Criado
e Escrito por LUCAS GARCIA
CAPÍTULO 04
Cena 01: Casarão de
Herculano. Interior. Tarde.
DONATO
empurra a porta e entra cambaleando na sala de estar, aproximando-se do sofá,
ele se recompõe, ajusta o terno e encara o olhar enfurecido de HERCULANO.
HERCULANO:
(furioso) - Mas que ousadia é essa?
FORA DAQUI!
DONATO:
(sarcástico) - Você deveria ser mais
gentil comigo, somos praticamente vizinhos e quero ajudá-lo (INTERROMPIDO).
ISOLDA:
(agoniada) – Amor, não se preocupe,
passarei um café, assim conversam com calma!
No
momento que DONATO escuta a voz de ISOLDA, ele se vira, olha no rosto da
mulher e entra num estado de choque.
DONATO:
(grito) – OLÍVIA?
O
contador se derrama no sofá, sem acreditar no que estava vendo, enquanto ISOLDA e HERCULANO ficam atônitos, incompreendidos.
DONATO:
(espantado) – o que está acontecendo
aqui? Você está escondendo a Olívia?
HERCULANO:
(aos berros) - Senhor, vou botar
você para fora a base de chutes, levante-se, FORA!
DONATO:
(exaltado) – Não sairei, até que me
expliquem!
ISOLDA:
(agoniada) – Senhor, por favor, eu
quem estou começando a ficar assustada, quem é essa mulher que vocês tanto
falam? Todos os lugares que vou, sempre ficam me olhando, encarando, como se eu
fosse uma foragida!
HERCULANO:
- Isolda, saia desta sala – puxando a
manga da camisa – terei uma conversa de homem, com esse senhor!
DONATO
rapidamente se levanta do sofá, aponta o dedo para HERCULANO.
DONATO:
(exaltado) – Chamarei a polícia,
isso deve ser coisa do Tristão, escondendo a Olívia todos esses anos! Você está
sendo pago por ele!
HERCULANO:
(irritado) – FORAA!
HERCULANO
pega DONATO pela gravata e lança-o
em direção a porta, o contador por sua vez, ao bater o rosto, tem um leve corte
na testa, passa a sangrar, vira-se.
DONATO:
(irado) – Contarei a toda cidade
quem são vocês, impostores! E você Olívia – olhando Isolda e limpando a testa – sempre se fazendo de boa moça,
sua fingida, dissimulada! Como teve coragem de mentir sobre a própria morte?
IMPOSTORES!
DONATO abre
a porta e a fecha com extrema violência, HERCULANO
estava ofegante, com o rosto vermelho de tanto ódio, enquanto, ISOLDA, ficara paralisada em lágrimas.
CENAS EXTERNAS
SONOPLASTIA: VOA BICHO – MILTON
NASCIMENTO
Imagens
mostram a área rural de Vale das Rosas que é destacada ao som de Voa Bicho, uma
cachoeira é apresentada, suas águas cristalinas são transmitidas, após uma
transição mostra-se ABNER guiando-se
por uma estranha de chão com sua bicicleta prateada.
Cena 02: Sítio de
Baldino. Exterior. Tarde.
ABNER,
chega no sítio, buzina várias vezes, objeto que estava improvisado em sua
bicicleta, depois, abre a porteira e entra com sua condução, deixa-a na grama.
Algumas galinhas corriam de um lado para outro e ele acariciava-as. SEBASTIANA, aparece na porta,
transparece um enorme sorriso.
SEBASTIANA:
(alegre) – Meu filho!
ABNER
aproxima-se, ambos se abraçam carinhosamente, SEBASTIANA, beija a testa do homem e o puxa para entrar.
CORTA
PARA:
Sentado à mesa, ABNER, deliciava-se com o bolo de fubá
preparado por sua mãe, o som dos animais, o ar fresco do local, a luz do sol do
fim da tarde deixava o sítio ainda mais encantador.
SEBASTIANA:
- Está pensativo filho? – servindo o
café – a “véia” aqui estava com saudade de ti!
ABNER:
(emocionado) – Mãe, me desculpe, as
tarefas do cotidiano acabaram me abarrotando!
SEBASTIANA:
- Entendi, não gosto dessas suas “descurpas” esfarrapadas – sentando-se à mesa – mas, vou
considerar.
ABNER:
- E o pai, onde está?
SEBASTIANA:
- Aquele “véio” chato deve “tá” no mato, caçando “as erva”, vive de vender “os
chá” – acariciando o rosto dele – e
você meu filho, vive de trabalho, vem mais vezes aqui.
ABNER:
- Sim mãe, estou com alguns afazeres na biblioteca, na floricultura as coisas
também estão corridas, muitas entregas, inclusive o ... (INTERROMPIDO).
SEBASTIANA:
- Nem toque no nome desse aí – levantando-se
– não é digno de ser falado, de ser lembrado!
ABNER:
- Mãe, não pense assim, os tempos são outros, já passou!
SEBASTIANA:
- Me dá dor no colo, só de lembrar tudo que você passou por conta das mentiras
que inventaram, e aquele lá, nunca fez nada “pra” te proteger!
ABNER:
- Não diga isso, tudo passou, estou bem! Eu trabalho para o Hans, ele me paga
certinho, não tenho do que me queixar!
SEBASTIANA:
- Ora! Se não pagasse, eu mesma iria cobrar aquele... – respira fundo – deixa “pra” lá!
ABNER:
- Mãe, preciso te contar algo – tomando
o último gole de café – eu conheci uma mulher!
SEBASTIANA:
(aos berros) – ÔH GLÓRIA! Finalmente
vai se casar!
ABNER:
(rindo) – Não é isso! A moça que
conheci, tem algo muito especial, quando a vi, fiquei encantado, atordoado,
mudo ao mesmo tempo, foi uma explosão de sentimentos – respira – ela era idêntica à Olívia!
SEBASTIANA:
(lacrimejando) – Filho, para com
essas coisas, não gosto de tipo de firula!
ABNER:
(esperançoso) – Eu não sei
descrever, tudo que eu sentia por Olívia, parecia que naquele instante tudo
tomava vida novamente, foi inexplicável! Mas, ela voltará na biblioteca e
quando isso acontecer, farei de tudo para conhecê-la!
SEBASTIANA:
(lacrimejando) – Para, filho! – limpando as lágrimas – eu fico sem
jeito, sua irmã ainda me faz muita falta.
SEBASTIANA
se derrama em lágrimas, ABNER se levanta
e abraça carinhosamente sua mãe, acariciando-a.
Cena 03. Mansão de Hans.
Sala de Estar. Interior. Tarde.
JÚLIO,
estava com o camisão todo desabotoado, tomando um drinque com AUGUSTO, ambos estavam bem à vontade.
JÚLIO:
- Donato pensa que estou morto, ele que se engane, estarei como pedra viva no
sapato dele, a próxima que ele aprontar, estarei pronto para desmanchar o
império dele.
AUGUSTO:
- Ele é perigoso Hans, tome cuidado, Donato ano após ano, fica cada vez mais
rico e influente, precisamos estar atentos.
JÚLIO:
- Ele se gaba daquele clube deixado pelo pai, quando éramos rapazes aquele
lugar é familiar, amigável, respeitoso, hoje, pelo que falam, ele transformou
em um verdadeiro antro de perdição!
AUGUSTO:
- Se fosse apenas isso, poderia até competir com as casas de tolerância, porém,
ouço por línguas repartidas que naquele lugar há ocultismo!
JÚLIO:
- Não tenho nada contra quem se simpatiza, mas o fato dele vender aquele lugar
como um clube de jogos para homens, me deixa muito incomodado!
AUGUSTO: - Eu que o diga!
MARICOTA e GARDÊNIA achegam-se a sala.
GARDÊNIA:
- Os senhores gostariam de algo mais?
JÚLIO:
- Não Gardênia, agradeço!
MARICOTA
repara o camisão desabotoado do patrão, que deixara amostra seu peitoral, ela
fica engraçadinha.
MARICOTA:
(rindo) – Nossa “Seu” Júlio, está
ficando fortinho de novo, minhas sopas estão fazendo efeito!
GARDÊNIA:
(irritada) - Maricota, cale a boca,
saia daqui!
AUGUSTO
e JÚLIO têm uma crise de risos, a
empregada se retira, também às gargalhadas. Por alguns instantes, ficam em
silêncio.
JÚLIO:
- Tem outra coisa que preciso dizer, tive um pesadelo mais cedo, foi muito
estranho – coloca o copo americano na
mesinha ao centro da sala – estou com uma sensação ruim, faz anos que não
tenho pesadelos com Olívia, parece que tudo tem voltado tão repentinamente,
como uma onda no mar!
AUGUSTO:
- Hans, você está cansado, precisa se desprender da sua rotina de uma vez, e
que tal ir à praia? lhe fará muito bem! É como você disse, como uma onda no
mar!
GARDÊNIA:
- Desculpe Hans, mas tenho que concordar, o senhor anda muito pensativo, e vive
dentro dessa casa, precisa viajar!
JÚLIO:
- Vocês teimam demais comigo, precisam me deixar pensar!
JÚLIO
repentinamente olha para o quadro de OLÍVIA,
exposto na parede da sala, ele fica admirando-a, depois, ele desvia o rosto
para AUGUSTO.
JÚLIO:
- Acredito que depois daquela mulher no desfile, tenho pensado constantemente
em minha amada! Tenho saudade!
GARDÊNIA:
(irritada) – Hans, a sua vida
continua, precisa seguir em frente, sua falecida esposa precisa descansar para
sempre!
JÚLIO
estranha as palavras de GARDÊNIA,
que por sua vez, nota o olhar de desgosto do patrão. Sem dizer uma palavra, a
governanta se retira, cabisbaixa.
AUGUSTO:
(surpreso) – Nossa, nunca ouvi a
Gardênia falar assim com você.
JÚLIO:
(surpreso) – Também não lembro de
ter presenciado, mas deixe para lá, talvez, esteja cansada de ouvir minhas
lamúrias – levantando-se – pode
ficar o tempo que quiser, vou subir me banhar.
JÚLIO
aperta a mão de AUGUSTO, e sobe para
seus aposentos, enquanto o advogado ainda tomava seu drinque.
Cena 04. Casarão de
Herculano. Sala de Estar. Interior. Tarde.
ISOLDA
entrega um terno para HERCULANO que
o veste, coloca o chapéu e caminha em rumo à porta.
HERCULANO:
- Irei procurar um lugar de confiança para comprarmos os mantimentos dessa
casa, não quero que abra a porta a ninguém, e prepare o jantar, daqui a pouco estarei
de volta.
ISOLDA:
- Amor, fique despreocupado, quando chegar estará tudo pronto!
HERCULANO
se retira, ISOLDA, anda em direção a
cozinha, mas seus pensamentos voltam à situação que presenciou naquela sala, o
que faz permanecer reflexiva, ali.
- FLASHBACK ON -
DONATO rapidamente se levanta do sofá, aponta o dedo para HERCULANO.
DONATO: (exaltado)
– Chamarei a polícia, isso deve ser coisa do Tristão, escondendo a Olívia todos
esses anos! Você está sendo pago por ele!
HERCULANO: (irritado)
– FORAA!
HERCULANO pega DONATO
pela gravata e lança-o em direção a porta, o contador por sua vez, ao bater o
rosto, tem um leve corte na testa, passa a sangrar, vira-se.
DONATO: (irado)
– Contarei a toda cidade quem são vocês, impostores! E você Olívia – olhando Isolda e limpando a testa –
sempre se fazendo de boa moça, sua fingida, dissimulada! Como teve coragem de
mentir sobre a própria morte? IMPOSTORES!
- FLASHBACK OFF –
ISOLDA: (atônita) – Eu preciso descobrir o que
está por trás dessa história de Olívia, quem é essa mulher?
ISOLDA,
escuta a campainha tocar, leva um susto.
ISOLDA:
(arrepiada) – Desde quando esse
casarão tem campainha?
ISOLDA
vai até a porta, tenta ver alguém pelo olho mágico, mas aparentemente a pessoa
estava no portão, então, ela prontamente abre a porta e desce a escada, chega
no portão.
No
lado de fora, na calçada, de costas, estava uma mulher com um vestido preto, o
cabelo amarrado, apenas uma mala estava no chão.
ISOLDA:
(desconfiada) – Olá, posso ajudá-la?
A
mulher se vira, nesse instante, ISOLDA
fica amedrontada, boquiaberta.
JOCASTA:
(sarcástica) - Olá Isolda, você não
sabe o prazer que é estar de volta!
Cena 05: Casarão de
Herculano. Sala de Estar. Interior. Tarde.
JOCASTA, senta-se no sofá,
colocando sua mala no chão, ISOLDA
aparentava estar desapontada, incrédula, senta-se em uma poltrona, distante da
madrasta.
JOCASTA:
(irônica) – Parece que não gostou de
ver, seria um despautério não me recepcionar!
ISOLDA:
(atônita) – O que está fazendo aqui?
Onde está meu pai, minha irmã?
JOCASTA:
(irônica) - Isolda, se você soubesse
o que o parvo do seu paizinho fez, teria desgosto de chama-lo como um dos seus,
e aliás, Berenice está bem, dois andarilhos pela capital!
ISOLDA:
(trêmula) – Jocasta, por favor, me
diga, onde eles estão?
JOCASTA:
(irônica) – Seu paizinho conseguiu
falir a fábrica de tecelagem, bebia e deixava tudo na confiança daqueles sócios
e gestores traíras – risos – é claro
que irão golpeá-lo, seria muito ingênuo acreditar que não iriam se aproveitar
do ponto fraco de seu pai, para tomar tudo que era dele.
ISOLDA:
(lacrimejando) – Não acredito que
chegou nessa situação.
JOCASTA:
(irônica) - Pois, pode acreditar,
recebemos ordens de despejo, seu pai precisou vender muitas coisas para ficar
no quite com a justiça.
ISOLDA:
(lacrimejando) - Como soube que nos
mudamos para esta cidade?
JOCASTA:
- Muito fácil Isolda, desde quando moravam na capital e trocavam cartas, você
já dizia ao seu pai sobre essa mudança, então, estou aqui!
ISOLDA:
(lacrimejando) - Irei buscar meu pai
e a Berenice!
JOCASTA:
- Deixe de ser estúpida! Seu pai sabe o endereço, ele dará um jeito de chegar
aqui com a Berenice.
ISOLDA:
(lacrimejando) - Jocasta, como pôde
dar as costas para eles? Neste momento tão difícil!
JOCASTA:
- Sinceramente – levantando-se – não
me venha com discursos emocionais, não estou com cabeça, apresenta-me o
dormitório!
ISOLDA:
(atônita) - O que? – limpando as lágrimas – Herculano não
está aqui!
JOCASTA:
- E qual o problema? Ande, pegue minha mala e me apresente o dormitório!
JOCASTA
caminha em direção à escada, ISOLDA
mesmo incrédula, pega a mala e segue a madrasta.
Cena 06: Estrada de
Terra. Exterior. Tarde.
O
sol estava quase se pondo, na zona rural já era possível vê-lo no horizonte, HERCULANO estava suando, ele tira seu
paletó, continua caminhando pela estrada de chão, que passava por vários
sítios, aparentava estar perdido. Ele olhava para os lados, tentava reorganizar
seus pensamentos, mas a canseira já estava o consumindo.
Nesse
instante, ABNER, passa de bicicleta
e nota que HERCULANO estava
caminhando e olhando para os lados e decide parar.
ABNER:
(sorridente) - Gostaria de ajuda?
HERCULANO
encara ABNER, repara o homem dos pés
à cabeça, faz um semblante de nojo.
HERCULANO:
(irritado) – Onde te dei intimidade
mulato? Pegue seu rumo!
ABNER:
(assustado) – Desculpe, só queria
ajudar, passar bem!
ABNER,
volta a pedalar e logo HERCULANO o
perde de vista. O homem, caminha mais alguns metros, quando escuta o barulho de
motor, era um carro se aproximando.
DONATO,
estaciona o carro ao lado de HERCULANO,
que finge não ver o veículo e continua andando, e irritando DONATO, que buzina várias vezes, até o
homem parar e olhar para trás.
DONATO:
(aos berros) – Entre, te levarei!
HERCULANO
abre a porta do passageiro, entra e fecha, sem nenhum momento olhar para o
rosto de DONATO, fica sério.
DONATO:
(sarcástico) – Calma, estamos em paz
– estendendo a mão – não estou
magoado com o que fez comigo.
HERCULANO:
(cansado) – Está me seguindo desde
onde? – virando-se para o outro e
reparando o esparadrapo na testa – quero que afasta-se da minha casa, me
deixe sossegado, ou então... (INTERROMPIDO).
DONATO:
(sarcástico) – Ou então, o que? Vai
me agredir novamente?
HERCULANO:
(irritado) - Não medirei esforços!
DONATO:
(sarcástico) – Você chegou nesta
cidade muito esquivo, precisa se acalmar, precisa relaxar – profere algumas gargalhadas – calma,
não vou convidar de novo para meu clube, essa hora chegará, mas no momento só
quero que saiba, pode contar comigo! – permanece
com a mão estendida – acredito que seremos grandes amigos!
HERCULANO:
(irritado) - Por favor, se quer me
ajudar, leve-me de volta para minha casa, conhece muito bem esse lugar – respira – tanto é que me seguiu até
aqui!
DONATO:
(irônico) - Fiquei curioso! O que
veio fazer por essas bandas?
HERCULANO:
(irado) - Não é da sua conta, se
quer me ajudar, pare de falar e leva-me!
DONATO, expressa
um semblante de surpresa para HERCULANO,
mas respeita sua ordem, liga o carro e saem do local, dali em diante, ficam em
silêncio.
Cena 07: Igreja Matriz.
Exterior. Dia.
Um
coroinha corre até LUÍS MIGUEL, que
estava arrumando o incensário no altar, o rapaz fica surpreso.
COROINHA:
- Luís, o Padre está te chamando!
O
coroinha e LUÍS MIGUEL se apressam,
até chegaram na Sacristia, a porta estava fechada, mas conseguiam escutar
alguns sussurros, de repente, a porta se abre e um outro menino, também
coroinha, retira-se do local com demasiada urgência, ajustando sua alba branca,
ambos os coroinhas se aproximam e saem juntos cochichando.
LUÍS MIGUEL,
adentra a sala e fecha a porta, o PADRE
ELVIS, estava de costas, ajustando a casula sobre os ombros.
LUÍS MIGUEL:
- Padre, o senhor me chamou?
PADRE ELVIS,
se vira assustado, abre um sorriso envergonhado.
PADRE ELVIS:
- Meu filhinho, mandei lhe chamar, peço-te um favor, precisaremos renovar as
flores da igreja, teremos o casamento de uma das beatas mais fiéis, pessoa
simples, então, peço-te que vá até a casa do Doutor Hans e o notifique por essa
carta – pega o envelope na mesa e
entrega ao rapaz – espero que ele aceite fazer essa caridade e doe algumas
flores para enfeitar esse templo, é um momento muito especial!
LUÍS MIGUEL:
- Padre, irei agorinha mesmo!
PADRE ELVIS
faz o sinal da cruz e permite que o rapaz se retire.
Cena 08: Casarão de
Herculano. Sala de Estar. Noite.
HERCULANO,
entra no casarão, exausto, acabara de ser deixada por conta da carona que
recebera de DONATO.
HERCULANO,
tira os sapatos, desabotoa a camisa, joga-a em uma poltrona, tira a calça e
fica apenas de calção, deita-se no sofá, nota um silêncio.
HERCULANO:
(aos berros) – ISOLDAAA!
No
mesmo instante escuta alguns passos no segundo andar, logo esses passos são
refletidos na escada.
HERCULANO:
(aos berros) – ISOLDAAA, prepare meu
prato, quero minha refeição!
ISOLDA:
(atônita) - Herculano, por que está
sem suas roupas?
HERCULANO
levanta a cabeça para olhar ISOLDA,
todavia, se espanta ao ver que JOCASTA
estava ao lado dela, encarando-o sagazmente.
HERCULANO:
(surpreso) – Jocasta? – tapando a região da pélvis com as mãos
– O que está fazendo aqui?
JOCASTA:
(sarcástica) - Prazer em vê-lo
também!
HERCULANO
fica congelado, ISOLDA abaixa a
cabeça por tamanha vergonha da situação, e JOCASTA,
encara os dois com um semblante de deboche.
Cena 09: Mansão de Hans.
Sala de Estar. Interior. Noite.
JÚLIO
e AUGUSTO voltara a tomar alguns
drinques, estavam risonhos, molengas, sentados nas poltronas, GARDÊNIA observava-os, irritada.
GARDÊNIA:
(irada) - Senhores, acredito que já
beberam a tarde toda, já está noite, e penso o Doutor Augusto precisa voltar a
sua residência, não é mesmo?
AUGUSTO:
(rindo) – Está me expulsando, Dona Gardênia?
JÚLIO:
(manso) – Deixa ela, quem manda sou
eu, vamos tomar mais um drinque? – gargalhadas
- Faz muito tempo que não bebíamos assim!
JÚLIO,
tenta se levantar, cambaleando, mas GARDÊNIA
o segura, impedindo que sofresse uma queda, o coloca no sofá. Os dois amigos se
encaram e riem, despertando ainda mais a fúria da governanta. No mesmo momento,
a porta se abre, SALAZAR, adentra
com LUÍS MIGUEL.
SALAZAR:
- Com licença, senhor Hans, esse rapaz, o coroinha da igreja, estava a quase
uma hora esperando no portão, ele gostaria de entregar algo.
LUÍS MIGUEL vai
se achegando cada vez mais próximo dos móveis da sala, todos olhavam para ele.
LUÍS MIGUEL:
- Senhor Hans, é uma honra estar em sua casa, a pedido do Padre Elvis,
entrego-te essa carta!
GARDÊNIA
aproxima-se do rapaz e pega a carta.
GARDÊNIA:
(ríspida) - Agradeço, amanhã Hans
lerá e tão breve daremos um retorno a vocês! Salazar, acompanhe o rapaz!
SONOPLASTIA: Maldade
Suspense – PH CASTANHEIRA (instrumental)
SALAZAR
coloca a mão no ombro de LUÍS MIGUEL
para encaminhá-lo a saída, mas nesse instante o rapaz fica paralisado, olhando fixamente
para JÚLIO, sentado no sofá, que
fica abismado com o semblante do coroinha.
JÚLIO:
(assustado) - Jovem, está tudo bem?
Quer dizer mais alguma coisa?
LUÍS MIGUEL
começa a chorar incessantemente, todos ficam atônitos, sem reação, por instinto,
o rapaz aponta para JÚLIO que fica
trêmulo.
LUÍS MIGUEL:
(aos prantos) – Tem um espírito das
trevas sentado ao seu lado!
GARDÊNIA,
ao escutar a frase, tem um desmaio, JÚLIO
fica estagnado sem esboçar reação. SALAZAR
corre acudir a governanta, enquanto AUGUSTO
olhava anestesiado para toda aquela situação.
Encerramento