Alto Agito | Capítulo 05
"Esta é uma obra de ficção coletiva baseada na livre criação artística e sem compromisso com a realidade".
CENA 01. INT. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA, GINÁSIO — DIA.
Thalita e Ariadne estão nas arquibancadas do ginásio enquanto os meninos estão na aula de Ed. Física.
THALITA — Ari, escuta, eu te defendi, mas você sabe que saia na escola é proibido.
ARIADNE — Eu sei, mas poxa, foi só no primeiro dia.
THALITA — Você não tem que parar de usar o que você gosta por que as pessoas ficam te julgando, mas vamos comentar que algumas pessoas extrapolam e acabam transformando uma questão de liberdade, em uma questão de bom senso.
Lorenzo se aproxima das duas, ofegante. Thalita oferece uma garrafinha de água.
LORENZO — Escuta, vocês viram o Lucas? Eu não vejo ele desde o começo das aulas.
THALITA — Não, não vi, não…
Lorenzo, preocupado, procura ele pela quadra e acaba olhando em direção a Mathew, que acena, cinicamente.
CENA 02. INT. COLÉGIO MELHOR ESCOLHA, CAMPO DE FUTEBOL — DIA.
Lucas se encontra sentado nas arquibancadas do campo de futebol, sozinho. Seu rosto se encontra com hematomas. Ele se distrai olhando para o horizonte, pensativo.
Uma mão toca seu ombro. Lucas perde o fôlego, assustado. Logo, Lorenzo aproxima-se e senta-se ao seu lado, aliviando-o.
LORENZO — Lucas?
Lorenzo se assusta ao ver os machucados causados por Mathew em seu rosto. Lucas o abraça.
LORENZO — Eu percebi que você é chegado num abraço, mas, ei, o que é que foi? Quem fez isso no seu rosto?
Lorenzo o afasta e olha dentro dos seus olhos. Lucas desvia o olhar.
TOCANDO: I'II Stand By You — Pretenders.
LORENZO — Ah, eu vou matar aquele moleque!
LUCAS — Não faz nada não, tá? De todas as coisas que eu já passei, essa com certeza não é pior delas.
LORENZO — Você não precisa passar por essas coisas.
LUCAS — Eu queria poder dizer essas coisas, mas não há garantia de que…
LORENZO — Você tem a mim. Eu sou a sua garantia.
Os dois se entreolham por alguns momentos ao passo que seus rostos vão se aproximando, enquanto ambos parecem hipnotizados. Mas não demora e Lucas desvia o rosto, sorrindo. Lorenzo, sem saber direito o que tinha acontecido, apenas passa a prestar atenção no campo de futebol.
LORENZO — É isso que amigos fazem um pelo outro.
Lorenzo sorri. Lucas concorda, um pouco sem graça. Querendo dissipar sua decepção, ele dá um soco de leve no ombro de Lorenzo. O amigo devolve o ato. Eles riem.
CENA 04. INT. MELHOR ESCOLHA. CORREDORES — DIA.
Thalita e Ariadne colam alguns cartazes da festa de boas vindas no quadro de anúncios.
ARIADNE — Essa festa vai ser babado!
Ariadne anda mais para frente e acaba esbarrando em alguém. Todos os papéis se espalham. Ela pôde ver seu rosto quando a euforia passou.
Revela Leonardo, também olhando para Ariadne. Em ambos, assustados.
ARIADNE (sem ar) — Você…
Ele pega a sua maleta e recolhe os papéis que deixou cair. Sai às pressas. Ariadne continua atônita.
THALITA — Ari, você está bem?
ARIADNE — Amiga, eu/
Ela é interrompida por Thalita, que avista Lorenzo vindo em sua direção, furioso.
THALITA — Lorenzo! (acena) Amor, eu/
Ela corre para abraçá-lo, mas ele a ignora e passa direto, em direção à Mathew, que está junto de outros rapazes.
LORENZO — Seu desgraçado!
Lorenzo mete um soco em Mathew, que cai no chão. Em Thalita, impressionada. Tensão. Todos param para olhar. Volta em Lorenzo e Matheus.
LORENZO (furioso) — Eu vou acabar com você, seu verme!
Mathew, com nariz sangrando, o encara, encurralado. Thalita corre para intervir, tocando no braço de Lorenzo.
THALITA — Lorenzo, para! O que aconteceu? Eu nunca te vi desse jeito.
LUCAS — Lorenzo!
Lucas surge, ofegante, sob o olhar de todos.
LUCAS — Não...
Volta para Lorenzo, que move seu olhar de Lucas, para Mathew, ainda no chão.
ARIADNE — Nossa, mas você está muito machucado. Todo mundo resolveu brigar agora, é isso?
LORENZO — Esse rato de esgoto que agrediu o Lucas! Por isso que ele não apareceu na aula hoje.
MATHEW — O que é que foi? Resolveu tomar as dores do amiguinho agora! Ou do namoradinho?
LORENZO — Eu devia era quebrar a tua cara agora mesmo!
ARIADNE — Faz isso, Lorenzo! Bate mesmo, desce a mão nele!
THALITA — Não! Será que você não percebe que batendo nele só vai piorar as coisas? Os dois podem se dar muito mal!
MATHEW — Faz isso, bate mais, que aí eu quero ver você lá na diretoria dizer que também me agrediu.
LORENZO — Ah, mas isso pode ser resolvido agora. Se você dúvida tanto, eu vou na diretoria, mas eu levo você junto!
Lorenzo pega Mathew pelo colarinho da camisa.
MATHEW — Me solta!
Mathew empurra Lorenzo, que ia avançar, mas a diretora chega.
VERÔNICA — Eu posso saber o que está acontecendo aqui?!
Todos param.
CENA 05. INT. MELHOR ESCOLHA. DIRETORIA — DIA.
Lorenzo, Lucas, Mathew e seu pai conversam na sala da diretoria. CARVALHO (46) se mostra impaciente com toda a situação.
VERÔNICA — O fato é que seu filho, Mathew, agrediu um outro aluno do colégio gratuitamente. Desculpe, Sr. Carvalho, mas não é a primeira vez que recebo reclamações de falta de respeito do seu filho.
LORENZO — É, e isso é caso de polícia. Se o Lucas quiser, a gente vai agora até a delegacia prestar queixa.
VERÔNICA — E eu não vou poder fazer nada para impedir, infelizmente.
MATHEW — Mas você também me agrediu!
LORENZO — Quer mesmo medir a gravidade da situação?
CARVALHO — Perfeitamente. Eu entendo a revolta de vocês. Meu filho é um completo desajuizado. Mas peço que não envolvam a polícia nisso. Meu filho irá pedir desculpas ao Lucas, não é Mathew?
Mathew se recusa a pedir. O pai, dá um tapa em sua cabeça. Mathew estende a mão para Lucas, forçado.
MATHEW — Desculpas.
LORENZO — É fácil pedir desculpas e depois fazer tudo de novo.
Mathew revira os olhos.
CARVALHO — Mas isso não vai se repetir. Lucas, para selar isso de uma vez por todas, eu te convido para jantar lá em casa hoje à noite e não aceito um não como responder.
Lucas demora um pouco para responder. Hesitante, ele encara Mathew, segurando seu braço com a outra mão, ainda erguida para Lucas.
Lucas agarra a mão de Mathew.
LUCAS — Pode ser.
CARVALHO — E você, é irmão dele, né? Pode ir também.
LORENZO — Não, a gente não é irmão não, mas é como se fosse.
Lucas sente-se triste, largando a mão de Mathew, que franze as sobrancelhas, desconfiado.
= = CORTE DESCONTÍNUO = =
Do lado de fora, Thalita e Ariadne conversam sobre o acontecido.
THALITA — Eu nunca vi o Lorenzo tão bravo como hoje.
ARIADNE — Até eu fiquei revoltada. Você viu o rosto do Lucas? Só aquele animal mesmo…
Lorenzo, Lucas, Mathew saem da sala do diretor. Imediatamente, todos começam a vaiar Mathew.
Thalita beija Lorenzo, que retribui. Lucas fala com Ariadne, ignorando a cena.
MATHEW — Tá vendo o que você fez?
Mathew grita para Lucas, o encarando de modo feroz, e sai em direção ao pai.
CORTA PARA:
CENA 06. INT. CASA DE LORENZO — NOITE
Lucas acaba de adentrar na sala, a procura de Lorenzo. Marta se encontra assistindo TV.
LUCAS — Marta, você viu o Lorenzo por aí? A gente tinha combinado de ir jantar na casa do Sr. Carvalho.
MARTA — Eita, Lucas, ele saiu com a Thalita. Ele disse que ia com você?
LUCAS — Não exatamente. Bom, eu vou sozinho mesmo.
MARTA — Toma cuidado e leva um guarda-chuva que vai dar uma chuvada daquelas.
Marta sorri e continua a assistir a TV.
CENA 07. EXT. RUA — NOITE.
TOCANDO: Não Gosto De Mim — DAY
Uma chuva forte cai na cidade. Takes mostram ruas congestionadas e pistas interditadas.
Thalita e Lorenzo correm de mãos dadas, rindo. Eles fogem da chuva, já completamente ensopados.
THALITA (Feliz) — Espera! Espera… Eu preciso te dizer uma coisa.
Lorenzo para de correr e olha para Thalita, sorridente.
LORENZO — Agora?
THALITA — É, agora. A chuva me deu uma súbita coragem.
Thalita respira fundo e se aproxima do namorado. Ela põe a mão em seu rosto, completamente apaixonada.
THALITA — Lorenzo, eu pensava que você ia ser como um outro namoro qualquer, mas hoje eu vejo que é mais do que isso.
LORENZO — Thalita, eu/
THALITA — Deixa eu acabar. Eu queria te dizer que eu quero passar o resto da minha vida com você… O que eu quero dizer é… que eu te amo. Lorenzo, você quer casar comigo?
LORENZO — O quê?
Thalita espera sorridente uma resposta de Lorenzo, que abre a boca, sem palavras.
CAM. Mostra os dois parados na rua, em meio à chuva.
CENA 08. INT. CONDOMÍNIO ANGELES, MANSÃO DE MATHEW — NOITE.
Mathew fala com seu pai ao celular. Lucas se encontra sentado comodamente no sofá, com as mãos sobre as pernas, enquanto observava a luxuosa propriedade.
MATHEW — Ah, não pai. Engarrafamento? Eu vou ter que ficar com esse garoto aqui até essa chuva parar? Eu não acredito… Fala sério. Tchau.
Desliga. Vira-se para Lucas.
MATHEW — Meu pai ficou preso no trânsito.
LUCAS — Não se preocupa. Eu não mordo, não.
MATHEW (rindo) — Mas tem uma cara de quem chupa…
Lucas levanta-se, irritado e ofendido, com o rosto vermelho.
LUCAS — Eu não acredito que eu pensei que ia ser diferente. Eu não sou obrigado a ficar ouvindo isso! Vou pra casa.
Lucas vai andando em direção a porta.
MATHEW — Não, espera, se você for o meu pai vai me matar. Daí é que ele nunca vai confiar em mim mesmo.
LUCAS — Problema seu!
Lucas abre a porta e sai. Mathew vai atrás até a
VARANDA.
MATHEW — Espera!
LUCAS — Me deixa!
Mathew, pega Lucas pelo braço e o encosta na parede.
MATHEW — Só escuta!
LUCAS — Talvez quando você crescer. Enquanto isso não acontece, só me deixa ir embora!
Ele se debate e começa a fazer escândalo.
MATHEW — Por favor, eu só quero que ele se orgulhe de mim uma vez na vida por algo que eu fiz sozinho!
LUCAS — Eu não tô nem aí! Se você não me deixar sair eu vou gritar até alguém chamar a polícia!
MATHEW — É tão ruim assim ficar aqui? Eu já disse que não vou te fazer nada!
Lucas empurra Mathew, mas ele volta a prendê-lo contra a parede. Lucas se desespera.
Um flash de um dos abusos de Caco passa por sua cabeça. Lucas começa a chorar, temeroso.
LUCAS (rouco)— Eu já falei pra me soltar!
MATHEW — Mas eu nem tô te machucando. Por que você está chorando?
LUCAS — Você me bateu e está me obrigando…
MATHEW — Eu te pedi desculpas.
LUCAS — Eu estou com medo. Eu tenho medo de você! Você é um monstro!
MATHEW — Não, isso não é verdade.
LUCAS — Me deixa ir, por favor…
Mathew agarra o rosto de Lucas com as mãos, tentando acalmá-lo.
MATHEW — Olha pra mim! Eu não sou um monstro. Eu não sou um monstro.
Lucas tenta se desvencilhar de Mathew. Em meio ao desespero, Mathew aproxima seu rosto do de Lucas e o beija.
TOCANDO: Dengo — Anavitória.
A c
ena congela em estilo ‘Manequim Challenge’, deixando Mathew e Lucas em destaque. O encerramento continua com a música.
FIM DO CAPÍTULO | EVERTON B DUTRA
OBRA REGISTRADA E PROTEGIDA PELA LEI N° 9.610, DE 19 DE FEVEREIRO, DE 1998. TODOS OS DIREITOS RESERVADOS.

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