PARAÍSO VIRTUOSO - CAPÍTULO 21
WEB-NOVELA DE SINCERIDADE
CENA 01: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./DIA
O instrumental “Sad Gamba - Alexandre de Faria” entra em cena.
NATÁLIA: Ofélia, sinceramente… eu tô achando que a idade não tá te fazendo muito bem. Porque além de ser insuportável, agora tá ficando uma velha gagá e maluca. De onde você tirou isso, hein? O André morreu porque sofreu um acidente…
OFÉLIA (interrompendo): Um acidente causado por você. Natália… o André sabia muito bem do teu segredinho.
NATÁLIA (disfarçando): Sabia?
OFÉLIA: Mas é uma anta mesmo, hein? Queridinha… aquela nossa briga no celeiro foi vista pelo André, ele provavelmente ouviu tudo e te chantageou depois.
NATÁLIA (mentindo): O André nem me falou nada sobre isso. E outra, Como que você ficou sabendo que ele sabia do meu segredo?
OFÉLIA: Ah, aí ocê já tá querendo saber demais. Natália, não adianta ocê tentar me enganar. Agora eu já sei de tudo. Foi ocê quem matou o marido da Laís.
NATÁLIA: Cê tá caducando, Ofélia. Eu não matei ninguém! Pouco me importa se o André sabia de alguma coisa, ele não me disse nada. E mesmo que dissesse, eu jamais teria a coragem de matar alguém. Você é uma louca, uma gagá que tenta acabar com a minha vida a todo custo.
OFÉLIA: Eu acabar com a tua vida? Ocê própria já tá fazendo isso. (Pausa) Aproveita a tua vidinha de princesa nessa casa, Natália. Aproveita que um dia ela vai acabar, e esse dia tá chegando.
NATÁLIA (furiosa): Sua vagabunda! Sua cobra! SAI DAQUI! SAI DAQUI AGORA! EU NÃO QUERO TE VER NA MINHA FRENTE NUNCA MAIS, EU TE ODEIO, OFÉLIA! ODEIO!
Natália arremessa objetos contra Ofélia, que se retira do quarto com um sorriso cínico, mandando beijinhos para a vilã. Tomada pelo ódio, Natália continua jogando objetos contra a porta até que, exausta, desaba em lágrimas.
CENA 02: PENSÃO DE SANTA AURORA/INT./DIA
Após ser expulsa de casa, Silvinha está morando em uma pensão em Santa Aurora. Deitada na cama, o olhar fixo no teto, ela é tomada pelas lembranças do momento em que sua mãe a colocou para fora, e as lágrimas começam a escorrer por seu rosto.
SILVINHA (chorando): Tudo culpa daquela vaca falsificada… (enxugando as lágrimas) Mas isso não vai ficar assim. Ocê vai ter o que merece, Morgana.
CENA 03: CASA DOS GONZÁLEZ/INT./DIA
Natália está deitada na cama, chorando, quando ouve uma batida na porta
NATÁLIA (secando as lágrimas, tentando disfarçar): Pode entrar.
Carmem abre a porta e entra no quarto. Ela observa Natália por um instante, percebendo imediatamente que algo está errado.
CARMEM: Ocê tá chorando? Ôh, meu bem, o que aconteceu? Foi a Ofélia que te ofendeu, foi? Vem cá, deita aqui no meu colo.
NATÁLIA (mentindo): Não foi a Ofélia, não, dona Carmem.
CARMEM: O que foi então, filhinha?
NATÁLIA: Seu filho. O Álvaro quer se separar de mim, dona Carmem. Ele já falou até em divórcio.
CARMEM (surpresa): Como é que é? O Álvaro quer se separar de você? Meu filho endoidou de vez, é?
NATÁLIA: E a senhora vai se assustar ainda mais quando eu dizer o motivo.
CARMEM: Não vai me dizer que…
NATÁLIA: É. É ela, dona Carmem. É a Laís que tá fazendo a cabeça do seu filho. Ainda mais agora que o maridinho dela morreu. Eu odeio aquela mulher, odeio com todas as minhas forças. A minha vontade era pegar a cara daquela mulherzinha e esfregar no asfalto...
CARMEM (interrompendo): Calma. Violência não!
NATÁLIA: Desculpa, dona Carmem, é que…
CARMEM: Olha, filhinha, se o meu filho tiver se metendo com essa mulher mesmo, eu posso te ajudar a separar os dois.
NATÁLIA: A senhora faria isso por mim?
CARMEM: Claro. Pra mim, ocê é a minha única nora, e sempre vai ser. Nenhuma outra rapariga vai tomar o seu lugar, Natália. Jamais!
NATÁLIA: Sabe, dona Carmem... é melhor deixar pra lá. Se é isso que ele quer, que fique com ela. Deixa o Álvaro e a Laís viverem juntos. Mas uma coisa é certa: eu não vou deixar esses dois em paz.
CARMEM: Se precisar de mim, eu tô aqui, filhinha. (Pausa) Acredita que a Ritinha foi trabalhar lá na casa da naja?
NATÁLIA: A Rita? Meu Deus… como assim?
Elas conversam sobre o assunto e a câmera se afasta.
CENA 04: CASA DOS GONZÁLEZ/EXT./DIA
VICENTE: Viajar com a Laís?
ÁLVARO (mentindo): É, ela vai precisar ir até São Paulo retirar o nome do André da papelada da fazenda e me pediu pra ir junto.
VICENTE: E que dia ocês vão?
ÁLVARO: Amanhã.
VICENTE: Álvaro…Eu não gostando nada, nada dessa tua aproximação com essa Laís aí. Pra mim, essa mulher chegou pra trazer o caos pra essa fazenda.
ÁLVARO: Isso é coisa da tua cabeça, pai. Laís é uma pessoa boa, jamais faria mal a ninguém.
VICENTE: Tá apaixonado nela?
ÁLVARO (disfarçando): Eu? Não. Olha, meu pai, eu não aguento mais esse casamento com a Natália. Já falei pra ela que vou me divorciar e não quero nem saber.
VICENTE: Divorciar? Ocê ficou louco?
ÁLVARO: Não. Já faz tempo que meu casamento com a Natália já morreu, agora só falta enterrar. Assim que eu chegar de viagem, já vou direto no advogado pra dar entrada nos papéis.
VICENTE: É por causa dela, né? Agora que o André faleceu, o teu caminho tá livre.
ÁLVARO: Não. Não tem nada a ver com a Laís, já disse. Eu quero me separar porque eu tô cansado mesmo. Natália é uma pessoa difícil, que só pensa em si própria.
VICENTE: Eu sou completamente contra essa separação. Mas se é isso que ocê quer, não posso te obrigar a ficar sendo infeliz pro resto da tua vida.
ÁLVARO: Bom, eu vou subir e jajá vou contar pra Natália sobre a minha viagem com a Laís.
Álvaro segue para o interior da casa. Ao chegar no quarto, pede a Carmem que saia, pois deseja ficar a sós com Natália. Carmem obedece e deixa o local. Então, Álvaro revela à esposa que irá viajar com Laís para São Paulo. Aparentemente, Natália aceita a notícia com tranquilidade. No entanto, assim que ele sai do quarto, ela tem um surto. Tomada pela raiva e chorando, desfere vários tapas seguidos contra o colchão.
Horas depois…
CENA 05: BORDEL/EXT./NOITE
Silvinha está parada diante da porta do bordel de Ofélia, encarando a fachada do estabelecimento. O instrumental "Gara - Eduardo Queiroz” entra em cena.
SILVINHA: É agora que eu acabo com aquela maldita. Se ela tá achando que vai ficar por isso mesmo, ela tá bem enganada.
Determinada, Silvinha entra no estabelecimento. Assim que cruza a porta, os olhares das pessoas presentes caem sobre ela, carregados de julgamento. Ignorando as expressões de reprovação, Silvinha avança com passos firmes. Ao avistar Ofélia, ela se aproxima.
SILVINHA: Cadê? Cadê a cachorra da Morgana?
OFÉLIA (surpresa): Silvinha? Ocê aqui no meu bordel? Menina, tive conversando com a Marluce esses dias e ela tá uma fera com ocê.
SILVINHA: É, ela me botou pra fora de casa. Tô até morando numa pensão, acredita? Mas eu não vim aqui pra prosear. Vim procurar a Morgana. Cadê ela?
OFÉLIA: Ela tá no quarto, mas…
SILVINHA (interrompendo): Muito obrigada, dona Ofélia, a senhora me ajudou muito.
Após ser interrompida por Silvinha, Ofélia estranha a situação e, desconfiada, decide ir atrás dela, subindo as escadas apressada. No segundo andar, Silvinha bate incessantemente na porta do quarto de Morgana.
SILVINHA: Ô SUA IMUNDA! SAI DESSE QUARTO AGORA ANTES QUE EU ARROMBE A PORTA! EU VIM ATÉ AQUI PRA TE DAR O QUE OCÊ MERECE, SUA CADELA! (Pausa) EU VOU CONTAR ATÉ TRÊS. UMM, DOOIS…
Nesse momento, Morgana abre a porta do seu quarto.
MORGANA: Olha aqui, se…
Antes que Morgana pudesse terminar de falar, Silvinha parte pra cima dela, lhe dando vários tapas seguidos. Com raiva, ela arremessa Morgana contra a cama e começa a lhe dar puxões de cabelo. Atordoada, Morgana tenta reagir, batendo na cara da rival, mas Silvinha a agarra pelo pescoço e começa a enforcá-la.
SILVINHA (gritando): ISSO AQUI É PELO O QUE OCÊ FEZ COMIGO, SUA VACA!
Silvinha desfere mais tapas no rosto de Morgana, aumentando a violência. Com raiva, ela a joga no chão com força. Ofélia, ouvindo o barulho, se aproxima rapidamente.
OFÉLIA: Ocê ficou louca, Silvinha? Meu bordel não é nenhum ringue, não.
MORGANA (atordoada, olhando pra Silvinha): Sua lixosa! Eu te odeio!
SILVINHA: Isso é pra ocê aprender que comigo não se mete, Morgana. Por tua culpa, a minha vida virou um inferno do dia pra noite, até em pensão eu tô morando.
MORGANA: Cê devia era morar na sarjeta, sua vagabunda.
SILVINHA: Eu só não dou mais uns tabefes nessa sua cara de dinossauro pré histórico porque ocê não vai aguentar. Mas eu já me aliviei bastante. Boa noite.
Silvinha, sem dizer mais nada, se retira rapidamente. Ofélia, então, se aproxima de Morgana, ajudando-a a se levantar com cuidado e a colocando na cama, visivelmente preocupada com o estado da moça.
OFÉLIA: O que que ocê fez pra ela de tão grave, Morgana?
MORGANA: Meia-noite eu te conto. (Pausa) Olha o que ela fez com o meu rosto, Ofélia! Olha aqui, eu tô parecendo uma ameba.
OFÉLIA: Eu vou lá buscar um gelo pra colocar aí. Ocê se mete em cada uma…
Um dia depois…
O instrumental de "Gara - Eduardo Queiroz” segue tocando, enquanto a câmera mostra imagens de uma cidade fictícia do Sul de Minas Gerais, chamada Esperança. Em seguida, cortamos para o exterior de um bar localizado em uma avenida movimentada. Álvaro e Doralice aparecem, entrando no estabelecimento com passos firmes.
CENA 06: BAR/INT./TARDE
DORALICE (olha ao redor): Tem certeza que é aqui?
ÁLVARO: Claro. Eu já estive aqui várias vezes com o meu pai. Só não sei se isso aqui ainda pertence a família do Santiago, pelo o que parece virou uma lanchonete.
DORALICE: Então vamos lá perguntar.
Eles caminham até o balcão, onde uma moça rapidamente se prepara para atendê-los. É Marcela (Gabriela Moreyra), filha do homem que Vicente assassinou no passado.
DORALICE: Oi, tudo bem? Eu queria um suco natural de laranja, por favor.
A moça se afasta para preparar o pedido. No próximo corte, ela retorna com o copo de suco e o entrega a Doralice, que bebe um gole.
DORALICE (sorrindo): Caprichou, hein? Parabéns, tá muito bom!
A moça sorri timidamente, visivelmente lisonjeada.
ÁLVARO: Vem cá, esse bar ainda pertence à família do Santiago?
MARCELA: Pertence, sim.
ÁLVARO: Ah, sério?! E como eu faço pra entrar em contato com eles?
MARCELA: Tá falando com a filha dele, moço. O que é que vocês querem com a gente?
A câmera foca em Marcela, alternando com Álvaro e Doralice, que se entreolham.
CONGELAMENTO EM MARCELA.
A novela encerra seu 21° capítulo ao som de “It’s My Life - Bon Jovi” (tema de Doralice)
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