03/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 04 (03/04/2025)

 


Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 04

 

 

Cena 01: Casarão de Herculano. Interior. Tarde.

 

DONATO empurra a porta e entra cambaleando na sala de estar, aproximando-se do sofá, ele se recompõe, ajusta o terno e encara o olhar enfurecido de HERCULANO.

 

HERCULANO: (furioso) - Mas que ousadia é essa? FORA DAQUI!

 

DONATO: (sarcástico) - Você deveria ser mais gentil comigo, somos praticamente vizinhos e quero ajudá-lo (INTERROMPIDO).

 

ISOLDA: (agoniada) – Amor, não se preocupe, passarei um café, assim conversam com calma!

 

No momento que DONATO escuta a voz de ISOLDA, ele se vira, olha no rosto da mulher e entra num estado de choque.

 

DONATO: (grito) – OLÍVIA?

 

O contador se derrama no sofá, sem acreditar no que estava vendo, enquanto ISOLDA e HERCULANO ficam atônitos, incompreendidos.

 

DONATO: (espantado) – o que está acontecendo aqui? Você está escondendo a Olívia?

 

HERCULANO: (aos berros) - Senhor, vou botar você para fora a base de chutes, levante-se, FORA!

 

DONATO: (exaltado) – Não sairei, até que me expliquem!

 

ISOLDA: (agoniada) – Senhor, por favor, eu quem estou começando a ficar assustada, quem é essa mulher que vocês tanto falam? Todos os lugares que vou, sempre ficam me olhando, encarando, como se eu fosse uma foragida!

 

HERCULANO: - Isolda, saia desta sala – puxando a manga da camisa – terei uma conversa de homem, com esse senhor!

 

DONATO rapidamente se levanta do sofá, aponta o dedo para HERCULANO.

 

DONATO: (exaltado) – Chamarei a polícia, isso deve ser coisa do Tristão, escondendo a Olívia todos esses anos! Você está sendo pago por ele!

 

HERCULANO: (irritado) – FORAA!

 

HERCULANO pega DONATO pela gravata e lança-o em direção a porta, o contador por sua vez, ao bater o rosto, tem um leve corte na testa, passa a sangrar, vira-se.

 

DONATO: (irado) – Contarei a toda cidade quem são vocês, impostores! E você Olívia – olhando Isolda e limpando a testa – sempre se fazendo de boa moça, sua fingida, dissimulada! Como teve coragem de mentir sobre a própria morte? IMPOSTORES!

 

DONATO abre a porta e a fecha com extrema violência, HERCULANO estava ofegante, com o rosto vermelho de tanto ódio, enquanto, ISOLDA, ficara paralisada em lágrimas.

 

 

CENAS EXTERNAS

SONOPLASTIA: VOA BICHO – MILTON NASCIMENTO

 

Imagens mostram a área rural de Vale das Rosas que é destacada ao som de Voa Bicho, uma cachoeira é apresentada, suas águas cristalinas são transmitidas, após uma transição mostra-se ABNER guiando-se por uma estranha de chão com sua bicicleta prateada.

 

 

 

Cena 02: Sítio de Baldino. Exterior. Tarde.

 

ABNER, chega no sítio, buzina várias vezes, objeto que estava improvisado em sua bicicleta, depois, abre a porteira e entra com sua condução, deixa-a na grama. Algumas galinhas corriam de um lado para outro e ele acariciava-as. SEBASTIANA, aparece na porta, transparece um enorme sorriso.

 

SEBASTIANA: (alegre) – Meu filho!

 

ABNER aproxima-se, ambos se abraçam carinhosamente, SEBASTIANA, beija a testa do homem e o puxa para entrar.

 

CORTA PARA:

 

Sentado à mesa, ABNER, deliciava-se com o bolo de fubá preparado por sua mãe, o som dos animais, o ar fresco do local, a luz do sol do fim da tarde deixava o sítio ainda mais encantador.

 

SEBASTIANA: - Está pensativo filho? – servindo o café – a “véia” aqui estava com saudade de ti!

 

ABNER: (emocionado) – Mãe, me desculpe, as tarefas do cotidiano acabaram me abarrotando!

 

SEBASTIANA: - Entendi, não gosto dessas suas “descurpas” esfarrapadas – sentando-se à mesa – mas, vou considerar.

 

ABNER: - E o pai, onde está?

 

SEBASTIANA: - Aquele “véio” chato deve “tá” no mato, caçando “as erva”, vive de vender “os chá” – acariciando o rosto dele – e você meu filho, vive de trabalho, vem mais vezes aqui.

 

ABNER: - Sim mãe, estou com alguns afazeres na biblioteca, na floricultura as coisas também estão corridas, muitas entregas, inclusive o ... (INTERROMPIDO).

 

SEBASTIANA: - Nem toque no nome desse aí – levantando-se – não é digno de ser falado, de ser lembrado!

 

ABNER: - Mãe, não pense assim, os tempos são outros, já passou!

 

SEBASTIANA: - Me dá dor no colo, só de lembrar tudo que você passou por conta das mentiras que inventaram, e aquele lá, nunca fez nada “pra” te proteger!

 

ABNER: - Não diga isso, tudo passou, estou bem! Eu trabalho para o Hans, ele me paga certinho, não tenho do que me queixar!

 

SEBASTIANA: - Ora! Se não pagasse, eu mesma iria cobrar aquele... – respira fundo – deixa “pra” lá!

 

ABNER: - Mãe, preciso te contar algo – tomando o último gole de café – eu conheci uma mulher!

 

SEBASTIANA: (aos berros) – ÔH GLÓRIA! Finalmente vai se casar!

 

ABNER: (rindo) – Não é isso! A moça que conheci, tem algo muito especial, quando a vi, fiquei encantado, atordoado, mudo ao mesmo tempo, foi uma explosão de sentimentos – respira – ela era idêntica à Olívia!

 

SEBASTIANA: (lacrimejando) – Filho, para com essas coisas, não gosto de tipo de firula!

 

ABNER: (esperançoso) – Eu não sei descrever, tudo que eu sentia por Olívia, parecia que naquele instante tudo tomava vida novamente, foi inexplicável! Mas, ela voltará na biblioteca e quando isso acontecer, farei de tudo para conhecê-la!

 

SEBASTIANA: (lacrimejando) – Para, filho! – limpando as lágrimas – eu fico sem jeito, sua irmã ainda me faz muita falta.

 

SEBASTIANA se derrama em lágrimas, ABNER se levanta e abraça carinhosamente sua mãe, acariciando-a.

 

Cena 03. Mansão de Hans. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

JÚLIO, estava com o camisão todo desabotoado, tomando um drinque com AUGUSTO, ambos estavam bem à vontade.

 

JÚLIO: - Donato pensa que estou morto, ele que se engane, estarei como pedra viva no sapato dele, a próxima que ele aprontar, estarei pronto para desmanchar o império dele.

 

AUGUSTO: - Ele é perigoso Hans, tome cuidado, Donato ano após ano, fica cada vez mais rico e influente, precisamos estar atentos.

 

JÚLIO: - Ele se gaba daquele clube deixado pelo pai, quando éramos rapazes aquele lugar é familiar, amigável, respeitoso, hoje, pelo que falam, ele transformou em um verdadeiro antro de perdição!

 

AUGUSTO: - Se fosse apenas isso, poderia até competir com as casas de tolerância, porém, ouço por línguas repartidas que naquele lugar há ocultismo!

 

JÚLIO: - Não tenho nada contra quem se simpatiza, mas o fato dele vender aquele lugar como um clube de jogos para homens, me deixa muito incomodado!

 

AUGUSTO: - Eu que o diga!


MARICOTA e GARDÊNIA achegam-se a sala.

 

GARDÊNIA: - Os senhores gostariam de algo mais?

 

JÚLIO: - Não Gardênia, agradeço!

 

MARICOTA repara o camisão desabotoado do patrão, que deixara amostra seu peitoral, ela fica engraçadinha.

 

MARICOTA: (rindo) – Nossa “Seu” Júlio, está ficando fortinho de novo, minhas sopas estão fazendo efeito!

 

GARDÊNIA: (irritada) - Maricota, cale a boca, saia daqui!

 

AUGUSTO e JÚLIO têm uma crise de risos, a empregada se retira, também às gargalhadas. Por alguns instantes, ficam em silêncio.

 

JÚLIO: - Tem outra coisa que preciso dizer, tive um pesadelo mais cedo, foi muito estranho – coloca o copo americano na mesinha ao centro da sala – estou com uma sensação ruim, faz anos que não tenho pesadelos com Olívia, parece que tudo tem voltado tão repentinamente, como uma onda no mar!

 

AUGUSTO: - Hans, você está cansado, precisa se desprender da sua rotina de uma vez, e que tal ir à praia? lhe fará muito bem! É como você disse, como uma onda no mar!

 

GARDÊNIA: - Desculpe Hans, mas tenho que concordar, o senhor anda muito pensativo, e vive dentro dessa casa, precisa viajar!

 

JÚLIO: - Vocês teimam demais comigo, precisam me deixar pensar!

 

JÚLIO repentinamente olha para o quadro de OLÍVIA, exposto na parede da sala, ele fica admirando-a, depois, ele desvia o rosto para AUGUSTO.

 

JÚLIO: - Acredito que depois daquela mulher no desfile, tenho pensado constantemente em minha amada! Tenho saudade!

 

GARDÊNIA: (irritada) – Hans, a sua vida continua, precisa seguir em frente, sua falecida esposa precisa descansar para sempre!

 

JÚLIO estranha as palavras de GARDÊNIA, que por sua vez, nota o olhar de desgosto do patrão. Sem dizer uma palavra, a governanta se retira, cabisbaixa.

 

AUGUSTO: (surpreso) – Nossa, nunca ouvi a Gardênia falar assim com você.

 

JÚLIO: (surpreso) – Também não lembro de ter presenciado, mas deixe para lá, talvez, esteja cansada de ouvir minhas lamúrias – levantando-se – pode ficar o tempo que quiser, vou subir me banhar.

 

JÚLIO aperta a mão de AUGUSTO, e sobe para seus aposentos, enquanto o advogado ainda tomava seu drinque.

 

 

Cena 04. Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

ISOLDA entrega um terno para HERCULANO que o veste, coloca o chapéu e caminha em rumo à porta.

 

HERCULANO: - Irei procurar um lugar de confiança para comprarmos os mantimentos dessa casa, não quero que abra a porta a ninguém, e prepare o jantar, daqui a pouco estarei de volta.

 

ISOLDA: - Amor, fique despreocupado, quando chegar estará tudo pronto!

 

HERCULANO se retira, ISOLDA, anda em direção a cozinha, mas seus pensamentos voltam à situação que presenciou naquela sala, o que faz permanecer reflexiva, ali.

 

- FLASHBACK ON -

DONATO rapidamente se levanta do sofá, aponta o dedo para HERCULANO.

 

DONATO: (exaltado) – Chamarei a polícia, isso deve ser coisa do Tristão, escondendo a Olívia todos esses anos! Você está sendo pago por ele!

 

HERCULANO: (irritado) – FORAA!

 

HERCULANO pega DONATO pela gravata e lança-o em direção a porta, o contador por sua vez, ao bater o rosto, tem um leve corte na testa, passa a sangrar, vira-se.

 

DONATO: (irado) – Contarei a toda cidade quem são vocês, impostores! E você Olívia – olhando Isolda e limpando a testa – sempre se fazendo de boa moça, sua fingida, dissimulada! Como teve coragem de mentir sobre a própria morte? IMPOSTORES!

 

- FLASHBACK OFF –

 

ISOLDA: (atônita) – Eu preciso descobrir o que está por trás dessa história de Olívia, quem é essa mulher?  

 

ISOLDA, escuta a campainha tocar, leva um susto.

 

ISOLDA: (arrepiada) – Desde quando esse casarão tem campainha?

 

ISOLDA vai até a porta, tenta ver alguém pelo olho mágico, mas aparentemente a pessoa estava no portão, então, ela prontamente abre a porta e desce a escada, chega no portão.

No lado de fora, na calçada, de costas, estava uma mulher com um vestido preto, o cabelo amarrado, apenas uma mala estava no chão.

 

ISOLDA: (desconfiada) – Olá, posso ajudá-la?

 

A mulher se vira, nesse instante, ISOLDA fica amedrontada, boquiaberta.

 

JOCASTA: (sarcástica) - Olá Isolda, você não sabe o prazer que é estar de volta!

 


Cena 05: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Tarde.

 

 JOCASTA, senta-se no sofá, colocando sua mala no chão, ISOLDA aparentava estar desapontada, incrédula, senta-se em uma poltrona, distante da madrasta.

 

JOCASTA: (irônica) – Parece que não gostou de ver, seria um despautério não me recepcionar!

 

ISOLDA: (atônita) – O que está fazendo aqui? Onde está meu pai, minha irmã?

 

JOCASTA: (irônica) - Isolda, se você soubesse o que o parvo do seu paizinho fez, teria desgosto de chama-lo como um dos seus, e aliás, Berenice está bem, dois andarilhos pela capital!

 

ISOLDA: (trêmula) – Jocasta, por favor, me diga, onde eles estão?

 

JOCASTA: (irônica) – Seu paizinho conseguiu falir a fábrica de tecelagem, bebia e deixava tudo na confiança daqueles sócios e gestores traíras – risos – é claro que irão golpeá-lo, seria muito ingênuo acreditar que não iriam se aproveitar do ponto fraco de seu pai, para tomar tudo que era dele.

 

ISOLDA: (lacrimejando) – Não acredito que chegou nessa situação.

 

JOCASTA: (irônica) - Pois, pode acreditar, recebemos ordens de despejo, seu pai precisou vender muitas coisas para ficar no quite com a justiça.  

 

ISOLDA: (lacrimejando) - Como soube que nos mudamos para esta cidade?

 

JOCASTA: - Muito fácil Isolda, desde quando moravam na capital e trocavam cartas, você já dizia ao seu pai sobre essa mudança, então, estou aqui!

 

ISOLDA: (lacrimejando) - Irei buscar meu pai e a Berenice!

 

JOCASTA: - Deixe de ser estúpida! Seu pai sabe o endereço, ele dará um jeito de chegar aqui com a Berenice.

 

ISOLDA: (lacrimejando) - Jocasta, como pôde dar as costas para eles? Neste momento tão difícil!

 

JOCASTA: - Sinceramente – levantando-se – não me venha com discursos emocionais, não estou com cabeça, apresenta-me o dormitório!

 

ISOLDA: (atônita) - O que? – limpando as lágrimas – Herculano não está aqui!

 

JOCASTA: - E qual o problema? Ande, pegue minha mala e me apresente o dormitório!

 

JOCASTA caminha em direção à escada, ISOLDA mesmo incrédula, pega a mala e segue a madrasta.

 

 

Cena 06: Estrada de Terra. Exterior. Tarde.

 

O sol estava quase se pondo, na zona rural já era possível vê-lo no horizonte, HERCULANO estava suando, ele tira seu paletó, continua caminhando pela estrada de chão, que passava por vários sítios, aparentava estar perdido. Ele olhava para os lados, tentava reorganizar seus pensamentos, mas a canseira já estava o consumindo.


Nesse instante, ABNER, passa de bicicleta e nota que HERCULANO estava caminhando e olhando para os lados e decide parar.

 

ABNER: (sorridente) - Gostaria de ajuda?

 

HERCULANO encara ABNER, repara o homem dos pés à cabeça, faz um semblante de nojo.

 

HERCULANO: (irritado) – Onde te dei intimidade mulato? Pegue seu rumo!

 

ABNER: (assustado) – Desculpe, só queria ajudar, passar bem!

 

ABNER, volta a pedalar e logo HERCULANO o perde de vista. O homem, caminha mais alguns metros, quando escuta o barulho de motor, era um carro se aproximando.

 

DONATO, estaciona o carro ao lado de HERCULANO, que finge não ver o veículo e continua andando, e irritando DONATO, que buzina várias vezes, até o homem parar e olhar para trás.

 

DONATO: (aos berros) – Entre, te levarei!  

 

HERCULANO abre a porta do passageiro, entra e fecha, sem nenhum momento olhar para o rosto de DONATO, fica sério.

 

DONATO: (sarcástico) – Calma, estamos em paz – estendendo a mão – não estou magoado com o que fez comigo.  

 

HERCULANO: (cansado) – Está me seguindo desde onde? – virando-se para o outro e reparando o esparadrapo na testa – quero que afasta-se da minha casa, me deixe sossegado, ou então... (INTERROMPIDO).

 

DONATO: (sarcástico) – Ou então, o que? Vai me agredir novamente?

 

HERCULANO: (irritado) - Não medirei esforços!

 

DONATO: (sarcástico) – Você chegou nesta cidade muito esquivo, precisa se acalmar, precisa relaxar – profere algumas gargalhadas – calma, não vou convidar de novo para meu clube, essa hora chegará, mas no momento só quero que saiba, pode contar comigo! – permanece com a mão estendida – acredito que seremos grandes amigos!

 

HERCULANO: (irritado) - Por favor, se quer me ajudar, leve-me de volta para minha casa, conhece muito bem esse lugar – respira – tanto é que me seguiu até aqui!

 

DONATO: (irônico) - Fiquei curioso! O que veio fazer por essas bandas?

 

HERCULANO: (irado) - Não é da sua conta, se quer me ajudar, pare de falar e leva-me!

 

DONATO, expressa um semblante de surpresa para HERCULANO, mas respeita sua ordem, liga o carro e saem do local, dali em diante, ficam em silêncio.

 

Cena 07: Igreja Matriz. Exterior. Dia.

 

Um coroinha corre até LUÍS MIGUEL, que estava arrumando o incensário no altar, o rapaz fica surpreso.

 

COROINHA: - Luís, o Padre está te chamando!

 

O coroinha e LUÍS MIGUEL se apressam, até chegaram na Sacristia, a porta estava fechada, mas conseguiam escutar alguns sussurros, de repente, a porta se abre e um outro menino, também coroinha, retira-se do local com demasiada urgência, ajustando sua alba branca, ambos os coroinhas se aproximam e saem juntos cochichando.

 

LUÍS MIGUEL, adentra a sala e fecha a porta, o PADRE ELVIS, estava de costas, ajustando a casula sobre os ombros.

 

LUÍS MIGUEL: - Padre, o senhor me chamou?

 

PADRE ELVIS, se vira assustado, abre um sorriso envergonhado.

 

PADRE ELVIS: - Meu filhinho, mandei lhe chamar, peço-te um favor, precisaremos renovar as flores da igreja, teremos o casamento de uma das beatas mais fiéis, pessoa simples, então, peço-te que vá até a casa do Doutor Hans e o notifique por essa carta – pega o envelope na mesa e entrega ao rapaz – espero que ele aceite fazer essa caridade e doe algumas flores para enfeitar esse templo, é um momento muito especial!  

 

LUÍS MIGUEL: - Padre, irei agorinha mesmo!

 

PADRE ELVIS faz o sinal da cruz e permite que o rapaz se retire.

 

 

Cena 08: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Noite.

 

HERCULANO, entra no casarão, exausto, acabara de ser deixada por conta da carona que recebera de DONATO.

 

HERCULANO, tira os sapatos, desabotoa a camisa, joga-a em uma poltrona, tira a calça e fica apenas de calção, deita-se no sofá, nota um silêncio.

 

HERCULANO: (aos berros) – ISOLDAAA!

 

No mesmo instante escuta alguns passos no segundo andar, logo esses passos são refletidos na escada.

 

HERCULANO: (aos berros) – ISOLDAAA, prepare meu prato, quero minha refeição!

 

ISOLDA: (atônita) - Herculano, por que está sem suas roupas?

 

HERCULANO levanta a cabeça para olhar ISOLDA, todavia, se espanta ao ver que JOCASTA estava ao lado dela, encarando-o sagazmente.

 

HERCULANO: (surpreso) – Jocasta? – tapando a região da pélvis com as mãos – O que está fazendo aqui?

 

JOCASTA: (sarcástica) - Prazer em vê-lo também!

 

HERCULANO fica congelado, ISOLDA abaixa a cabeça por tamanha vergonha da situação, e JOCASTA, encara os dois com um semblante de deboche.

Cena 09: Mansão de Hans. Sala de Estar. Interior. Noite.

 

JÚLIO e AUGUSTO voltara a tomar alguns drinques, estavam risonhos, molengas, sentados nas poltronas, GARDÊNIA observava-os, irritada.

 

GARDÊNIA: (irada) - Senhores, acredito que já beberam a tarde toda, já está noite, e penso o Doutor Augusto precisa voltar a sua residência, não é mesmo?

 

AUGUSTO: (rindo) – Está me expulsando, Dona Gardênia?

 

JÚLIO: (manso) – Deixa ela, quem manda sou eu, vamos tomar mais um drinque? – gargalhadas - Faz muito tempo que não bebíamos assim!

 

JÚLIO, tenta se levantar, cambaleando, mas GARDÊNIA o segura, impedindo que sofresse uma queda, o coloca no sofá. Os dois amigos se encaram e riem, despertando ainda mais a fúria da governanta. No mesmo momento, a porta se abre, SALAZAR, adentra com LUÍS MIGUEL.

 

SALAZAR: - Com licença, senhor Hans, esse rapaz, o coroinha da igreja, estava a quase uma hora esperando no portão, ele gostaria de entregar algo.

 

LUÍS MIGUEL vai se achegando cada vez mais próximo dos móveis da sala, todos olhavam para ele.

 

LUÍS MIGUEL: - Senhor Hans, é uma honra estar em sua casa, a pedido do Padre Elvis, entrego-te essa carta!

 

GARDÊNIA aproxima-se do rapaz e pega a carta.

 

GARDÊNIA: (ríspida) - Agradeço, amanhã Hans lerá e tão breve daremos um retorno a vocês! Salazar, acompanhe o rapaz!

 

SONOPLASTIA: Maldade Suspense – PH CASTANHEIRA (instrumental)

 

SALAZAR coloca a mão no ombro de LUÍS MIGUEL para encaminhá-lo a saída, mas nesse instante o rapaz fica paralisado, olhando fixamente para JÚLIO, sentado no sofá, que fica abismado com o semblante do coroinha.

 

JÚLIO: (assustado) - Jovem, está tudo bem? Quer dizer mais alguma coisa?

 

LUÍS MIGUEL começa a chorar incessantemente, todos ficam atônitos, sem reação, por instinto, o rapaz aponta para JÚLIO que fica trêmulo.

 

LUÍS MIGUEL: (aos prantos) – Tem um espírito das trevas sentado ao seu lado!

 

GARDÊNIA, ao escutar a frase, tem um desmaio, JÚLIO fica estagnado sem esboçar reação. SALAZAR corre acudir a governanta, enquanto AUGUSTO olhava anestesiado para toda aquela situação.

 

Encerramento




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