos estreitam, desconfiado.


VOLNEY: Estagiária de contabilidade… tá bom.


CLOSE em Volney, com a pulga atrás da orelha.


CENA 03: MANSÃO PASSARELLI – SALA DE ESTAR – NOITE


A sala está movimentada. Afonso, sentado no sofá, segura um tablet enquanto revê a lista de convidados do casamento. Ao redor dele, estão Nadine, Cláudia, Celina e Felipe, todos comentando e opinando ao mesmo tempo.


AFONSO: Vai ser uma cerimônia pequena, só gente próxima. Nada de exagero.


NADINE: Decidiu se vai ser aqui ou na praia?


AFONSO: Aqui mesmo. Algo mais íntimo, sabe? Familiar...


CELINA: Raí vem com a Estela, né? Agora… e o Volney? Vai convidar?


AFONSO: Tenho que convidar, né, vovó? Querendo ou não, ele é enteado do meu irmão. Falei com o Otávio sobre isso, ele nem liga. Agora… se o Volney vai aparecer, aí é outra história.


Ele desliza o dedo no tablet, suspira.


AFONSO: (cont.) Ah, Jéssica Klein confirmada. Lembrei que tenho encontro com ela depois de amanhã…


Ele pega o celular e começa a digitar.


FELIPE: E a família do Otávio vai vir também?


CLÁUDIA: Que pergunta idiota, Felipe. Depois do que aquela gente fez com o Afonso, cê ainda acha que eles vem pro casamento?


AFONSO: Ah, minha filha, isso porque você nem sabe a metade do que a vagabunda da Gisela falou pra ele. Tratou o Otávio como lixo podre. Essa corja não pisa aqui. See vier de penetra, vai ser barrada na porta. E se fizer escândalo, vai sair escoltada pela polícia!


NADINE: O Otávio não quer ninguém da família dele no casamento?


AFONSO: Só o pai. O resto ele não quer ver nem pintado de ouro, muito menos eu! Gentinha.


De repente, a porta se abre. Entra Jaqueline.


CLÁUDIA: Oi, filha. A gente tá aqui conferindo a lista do casamento do Afonso...


AFONSO: E aí? Como foi lá com o seu namorado?


CLÁUDIA: Namorado? Cê tá namorando, Jaqueline?


JAQUELINE: Tô. Com o Volney.


SILÊNCIO ABSOLUTO.


Todos se entreolham, como se tivessem levado um tapa.


NADINE: (para Afonso) Como ele pode estar com a Jaqueline se é de você que ele gosta?


CELINA: (erguendo o copo) Viva o amor livre!


AFONSO: Melhor a gente nem comentar sobre isso…


CLÁUDIA: (ainda confusa) Peraí... Jaqueline, cê não era amante do marido da Gisela?


JAQUELINE: Ex-marido.


CLÁUDIA: Tá com ele e com esse menino ao mesmo tempo?


JAQUELINE: (sorri, debochada) Ué, tô. Por quê?


CELINA: Essa é das minhas! É um na frente e outro atrás, hein, nega?


FELIPE: Velha safada!


CELINA: Tô velha, mas não tô morta.


JAQUELINE: Gente, não tenho tempo pra essa conversa fiada, tenho que subir. 


Ela começa a subir as escadas. Afonso vai atrás dela.


AFONSO: (chama baixinho) Espera aí.


Ela para. Os dois conversam discretamente no pé da escada.


AFONSO: E aí? Como ele tá com esse lance de manter o namoro escondido?


JAQUELINE: Tá fingindo que concorda, mas no fundo ele tá odiando a ideia. 


AFONSO: (sorri) Ótimo.


JAQUELINE: Tá sentindo na pele o que você sentiu, né?


AFONSO: Contanto que ele me esqueça... Mas e você?


JAQUELINE: Eu amo o Volney, Afonso. Mas não sou otária. Tô conduzindo direitinho essa situação. Cada passo milimetricamente calculado.


AFONSO: E o José Carlos?


JAQUELINE: Amo os dois, né. Que que eu posso fazer?


AFONSO: E vai encontrar ele agora?


JAQUELINE: Sim. Cê nem sabe, o Nelson sumiu, não atende as ligações do Zé Carlos. Vim pegar meu notebook e vou pro apart-hotel, preciso descobrir se a Gisela tá envolvida nisso.


AFONSO: Vai lá. Me dá notícia, hein?


JAQUELINE: Pode deixar.


Ela sobe correndo. Afonso observa, pensativo.


CENA 04: HOTEL – FACHADA – NOITE


A fachada do hotel brilha sob a iluminação amarelada. Um táxi estaciona, e Jaqueline desce com pressa. Ela entra no saguão do prédio sem olhar para trás.


CORTA PARA OUTRO TÁXI, que encosta logo atrás.


Volney, no banco de trás, observa tudo. Ele reconhece Jaqueline e franze o cenho, intrigado. Ele paga a corrida, desce e segue a passos discretos.


CORTA PARA O INTERIOR DO HOTEL – SAGUÃO


Jaqueline atravessa o saguão com firmeza. Um funcionário abre o elevador, ela entra. A porta fecha com um leve “ding” antes que Volney possa alcançar.


CORTA PARA O BALCÃO DE RECEPÇÃO


Volney, ofegante, chega até a recepcionista. Ela sorri educadamente.


VOLNEY: Boa noite. Uma moça acabou de entrar. O nome dela é Jaqueline. Ela... ela trabalha aqui? Ou tem algum escritório de contabilidade aqui dentro?


RECEPCIONISTA: Desculpe, senhor, mas não posso fornecer informações de hóspedes ou visitantes.


VOLNEY: (insistindo, nervoso) Poxa, moça, por favor. É sério. Só quero saber se ela trabalha aqui.


A recepcionista olha por cima do ombro dele, com os olhos arregalados discretamente. Volney percebe o movimento e se vira.


José Carlos surge logo atrás, tenso, arrumando as mangas da camisa social, o olhar afiado.


JOSÉ CARLOS: Boa noite. Algum problema?


RECEPCIONISTA: Esse moço… estava perguntando por uma visitante.


JOSÉ CARLOS: (encarando Volney) Ah, é? Que visitante?


VOLNEY: (encarando de volta) A Jaqueline.


JOSÉ CARLOS: E o que você quer com ela?


VOLNEY: Falar com ela.


JOSÉ CARLOS: (sutilmente provocador) Ela é minha estagiária. E você… quem é?


VOLNEY: Sou o Volney! Sou namorado dela.


CLOSE NO ROSTO DE JOSÉ CARLOS. Ele congela por um segundo.


CLOSE EM VOLNEY, firme, esperando reação.


CLOSE ALTERNADO entre os dois homens — os olhares se enfrentam.


Capítulo Anterior


Próximo Capítulo


Nenhum comentário:

Postar um comentário