Paraíso Virtuoso - Capítulo 04 (05/12/2024)


 PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 04
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE 

c a p í t u l o   e s p e c i a l

CENA 01: CAMINHÃO/INT./NOITE

O instrumental “Irene Incendiária - Reno Duarte, Pedro Guedes” dá som a cena e segue até o fim da cena 3.

Vicente dá partida no caminhão e sai do local com Doralice desacordada dentro do veículo.

JERÔNIMO (apavorado): O QUE QUE CÊ TÁ FAZENDO PAI, QUE MERDA É ESSA QUE NÓS VAMO FAZER COM A DORALICE?

VICENTE: CALA ESSA BOCA, JERÔNIMO. CALA ESSA BOCA E VÊ SE ME AJUDA!

JERÔNIMO: Pra onde a gente tá indo?

VICENTE: Pra bem longe. A gente vai matar a Doralice e deixar o corpo num canto bem longe daqui.

Minutos depois, Doralice acaba acordando, desesperada.

DORALICE: SOCORRO! SOCORRO, ALGUÉM ME AJUDA!

VICENTE: CALA ESSA BOCA, MENINA! Aliás, pode gritar a vontade, ninguém vai te escutar memo.

DORALICE (Apavorada): Que que cês vão fazer comigo? Pra onde tá me levando? A minha família, a minha família! O QUE QUE OCÊS FIZERAM COM ELES?

VICENTE: Num quis ficar comigo, né, Doralice? Agora ocê vai pro inferno, junto com a tua família que já deve tá lá. (PAUSA) Seu pai, aquele desgraçado, sempre teve tudo. Gado, milho, soja, maquinário de última, tudo de primeira. E eu? Sou só um empregadinho dele, ralando aqui de sol a sol pra ganhar uma migalha no final do mês. Mas agora acabou! Aquela terra vai ser minha! E ocê... ocê vai pro inferno, Doralice.

DORALICE (chorando/desesperada): SEU MONSTRO, DESGRAÇADO. EU TE ODEIO!

VICENTE: Mas antes, eu vou fazer uma coisa que sempre tive vontade de fazer.

Vicente estaciona o caminhão. Doralice está apavorada.

DORALICE (confrontando/chorando): Por que disso tudo, Vicente? O que que eu fiz pra você? Óia, se ocês me matar, todo mundo vai saber que foi ocês, ocês só tem a perder.

VICENTE: CALA ESSA BOCA! (ele desfere um tapa contra o rosto de Doralice)

Vicente se aproxima do rosto da mocinha até que coloca suas mãos no pescoço dela e a enforca. Doralice vai perdendo as forças e desmaia novamente. Jerônimo ajuda o pai, mas sua expressão é de medo.

VICENTE: Me ajuda a tirar a roupa dela, Jerônimo.

JERÔNIMO: O que? Como assim tirar a roupa, cê tá ficando louco? Já não basta acabar com a família da menina.

VICENTE: Eu não pedi sua opinião, seu infeliz! ME AJUDA PORRA! 

Jerônimo, sem saída, ajuda o pai a tirar a roupa da mocinha. Após isso, Vicente tira sua camisa e se aproxima do rosto dela.

VICENTE: Agora sim, Doralice. Jerônimo, sai do caminhão por favor.

JERÔNIMO: Pai, que doideira é essa? Meu Deus, não é possível.

VICENTE: SAI DO CAMINHÃO SEU MERDA!

Jerônimo, assustado, sai pra fora do caminhão. No interior dele, Vicente, já sem roupa, olha Doralice com um olhar maléfico e se aproxima do rosto dela, beijando-a. 

VICENTE: Finalmente ocê vai ser minha, meu amor! 

A cena escurece. Cortamos para o exterior do veículo onde mostra Jerônimo desnorteado, andando de um lado para o outro.

JERÔNIMO (tremendo): Meu Deus, isso num pode ser verdade, e agora? E agora? Eu tô sendo cúmplice de um crime... Oh meu pai, e se descobrem? A zebra que isso vai dá num tá escrito.

Um tempo depois, Vicente sai para fora do caminhão.

VICENTE: Vamo Jerônimo! Já terminei meu serviço.

Jerônimo volta para o interior do caminhão. Logo depois, Vicente dá partida no veículo e após uns bons minutos de viagem, ele estaciona numa estrada deserta, que fica entre uma grande plantação de cana.

VICENTE: É aqui, aqui que a gente vai deixar a Doralice.

JERÔNIMO: Pai pelo amor de Deus, pai, para com isso, desiste disso.

VICENTE: Tarde demais, filhote. Nessa hora, aquela família dos inferno já deve ter virado churrasco. Agora é a hora da Doralice partir desse mundo.

JERÔNIMO: E se descobrirem que foi a gente?

VICENTE: Já te disse que é impossível. Álvaro e sua mãe tão dormindo, não tem mais ninguém morando perto da casa da Doralice. O povo vai achar a casa em cacos só amanhã de manhã.

JERÔNIMO: Acho que ocê fez isso atoa. Se quer tanto as terra, vai ser impossível já que não tem os documento.

VICENTE: Ocê acha que eu sou burro? Na festa de aniversário da Doralice, eu entrei no quarto de Martinho sem ninguém perceber e achei uma pasta contendo todos os documento das terras dele. Agora é só levar para um bom advogado e passar tudo pro meu nome. Agora vai, me ajuda a pôr o corpo da Doralice na estrada. 

JERÔNIMO: Cê tem certeza que ela tá morta?

Vicente checa se Doralice ainda possui sinais vitais.

VICENTE: Tá respirando fraco, mas isso num vai durar muito tempo, ela não vai aguentar tantas dores. Agora me ajuda, vai.

Vicente e Jerônimo retiram Doralice do caminhão e logo depois, Jerônimo a coloca nos braços e deixa ela ali, na beira da estrada.

JERÔNIMO: E se alguém achar? 

VICENTE: Essa estrada é deserta, mal passa carro por aqui. E outra, tamo a dois município depois de Santa Aurora, se alguém achar, não vão desconfiar da gente. 

JERÔNIMO: E se alguém achar e encontrar nossas impressão digital aí? Não acha melhor enterrar?

VICENTE: Deixa pros urubu. Agora vamos simbora antes que sua mãe e seu irmão acordem. Ninguém pode desconfiar de nada. Mas antes, vamo voltar na casa de Doralice e explodir um gás de cozinha lá. Com o cheiro de gás, todo mundo vai achar que a casa pegou fogo por isso.

CENA 02: CASA DE DORALICE/EXT./MADRUGADA

A cena se aproxima da casa de Doralice, que continua pegando fogo. Logo depois, não suportando as chamas, a casa acaba desmoronando. Vicente e Jerônimo chegam até lá e jogam o botijão de gás sobre as chamas, que acaba explodindo.

CENA 03: CASA DOS GONZALEZ/MADRUGADA

Vicente estaciona seu caminhão na garagem de sua casa e junto com Jerônimo, entram para o interior passo por passo, sem fazer nenhum barulho. Eles vão para seus quartos e se deitam, como se nada tivesse acontecido. Jerônimo está assustado, enquanto Vicente, em seu quarto, dorme tranquilo.

um dia depois…

CENA 04: CEMITÉRIO DE SANTA AURORA/MANHÃ

O instrumental “O Lago - Alexandre de Faria” toca. Os caixões de Martinho, Marieta, Venâncio, Doralice e Anita estão enfileirados, todos fechados. O cemitério está cheio de pessoas em silêncio, muitas delas segurando flores. 
A câmera passeia entre os rostos, mostrando a dor e o choque de cada personagem. Finalmente, foca em Álvaro, que está ajoelhado ao lado do caixão de Doralice, seu rosto molhado de lágrimas.

ÁLVARO (desesperado, soluçando): Isso não pode ser verdade... como que isso foi acontecer? Doralice... minha Doralice...

Vicente se aproxima e coloca a mão no ombro do filho.

VICENTE (“triste”): Não sobrou nada dela, meu filho. Nem dela, nem de ninguém. A casa pegou fogo a noite inteirinha. Restaram só cinza. Eu mandei fazer o caixão da Doralice só pra gente poder dar o último adeus, mas... não tem nada aí dentro.

ÁLVARO (chorando): Por que? Por que isso aconteceu com ela? Logo com ela... o meu amor... minha vida...

VICENTE (finge chorar): Meu amigo Martinho... todos eles... tanta vida, tanta história... agora, só silêncio.

Álvaro passa as mãos no rosto, tentando conter as lágrimas.

ÁLVARO: Eu me sinto culpado, pai. Ontem eu deitei e acabei pegando no sono. Se eu estivesse acordado... se eu estivesse acordado, poderia ter salvado eles!

CARMEM (tentando acalmá-lo): Meu amor... Num fale assim... eu sei que dói, mas tem coisa que a gente não pode mudar. Talvez... já era a hora deles... infelizmente.

O padre caminha até o centro da cerimônia, com um olhar sério, segurando um terço em suas mãos.

PADRE: Meus irmãos e irmãs... hoje estamos aqui diante de uma tragédia que ninguém esperava. A família Dourado, tão querida por todos, foi levada de nós de maneira cruel, por um incêndio que consumiu tudo. Martinho, Marieta, Venâncio, Doralice e Anita partiram, mas suas memórias vão viver em nossos corações. Vamos fazer uma última oração por essa família, para que encontrem paz no outro plano e que suas almas sejam recebidas com amor.

A câmera se afasta lentamente, mostrando a imagem dos cinco caixões sendo carregados.

CENA 05: ESTRADA DESERTA/DIA

A estrada é longa e deserta, sem um carro ou uma alma por perto. Roberto (Ailton Graça), caminhoneiro experiente, dirige seu caminhão. A janela está aberta, deixando o vento entrar. No rádio toca “Fio de Cabelo - Chitãozinho & Xororó”, e ele canta animado. 

ROBERTO (cantando alto, animado):“Um fio de cabelo no meu paletó...”

Ele sorri, batendo a mão no volante, satisfeito com o momento tranquilo da viagem.

ROBERTO (rindo sozinho): Essa nunca envelhece! Faltou só uma cervejinha pra completar!

De repente, algo na beira da estrada chama sua atenção. O instrumental “O Pacto - Felipe Alexandre” entra em cena.

ROBERTO (desconfiado): Ué, que diabos é aquilo?

Ele desacelera o caminhão. Quando chega mais perto, percebe que é uma pessoa deitada na beira da estrada.

ROBERTO (preocupado): Nossa Senhora, é uma pessoa morta ali!

Ele rapidamente encosta o caminhão, desliga o rádio e desce apressado. Corre até a pessoa desmaiada no chão. Quando se aproxima, vê que é uma mulher, é Doralice. Ela está toda machucada e seu vestido está com manchas de sangue.

ROBERTO (ajoelhando ao lado dela, aflito):
Moça? Ei moça! Tá me ouvindo? Eita, será que tá morta mesmo?

Ele sacode o ombro dela levemente, tentando fazer com que ela acorde, mas Doralice não reage. O rosto dela está pálido, e a respiração, fraca.

ROBERTO (mais nervoso): Caramba, o que aconteceu aqui? Ei moça, acorda, por favor!

Ele olha ao redor, vendo apenas o vazio da estrada.

ROBERTO (falando sozinho, agitado): O que fizeram com você, mulher?

Ele volta a sacudi-la com mais força, a preocupação aumentando.

ROBERTO (mais alto): Moça, você precisa acordar! Vamos, acorda!

Ele pega uma garrafa de água dentro do caminhão, molha um pouco as mãos e passa no rosto dela.

ROBERTO (tentando reanimá-la): Vai, menina.., acorda!

Doralice dá um leve suspiro, começando a se mexer. Ela abre os olhos lentamente, ainda desorientada.

DORALICE (fraca, tentando falar): O quê... onde… onde eu tô? 

ROBERTO (aliviado, mas ainda preocupado): Graças a Deus! Você tá na beira da estrada. O que aconteceu? Você tá bastante machucada, quem fez isso com você?

Doralice tenta se levantar, mas está fraca demais. Ele a ajuda a se sentar com cuidado.

DORALICE (confusa): Eu... não lembro... tava andando... e caí… foi ele… foi Vicente.

ROBERTO: Vicente? Quem é Vicente?

Focamos no rosto de Doralice, que está completamente atordoada e com a mão na cabeça. 
 
CONGELAMENTO EM DORALICE.

A novela encerra seu 4° capítulo ao som do instrumental “O Pacto - Felipe Alexandre”.

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Movido pela inveja e pela obsessão, Vicente cometeu um crime brutal para ficar com as terras de Martinho. Com a ajuda de Jerônimo, ele não mediu esforços em acabar com os Dourado. E Doralice, que ele acredita que morreu, está mais viva do que nunca e decidida a se vingar do vilão. 

Segunda, 9h da noite, começa uma nova fase em Paraíso Virtuoso. Novos personagens, novas histórias, um novo recomeço. Você não pode perder!





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