Criado
e Escrito por LUCAS GARCIA
CAPÍTULO 12
Cena 01: Praça. Exterior. Manhã.
HERCULANO
aproximava-se para levantar ISOLDA,
contudo, no mesmo instante, JÚLIO
chega e empurra o homem, que cai encima do banco da praça.
JÚLIO:
(nervoso) – COVARDE! Por que
maltratas esta mulher?
É
então que JÚLIO desvia-se para a
mulher, encara o rosto dela e toma um profundo susto, fica pálido, seu coração
dispara no mesmo instante, AUGUSTO
também olha para ela, indefesa jogada ao chão.
AUGUSTO:
(aos berros) – Hans, ela é a cara da
Olívia!
JÚLIO
perde as forças, ajoelha-se ao chão, em lágrimas, enquanto ISOLDA fica assustada, tentando entender o que estava acontecendo.
AUGUSTO:
(assustado) – Calma, vou lhe ajudar!
AUGUSTO
cuidadosamente pega a mão de ISOLDA e
a levanta lentamente, no mesmo interim, HERCULANO
recua do banco, aproxima-se dos homens, esbravejando.
HERCULANO:
(irado) – És malandro assim? Como
ousas a me empurrar?
JÚLIO
ainda estava ajoelhado, olhando para ISOLDA,
emocionado.
AUGUSTO:
(assustado) – Hans, calma – levantando – vamos para casa!
HERCULANO:
(irado) – Pois então, está perdido?
Por qual razão me empurraste?
JÚLIO
encara HERCULANO, seu semblante era
de desolação.
JÚLIO:
(renitente) – Fostes um covarde,
como não poderia defende-la, poderia machucá-la ainda mais!
HERCULANO:
(irado) – Não se metas onde não fora
chamado, deixe-nos em paz – aproximando-se
dela – vamos Isolda, não temos tempo para conversas estranhas!
ISOLDA
encara JÚLIO, notara que o homem
sentia algo extremamente profundo quanto a viu, sua percepção aguçada lhe faz
diz:
ISOLDA:
(trêmula) – O senhor queria dizer
algo? Ajoelhou-se em minha presença!
HERCULANO:
(irritado) – Cale a boca Isolda,
ande – segurando moderadamente a mão
dela – precisamos ir!
JÚLIO
ainda incrédulo, com os olhos marejados, não responde a mulher. HERCULANO aperta a mão dela e se
retiram lentamente do local, deixando os demais impressionados.
AUGUSTO:
(surpreso) – Hans, viste o que eu
reparei? Aquela mulher era idêntica à Olívia, como podes algo assim?
JÚLIO:
(atordoado) – Não sei meu caro – suspira – ela jogada ao chão, indefesa,
com os olhos machucados, me lembrou Olívia, quando a vi, jogada no chão da
floricultura, sem vida.
JÚLIO
deixa uma lágrima escorrer, limpa prontamente, SALAZAR chega ofegante próximo deles.
SALAZAR:
(ofegante) – Senhor Hans, vim
correndo, achei que aquele homem iria agredi-lo!
AUGUSTO:
(assustado) – Hans, fostes imprudente!
Imagine se aquele homem estivesse armado, como iríamos sair desta situação?
JÚLIO:
(renitente) – Não importa, deveria
impedir que algo acontecesse com aquela mulher – suspira – eu faria por ela, o que não fiz por Olívia... eu daria
minha vida.
AUGUSTO:
(irritado) – Deixe besteira, não
fale algo assim Hans – segurando no
ombro dele – vamos, melhor voltarmos para sua casa!
Os
três se dispersam pela praça e voltam ao carro.
Cena 02: Casarão de Herculano.
Interior. Manhã.
HERCULANO
entra com ISOLDA no colo, ela estava
pálida, sem forçar, MARCO PAULO
fecha a porta, desesperado.
MARCO PAULO:
(trêmulo) – Herculano, o que
aconteceu com Isolda?
HERCULANO:
(nervoso) – Ela está muito fraca,
não se alimentou muito bem nesses últimos dias, chegando próximo de casa, ela
não conseguia mais andar, apoiou-se em mim, decidi trazê-la!
JOCASTA
observava a situação com indiferença.
JOCASTA:
(irônica) – Oras, mas desde quando
esta casa tem algum alimento? Não darei muitos dias para que todos desfaleçam!
HERCULANO:
(nervoso) – Saiam da frente!
HERCULANO
ainda com ISOLDA no colo, sobe a
escada, ela mal conseguia abrir os olhos, seus braços estavam lançados para
baixo.
CORTA PARA:
ISOLDA
estava deitada, uma fraqueza imensurável tomava conta de seu corpo, sua mente,
sua visão estava turva, observava tudo girar. A porta estava aberta, BERENICE entra silenciosamente, coloca
um copo na escrivaninha, ajuda a irmã a se sentar na cama, apoiando-se na cabeceira,
depois ajuda ela a beber a água com açúcar.
BERENICE:
(entristecida) – Minha irmã, espero
que melhore! Meu coração se parte ao meio em vê-la numa situação tão
estridente!
ISOLDA:
(sussurrando) – Agradeço minha irmã –
toma o último gole – agradeço!
ISOLDA
esboça um leve semblante de disposição, até se ajeita melhor, apoiando os
braços na cama. BERENICE passa
carinhosamente a mão em seu cabelo.
BERENICE:
Saiba que podes contar comigo, para todos as circunstâncias!
ISOLDA:
(sussurrando) – Eu sei minha querida
– respira fundo – bem sei de sua
cumplicidade!
BERENICE
se levanta, pega o copo e se retira do quarto, ISOLDA, permanece sentada, olhando para o quarto, com um estranho
semblante de vazio existencial.
ISOLDA:
(sussurrando) – O que está
acontecendo comigo? O que está acontecendo nesta casa?
JOCASTA
aparece sorrateiramente na porta, entra maliciosamente no quarto, defronta a
enteada.
JOCASTA:
(intrépida) – Esse é o preço de
mentir, está vendo? Quando disse verdades ao seu respeito, me batestes, como se
eu fosse um boneco, porém, pagou o preço!
ISOLDA:
(sussurrando) – Por favor, me deixe
sozinha – passa a mão na testa –
estou indisposta, não quero conversar!
JOCASTA:
(intrépida) – Realmente, não quero
conversar, apenas deixarei claro meu contentamento com sua derrocada – sorri – porém, só estarei satisfeita
quando eu conseguir provar que o seu marido roubou a tecelagem e comprou esse
casarão, assim, esse jogo de mentiras estará encerrado!
ISOLDA:
(voz fraca) – Jocasta, deixe de
tramoias, pare de criar uma situação que não existe, está repetindo isso feito
papagaio a dias – respira fundo –
não queremos mais confusões nesta casa.
JOCASTA:
(sarcástica) – Meu desejo é que isso
pegue fogo! E se eu não conseguir provar, vocês pagarão com prejuízo o que
tiraram de nós, se não devolverem, também não ficarão!
ISOLDA:
(irritada) – Passar bem, não tenho
mais nada a dizer!
ISOLDA
deita-se na cama, vira-se à direita, fecha os olhos, JOCASTA repara nos lábios secos da enteada, logo se retira do
quarto.
Cena 03: Mansão de Hans.
Suíte Mestre. Interior. Manhã.
JÚLIO
adentra o quarto, arrasado, desabotoando a camisa e tirando os sapatos,
senta-se na cama, pensativo.
JÚLIO:
(impressionado) – Isolda, este é o
nome dela! É ela quem Abner conheceu, preciso que esta noite ele me diga mais
sobre essa mulher!
GARDÊNIA
abre a porta e entra lentamente, com um copo.
GARDÊNIA:
- Hans, Augusto já foi embora, pediu para que trouxesse um calmante a você! O
que aconteceu?
JÚLIO:
- Augusto está blefando, não preciso de calmantes, só apenas uma situação
corriqueira – levantando-se – nada com
o que se preocupar.
GARDÊNIA:
(desconfiada) – Corriqueira?
Entrastes nesta casa afoito, cara amarrada.
JÚLIO:
- Não se preocupe – olha pela janela de
seu quarto, o jardim – mas, e os preparativos, como estão?
GARDÊNIA:
- Tudo sob controle, há algum pedido especial?
JÚLIO:
- Não tenho pedidos, mas agradeço seu empenho!
GARDÊNIA
sinaliza com o balanço da cabeça, se retira imediatamente, deixando o patrão
pensativo, observando o jardim pela janela de seu quarto.
Cena 04: Casarão de Herculano.
Cozinha. Interior. Manhã.
HERCULANO,
observava atentamente a cozinha, a tristeza ao ver as dispensas vazias, tomava
sua mente.
HERCULANO:
(sussurrando) – Não posso deixar
isso esmorecer, preciso dar um jeito nisso.
Nesse
instante, pensamentos intrusivos tomem-lhe o juízo, recorda-se do que DONATO havia dito.
- FLASHBACK ON –
DONATO: (irônico) – Não seja
por isso, lhe dou três dias para pensar, e mesmo que a resposta for não, poderá
ficar com o cheque!
HERCULANO arregala os olhos ao homem, fica trêmulo, ajusta a gravata para
respirar melhor.
DONATO: (irônico) – Volto a
repetir, mesmo que disser não, ficará com o cheque!
HERCULANO não responde ao homem, retira-se da sala e sai apressadamente do
escritório, o contador em sua cadeira giratória, passa a fazer esse movimento
repetitivo várias vezes, gargalhando e tragando seu charuto.
- FLASHBACK OFF –
HERCULANO
tem um lampejo de ideia.
HERCULANO:
(nervoso) – É isso, aquele senhor me fizeste uma proposta, ao menos um cheque
terei, poderei abastecer esta casa!
HERCULANO
ajusta o terno e caminha em direção a porta, mas no mesmo instante, MARCO PAULO adentra, preocupado.
MARCO PAULO: - Precisamos conversar, e será
agora!
HERCULANO dá
alguns passos para trás, respira fundo.
HERCULANO:
(afrontoso) – Ótimo, então fale!
MARCO PAULO:
(trêmulo) – Desde que chegamos nesta
casa, você tem fugido de nossa conversa, não sei o que está acontecendo com
você e minha filha, mas saiba que aquilo que fizeste com ela não se repetirá,
ou serás um homem morto!
HERCULANO:
(afrontoso) – Que sejas, de minha
vida e de Isolda quem decide sou eu, não lhe devo satisfações de nosso
relacionamento – pressiona os punhos
– era só isso?
MARCO PAULO:
Não, quero dizer que o tempo que aqui estiver, o ajudarei no que for
necessário, a tecelagem acabou, meu dinheiro se foi, mas estou de pé, irei
recomeçar, não ficarei de braços cruzados!
HERCULANO:
(afrontoso) – Não esperava algo
diferente de vossa pessoa, penso que um trabalho lhe cairá bem, já que a
tecelagem nunca foi seu forte!
MARCO PAULO
tem um acesso de raiva ao ouvir aquelas palavras, aproxima-se de HERCULANO.
MARCO PAULO:
(desconfiado) – A condução da
tecelagem foi meu maior erro, isso custou muito, atingiu a minha família, mas
irei me reconstruir – colocando a mão no
ombro dele – porém, não se esqueças que trabalhastes lá, inclusive foi um
lugar que muito prosperou, não é mesmo?
HERCULANO:
(irritado) – Está insinuando alguma
coisa?
MARCO PAULO:
(desconfiado) – Oras, de forma
alguma, apenas estou afirmando que cresceu muito trabalhando em um lugar que
estava à beira da falência!
HERCULANO:
- Prosperei pois sou competente, trabalhei firme!
HERCULANO
se afasta de MARCO PAULO.
HERCULANO:
(aflito) - Penso que nossa conversa
encerra por aqui, preciso cumprir alguns compromissos, com licença!
HERCULANO
se retira do local, fugaz, deixando MARCO
PAULO ainda mais desconfiado.
MARCO PAULO:
(sussurrando) – Estou começando a
dar razões à Jocasta, esse homem está escondendo alguma coisa, irei descobrir!
MARCO PAULO,
em seguida, se retira da cozinha.
Cena 05: Casa de Augusto.
Quarto. Interior. Tarde.
CLARA,
uma mulher de média estatura, cabelos curtos, castanhos escuros, um constante semblante
depressivo, andava de um lado para outro do quarto, corria até a janela,
sentava na cama, se levanta, caminhava de um lado para o outro, num ciclo
cansativo. Em um determinado momento, escuta a chave se virar na maçaneta, fica
aflita.
AUGUSTO:
(animado) – Clara, meu bem, cheguei!
AUGUSTO
entra, CLARA corre abraça-lo, logo
se afastam.
CLARA:
(inquieta) – Que bom vê-lo – apalpando o rosto dele – onde estão os
comprimidos?
AUGUSTO
esboça um olhar entristecido, fecha a porta, pega na mão dela e sentam na cama.
AUGUSTO:
(preocupado) – Meu bem, já disse que
não pode viver de remédios, as pílulas eu guardei em um lugar que só eu sei – passando a mão no rosto dela – não
fique triste comigo, quero o melhor para você!
CLARA
murcha, respira fundo, entrelaçando os dedos, AUGUSTO puxa ela para próximo de seu tórax e acaricia sua cabeça.
AUGUSTO:
- Clara, quero que se arrume, pegue o seu melhor vestido, hoje iremos ao jantar
na casa de Hans, ele faz questão de sua presença!
CLARA
não responde ao marido, uma lágrima escorre seu rosto, ela prontamente limpa e
fica ali, quietinha deitada sobre o peito de AUGUSTO.
Cena 06: Escritório de Donato. Sala. Interior. Tarde.
DONATO,
fumava seu charuto, lendo alguns relatórios, no mesmo instante, a porta se
abre, a secretaria apresenta-se.
SECRETARIA:
- Donato, aquele homem voltou, pode entrar?
DONATO
tem um choque de ânimo.
DONATO:
- (animado) – Peça que entres!
A
secretária se retira, poucos segundos depois, a porta se abre novamente, HERCULANO entra envergonhado, olhando
para as paredes, para o chão, sem encarar o contador.
DONATO:
(sorridente) – Mas, que honra recebe-lo
novamente! Confesso que acreditava que demoraria mais tempo para aparecer aqui!
HERCULANO:
(envergonhado) – Então, não me pediu
para retornar dentro de três dias, e desse a resposta? Estou aqui!
DONATO:
(sorridente) – Mas é óbvio. Então, o
que me diz?
HERCULANO:
(envergonhado) – Sua proposta me
parece estranha, não aceito! – respira fundo,
sente um nó na garganta – mas... disse que mesmo não aceitando, me daria
aquele cheque, como cortesia.
DONATO
tem uma crise de riso, abre a gaveta, pega o cheque e se levanta, aproxima-se
de HERCULANO.
DONATO:
(rindo) – Me lembro dos termos de
aceite ou não, você é mais esperto do que eu imaginava, pois tome, pegue o
cheque! – estendendo o documento –
faça bom uso.
HERCULANO
prontamente pega o título de crédito e se vira em direção a porta, mas num
gesto rápido, DONATO retira do
paletó dois outros cheques e diz:
DONATO:
(sorridente) – Mas, tenho uma
contraproposta – chacoalhando os
documentos – se aceitares trabalhar comigo, receberás o dobro do valor
concedido!
HERCULANO
ao ouvir aquelas palavras, fecha os olhos, respira fundo, move-se para olhar DONATO, os dois se encaram no mais
completo silêncio, de repente, a janela do escritório se abre com o impacto da
ventania que ocorria do lado de fora, os dois se assustam, um abutre se põe na
janela encarando os dois.
Encerramento