08/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 08 (08/04/2025)



Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 08

 

 

Cena 01: Floricultura. Interior. Tarde.

 

SONOPLASTIA: Somewhere Over The Rainbow– Instrumental

 

ISOLDA também escuta o homem falar e sorri, ela sente a leveza daquele lugar, sente-se livre, estava à vontade. Num determinado momento ela tira os sapatos, vai andando mais apressada, ABNER estranha a atitude, mas permanece em silêncio, observando-a, então, ela passa a correr entre os corredores, rindo, sorrindo, como um pássaro solto, um estado de graça toma-a, assim, ela começa a girar, deixando seu vestido solto aos movimentos.

 

ISOLDA: (encantada) – Que delícia, o aroma das flores – suspira - estou felicíssima!

 

ISOLDA corre em direção a ABNER, que estava de braços cruzados, boquiaberto, olhando-a, ela então, descruza os braços dele e o puxa, segura as mãos dele.

 

ISOLDA: (encantada) – Esse lugar me trouxe boas lembranças, o cheiro da minha infância, quando corria pelo jardim florido da casa de meu pai, na capital, que bons tempos – uma lágrima escorre – aliás, fizeste tudo isso por mim, e mal perguntei seu nome!

 

ABNER: (emocionado) – Enfim, agora consigo me apresentar, sou ABNER!

 

ISOLDA: (encantada) – Estava com medo do que iria me apresentar, agora posso ter a certeza, me ajudaste! – outra lágrima escorre – És a primeira pessoa que conheci nesta cidade, já sinto paz, uma paz verdadeira, genuína! Todos esses dias fiquei presa dentro de minha casa, sequer ver a cor do céu, ouvindo as afrontas de minha madrasta e agora, repentinamente me vejo neste lugar, tão lindo, único!

 

ABNER: (emocionado) – Não imaginava que aqui lhe faria tão bem, estou piamente surpreso com sua reação.

 

ISOLDA sem pestanejar abraça ABNER, que fica incrédulo, trêmulo, mas abraça a mulher, ficam segundos abraçados, se afastam, se encaram de forma carinhosa, sorridentes um ao outro.

 

ISOLDA: (encantada) – Abner, me proporcional o melhor momento desde que chegou nesta cidade!

ABNER: (emocionado) – Estou totalmente disponível em ajuda-la, será um prazer ter sua amizade!

 

ISOLDA: (encantada) – Pois o prazer será todo meu!

 

ISOLDA abraça novamente ABNER, que fica todo envergonhado, no mesmo instante, enquanto eles se afastavam e se olhavam, MARICOTA entra na estufa, ela berra:

 

MARICOTA: (arrepiada) – MESERICÓRDIA!

 

MARICOTA simula um desmaio, mas ABNER corre acudi-la, segura-a, ela fica pasma, encarando ISOLDA.

 

MARICOTA: (assustada) – De hoje você não passa!

 

MARICOTA corre beliscar ISOLDA, que resmunga com a atitude da mulher e passa a mão no braço, incomodada.

 

MARICOTA: (inconformada) – Não é possível, você realmente existe!

 

ABNER: - Maricota, calma, ela não é quem você está pensando, o nome dela é Isolda, chegou recentemente aqui, trouxe-a para conhecer – pondo-se ao lado da mulher – acredito que tenha entendido!

 

MARICOTA: (chocada) – Entender, entender, não sei muito bem, mas só de saber que não é o espírito dela já me alivia – gargalhadas – mulher, me deu um susto, meu Deus!

 

ISOLDA: (surpresa) – Espero não estar incomodando, acredito que era isso mesmo que precisava conhecer, Abner, com licença!

 

ISOLDA, se retira sorrateiramente da estufa, ABNER fica desnorteado, mas decide não ir atrás, MARICOTA encara o homem.

 

MARICOTA: (curiosa) – Onde achou essa mulher? Eu já a vi na rua, achei que era coisa da minha cabeça.

 

ABNER: (desconfiado) – A conheci a poucos dias, hoje consegui trazê-la aqui, mas enfim, e você por qual motivo veio aqui, posso ajuda-la?

 

MARICOTA: (desconfiada) – Oras, vim pedir para que separe alguns arranjos, “seu” Júlio irá doar algumas flores para a igreja.

 

ABNER: - Avise o senhor Hans que irei providenciar isso.

 

MARICOTA: (provocativa) - Que bom, pois se ele souber que andas por aí, conhecendo pessoas no horário de trabalho, ficará zangado – ela entrega uma lista para ele, que pega e observa – tenho certeza que Hans ficará zangado... muito zangado!

 

ABNER: (irônico) – Seus mexericos não me atingem, Hans sabe muito bem que ajudo na biblioteca, e aqui na floricultura trabalho apenas com encomendas.

 

MARICOTA: (sarcástica) - Enfim, vou-me indo, até logo.

 

ABNER sorri forçadamente, a empregada se retira, deixando-o encabulado.

 

ABNER: (pensamento) – Era só o que me faltava, essa futriqueira levar ao conhecimento de Hans que viu Olívia aqui.

 

ABNER respira fundo, lê atentamente a lista de flores e anda vagarosamente em busca de cada uma delas.

 

Cena 02: Casarão de Herculano. Sala de estar. Interior. Tarde.

 

ISOLDA adentra a mão maravilhada, em estado de graça, fecha a porta e põe-se de costas, sentia-se leve, diferente de todos os dias desde que chegara na cidade.

 

ISOLDA: (pensativa) – Fizeste muito bem a mim, Abner, muito bem!

 

ISOLDA caminha em direção ao sofá, senta-se, olha para os móveis da sala, sorri, de repente escuta os passos de JOCASTA pela escada, logo aproxima-se desfazendo toda a alegria que sentia.

 

JOCASTA: (sarcástica) – Ficou receosa em voltar depois do marido? Estava com medo de ser punida?

 

ISOLDA: (irônica) – Como disse, era algo rápido, não precisava me preocupar – levantando – porém, irei iniciar os preparativos para o jantar, aposto que Herculano chegará faminto.

 

ISOLDA passa por JOCASTA que avidamente segura seu braço, ambas se encaram, frias.

 

JOCASTA: (nervosa) – Não deixe se enganar, sei muito bem o que vossa digníssima e seu ilustríssimo marido tem planejado, podem desistir!

 

ISOLDA: (intrépida) – Chega, solte-me, não temos mais nada a dizer quanto a isso, meu marido decidirá se permanecerá ou não nesta casa – soltando-se bravamente da madrasta – suas insolências beiram o ridículo, chega!

 

JOCASTA: (nervosa) – Durmas com a verdade, pois se com mentiras se deitar, sem lábios acordará!

 

ISOLDA: (irritada) – Faça-me o favor, não me venhas com esses jargões, deixe-me em paz!

 

ISOLDA anda em direção a outro cômodo, então, JOCASTA profere uma gargalhada sinistra, arrepiando totalmente a enteada, que paralisa no corredor.

 

JOCASTA: (sarcástica) – As vezes, fico lembrando do quanto era atormentada quando criança, de quando aprontava para me afrontar, mentia ao meu respeito para seu pai sempre lhe dar atenção, sua estúpida! – gargalhadas – você se comportou como uma menina solta, sem rédeas, sem regras, seu pai foi muito frouxo com você, também, cresceu sem a mãe, não era de menos.

 

ISOLDA ao ouvir as últimas palavras tem um ataque de fúria, volta-se para a madrasta e fica cara a cara.

 

ISOLDA: (intrépida) – Não ouse falar de minha mãe! – apontando – deixe-me em paz!

 

JOCASTA: (sarcástica) – O que demais sua mãe fez por você para defendê-la com tanto vigor? – gargalhadas – aliás, até hoje me arrependo de ser o motivo da separação delas, seu pai era tão bobinho, sua mãe uma pata-choca, igualzinha a você!

 

ISOLDA: (irada/aos berros) – CALE A BOCA!

 

SONOPLASTIA: Tenso Stereoflute (Mu Carvalho) - Instrumental

 

ISOLDA desfere um tapa no rosto de JOCASTA, que com o impacto é lançada ao chão, ambas ficam incrédulas, uma olhando para a outra. ISOLDA, passa tremer, não entende o tamanho da coragem que teve ao enfrentar a madrasta.

 

ISOLDA: (trêmula) – Jocasta, eu não queria fazer isso, foi por impulso, me perdoe – estendendo a mão – venha, te ajudo a levantar.

 

JOCASTA não retribui a mão, levanta-se, apoiando-se nos móveis, em nenhum momento olha para a cara da enteada, desvia-se lentamente, com um semblante abatido, e sobe a escada, extremamente silenciosa.

 


 

Cena 03: Mansão de Hans. Sala de estar. Interior. Tarde.

 

MARICOTA adentra a grande residência pela porta da frente, GARDÊNIA e JÚLIO se assustam.

 

MARICOTA: (ofegante) - "Seu" Júlio, hei falar coisas que vi e não é coisa da minha cabeça, pois estou muito lúcida!

 

GARDÊNIA: (furiosa) - Já não disse que nunca deveria entrar pela porta da frente?

 

JÚLIO: Não se preocupe Maricota, diga, o que vistes?

 

MARICOTA: Juro, juro - respira fundo -  encontrei a mulher que o senhor viu, e não é espírito, ela existe!

 

JÚLIO se levanta em fração de segundos do sofá, reclina-se em direção à empregada.

 

JÚLIO: (perplexo) – Pois, então, diga-me, quem é essa mulher?

 

MARICOTA: (irônica) – Ela é amiga de Abner, inclusive, se me permite - tosse forçada - ele a levou para conhecer a floricultura, pelo rosto, percebo que gostou do que viu.

 

GARDÊNIA: (irada) – Tenha a santa paciência, pare de inventar mentiras!

 

MARICOTA: (sarcástica) – Não sou como a senhora, viu dona Gardênia, hei de me contentar com a verdade - tosse novamente - então, "Seu" Júlio, se estiver com dúvidas, chame o Abner!

 

JÚLIO: (perplexo) - Não tenho dúvidas, além do mais, eu a vi, não tenho do que contestar.

 

Nesse instante, SALAZAR vem caminhando para a sala de estar, aparentemente vinha da cozinha, JÚLIO exclama.

 

JÚLIO: Salazar, é contigo mesmo que preciso falar, preciso que envie um recado para Abner, peça que ele compareça impreterivelmente amanhã a noite em minha residência, faço questão que ele venha e peça para ele trazer a amiga dele – desvia-se para Maricota – qual o nome dela?

 

MARICOTA faz cara de estranhamento.

 

MARICOTA: (duvidosa) – “Seu” Júlio, me pegou desprevenida, não me recordo – colocando as mãos nos lábios – Inara... Isaura... Iara... Inácia... meu Deus, não me lembro!

 

JÚLIO: - Não importa, peça que ele venha com a amiga que apresentastes à Maricota, preciso conversar com ambos!

 

SALAZAR assente positivamente com a cabeça, enquanto MARICOTA e GARDÊNIA se encaram, estranhando a atitude do patrão.

 

Cena 04: Escritório de Donato. Interior. Tarde.

 

DONATO estava sentado em frente à mesa de HERCULANO, ele repara na enorme pilha de papéis que ali estavam expostos.

 

HERCULANO: (inquieto) – Então, é aqui... em seu escritório que iremos tomar o gin?

 

DONATO: (rindo) – Nobre, em qual local acharias que um homem, tão afortunado como eu tomaria um gin e faria negócios?

 

HERCULANO: (assustado) – Negócios? Do que o senhor está falando? – levantando-se – não tenho negócios a fazer, com licença!

 

DONATO: (irônico) – Não ouses sair dessa sala, pode se arrepender amargamente!

 

DONATO abre a gaveta de sua mesa, pega algo que HERCULANO não consegue enxergar, o contador demonstra um semblante diabólico ao homem, o clima naquela sala torna-se intransponível.

 

Encerramento



 

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