Paraíso Virtuoso - Capítulo 13 (17/12/2024)


 PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 13
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE 

no capítulo anterior… (instrumental “Gara - Eduardo Queiroz“ toca)

OFÉLIA: Ocê é a pior pessoa que eu já conheci na minha vida, Natália. Uma mulher interesseira, que só pensa no próprio umbigo. Eu tenho dó do Álvaro por ter que te aturar todos esses anos.

NATÁLIA: Ah, e você é a santa da cidade, né, Ofélia? Você e aquele bando de raparigas deviam dormir na sarjeta pra ver o que é bom pra tosse. Principalmente aquela Morgana… ou você acha que eu não sei que ela é amante do Vicente?

André, ao ouvir o que Natália acaba de dizer, arregala os olhos. Focamos no rosto dele, que está chocado.

(instrumental “Gara - Eduardo Queiroz“ encerra)
fique agora com o capítulo de hoje:

CENA 01: CELEIRO/INT./TARDE

A discussão entre Natália e Ofélia se intensifica. O instrumental “Levadinha - João Paulo Mendonça” entra em cena.

OFÉLIA: Para de tentar fugir do assunto que nós tamo falando é de você, Natália. 

NATÁLIA (exaltada): De mim? E você acha que é quem pra apontar o dedo na minha cara? Uma cafetina barata que vive às custas dos segredos dos outros! Você não é nada, Ofélia, acorda!

OFÉLIA (avançando um passo, firme): Barata ou não, sou eu quem tem as cartas na mão, queridinha. E enquanto eu souber do teu podre, cê vai fazer exatamente o que eu mandar! Eu não tenho nada a perder. Agora, ocê… tem muito. Álvaro, a sua reputação e tudo aquilo que ocê construiu na base de mentira e interesse.

André, ainda escondido, processa todas as revelações. Ele está prestes a sair de seu esconderijo, mas desiste.

NATÁLIA (com ódio): É melhor você não subestimar o que eu sou capaz de fazer, Ofélia. 

OFÉLIA: E o que cê vai fazer, hein? Me matar? Vai em frente, tenta a sorte, Natália. Ocê é só mais uma interesseirazinha que se vendeu pro primeiro trouxa rico que apareceu. Se o Álvaro soubesse quem é a verdadeira Natália…

Natália, tomada pela raiva, empurra Ofélia com força. Ofélia tropeça, mas não cai, e imediatamente revida com um tapa no rosto de Natália. André, que ainda está ali, escondido, arregala os olhos.

NATÁLIA: SUA VELHA DESGRAÇADA! EU VOU ACABAR COM A TUA RAÇA!

Natália parte pra cima de Ofélia e tenta puxar o cabelo da cafetina, que a empurra para trás. Ofélia segura o braço de Natália, tentando imobilizar, mas Natália se esquiva e avança novamente. As duas trocam vários tapas seguidos. Nesse momento, Sidney, o peão da fazenda, entra correndo no celeiro ao ouvir a confusão. 

SIDNEY (gritando): Ô, mas que pouca vergonha é essa aqui?

André aproveita e sai, sem ser notado.

SIDNEY (apartando a briga): Chega! Duas mulheres adultas brigando feito dois cachorros no cio, mas o que é isso? Ocês tão achando que isso aqui é o que? Ringue?

OFÉLIA: Solta eu, Sidney! Me solta que eu vou acabar com a raça dessa vadiazinha de quinta!

NATÁLIA: Eu que devia acabar com você aqui e a agora, sua cobra maldita!

SIDNEY (olhando firme para as duas): Vamo parar com isso agora! Não quero saber quem vai acabar com quem. Se continuar com essa palhaçada eu vou ter que contar tudo pra dona Laís!

O nome de Laís faz as duas se acalmarem, mesmo que à forca. Ofélia ajeita o vestido, enquanto Natália tenta recuperar o folego, lançando olhares de ódio contra Ofélia. 

SIDNEY: Ofélia, vai embora antes que a coisa fique mais feia do que já tá. E ocê, Natália, vai esfriar a cabeça também. Aqui ninguém tem tempo pra essas brigas de madame mal resolvida com a vida. Acho uma falta de respeito com os bichinhos que ficam aqui.

OFÉLIA: Isso não vai ficar assim, Natália. Não vai! Se prepara que eu vou acabar com você, sua ordinária!

Depois de uns segundos, Ofélia vai saindo aos poucos.

NATÁLIA: Sidney… por favor, não conta nada pra ninguém sobre o que acabou de acontecer aqui. 

Sidney não fala nenhuma palavra, apenas encara a vilã por alguns segundos antes de sair. Focamos em Natália, que está no puro ódio.

NATÁLIA (falando sozinha): Isso não vai ficar assim, Ofélia. Você ainda vai se arrepender feio, sua velha nojenta.

CENA 02: PLANTAÇÃO DE MILHO/TARDE

André chega pela estrada de terra, dirigindo apressado. Ele para o carro perto da plantação e desce rapidamente. Doralice está mais à frente, verificando as plantas e conversando com um dos trabalhadores. Ao notar André vindo em sua direção com passos firmes, ela estranha. O instrumental “Oud Oud - Pedro Guedes, Rafael Langoni” entra em cena.

DORALICE (despedindo-se do trabalhador):
Deixa o restante com o pessoal, Edvaldo. Pode ir pra casa, fala pra eles irem também.

O trabalhador se afasta. André para diante dela, visivelmente assustado. 

DORALICE (preocupado): Amor? Que cara é essa? Aconteceu alguma coisa? 

No próximo take. André já contou a Doralice sobre o que viu e ouviu no celeiro. 

DORALICE: Então quer dizer que a Natália esconde um segredo e o Vicente tem uma amante? 

ANDRÉ: Pelo que deu pra entender, essa Ofélia é dona de um bordel lá em Santa Aurora e a Morgana, a amante do Vicente, trabalha lá.

DORALICE: Gente… eu nunca imaginei que o Vicente tivesse uma amante. Por mais que ele seja um monstro, sempre pareceu amar a Carmem de verdade.

ANDRÉ: Pois é, e outra coisa que me deixou com uma pulga atrás da orelha é esse segredo aí da Natália. Pelo jeito ela esconde um podre bem grande. Ainda bem que o Sidney chegou lá pra separar a briga, fiquei com medo de sobrar pra mim.

DORALICE: Como assim, briga? Elas brigaram?

ANDRÉ: Brigaram feio. Natália deu um empurrão na Ofélia e ela já logo deu um tapa na cara da Natália e depois disso só foi ladeira abaixo.

DORALICE: Eu tô chocada. Natália sempre pareceu ser uma mulher direita, recatada. Meu Deus… que história.

ANDRÉ: Mas e aí, agora que você já sabe que o Vicente tem uma amante e que ela é a Morgana, vai fazer o que?

DORALICE: Já sei o que vou fazer. Eu vou até esse bordel e vou falar com essa tal Morgana. Vou oferecer uma boa grana pra ela aceitar acabar com o Vicente.

ANDRÉ: Pera aí… como assim?

DORALICE (determinada): Eu quero que a Carmem fique sabendo desse caso. E eu tenho certeza que a Morgana vai aceitar me ajudar pois eu vou inventar poucas e boas. E você, amor, eu quero que você descubra esse tal segredo da Natália. E se for algo relacionado ao Vicente? Não pode deixar passar.

ANDRÉ: Ótimo. Eu vou começar a seguir todos os passos da Natália a partir de agora. 

DORALICE: Sabia que eu te amo? Tirei sorte grande em me casar com um homem bonito, cheiroso, gostoso, companheiro e que nunca me deixa na mão. Sempre me conta tudo o que eu preciso saber.

ANDRÉ (se aproxima): Ah, é? E eu também tirei sorte grande em ter você do meu lado.

Os dois aproximam os lábios e se beijam em frente à plantação de milho. No próximo take, eles fazem amor sobre o capô da caminhonete, enquanto o pôr do sol brilha ao fundo.
Anoitece.

CENA 03: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./NOITE 

A família toda já foi dormir. Rita está na cozinha lavando a louça do jantar, distraída. De repente, Jerônimo surge na porta, apoiado no batente, com um sorriso malicioso. Ele observa Rita em silêncio por alguns segundos, sem fazer barulho. Lentamente, ele se aproxima, parando logo atrás dela. O instrumental “Atentando - Eduardo Queiroz” entra em cena.

JERÔNIMO (sussurrando próximo ao ouvido dela): Boa noite, Ritinha.

Rita se assusta, quase deixando o prato escorregar de suas mãos. Ela se vira bruscamente, assustada.

RITA: O que que ocê quer aqui? Já não bastasse o que fez comigo aquele dia, agora vai ficar me vigiando?

JERÔNIMO: Calma, Ritinha… cê tá muito bravinha, não acha não? Relaxa. Eu vim aqui só pra admirar sua beleza. Cê é tão linda.

Ele se aproxima dela e passa a mão no rosto da jovem, que se esquiva, com nojo.

RITA: Cê é um monstro, Jerônimo! Se eu pudesse, contava tudo o que cê faz pra sua família agora mesmo.

JERÔNIMO: E você acha que eles iriam acreditar em você, meu amorzinho? Ritinha… não seja boba. 

RITA (com os olhos marejados, tentando manter a firmeza): A minha cabeça tá a mil, Jerônimo. Cê tá destruindo a minha vida, acabando com a minha saúde mental! (pausa, respirando fundo) Cê é um monstro... Um monstro que assedia e abusa de mulheres indefesas! Eu tenho nojo de você!

JERÔNIMO: Nojo? Ritinha, eu sei que no fundo você adora as nossas noites intensas. 

RITA: A minha vontade agora era de te matar, Jerônimo. Acabar com todo esse sofrimento que você tá me fazendo passar.

Jerônimo se aproxima ainda mais, invadindo o espaço de Rita, que recua, encostando-se à pia. Seu desconforto é visível, mas ela tenta manter a postura.

JERÔNIMO (em tom baixo, ameaçador): Tenta. Tenta a sorte, Ritinha. (pausa, aproximando o rosto do dela) Você não me conhece direito. Se você só ameaça, eu faço. E você sabe muito bem do que eu sou capaz.

Ele dá um passo para trás, mantendo o olhar fixo nela.

JERÔNIMO (ameaçando): Fica esperta comigo.

Jerônimo encara Rita por alguns segundos, com um sorriso frio. Rita fica imóvel por um instante, respirando com dificuldade. Ela cobre o rosto com as mãos e começa a chorar, soluçando de maneira contida, enquanto a câmera foca em seu rosto.

Amanhece e são exibidas imagens de Santa Aurora ao som de “Assim Os Dias Passarão - Almir Sater, Renato Teixeira“.

CENA 04: ARREDORES DA FAZENDA/DIA

Doralice caminha pelos arredores de Pedra Valente, distraída, enquanto observa a paisagem. O silêncio do local é quebrado por um grito vindo ao longe.

ÁLVARO: Laís!

Ela se vira rapidamente, e vê Álvaro vindo em sua direção com um sorriso no rosto.

DORALICE: Álvaro? O que cê tá fazendo aqui?

ÁLVARO (parando na frente dela):  Tava saindo do estábulo e vi a senhora passeando por aqui. Tá resolvendo os problemas da fazenda que meu pai não conseguiu solucionar?

DORALICE: É, já resolvi bastante coisa. As máquinas que estavam paradas já estão todas funcionando, e a plantação de milho e soja tá avançando bem. Mas espera aí… senhora? Desde quando eu virei “senhora”?

ÁLVARO: Me perdoa, é que minha mãe me ensinou a ser educado. Mas então... que tal dar uma volta? Não tô fazendo nada mesmo, e faz tempo que não conversamos.

DORALICE (desviando o olhar): Álvaro… acho melhor não. Se a Natália souber, ela não vai gostar.

ÁLVARO: Para com isso. Natália não manda em mim, e também não tem motivo pra achar nada.

DORALICE: Tá bom, já que você insiste… então vamos.

No próximo take, eles estão caminhando pelos arredores da fazenda. Eles riem e conversam, em um clima descontraído ao som de “What's Up? - 4 non Blondes” 

horas depois…

CENA 05: MANSÃO/INT./TARDE

Doralice chega em casa. André está no sofá, lendo um livro. Ao vê-la, rapidamente ele se levanta e vai até sua esposa. O instrumental “Sad Gamba - Alexandre de Faria” entra em cena.

ANDRÉ: Amor? Onde você tava? 

DORALICE: Ah, amor, eu só tava dando uma volta ali nos arredores do estábulo... Aí, por acaso, encontrei o Álvaro. Ele me chamou pra passear, insistiu tanto que... eu acabei indo.

ANDRÉ (com estranheza): Com o Álvaro? Você foi andar com esse cara de novo, Doralice? Olha, sinceramente… eu tô quase acreditando que você tá se aproximando dele de propósito.

DORALICE: Amor… me escuta…

ANDRÉ (interrompendo): Escutar o que, Doralice? Você tinha me dito que não iria se aproximar daquela família pra não ser reconhecida, mas fica aí andando pra cima e pra baixo com o Álvaro, a pessoa que você mais amou na sua vida.

DORALICE: André, você tá começando a me ofender falando desse jeito comigo. Poxa, eu já disse que só fui porque o Álvaro insistiu. Eu já te disse que pra ele eu sou a Laís Ribeiro, a patroa dele.

ANDRÉ (aumentando o tom): Eu não sei se acredito em você. Só te digo uma coisa, Doralice: você ainda vai se meter numa roubada se aproximando cada vez mais daquela família. Não era você que tava doida pra se vingar do Vicente? Cadê? Cadê aquela Doralice que vivia falando aos quatro ventos que iria destruir a vida do homem que te fez mal? (debochando) Ah, aquela Doralice agora só sabe ficar passeando pela fazenda junto com o ex-namoradinho dela. Que pena.

DORALICE: Não tô entendendo porque você tá me tratando dessa forma. Tudo isso é porque eu caminhei com o Álvaro por alguns minutos nos arredores da fazenda, é? Isso tudo é ciúmes?

ANDRÉ (firme): Pode ser. Pode ser ciúmes sim, mas também é porque eu tenho consciência, Doralice. E eu sei muito bem que se você continuar se aproximando daquela família, você vai se dar mal. Ainda mais com  Álvaro sendo casado. Ou você acha que a mulher dele vai aceitar você passeando com o marido dela por aí todos os dias?

DORALICE: Tá… eu errei, confesso. Eu vou tentar, André, vou tentar parar com isso. Prometo que vou diminuir a minha aproximação com o Álvaro e com a família dele. 

ANDRÉ: Não, você não precisa fazer nada por causa de mim. Faça por você mesmo. Eu só tô te dando um toque.

DORALICE (apaziguando): Vamos esquecer essa discussão, vai. Me perdoa… você sabe muito bem que eu te amo, né? Sem você eu não sei viver.

ANDRÉ (frio): Tá tudo bem.

DORALICE: Vai ficar com essa cara agora, é? Eu já te pedi desculpas e assumi o meu erro. 

ANDRÉ: Já disse que tá tudo bem, amor. Eu tô aqui, sempre. Cê sabe muito bem disso.

Doralice se aproxima do marido e eles se beijam ao som de “Distritmia - Zeca Baleiro”.

ANDRÉ: E aí, já sabe quando vai procurar a Morgana?

DORALICE: Hoje. Hoje mesmo eu vou até o bordel fazer aquela proposta que te falei. Eu quero ver o Vicente sendo enxotado daquela casa pela Carmem.

Anoitece ao som de “Austin - Dasha” e são exibidas imagens de Campo Grande.

CENA 06: RUA/INT./NOITE

Silvinha está em seu ponto, esperando algum cliente. Segundos depois, um homem vem em sua direção e para na frente dela. O instrumental “Influências - Felipe Alexandre” começa a tocar.

HOMEM: Quanto tá o programa, madame?

SILVINHA (olhando de cima a baixo): E tu tem grana pra pagar, tem?

HOMEM: Lógico, meu bebê. Ainda mais pra ocê. Eu gastaria toda a minha economia que tenho guardada só pra ter umas horinhas com você. Que monumento, hein?!

SILVINHA (fazendo charme): Ah, é? Hum, vou pensar.

HOMEM: Faz isso comigo não, minha lady. Só me fala aí o preço que a gente já vai pro paraíso.

SILVINHA: Quer conhecer o paraíso, é? Só toma cuidado pra não morrer depois se encantar com tamanha beleza e exuberância que esse paraíso tem.

O homem chega mais perto de Silvinha, sussurrando alguma coisa em seu ouvido. De repente, ela olha para frente e vê o Padre Romário vindo em sua direção. Imediatamente, ela arregala os olhos e sai correndo dali. O homem fica sem entender nada e grita, tentando fazer ela voltar. 

HOMEM: Ôh, gostosa! Tá correndo por que, meu chuchuzinho? Volta aqui, sô! Ai ocê me quebra, madame!

O padre passa pelo homem e faz o sinal da cruz.

PADRE ROMÁRIO (falando para si mesmo enquanto caminha): Que Deus tenha misericórdia dessas almas perdidas. Ainda bem que minha querida Silvinha tá no hospital essas horas, cuidando de quem precisa.

CENA 07: PRAÇA DE SANTA AURORA/NOITE

Morgana está sentada no banco de uma praça da cidade, impaciente. Ela visivelmente está esperando alguém. Minutos depois, um homem alto, vestindo um traje formal, se aproxima. Morgana se levanta e cumprimenta o homem com um aperto de mão. O instrumental “Gara - Eduardo Queiroz” entra em cena e segue até o fim da próxima cena.

MORGANA: Achei que ocê não viesse mais, Tardelli. Faz mais de meia hora que tô aqui plantada igual essa árvore que tem aqui, achei que ia virar irmã gêmea dela.

TARDELLI (ri): Desculpa, é que eu tava atarefado demais. Tava lá em São Paulo, cheguei aqui agora a pouco. Mas e aí, o que devo a honra?

MORGANA: Então, como eu sei que ocê é um dos melhores detetives dessa região, eu queria contratar o seu serviço.

TARDELLI: É só falar.

Morgana saca seu celular do bolso.

MORGANA: Tá vendo essa mona aqui? (Mostra a foto de Silvinha a ele) Então, eu e ela, a gente se odeia, sabe? Somos inimigas desde criança e ela vive entrando no meu caminho até hoje. (Pausa) Ela e a mãe são consideradas as mais devotas dessa cidade, só faltam morar dentro daquela igreja. Só que, eu desconfio que a Silvinha esconde alguma coisa, algum podre bem pesado, sabe?

TARDELLI: E qual podre seria esse?

MORGANA: Aí que tá. Eu queria que ocê descobrisse pra mim. Te pago o que for preciso, eu só quero desmascarar essa falsinha pra cidade toda e mostrar pra mãe dela que a verdadeira quenga de Santa Aurora mora no mesmo teto que ela. Dona Marluce que vive me julgando o tempo todo por trabalhar num bordel, mal sabe que a filha deve ser bem pior que eu às escondidas.

TARDELLI: Tá, mas como você quer que eu descubra isso pra você?

MORGANA: Simples. Silvinha vive dizendo que trabalha como enfermeira na capital, mas eu duvido. Eu quero que ocê siga ela pra mim, tá entendendo? Quero que ocê siga ela até Campo Grande e descubra o que ela faz lá. Se realmente eu tiver certa, eu quero que ocê tire umas fotos e me mande. Seja lá o que for, eu só preciso ter certeza de que ela não é enfermeira coisa nenhuma.

TARDELLI: Perfeito. Depois é só você me dar mais informações sobre a moça, como o endereço dela, mais ou menos o horário que ela sai de casa e tudo vai ser feito conforme você quer.

MORGANA: Ótimo. Não vejo a hora de desmascarar aquela cadela falsificada.

Focamos em Morgana, que expressa um olhar maldoso.

CENA 08: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./NOITE

Natália e Álvaro estão deitados na cama. Álvaro lê um livro, concentrado, enquanto Natália, ao seu lado, parece pensativa. De repente, ela se vira para ele com uma expressão animada.

NATÁLIA: E aí, meu amor, como foi seu dia? Faz tempo que a gente não tem esse diálogo. 

ÁLVARO (larga o livro): Ah, meu dia… meu dia foi normal como qualquer outro. Foi cansativo, mas foi bom.

NATÁLIA: Onde você foi cedo que sumiu daqui, hein? Não vai me dizer que tava naquele celeiro xexelento de novo cuidando daqueles cavalos.

ÁLVARO: Isso é jeito de falar do celeiro, Natália? Tenha mais respeito com as coisas. (Pausa) É, eu tava lá sim, depois vi a dona Laís passeando lá perto e chamei ela pra caminhar.

Ao ouvir a palavra “Laís”, o semblante de Natália muda completamente e ela se levanta da cama bruscamente, furiosa.

NATÁLIA (alterada): Como é que é? Você tava caminhando com aquela mulherzinha de novo, Álvaro?

Focamos no rosto dela, intercalando com Álvaro. 

CENA 09: SANTA AURORA/NOITE

Mostramos imagens do exterior do Ofélia’s Night. Uma caminhonete surge na rua e para em frente ao estabelecimento.

DORALICE: Chegou a hora, amor. Vou lá tentar conversar com a Morgana. 

ANDRÉ: Vai dar certo. Confia em mim.

CENA 10: BORDEL/INT./NOITE 

A noite é agitada no interior do bordel de Ofélia. Várias mulheres dançam  pelo salão, enquanto os homens bebem, conversam e trocam olhares com as mulheres. “Troca de Calçada - Marília Mendonça” toca no ambiente. Segundos depois, Doralice entra pela porta da frente, olhando ao redor. Sua presença chama a atenção de alguns frequentadores, que interrompem suas conversas para encará-la, surpresos. Ofélia, que está num canto afastado do local, enxerga a mocinha de longe.

OFÉLIA: Laís Ribeiro por aqui? O que será que aconteceu?

Doralice está perdida, olhando ao redor como se estivesse procurando alguém. Ofélia se aproxima.

OFÉLIA (surpresa): Laís Ribeiro?! Nunca imaginei que um dia ocê fosse pisar aqui no meu bordel.

DORALICE (ri): Tudo bem, dona Ofélia? Pois é, mas eu tô procurando uma pessoa…

OFÉLIA: Quem? Tá pulando a cerca, é?

DORALICE (ri): Não, não é isso. Bom, eu vou ser direta… eu vim procurar a Morgana, eu preciso ter uma conversa séria com ela.

OFÉLIA: Não sabia que ocês duas eram amigas. Bom, a Morgana ela saiu já faz um tempinho, mas ocê pode esperar ela no andar de cima. Vou ligar e falar pra ela vim logo.

CENA 11: BORDEL/INT./NOITE

Doralice e Ofélia já estão no andar de cima, no quarto da cafetina. A mocinha está sentada na cama, esperando ansiosamente a chegada de Morgana, enquanto Ofélia fuma um cigarro com calma, soltando a fumaça em direção à rua. Segundos depois, a maçaneta da porta faz um barulho.

OFÉLIA (se vira para a porta): Deve ser ela.

A porta é aberta por Morgana, que entra no quarto. Doralice rapidamente se levanta.

O instrumental “Oud Oud - Pedro Guedes, Rafael Langoni” entra em cena.

MORGANA: Laís Ribeiro querendo falar comigo?! Tô me sentindo super importante agora.

DORALICE: Tudo bom? 

Elas se cumprimentam com um breve abraço.

MORGANA: Pronto, agora pode ir direto ao ponto. Qual é o babado? Traição? Crime? Receita de bolo?

Focamos em Doralice, que respira fundo, intercalando com Morgana.

CONGELAMENTO EM MORGANA.

A novela encerra seu 13° capítulo ao som de “Yes, And? - Ariana Grande” (tema de Morgana). 

 

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