Paraíso Virtuoso - Capítulo 02 (03/12/2024)


 PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 02
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE 

CENA 01: CASA DOS DOURADO/SALA/NOITE 

Todos na sala arregalam os olhos, surpresos. A câmera intercala entre os rostos dos presentes. Um falatório começa. Os personagens presentes ficam felizes por Álvaro e Doralice, menos Vicente, que continua sentado no sofá, sério, enquanto os outros personagens vão até os mocinhos para dar parabéns. De repente, Vicente se levanta bruscamente do sofá e arremessa a taça de vinho contra a parede, furioso. Todos se assustam e se calam. Imediatamente o instrumental “O Pesadelo de Ana J - Iuri Cunha” entra em cena.

ÁLVARO: Uai, pai, num entendi. O senhor num ficou feliz pelo meu namoro com a Doralice?

VICENTE (gritando, com os olhos fixos em Álvaro): NÃO! NÃO FIQUEI! Que pouca vergonha dos dois, hein? Óia aqui, debaixo do meu nariz isso não vai acontecer, tá ouvindo?! Eu não aceito essa pouca vergonha, não aceito!

Doralice fica pálida e engole seco, sem entender a reação de Vicente. Carmem se aproxima do marido, tentando entender a fúria do vilão.

CARMEM (sem graça): Meu benzim, para com isso, uai. Álvaro e Doralice estão felizes, num tá vendo? Por que essa raiva toda? É só um namoro…

VICENTE (descontrolado): Eu já falei que debaixo do meu nariz isso não vai acontecer, eu não aceito esse namoro de jeito nenhum!

MARTINHO: Ô meu amigo, eu sei o que ocê deve tá sentindo. Doralice e Álvaro quase num troca uma palavra, né? Mas óia só como o destino uniu esses dois e estão apaixonados. Custa nada ocê aceitar esse namoro. 

VICENTE (furioso): EU JÁ FALEI QUE NÃO! Vamo embora, aqui eu num volto mais. (Olha para Doralice) E ocê, menina, fica longe do meu filho.

CENA 02: CASA DOS GONZALEZ/INT./NOITE

O instrumental da cena anterior continua a tocar e segue até o fim da cena.

ÁLVARO: Ocê tá ficando louco? Precisava daquilo tudo? Que maldade tem no meu namoro com Doralice? Desembucha que eu quero saber.

Com ódio no olhar, Vicente se aproxima de Álvaro e fica cara a cara com o filho. Carmem e Jerônimo observam, tensos.

VICENTE: Eu não esperava isso do cê, Álvaro. Logo com a Doralice…

ÁLVARO: Num tô entendendo. Que mal tem eu querer namorar uma pessoa que eu amo? Eu amo a Doralice desde a primeira vez que vi ela, e ela também me ama.

VICENTE: Desde quando isso acontece? 

ÁLVARO: Desde sempre! Eu amo Doralice desde quando a vi pela primeira vez.

VICENTE (debocha): Conta outra. (Pausa) Ocê pode querer qualquer mulher do mundo, Álvaro, mas ela não. Com Doralice ocê num vai ficar.

CARMEM (se aproximando): Como assim, benzim? Que história é essa? A Doralice é moça nova, assim como o nosso filho. Eu num tô vendo problema nenhum no namoro dos dois.

VICENTE: CALA ESSA BOCA! (Ele ergue a mão e dá um tapa na cara de Carmem, que cai no chão)

No mesmo instante, Álvaro parte pra cima do pai.

ÁLVARO: AGORA OCÊ PASSOU DE TODOS OS LIMITES!

Os dois começam a se empurrar, até que Jerônimo aparta a briga. 

ÁLVARO (enfurecido): Não vai ser ocê e nem ninguém que vai me separar de Doralice. 

VICENTE: É isso que nós vamo ver, meu filho, é isso que nós vamo ver!

Com raiva, Álvaro sai e bate a porta com força. Carmem, ainda atordoada, se levanta com dificuldade e vai atrás do filho, preocupada. Vicente e Jerônimo ficam sozinhos em casa. Jerônimo se aproxima do pai.

JERÔNIMO: Pra que disso tudo? O que tem de mal o meu irmão querer namorar a filha do seu Martinho?

Focamos no rosto de Vicente, que logo solta um longo suspiro.

VICENTE: Ocê quer saber memo, Jerônimo, por que eu não suporto esse namoro maldito do teu irmão com Doralice? Por que eu fiquei assim?

JERÔNIMO: Pois diga, meu pai. Pra que essa raiva toda? Doralice é uma boa moça pelo o que eu sei... o que ela te fez pro senhor ter essa reação? Me fala, eu eu num falo pra ninguém, o senhor sabe disso.

Vicente fica em silêncio por alguns segundos.

VICENTE: Eu... eu sinto um negócio diferente pela Doralice que eu não sei explicar, Jerônimo. Uma coisa que me aperta por dentro. (Ele faz uma pausa, tentando encontrar as palavras certas) Doralice é jovem, bonita, educada... 

JERÔNIMO (tentando processar): Uai, o senhor tá me dizendo que é apaixonado pela Doralice, é isso? Pai, ela serve pra ser sua fia! Tá ficando louco, é?

VICENTE: Louco eu tô é por ela, Jerônimo. Eu dava  tudo pra ter Doralice como minha amante, minha mulher… pena que não é possível. Eu amo a Doralice, filho, mas ao mesmo tempo, eu odeio aquela família dela, odeio com todas as minhas força aquela família dos infernos.

JERÔNIMO (confuso): Como assim? O que os Dourado fez pro senhor, pai? Sempre tratou a gente tão bem, sempre recebeu nós na casa deles, deixaram a gente ficar na fazenda. Por que esse sentimento ruim contra eles?

VICENTE (com voz fria): Não importa. O que importa é que essa família, o Martinho principalmente, sempre teve o que devia ser meu. Aquelas terra, um dia eu vou tomar aquelas terra daquela família, nem que eu tenha que passar por cima deles todos. (ele faz uma pausa, olhando nos olhos de Jerônimo) E ocê, meu filho, ocê vai me ajudar.

JERÔNIMO (horrorizado): Enlouqueceu de vez memo... o senhor não pode tá falando sério! Isso... isso é errado! Eu num vou te ajudar de maneira nenhuma a passar por cima de ninguém. Eu vou falar tudo pro Álvaro, ele vai saber dessa tua maluquice assim que ele chegar aqui.

Vicente agarra Jerônimo pelo braço, furioso.

VICENTE: Ocê não vai falar nada pra ninguém, Jerônimo! Nem pro Álvaro, nem pra sua mãe, nem pra ninguém. Se ocê abrir essa tua boca, eu juro que ocê não vai gostar das consequências. Tá me entendendo? (Ele aperta o braço de Jerônimo com força).

Jerônimo começa a ficar com medo.

VICENTE (mais calmo): Ocê vai me ajudar, filho, e no final, tudo vai valer a pena. Vamo mandar naquelas terra e ninguém vai entrar no nosso caminho. Nem Álvaro, nem os Dourado, nem ninguém. Certo?

Jerônimo, ainda com o braço preso na mão do pai, hesita. Vicente finalmente o solta, seu olhar ainda carregado  de crueldade.

JERÔNIMO: Então tá bão... eu te ajudo.

Vicente dá um sorriso sombrio.

VICENTE: Esse é meu filhão!

A câmera foca no rosto de Jerônimo, que está numa mistura de medo e confusão.

CENA 03: CASA DOS DOURADO/NOITE

A família ainda está reunida na cozinha. Todos estão chocados com o que aconteceu.

MARIETA: Óia, até agora eu num entendi essa reação do Vicente, nunca vi ele daquele jeito.

MARTINHO: E não vai ser eu que vou me meter nessa história, ocês que se resolvam.

Martinho se levanta da mesa e vai para o quarto, dormir. Logo depois Venâncio também se retira. Ficam na cozinha apenas Anita, Doralice e Marieta.

DORALICE: Eu não esperava isso do Vicente. Tá certo que eu e Álvaro a gente demorou pra assumir nosso namoro, a gente mal se falava perto de vocês… Vicente sempre me pareceu ser um homem de bem, compreensivo. Mas se bem que ele tem agido diferente comigo ultimamente.

ANITA: Agido diferente? Como assim, Dora?

DORALICE: Hoje ele foi me entregar o presente de aniversário e ele agiu diferente comigo… me elogiou, falou do meu corpo, até pediu um beijo meu, acredita? E essa não é a primeira vez que isso acontece. Toda vez que eu fico sozinha com ele, ele vem com essas conversa. Mas eu sempre levo na brincadeira, num sou de ver malícia nessas coisa…

ANITA: Esse homem então é um pedófilo, um assediador! É isso, ele não quer aceitar o teu namoro com o Álvaro porque ele é doente por você, Doralice!

DORALICE: Não… Vicente não é capaz disso…

ANITA: Aquele homem é uma peste, eu não coloco minha mão no fogo. Por que ocê num vai na delegacia denunciar o Vicente por assedio, Doralice?

DORALICE: Eu não tenho provas o suficiente, sem falar que eu ia ficar mal falada na cidade.

MARIETA: Essa história tá ficando cada vez mais estranha, Deus é pai.

ANITA: E agora, Doralice? Como que ocês vão fazer pra esconder esse namoro do Vicente?

DORALICE: Eu acho mió eu terminar com o Álvaro… Eu tenho medo do Vicente descobrir que a gente tá se encontrando em segredo e fazer o pior. (Começa a chorar) Eu amo o Álvaro, nunca amei ninguém igual. Mas infelizmente eu vou ter que tomar essa decisão.

MARIETA: Óia, fia, não tome nenhuma decisão precipitada. Isso vai fazer mal pro cê.

DORALICE: É, vou deitar e pensar um pouco, amanhã eu vou me encontrar com o Álvaro e vou ver o que eu faço. Boa noite pra vocês.

Amanhece ao som de “Um Sonhador - Bruno & Marrone”.

CENA 04: PASTO/DIA

Doralice está sentada debaixo da árvore onde sempre se encontra com Álvaro. Ela está pensativa, esperando seu amado chegar. Minutos se passam e ele chega.

ÁLVARO: Doralice, meu amor! Achei que ocê não vinha mais.

Ele se aproxima dela e tenta beijá-la, mas ela se esquiva.

DORALICE: Álvaro, eu preciso ter uma conversa séria com ocê.

ÁLVARO: Até já sei o que é. Óia, eu já conversei com meu pai, até tive uma briga feia com ele ontem depois que nós chegou. Ele já tá ciente de que eu não vou desistir do cê, Doralice. É ocê que eu amo.

DORALICE: Eu também te amo, Álvaro, mas eu tenho medo do teu pai. Tenho medo de que ele faça alguma besteira com nós. 

ÁLVARO: Pare com isso. Meu pai não vai fazer nada, eu não vou deixar.

O refrão de “What’s up? - 4 non blondes” começa a tocar. Eles se aproximam e começam a se beijar intensamente, mas Doralice interrompe o beijo para contar a Álvaro que Vicente vem lhe assediando.

DORALICE: Meu amor, eu preciso te contar uma coisa.

ÁLVARO: O que foi?

DORALICE: Álvaro, o seu pai… Ele…

Imediatamente, Vicente, que já estava escondido ali sem que eles vissem, se aproxima. O instrumental “Candida Tensa - Iuri Cunha” entra em cena.

VICENTE: O que que tem eu, Doralice? Começou, termina.

A conversa de Álvaro e Doralice é interrompida e eles imediatamente se viram, assustados. A câmera intercala entre os três.

CONGELAMENTO EM ÁLVARO E DORALICE.

A novela encerra seu 2° capítulo ao som de “Nuvem de Lágrimas - César Menotti & Fabiano” (Tema de abertura).


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