Paraíso Virtuoso - Capítulo 20 (28/12/2024)


 PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 20
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE 

CENA 01: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./DIA

NATÁLIA: Se separar de mim? Você só pode tá brincando. Depois de todos esses anos juntos? Depois de tudo o que a gente passou, você vem me dizer que quer se separar, é isso?

ÁLVARO: Natália, cê tem que entender que o nosso casamento já foi pro brejo há anos. Isso não é de agora. Poxa, eu sinto que a cada dia que passa, o nosso amor já não é mais o mesmo de antigamente.

NATÁLIA: E só agora você vem com esse papinho? (Pausa) É ela, né? Claro! A Laís deve tá fazendo a sua cabeça. Agora que o maridinho dela não tá mais entre nós, você tá se aproveitando da situação. 

ÁLVARO: Natália, isso não tem nada a ver com a Laís.

NATÁLIA (interrompendo, alterada): Claro que tem! Vocês dois se merecem mesmo… O corpo do André mal esfriou e ela já tá com outro.

ÁLVARO: Natália, eu e a Laís, a gente não tem nada. Para de ficar vendo coisas onde não tem.

NATÁLIA: PARA DE MENTIR! PARA DE SE FAZER DE SONSO! (Pausa) Vocês se beijaram e eu vi. Vi com os meus próprios olhos. Você não tem vergonha na cara não? 

ÁLVARO: Natália, por favor…

NATÁLIA (interrompendo): Por favor? Por favor digo eu, Álvaro. Eu que sempre estive do teu lado esses anos todos, sempre te apoiando, te dando carinho, amor, atenção… Pra chegar uma desgraçada aqui na fazenda e te arrancar de mim da noite pro dia.

ÁLVARO: Me perdoa, Natália. Aquele beijo que ocê viu no celeiro foi no impulso, no momento… mas foi só aquele, eu juro pra você. Laís amava o André como ninguém. Nem eu e nem ela concordamos com aquele beijo.

NATÁLIA: Ah, conta outra… Desde o dia em que essa mulherzinha pisou nessa fazenda pela primeira vez, você já se encantou por ela à primeira vista. Depois começaram a caminhar pela fazenda, papinho pra lá, papinho pra cá… até que eu vi o beijo entre vocês. 

ÁLVARO: Eu já disse que esse beijo não significou nada pra mim. Agora já chega, Natália. Cê já deu o seu show e agora é a minha vez de falar. Se bem que eu já falei. Eu quero o divórcio, eu quero me separar de uma vez por todas. Cê é uma pessoa que só pensa em si própria, que não tem empatia pelo próximo. Nem no velório do André ocê foi. É nesses detalhes que a gente vai percebendo quem é a pessoa de verdade. Pra mim acabou. Hoje mesmo eu vou falar com o advogado e a gente vai dar entrada nos papeis da separação, queira você ou não.

NATÁLIA (gritando): Desgraçado… DESGRAÇADO, EU TE ODEIO, ÁLVARO! EU TE ODEIO! 

Álvaro não dá ouvidos a Natália e sai, batendo a porta do quarto com força. Após ele sair, ela começa a arremessar objetos contra a parede, furiosa.

NATÁLIA (furiosa, com lágrimas escorrendo pelo rosto): Isso não vai ficar assim, Álvaro. Se você tá achando que vai viver o seu “felizes para sempre” com a sua queridinha, você tá muito enganado. Eu não vou deixar que isso aconteça.

Anoitece ao som de “Um Sonhador - Bruno & Marrone” e são exibidas imagens de Santa Aurora. Logo depois, cortamos para a fazenda.

CENA 02: MANSÃO/INT./NOITE 

Doralice está deitada em sua cama, visivelmente abatida após a morte de André. Seu semblante expressa tristeza e dor, com os olhos inchados de tanto chorar. Segundos depois, a porta se abre. É Rita.

RITA: Dona Laís, o jantar já tá pronto. A senhora não vai descer?

DORALICE: Não, Ritinha, tô sem fome.

RITA: Olha, eu sei que tá sendo muito difícil pra senhora depois da morte do seu marido. Eu também já perdi uma pessoa importante pra mim e sei muito bem como dói. Mas olha, se a senhora continuar assim, o André vai demorar bastante tempo pra encontrar um lugar bom pra ficar. 

DORALICE: É… você tem razão, Ritinha. Mas é que é difícil, sabe? André sempre teve junto comigo, nunca me deixou na mão, eu o amava muito.

RITA: Eu te entendo. Mas agora a vida tem que seguir, né? Olha, eu preparei uma sopinha e acho que a senhora vai adorar. 

DORALICE: Tá gostando de morar aqui?

RITA (se sentando na cama): Demais. Eu até já tava me esquecendo de te agradecer por ter me deixado ficar aqui. Se não fosse pela senhora, eu ia ficar sem rumo, sem casa, sem nada.

DORALICE: Até agora eu não entendi o motivo 
 de você ter saído da casa dos González.

RITA: É difícil pra mim falar sobre isso, dona Laís. Mas é um assunto muito complicado, é melhor nem tocar nele. Olha, eu só te peço que não conte a ninguém deles que eu tô aqui, viu?

DORALICE: Pode deixar. Mas se você quiser se abrir, eu tô aqui.

RITA: Se é assim, então eu vou falar. Eu tô…

Nesse instante, a campainha toca, interrompendo a conversa das duas.

DORALICE: Deixa que eu mesma vou lá abrir. Corre o risco de ser alguém dos González.

 Doralice desce para o andar de baixo, vai até a porta e a abre, dando de cara com Natália. O instrumental “Levadinha - João Paulo Mendonça” entra em cena.

DORALICE (rude): Tá fazendo o que aqui?

NATÁLIA: Eu acho que a gente tem muito o que conversar, cê não acha?

DORALICE: Natália, eu acabei de perder o meu marido… Não tô com cabeça pra ouvir conversa fiada agora não. Se puder voltar outra hora, eu agradeço.

Doralice tenta fechar a porta, mas Natália a força.

NATÁLIA (firme): Você vai me deixar entrar ou vai querer que todo mundo saiba quem você é de verdade?

DORALICE: Não tô entendendo. O que que você tá querendo dizer com isso?

NATÁLIA (enquanto entra na sala): Eu sei que você não se chama Laís coisa nenhuma. Você é a Doralice, a ex-namorada do Álvaro que voltou pra se vingar do Vicente.

Nesse momento, Doralice engole seco. Seus olhos enchem de lágrimas e ela tenta entender como Natália descobriu a verdade.

DORALICE: Como você descobriu isso? Quem te contou?

NATÁLIA: Meu bem… se você é esperta, eu sou o dobro. Depois daquele beijo que eu vi você dando no meu marido, eu me aproximei do André e nos tornamos grandes amigos, sabe? Daí um certo dia ele me contou sobre esse assunto. Doralice… você acha que tá arrasando, né? Mãe é melhor você tomar cuidado que jajá a tua batata vai assar.

DORALICE (em choque): O André te contou isso? Não pode ser…

NATÁLIA: Contou, querida. Ele não gostou nada, nada do beijinho que você e o Álvaro deram lá no celeiro. E eu também não.

DORALICE: Natália, por favor, não conta isso pra ninguém. O Vicente acabou com a vida da minha família no passado e agora eu voltei pra acabar com a dele. Por favor, eu te imploro que não conte nada pra ninguém.

NATÁLIA: Olha, se você não tivesse roubado o meu marido de mim, eu até te entenderia. Mas acredita que agora ele quer se divorciar de mim? E isso é tudo culpa sua!

DORALICE: Divorciar? O Álvaro quer se separar de você?

NATÁLIA: É isso aí, Doralice. Você conseguiu o que queria. Parabéns!

DORALICE (chorando): Eu não tenho nada com o Álvaro… a gente só se beijou aquele dia, mas foi a única vez. Acredita em mim.

NATÁLIA: Pouco importa. Eu só te digo uma coisa: a tua batata tá assando, e é melhor você ficar esperta comigo que logo, logo o Vicente vai ficar sabendo de tudo. Passar bem.

Natália sai, batendo a porta com força. Focamos em Doralice, que fica visivelmente abatida e se senta no sofá, chorando.

Um dia depois…

CENA 03: MANSÃO/INT./DIA

Álvaro e Doralice estão sentados no sofá. Ela está contando a ele sobre a ida de Natália até lá.

ÁLVARO: Ameaçou? 

DORALICE: Ela disse que a minha batata tá assando e que logo, logo o Vicente vai saber de tudo. Foi horrível… ela jura que você quer se separar dela por causa de mim. 

ÁLVARO: Olha, Doralice… eu decidi não contar pra ela, mas é verdade. Eu quero me divorciar da Natália por causa de você, sim. Desde quando ocê chegou, eu me apaixonei à primeira vista… agora que eu sei que ocê é a minha Doralice, não acho justo eu continuar casado com uma mulher, mas pensando em outra.

DORALICE: Álvaro, eu acabei de perder o André. Eu não quero me envolver agora. 

ÁLVARO: Tudo bem, eu vou te respeitar. Bom, 
infelizmente a gente não pode fazer nada em relação a Natália querer contar o seu segredo pro Vicente. O certo a se fazer agora é se preparar. Porque quando a bomba explodir, é melhor que a gente já tenha todas as provas contra ele. 

DORALICE: Que ódio da Natália. Sempre entrando no meu caminho, sempre querendo me atrapalhar em tudo. 

ÁLVARO: Natália mudou muito. Não é a mesma Natália com quem eu me casei.

DORALICE: André, eu queria te pedir uma coisa…

ÁLVARO: É só falar. 

DORALICE: Eu queria ir até Minas, na cidade em que vocês moravam. Álvaro, eu preciso encontrar um parente ou algum amigo desse homem que o seu pai assassinou. Eu queria que você fosse comigo até lá.

ÁLVARO: Ir com ocê? Doralice, é muito longe…

DORALICE: Por favor. Eu tenho um jatinho e a gente podia ir nele. 

ÁLVARO (pensativo): Não sei, não… e se meu pai desconfiar de alguma coisa?

DORALICE: Não vai. A gente vai dizer que fui até São Paulo resolver uns negócios e que você foi comigo. Pronto, ninguém vai poder falar nada. 

ÁLVARO: Tá… eu vou com ocê.

DORALICE (da um breve sorriso): Você continua sendo a mesma pessoa maravilhosa que era no passado… eu acho que não tô merecendo essa sua simpatia.

ÁLVARO: Para de besteira. Ocê sabe que eu continuo te amando. Nada mudou.

Nesse instante, Rita surge com uma bandeja para servir café a eles.

RITA: Ó o cafezinho! Tá quentinho.

ÁLVARO (arqueando a sobrancelha): Rita? Que que cê tá fazendo aqui, mulher? Saiu lá de casa e não falou nada pra ninguém. É verdade que ocê tá grávida?

DORALICE: Grávida? Você não me falou sobre isso, Ritinha.

RITA: É… eu tô grávida sim, dona Laís. (Se vira para Álvaro) Desculpa, seu Álvaro, é que eu fiquei com muita vergonha e achei que ocês não fossem mais me aceitar morando lá na sua casa. Enfim, no calor do momento, eu acabei fazendo as minhas malas e vim pra cá. Dona Laís foi uma anja comigo.

ÁLVARO: Poxa, Ritinha, ocê deveria ter falado que tava grávida pra nós. Ninguém ia te expulsar de casa por causa disso, não. 

DORALICE: Se você quiser voltar, Ritinha…

RITA: Não. Eu vou continuar aqui memo. Fala pra dona Carmem que eu sou muito grata a ela por tudo, mas agora eu vou ficar aqui até quando Deus permitir.

Rita se retira, deixando Doralice e Álvaro pensativos.

DORALICE: Tá muito estranha essa história…

CENA 04: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./DIA

A campainha toca. Carmem vai atender e, ao abrir a porta, se depara com Ofélia. O instrumental “Atentado - Eduardo Queiroz” entra em cena.

CARMEM: Ocê aqui? Tá fazendo o que na minha casa?

OFÉLIA: Natália tá aí? Preciso conversar com ela.

Corta para o quarto de Natália. Ela acaba de sair da banheira e veste apenas um roupão. A porta se abre bruscamente e ela se assusta.

NATÁLIA: DESGRAÇADA! OLHA O SUSTO QUE VOCÊ ME DEU.

OFÉLIA: Surpresa, querida! Como se diz por aí… Se a montanha não vai a Maomé, Maomé vai à montanha.

NATÁLIA (defensiva): Que que cê tá fazendo aqui? Veio me extorquir de novo, é?

OFÉLIA: Não… dessa vez é um assunto mais sério.

NATÁLIA: Fala e cai fora! 

OFÉLIA: Natália… ocê pode até enganar o seu marido, a sua família… Mas a mim ocê não engana.

NATÁLIA: Tá insinuando o que com isso?

OFÉLIA: Que eu achei muito estranha a morte do marido da Laís…

NATÁLIA: Achou, é? E o que é que eu tenho a ver com isso?

OFÉLIA: Querida… eu sei muito bem que foi ocê quem tirou a vida dele.

Focamos em Natália, intercalando com Ofélia.

CONGELAMENTO EM NATÁLIA.

A novela encerra seu 20° capítulo ao som de “Missing Myself - Emília Pedersen” (tema de Natália).

 

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