09/07/2025

Teia de Sedução - Capítulo 26 (Últimas Semanas)






“TEIA DE SEDUÇÃO”
Novela criada e escrita por 
Susu Saint Clair 
Capítulo 26

CENA 01: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – TARDE

Gisela ainda está imóvel, o olhar perdido no chão da sala. 

GISELA: (desacreditada) Não… Não é possível. Isso é mentira… É alguma armação sua pra me tirar dinheiro, né, sua secretária miserável?… Isso não pode ser verdade…

SUSANE: (saca do bolso uma fotografia amassada) Olha pra essa foto, dona Gisela. Ele tinha três anos aqui.

Ela entrega a foto nas mãos de Gisela. A imagem de um menino com olhar intenso, cabelo rebelde. Gisela segura a foto com as mãos trêmulas. Seus olhos se enchem de lágrimas.

GISELA: (baixinho, como num sussurro) Meu Deus… Ele tem o meu olhar. Igualzinho ao meu quando eu era pequena…

SUSANE: Tem porque ele é seu filho. Filho que você pensou esses anos todos que estava morto. 

Gisela fecha os olhos, a respiração pesada. Dá um passo pra trás, desnorteada.

GISELA: (explodindo) Aquele desgraçado! Aquele velho nojento… Ele me fez acreditar que meu filho tinha morrido! Ele me deu um cadáver pra enterrar! Ele fez isso porque odiava o Felipe! Velho imundo.

SUSANE: Eu sei que é revoltante, eu sei… Mas agora não é hora de pensar em vingança. O Rafael tá precisando de ajuda. Ele tá preso, Gisela. E tá sendo ameaçado de morte!

GISELA: (encara Susane, com raiva nos olhos) Onde?

SUSANE: Na Penitenciária de Pedra das Flores.

GISELA: (começa a andar de um lado pro outro, agitada) Eu vou tirar ele de lá. Eu vou botar o mundo abaixo, mas ele vai sair dali. Eu vou recuperar o que aquele velho maldito tirou de mim. Ele vai pagar por isso, Susane… com cada centavo da nossa herança podre, com cada gota de sangue da consciência suja dele! 

SUSANE: (segura o braço dela) Gisela… O meu filho não precisa da sua vingança. Ele precisa sair da cadeia e pagar a dívida que tem com os traficantes! Só isso.

Gisela respira fundo. Ela aperta a foto contra o peito. Seus olhos marejam de novo, mas ela limpa antes que caia qualquer lágrima. O ódio ainda é maior que a dor.

GISELA: (para si mesma) Meu filho tá vivo… Ninguém vai tirá-lo de mim de novo. (Encara Susane) Eu quero conhecer ele! 

CENA 2: PENITENCIÁRIA DE PEDRA DAS FLORES – ÁREA DE VISITAS – TARDE

A sala de visitas está quase vazia. O clima é carregado. Em uma das mesas, Rafael e Susane estão sentados, frente a frente.

SUSANE: (olhando nos olhos dele) Meu filho… Tem alguém aqui que quer muito te conhecer.

RAFAEL: (sem entender) Quem?

SUSANE: Você lembra… daquela história que eu te contei quando era mais novo? Que eu… não sou sua mãe de sangue?

RAFAEL: Lembro, mas isso nunca fez diferença pra mim.

SUSANE: (pausa, engolindo em seco) Mesmo assim… eu sabia quem ela era. Sempre soube. E… hoje, eu fui até ela. Pedi ajuda. E ela veio.

Rafael franze o cenho, confuso. Antes que diga qualquer coisa, Gisela se aproxima. 

Ela está séria, de óculos escuros. Ao tirá-los, vemos que ela está com os olhos marejados. Gisela para diante dele, o observa com intensidade. Toca levemente no rosto dele. Depois, nos ombros. Analisa cada traço como se estivesse buscando a si mesma ali.

GISELA: (em um sussurro quebrado) Meu Deus… É você.

Rafael recua sutilmente, desconfortável. Mas Gisela não liga. Ela o abraça com força, num gesto desesperado, sufocante.

GISELA: (grudada nele, emocionada, descompensada) Meu filho… você é meu filho! O filho que eu sempre sonhei, sempre quis ter! (ela chora) A gente foi separado, arrancado um do outro por culpa daquele velho maldito… Mas agora ninguém vai nos separar! Nunca mais! Nunca mais, você ouviu?!

Rafael a encara, ainda em choque.

RAFAEL: (por fim) Então você é a minha mãe de sangue?!...

GISELA: (sorri, entre lágrimas) Sou. Sua mãe. A mulher que passou a vida acreditando que tinha enterrado você. Mas você tá aqui. Tá vivo! E eu já falei com o meu advogado, ele vai cuidar da sua soltura. E sobre aquela dívida com os traficantes… deixa comigo. Eu vou resolver isso também.

RAFAEL: (alarmado) Não. Não se mete nisso, dona. Eles são perigosos. Isso é coisa séria.

GISELA: (irredutível, autoritária) Eu disse que vou resolver! Você é meu filho! Eu não vou ficar parada enquanto ameaçam você.

RAFAEL: (suspira, firme) Esses caras são barra pesada. Não é só jogar dinheiro e pronto.

GISELA: (vibrando de raiva e proteção) Eu não tenho medo! Eu já enfrentei gente muito pior. Agora me dá o endereço de onde eles ficam. Eu quero falar com eles.

RAFAEL: (paciente, mas exausto) É melhor você não saber…

GISELA: (cortando) Você vai me dar esse endereço, Rafael! Eu exijo! Ou você quer que eu vá lá, bata em porta por porta até encontrar?

Rafael encara a intensidade nos olhos dela. Respira fundo. Ele entende que resistir é inútil.

RAFAEL: (resignado) Tá bom. Eu te dou o endereço.

Gisela fecha os olhos por um segundo, tentando conter a avalanche de emoções. Quando abre, o olhar já mudou. Ela está em modo combate.

GISELA: (baixa, determinada) Se eles acham que podem colocar as mãos em você… vão aprender o que é tocar no filho de Gisela von Bergmann.

CENA 3: CASA DOS TRAFICANTES – SALA – NOITE

Quatro homens — BRENÃO, CHINA, SACI e JÚLIO — estão sentados em volta de uma mesa, onde há armas, celulares e uma mochila semiaberta cheia de dinheiro.

BRENÃO: (impaciente) Esse moleque sumiu com a grana e ainda meteu a gente nessa. Já era pra ter virado estatística.

CHINA: (puxando um baseado) Calma, pô. O cara já tá preso. Tá cercado. É só questão de tempo.

SACI: (abrindo uma cerveja) Quero ver quando ele sair. Se sair. Porque se sair… é caixão.

JÚLIO: (levantando) Falando em sair… o cheiro do frango assado tá invadindo a casa. Cês tão sentindo?

BRENÃO: (sem paciência) Vai lá ver logo se não queimou, caralho. Depois volta aqui.

CASA – COZINHA – NOITE

Júlio entra na cozinha escura e engordurada. Vai direto ao forno, abre a porta devagar… e congela.

CLOSE NOS OLHOS DE JÚLIO, arregalados.

DENTRO DO FORNO, em vez de frango, está um pequeno artefato metálico improvisado, com fios, fita adesiva e um LED vermelho piscando — uma BOMBA.

JÚLIO: (em pânico) MEU DEUS DO CÉU—!

CORTE SECO – EXPLOSÃO

EXT. CASA DOS TRAFICANTES – NOITE

A CASA EXPLODE, com uma bola de fogo alaranjada iluminando a rua escura. Os vidros estouram, pedaços de telhado voam. Um muro racha e desaba, e as chamas tomam conta da estrutura.

EXT. CASA – CARRO ESTACIONADO NA RUA – NOITE

Do outro lado da rua, dentro de um carro escuro, Gisela observa a explosão com os olhos fixos na tragédia.

Ela está sentada ao volante, com as mãos cruzadas no colo e um sorriso diabólico nos lábios, como se estivesse saboreando justiça com gosto de sangue.

CLOSE NO ROSTO DE GISELA — iluminado pela luz do incêndio refletida no para-brisa. Ela solta uma gargalhada diabólica, depois liga o carro, ainda com o fogo crepitando ao fundo, e vai embora.

EXT. CASA DOS TRAFICANTES – NOITE

A câmera sobe lentamente, revelando a casa completamente em chamas. Sirenes ao longe começam a soar.

CENA 4: MANSÃO VON BERGMANN – SALA DE ESTAR – NOITE

Gisela entra tensa e decidida. A empregada, surpresa, surge no canto.

GISELA: Onde estão todos?

EMPREGADA: Dona Gioconda saiu faz pouco. Os jovens também. Só o Caetano tá por aí. Ah, seu José Carlos ainda não voltou.

GISELA: E o meu pai?

EMPREGADA: No quarto. Não saiu de lá o dia inteiro.

GISELA: Ótimo. Não quero ser incomodada.

Gisela sobe as escadas com passos firmes, olhar carregado de fúria contida.

QUARTO DE NELSON – NOITE

Nelson está deitado, lendo um livro. A porta se abre com força. Ele levanta o olhar.

NELSON: (alterando a voz) Que porra é essa, Gisela? Tá achando que mora num galinheiro?

GISELA: (entrando devagar, fria) Ah, papai... Se o galinheiro é esse, o senhor é o galo velho apodrecendo no poleiro. E eu vim aqui depenar o senhor.

NELSON: (se senta, ranzinza) Do que você tá falando, sua louca?

GISELA: Do meu filho. Do filho que o senhor me roubou. Que o senhor vendeu como se fosse um maldito trapo qualquer.

NELSON: (congelando) Como... Como você descobriu?

GISELA: Susane me contou tudo. Depois de vinte e oito anos. Sabe por quê? Porque o menino tá preso, sendo ameaçado de morte! E isso nunca teria acontecido se o senhor não tivesse feito o que fez, seu desgraçado! 

NELSON: (levanta, firme) Você queria o quê? Criar um bastardo de motorista como herdeiro dos Von Bergmann? Nunca! Eu salvei essa família da sua vergonha.

GISELA: (gritando) VOCÊ MATOU MEU FILHO PRA MANTER UMA MÁSCARA!

NELSON: E faria de novo! Mil vezes! E pior! Ainda mais agora que eu sei que você, Caetano e Gioconda tão me envenenando feito rato! Eu tava fingindo essa palhaçada de doente só pra flagrar vocês, desgraçada! (aproxima-se) Você vai pra cadeia! Eu vou acabar com vocês. Um por um!

GISELA: (congelada, olhos marejados de ódio) Você… nunca… vai… me destruir de novo.

Ela caminha até a cômoda, pega uma caneta de metal.

GISELA: (gritando) NUNCA MAIS!

Ela avança e finca a caneta com força no olho de Nelson. Ele grita, urrando de dor, cambaleando, com a mão no rosto, sangue escorrendo entre os dedos.

NELSON: (furioso, berrando) SUA DEMÔNIA! SUA VACA DESGRAÇADA!

GISELA: (sorrindo)Agora o senhor pode enxergar o inferno melhor…

Nelson cai no chão, tentando se levantar. Gisela olha ao redor, encontra uma estátua pesada de bronze em cima da mesa lateral. Ela a segura com as duas mãos e desce com tudo na cabeça de Nelson.

CRACK!
SPLASH!
CRACK!
CRACK!

CLOSE no rosto de Gisela, respingado de sangue, o cabelo desgrenhado, os olhos em transe.

GISELA: (entre dentes, surtada) Nunca mais você vai mandar em mim. Nunca mais você vai decidir meu destino. 

Ela larga a estátua com um baque no chão, ofegante.

GISELA: (gargalhando) Velho maldito!...

CLOSE NO CORPO DE NELSON, com o crânio afundado, o sangue formando uma poça.

CORTA PARA:

Caetano, parado na porta, atônito. Ele observa a cena, sem reação.

CAETANO: (eletrizado) Meu Deus… senhora…

GISELA: (respira fundo, se recompõe, gelada) Para de fazer drama, idiota. Até parece que não tá acostumado com esse tipo de coisa.

CAETANO: O que vamos fazer?

GISELA: Vamos limpar a sujeira. Como sempre fizemos. E dessa vez… vai ser a mais bem-feita de todas.

CENA 5: PEDRA DO FORTE – PENHASCO – NOITE

A estrada de terra é estreita e tortuosa. O vento assovia entre as pedras. As árvores balançam.

DOIS FARÓIS ILUMINAM A ESCURIDÃO. 

O carro preto de Gisela estaciona. Logo atrás, o veículo de Nelson para também.

Gisela desce, vestida de preto, com luvas de couro e um lenço amarrado no pescoço. O olhar é gélido, determinado.

Caetano salta do outro carro. Ambos caminham até o porta-malas. Silêncio absoluto entre os dois. Apenas o som dos grilos ao fundo.

GISELA: (abre o porta-malas) Vamos acabar com isso de uma vez.

Caetano assente com um aceno seco.

Eles puxam a bagagem pesada: uma mala preta de couro rígido. Gisela abre o zíper com brutalidade.

CLOSE NO ROSTO SEM VIDA DE NELSON, coberto por manchas de sangue seco. Os olhos estão entreabertos, com um dos globos oculares perfurados. A imagem é grotesca.

CORTA PARA:

O VEÍCULO DE NELSON, posicionado à beira do penhasco. O corpo dele, já no banco do motorista, com as mãos posicionadas no volante como se tivesse perdido o controle.

Caetano e Gisela empurram com força. 

O CARRO COMEÇA A ANDAR. Gisela e Caetano recuam. O veículo ganha velocidade, rasga a encosta, despenca penhasco abaixo, capotando diversas vezes até chegar no solo. 

O CARRO EXPLODE. FUMAÇA E CHAMAS SOBEM COMO UM GRITO DO INFERNO.

CLOSE EM GISELA, iluminada pelas chamas. Os olhos dela brilham com o reflexo do fogo. Um sorriso diabólico se forma em seu rosto.

GISELA: (sussurra com veneno) Vai pro inferno, sua múmia maldita!

Ela respira fundo, sorri de canto, e vira-se para voltar ao carro, como quem finaliza uma missão sagrada.

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