12/04/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 12 (12/04/2025)

 






Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 12

 

Cena 01: Praça. Exterior. Manhã.

 

HERCULANO aproximava-se para levantar ISOLDA, contudo, no mesmo instante, JÚLIO chega e empurra o homem, que cai encima do banco da praça.

 

JÚLIO: (nervoso) – COVARDE! Por que maltratas esta mulher?

 

É então que JÚLIO desvia-se para a mulher, encara o rosto dela e toma um profundo susto, fica pálido, seu coração dispara no mesmo instante, AUGUSTO também olha para ela, indefesa jogada ao chão.

 

AUGUSTO: (aos berros) – Hans, ela é a cara da Olívia!

 

JÚLIO perde as forças, ajoelha-se ao chão, em lágrimas, enquanto ISOLDA fica assustada, tentando entender o que estava acontecendo.

 

AUGUSTO: (assustado) – Calma, vou lhe ajudar!

 

AUGUSTO cuidadosamente pega a mão de ISOLDA e a levanta lentamente, no mesmo interim, HERCULANO recua do banco, aproxima-se dos homens, esbravejando.

 

HERCULANO: (irado) – És malandro assim? Como ousas a me empurrar?

 

JÚLIO ainda estava ajoelhado, olhando para ISOLDA, emocionado.

 

AUGUSTO: (assustado) – Hans, calma – levantando – vamos para casa!

 

HERCULANO: (irado) – Pois então, está perdido? Por qual razão me empurraste?

 

JÚLIO encara HERCULANO, seu semblante era de desolação.

 

JÚLIO: (renitente) – Fostes um covarde, como não poderia defende-la, poderia machucá-la ainda mais!

 

HERCULANO: (irado) – Não se metas onde não fora chamado, deixe-nos em paz – aproximando-se dela – vamos Isolda, não temos tempo para conversas estranhas!

 

ISOLDA encara JÚLIO, notara que o homem sentia algo extremamente profundo quanto a viu, sua percepção aguçada lhe faz diz:

 

 

ISOLDA: (trêmula) – O senhor queria dizer algo? Ajoelhou-se em minha presença!

 

HERCULANO: (irritado) – Cale a boca Isolda, ande – segurando moderadamente a mão dela – precisamos ir!

 

JÚLIO ainda incrédulo, com os olhos marejados, não responde a mulher. HERCULANO aperta a mão dela e se retiram lentamente do local, deixando os demais impressionados.

 

AUGUSTO: (surpreso) – Hans, viste o que eu reparei? Aquela mulher era idêntica à Olívia, como podes algo assim?

 

JÚLIO: (atordoado) – Não sei meu caro – suspira – ela jogada ao chão, indefesa, com os olhos machucados, me lembrou Olívia, quando a vi, jogada no chão da floricultura, sem vida.

 

JÚLIO deixa uma lágrima escorrer, limpa prontamente, SALAZAR chega ofegante próximo deles.

 

SALAZAR: (ofegante) – Senhor Hans, vim correndo, achei que aquele homem iria agredi-lo!

 

AUGUSTO: (assustado) – Hans, fostes imprudente! Imagine se aquele homem estivesse armado, como iríamos sair desta situação?

 

JÚLIO: (renitente) – Não importa, deveria impedir que algo acontecesse com aquela mulher – suspira – eu faria por ela, o que não fiz por Olívia... eu daria minha vida.

 

AUGUSTO: (irritado) – Deixe besteira, não fale algo assim Hans – segurando no ombro dele – vamos, melhor voltarmos para sua casa!

 

Os três se dispersam pela praça e voltam ao carro.

 

Cena 02: Casarão de Herculano. Interior. Manhã.

 

HERCULANO entra com ISOLDA no colo, ela estava pálida, sem forçar, MARCO PAULO fecha a porta, desesperado.

 

MARCO PAULO: (trêmulo) – Herculano, o que aconteceu com Isolda?

 

HERCULANO: (nervoso) – Ela está muito fraca, não se alimentou muito bem nesses últimos dias, chegando próximo de casa, ela não conseguia mais andar, apoiou-se em mim, decidi trazê-la!

 

JOCASTA observava a situação com indiferença.

 

JOCASTA: (irônica) – Oras, mas desde quando esta casa tem algum alimento? Não darei muitos dias para que todos desfaleçam!

 

HERCULANO: (nervoso) – Saiam da frente!

 

HERCULANO ainda com ISOLDA no colo, sobe a escada, ela mal conseguia abrir os olhos, seus braços estavam lançados para baixo.

 

CORTA PARA:

 

ISOLDA estava deitada, uma fraqueza imensurável tomava conta de seu corpo, sua mente, sua visão estava turva, observava tudo girar. A porta estava aberta, BERENICE entra silenciosamente, coloca um copo na escrivaninha, ajuda a irmã a se sentar na cama, apoiando-se na cabeceira, depois ajuda ela a beber a água com açúcar.

 

BERENICE: (entristecida) – Minha irmã, espero que melhore! Meu coração se parte ao meio em vê-la numa situação tão estridente!

 

ISOLDA: (sussurrando) – Agradeço minha irmã – toma o último gole – agradeço!

 

ISOLDA esboça um leve semblante de disposição, até se ajeita melhor, apoiando os braços na cama. BERENICE passa carinhosamente a mão em seu cabelo.

 

BERENICE: Saiba que podes contar comigo, para todos as circunstâncias!

 

ISOLDA: (sussurrando) – Eu sei minha querida – respira fundo – bem sei de sua cumplicidade!

 

BERENICE se levanta, pega o copo e se retira do quarto, ISOLDA, permanece sentada, olhando para o quarto, com um estranho semblante de vazio existencial.

 

ISOLDA: (sussurrando) – O que está acontecendo comigo? O que está acontecendo nesta casa?

 

JOCASTA aparece sorrateiramente na porta, entra maliciosamente no quarto, defronta a enteada.

 

JOCASTA: (intrépida) – Esse é o preço de mentir, está vendo? Quando disse verdades ao seu respeito, me batestes, como se eu fosse um boneco, porém, pagou o preço!

 

ISOLDA: (sussurrando) – Por favor, me deixe sozinha – passa a mão na testa – estou indisposta, não quero conversar!

 

JOCASTA: (intrépida) – Realmente, não quero conversar, apenas deixarei claro meu contentamento com sua derrocada – sorri – porém, só estarei satisfeita quando eu conseguir provar que o seu marido roubou a tecelagem e comprou esse casarão, assim, esse jogo de mentiras estará encerrado!

 

ISOLDA: (voz fraca) – Jocasta, deixe de tramoias, pare de criar uma situação que não existe, está repetindo isso feito papagaio a dias – respira fundo – não queremos mais confusões nesta casa.

 

JOCASTA: (sarcástica) – Meu desejo é que isso pegue fogo! E se eu não conseguir provar, vocês pagarão com prejuízo o que tiraram de nós, se não devolverem, também não ficarão!

 

ISOLDA: (irritada) – Passar bem, não tenho mais nada a dizer!

 

ISOLDA deita-se na cama, vira-se à direita, fecha os olhos, JOCASTA repara nos lábios secos da enteada, logo se retira do quarto.

 

Cena 03: Mansão de Hans. Suíte Mestre. Interior. Manhã.

 

JÚLIO adentra o quarto, arrasado, desabotoando a camisa e tirando os sapatos, senta-se na cama, pensativo.

 

JÚLIO: (impressionado) – Isolda, este é o nome dela! É ela quem Abner conheceu, preciso que esta noite ele me diga mais sobre essa mulher!

 

GARDÊNIA abre a porta e entra lentamente, com um copo.

 

GARDÊNIA: - Hans, Augusto já foi embora, pediu para que trouxesse um calmante a você! O que aconteceu?

 

JÚLIO: - Augusto está blefando, não preciso de calmantes, só apenas uma situação corriqueira – levantando-se – nada com o que se preocupar.

 

GARDÊNIA: (desconfiada) – Corriqueira? Entrastes nesta casa afoito, cara amarrada.

 

JÚLIO: - Não se preocupe – olha pela janela de seu quarto, o jardim – mas, e os preparativos, como estão?

 

GARDÊNIA: - Tudo sob controle, há algum pedido especial?

 

JÚLIO: - Não tenho pedidos, mas agradeço seu empenho!

 

GARDÊNIA sinaliza com o balanço da cabeça, se retira imediatamente, deixando o patrão pensativo, observando o jardim pela janela de seu quarto.

 

 


 

Cena 04: Casarão de Herculano. Cozinha. Interior. Manhã.

 

HERCULANO, observava atentamente a cozinha, a tristeza ao ver as dispensas vazias, tomava sua mente.

 

HERCULANO: (sussurrando) – Não posso deixar isso esmorecer, preciso dar um jeito nisso.

 

Nesse instante, pensamentos intrusivos tomem-lhe o juízo, recorda-se do que DONATO havia dito.

 

- FLASHBACK ON –

 

DONATO: (irônico) – Não seja por isso, lhe dou três dias para pensar, e mesmo que a resposta for não, poderá ficar com o cheque!

 

HERCULANO arregala os olhos ao homem, fica trêmulo, ajusta a gravata para respirar melhor.

 

DONATO: (irônico) – Volto a repetir, mesmo que disser não, ficará com o cheque!

 

HERCULANO não responde ao homem, retira-se da sala e sai apressadamente do escritório, o contador em sua cadeira giratória, passa a fazer esse movimento repetitivo várias vezes, gargalhando e tragando seu charuto.

 

- FLASHBACK OFF

 

HERCULANO tem um lampejo de ideia.

 

HERCULANO: (nervoso) – É isso, aquele senhor me fizeste uma proposta, ao menos um cheque terei, poderei abastecer esta casa!

 

HERCULANO ajusta o terno e caminha em direção a porta, mas no mesmo instante, MARCO PAULO adentra, preocupado.

 

MARCO PAULO: - Precisamos conversar, e será agora!

 

HERCULANO dá alguns passos para trás, respira fundo.

 

HERCULANO: (afrontoso) – Ótimo, então fale!

 

MARCO PAULO: (trêmulo) – Desde que chegamos nesta casa, você tem fugido de nossa conversa, não sei o que está acontecendo com você e minha filha, mas saiba que aquilo que fizeste com ela não se repetirá, ou serás um homem morto!

 

HERCULANO: (afrontoso) – Que sejas, de minha vida e de Isolda quem decide sou eu, não lhe devo satisfações de nosso relacionamento – pressiona os punhos – era só isso?

 

MARCO PAULO: Não, quero dizer que o tempo que aqui estiver, o ajudarei no que for necessário, a tecelagem acabou, meu dinheiro se foi, mas estou de pé, irei recomeçar, não ficarei de braços cruzados!

 

HERCULANO: (afrontoso) – Não esperava algo diferente de vossa pessoa, penso que um trabalho lhe cairá bem, já que a tecelagem nunca foi seu forte!

 

MARCO PAULO tem um acesso de raiva ao ouvir aquelas palavras, aproxima-se de HERCULANO.

 

MARCO PAULO: (desconfiado) – A condução da tecelagem foi meu maior erro, isso custou muito, atingiu a minha família, mas irei me reconstruir – colocando a mão no ombro dele – porém, não se esqueças que trabalhastes lá, inclusive foi um lugar que muito prosperou, não é mesmo?

 

HERCULANO: (irritado) – Está insinuando alguma coisa?

 

MARCO PAULO: (desconfiado) – Oras, de forma alguma, apenas estou afirmando que cresceu muito trabalhando em um lugar que estava à beira da falência!  

 

HERCULANO: - Prosperei pois sou competente, trabalhei firme!

 

HERCULANO se afasta de MARCO PAULO.

 

HERCULANO: (aflito) - Penso que nossa conversa encerra por aqui, preciso cumprir alguns compromissos, com licença!

 

HERCULANO se retira do local, fugaz, deixando MARCO PAULO ainda mais desconfiado.

 

MARCO PAULO: (sussurrando) – Estou começando a dar razões à Jocasta, esse homem está escondendo alguma coisa, irei descobrir!

 

MARCO PAULO, em seguida, se retira da cozinha.

 

Cena 05: Casa de Augusto. Quarto. Interior. Tarde.

 

CLARA, uma mulher de média estatura, cabelos curtos, castanhos escuros, um constante semblante depressivo, andava de um lado para outro do quarto, corria até a janela, sentava na cama, se levanta, caminhava de um lado para o outro, num ciclo cansativo. Em um determinado momento, escuta a chave se virar na maçaneta, fica aflita.

 

AUGUSTO: (animado) – Clara, meu bem, cheguei!

 

AUGUSTO entra, CLARA corre abraça-lo, logo se afastam.

 

CLARA: (inquieta) – Que bom vê-lo – apalpando o rosto dele – onde estão os comprimidos?

 

AUGUSTO esboça um olhar entristecido, fecha a porta, pega na mão dela e sentam na cama.

 

AUGUSTO: (preocupado) – Meu bem, já disse que não pode viver de remédios, as pílulas eu guardei em um lugar que só eu sei – passando a mão no rosto dela – não fique triste comigo, quero o melhor para você!

 

CLARA murcha, respira fundo, entrelaçando os dedos, AUGUSTO puxa ela para próximo de seu tórax e acaricia sua cabeça.  

 

AUGUSTO: - Clara, quero que se arrume, pegue o seu melhor vestido, hoje iremos ao jantar na casa de Hans, ele faz questão de sua presença!

 

CLARA não responde ao marido, uma lágrima escorre seu rosto, ela prontamente limpa e fica ali, quietinha deitada sobre o peito de AUGUSTO.

 

Cena 06:  Escritório de Donato. Sala. Interior. Tarde.

 

DONATO, fumava seu charuto, lendo alguns relatórios, no mesmo instante, a porta se abre, a secretaria apresenta-se.

 

SECRETARIA: - Donato, aquele homem voltou, pode entrar?

 

DONATO tem um choque de ânimo.

 

DONATO: - (animado) – Peça que entres!

 

A secretária se retira, poucos segundos depois, a porta se abre novamente, HERCULANO entra envergonhado, olhando para as paredes, para o chão, sem encarar o contador.

 

DONATO: (sorridente) – Mas, que honra recebe-lo novamente! Confesso que acreditava que demoraria mais tempo para aparecer aqui!

 

HERCULANO: (envergonhado) – Então, não me pediu para retornar dentro de três dias, e desse a resposta? Estou aqui!

 

DONATO: (sorridente) – Mas é óbvio. Então, o que me diz?

 

HERCULANO: (envergonhado) – Sua proposta me parece estranha, não aceito! – respira fundo, sente um nó na garganta – mas... disse que mesmo não aceitando, me daria aquele cheque, como cortesia.

 

DONATO tem uma crise de riso, abre a gaveta, pega o cheque e se levanta, aproxima-se de HERCULANO.

 

DONATO: (rindo) – Me lembro dos termos de aceite ou não, você é mais esperto do que eu imaginava, pois tome, pegue o cheque! – estendendo o documento – faça bom uso.

 

HERCULANO prontamente pega o título de crédito e se vira em direção a porta, mas num gesto rápido, DONATO retira do paletó dois outros cheques e diz:

 

DONATO: (sorridente) – Mas, tenho uma contraproposta – chacoalhando os documentos – se aceitares trabalhar comigo, receberás o dobro do valor concedido!

 

HERCULANO ao ouvir aquelas palavras, fecha os olhos, respira fundo, move-se para olhar DONATO, os dois se encaram no mais completo silêncio, de repente, a janela do escritório se abre com o impacto da ventania que ocorria do lado de fora, os dois se assustam, um abutre se põe na janela encarando os dois.

 

Encerramento

 


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