PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 03
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: PASTO/DIA
O instrumental “O Pesadelo de Ana J - Iuri Cunha” entra em cena e segue até o fim da cena 3.
ÁLVARO: Pai?
VICENTE (com raiva/sarcástico): Que coisa boa, Álvaro. Me desobedecendo. Continue assim!
ÁLVARO: Eu já falei que eu não vou me separar da Doralice, num já? Não sei porque o senhor se incomoda tanto com o nosso amor, não tem nada demais, uai.
VICENTE: Cês dois não passa de dois emocionado. Nem sabem o que é amar de verdade.
ÁLVARO: Quem não sabe amar aqui é o senhor. Desde que eu e a Doralice começamo a namorar, o senhor virou outra pessoa.
VICENTE (aumentando o tom): Cala a boca, rapaz! Me respeita que eu sou teu pai! Já falei que num queria mais vê ocês dois juntos, falei ou não falei? E ocê insiste nessa maluquice! E ocê, Doralice, é melhor se afastar do meu filho antes que fique feio pra ocê.
ÁLVARO: Isso é jeito de falar com ela?
DORALICE: Eu vô embora, Álvaro. Acabou tudo entre nós dois.
ÁLVARO: Não! Doralice…
Doralice sai correndo dali. Álvaro tenta ir atrás mas o pai impede.
ÁLVARO (gritando): TÁ VENDO O QUE O SENHOR FEZ?
CENA 02: CASA DOS DOURADO/INT./DIA
Doralice chega em casa aos prantos, Marieta se aproxima da filha, preocupada.
MARIETA: Tá chorando, fia? O que aconteceu agora?
DORALICE (chorando): Seu Vicente, mãe… eu tava lá com o Álvaro e ele chegou, surtando. Ele me ameaçou, mãe, falou que é pra mim ficar longe do Álvaro.
MARIETA: Ah mas esse homem tá passando dos limite. Quem ele acha que é?
DORALICE: Pra piorar eu tive que terminar tudo com o Álvaro ali mesmo. Não aguento mais. Não aguento mais o Vicente impedindo a gente de ser feliz.
MARIETA: Vou falar com seu pai, ele vai dar um jeito nesse negócio.
CENA 03: PASTO/DIA
VICENTE: Cê acha mesmo que ela tá falando a verdade? Já cansei desse teatrinho.
ÁLVARO: Cê tá se revelando um mostro de verdade, pai. É isso que ocê é, um monstro!
Nesse instante, Vicente desfere um soco contra o rosto de Álvaro, que sangra o canto da boca.
VICENTE: EU JÁ TE FALEI PRA ME RESPEITAR SEU MERDA!
Chorando, Álvaro sai dali. Focamos em Vicente, que deixa transparecer seu ódio pelos olhos.
VICENTE (fala sozinho): Isso não vai ficar assim, não. Eu tenho que agir, acabar de vez com aquela família desgraçada.
Minutos depois, Martinho chega ali a cavalo.
MARTINHO: Vicente! Uai rapaz, fiquei sabendo que ocê ameaçou minha fia aqui agora a pouco. Para com isso, homem, para com isso que isso não vai te levar a lugar nenhum.
VICENTE (mentindo): Isso é mentira dela, eu não ameacei ninguém.
MARTINHO: Vicente, eu conheço muito bem a minha fia e sei que ela não conta mentira. Deixa teu fio e Doralice serem felizes, o que tem de mal nisso? Nossas famílias são amigas…
VICENTE: É que é difícil pra mim, sabe… mas eu vou tentar melhorar. Eu peço desculpas por ontem, tava de cabeça quente, enfim… E isso é tudo mentira da sua fia, eu não ameacei ninguém, jamais faria isso com a Doralice e com ninguém.
MARTINHO: É mió mesmo meu amigo. Ou ocê quer que eu te coloque no olho da rua?
VICENTE: Nem brinca com isso.
Martinho não diz nada, apenas começa a rir e sai dali com seu cavalo. O ódio de Vicente aumenta cada vez mais.
CENA 04: CELEIRO/DIA
Jerônimo está cuidando dos cavalos no celeiro da fazenda de Martinho, até que Vicente chega até ele, com sangue nos olhos. O instrumental “Candida Tensa - Iuri Cunha” entra em cena.
JERÔNIMO: Que cara é essa? Parece que viu a mula sem cabeça.
VICENTE: É hoje, Jerônimo, é hoje que nós vai acabar com a raça daquela família desgraçada. Doralice vai se arrepender de ter nascido.
JERÔNIMO: Como assim… hoje?
VICENTE: E nem adianta fazer essa cara, a gente tem um trato, num tem?
Jerônimo balança a cabeça positivamente.
JERÔNIMO: Mas isso é errado, pai…
VICENTE: Larga mão de ser franguinho, rapaz. Vira homem! Cê vai me ajudar sim e ponto.
JERÔNIMO: Eu acho arriscado demais, se Álvaro e mamãe souberem disso…
VICENTE: Eles não vão saber, vão estar dopados. Eu vô colocar um remedinho na comida e eles vão acordar só amanhã.
JERÔNIMO: E a gente vai fazer isso como, então?
VICENTE: Nós vamos pô fogo naquela casa. Todo mundo vai morrer queimado enquanto dorme. Uma boa ideia, num é?
Jerônimo arregala os olhos.
JERÔNIMO: Pai, pelo amor de Deus… isso é uma covardia sem tamanho.
VICENTE: Covardia é a gente ficar aceitando ordens daquele maldito do Martinho. Filho, pensa bem… a gente vai lucrar muito. Vamos nos tornar dono dessa fazenda e vamos enriquecer.
JERÔNIMO: Sei não… não concordo com esse tipo de coisa.
VICENTE: Então ocê que saia da minha casa e não volte nunca mais, Jerônimo. A partir de hoje eu tô te colocando pra fora de casa.
Vicente se retira, até que Jerônimo o chama. Vicente olha para trás e Jerônimo vai até ele.
JERÔNIMO: Tá bom, o senhor me convenceu… eu te ajudo.
Vicente dá um sorriso de canto.
anoitece.
CENA 05: CASA DOS DOURADO/INT./NOITE
A família está jantando enquanto riem e conversam. O clima entre eles é descontraído.
MARIETA: Credo Martinho, ocê comeu quase toda a comida que tava nas panela, esqueceu que tem mais gente pra comer, é?
MARTINHO: Ah Marieta vai começar? Comi memo, e daí? Eu sei lá se vou tá vivo amanhã.
ANITA: Credo pai, vira essa boca pra lá, bate na madeira.
Enquanto a família conversa, Doralice está quieta.
MARIETA: Doralice, até agora ocê não tocou nessa comida fia. Eu sei que é difícil mas ficar assim toda tristonha não vai adiantar em nada. (Pausa) Eu tenho certeza que se nós conversar direito com o Vicente ele vai aceitar o seu namoro com o Álvaro.
DORALICE: Por que a senhora tem tanta certeza disso?
MARTINHO: Óia vamo parar com essa conversa mole? Já deu no que tinha de dar. Vicente me falou que não ameaçou ninguém.
DORALICE: Vicente é um monstro. Dissimulado, falso, mentiroso…
MARTINHO: Cala essa boca Doralice! Não aceito que ocê fale assim do meu amigo.
Revoltada, Doralice se levanta e vai para o quarto. Anita vai atrás.
MARTINHO: Eu vou é dormir que amanhã o dia tá puxado, boa noite pra ocês.
MARIETA: Sempre sobra pra burra de carga aqui arrumar essa bagunça, ô vida.
Minutos depois, Doralice volta se aproxima da mãe.
DORALICE: Mãe, eu vou sair pra tomar uma fresca. Volto já.
MARIETA: Essa hora, Doralice? Vai lá, mas toma cuidado, viu?
Doralice sai da casa e vai em direção a uma árvore, onde se senta debaixo dela e fica pensativa.
CENA 06: CASA DOS DOURADO/EXT./NOITE
Uma hora depois. Enquanto a família de Doralice dorme, Jerônimo e Vicente já estão do lado de fora da casa, esperando o momento certo para agir. O instrumental “Irene Incendiária - Reno Duarte, Pedro Guedes” entra em cena.
VICENTE: Cadê os galão de gasolina?
JERÔNIMO: Tá dentro do caminhão.
VICENTE: Pega lá, seu imprestável.
Jerônimo vai até a caçamba do caminhão e pega dois galões de gasolina cheios, um em cada mão. Ele caminha até seu pai. Vicente começa a despejar gasolina nas paredes da casa. Em seguida, ele risca o primeiro fósforo e o joga. O fogo se espalha instantaneamente. A cena corta rapidamente para Doralice, que continua sentada debaixo da árvore, pensativa, até que vê um clarão e estranha. Ela percebe que é sua casa que está pegando fogo e corre para lá, desesperada. Voltamos para Jerônimo e Vicente, que observam a casa em chamas. Vicente está com um olhar maléfico, enquanto Jerônimo cobre o rosto.
VICENTE: Finalmente vou me ver livre dessa gentalha.
Imediatamente, Doralice chega até eles.
DORALICE (inocente/chorando desesperadamente): SEU VICENTE! JERÔNIMO! AJUDEM POR FAVOR! MINHA FAMÍLIA TÁ AÍ DENTRO.
Vicente, sem saber que Doralice estava fora da casa, arregala os olhos e paralisa.
DORALICE (chorando muito): POR FAVOR, SEU VICENTE, FAZ ALGUMA COISA!
Chorando, Doralice acaba olhando para as mãos de Vicente e vê que ele está segurando a caixa de fósforos. Em seguida, ela nota os galões de gasolina próximos a ele e a Jerônimo.
DORALICE (incrédula): Não… não, não pode ser… MONSTROS, OLHA O QUE OCÊS TÃO FAZENDO COM A MINHA FAMÍLIA! NÃO! NÃO PODE SER…
VICENTE: Cala essa boca, Doralice…
DORALICE: VOCÊ É UM DESGRAÇADO SEU VICENTE, UM MONSTRO DA PIOR ESPÉCIE! EU ODEIO VOCÊ, EU ODEIO!
VICENTE: EU JÁ PEDI PRA CALAR A BOCA!
Imediatamente, Vicente parte para cima de Doralice e lhe dá um mata-leão, fazendo-a desmaiar. Com a ajuda de Jerônimo, ele a coloca dentro do caminhão e parte dali. A câmera então foca na casa em chamas e, em seguida, desfoca.
A novela encerra seu 3° capítulo ao som do instrumental “Irene Incendiária - Reno Duarte, Pedro Guedes”.
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