07/05/2025

O Cravo no Jardim de Rosas - Capítulo 33 (07/05/2025)

 



Criado e Escrito por LUCAS GARCIA

 

CAPÍTULO 33




CENA 01: Rua. Exterior. Noite

 

JÚLIO, faz uma manobra arriscada com a marcha ré, mas consegue se desvia do O CORVO, as mulheres no carro abaixam-se com receio de que aquela figura sinistra alveje o carro.

 

JÚLIO, sai daquela rua e pega outro caminho, O CORVO, permanece ali, apenas observando o distanciamento do carro, com uma rosa na mão direita e o resolver na mão esquerda.

 

CENA 02: Pensão. Interior. Noite.

 

NÚBIA, PÉRICLES e EULÁLIA, entram na pensão, rindo e conversando.

 

NÚBIA: - Estou impressionada em saber que a esposa e o folho do Pitoco, o dono do circo estão hospedados aqui na pensão, que honra!

 

EULÁLIA: - O prazer é nosso, Pitoco vive do circo, eu não, nem o meu filho, mas sempre que podemos, viajamos para prestigiá-lo.

 

PÉRICLES: - É verdade, papai vive daquele circo, é o que ele ama!

 

EULÁLIA: - Desconfio que ama mais o circo do que eu.

 

Os três riem, entram sorridentes no local.

 

 

CENA 03: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Noite.

 

GIULIA e ISOLDA, entram afoitas na casa, ofegantes.

 

GIULIA: - O que era aquela figura? Com capa, máscara de corvo, que coisa horrível era aquela?

 

ISOLDA: (trêmula) – Não sei Giulia, mas graças a Deus, conseguimos fugir daquela pessoa, tenho certeza que é aquela pessoa que queria atingir o Hans!

 

GIULIA: - Como é? O que você está sabendo sobre aquele homem?

 

ISOLDA, arregala os olhos, percebe que falou demais, e senta no sofá, encafifada.

 

ISOLDA: - Calma aí... como você sabe que aquele homem, se trata do Hans?

 

GIULIA, desvia o olhar, respira fundo.

 

GIULIA: - Dedução... mas, deixa para lá, só preciso descansar depois desse susto, e olha que bem é carnaval para as pessoas se vestiram daquela forma!

 

GIULIA, desvia-se para o corredor, enquanto, ISOLDA, retira os sapatos e aconchega-se no sofá. MARCO PAULO, desce a escada e aproxima-se da filha, senta-se ao lado.

 

MARCO PAULO: - Minha amada filha, estamos devendo uma boa conversa, um bom dedo de prosa a muitos dias... tenho notado que está distante, está diferente, queria conversar?

 

ISOLDA: - Meu pai... é o que mais quero, conversar com você!

 

MARCO PAULO, abraça a filha, nota que ela estava trêmula.

 

MARCO PAULO: - Aconteceu alguma coisa?

 

ISOLDA, desvia o olhar, mas percebe que não iria conseguir esconder nada dele.

 

 

CENA 04: Mansão de Hans. Interior. Sala de estar. Noite.

 

JÚLIO, entra na mansão ofegante, respirando fundo, senta-se no sofá.

 

GARDÊNIA: - Hans, quer um copo de água?

 

JÚLIO, vira-se em direção ao corredor, em nota a presença imponente de GARDÊNIA, em pé, com os olhos avermelhados.

 

JÚLIO: (assustado) – Que susto que me deu Gardênia, está acordada essas horas, ainda?

 

GARDÊNIA: - Fiquei preocupada, como iria ao circo, logo imaginei que terminaria tarde... fiquei angustiada.

 

JÚLIO: (surpreso) – Angustiada com o que?

 

GARDÊNIA: - Nada... apenas um mal pressentimento, mas já passou.

 

JÚLIO: (desconfiado) – Ah... um pressentimento? Olha, acho que vou me deitar, não quero água!

 

JÚLIO, rapidamente levanta-se e sobe a escada, enquanto GARDÊNIA, permanece ali, em pé, com os olhos avermelhados de sono.

 

 

CENA 05: Casarão de Herculano. Interior. Noite.

 

GIULIA, bebe incessantemente água, HERCULANO, aparece.

 

HERCULANO: - O que aconteceu? Passei pela sala, vi que a Isolda está conversando com o pai e você aí, toda agitada, virão algo diferente no grupo?

 

GIULIA: (disfarçando) – Não... na verdade, foi o corre, corre da saída... mas tudo bem!

 

HERCULANO: - Certo... e quando vamos ter um momento só nosso? Tem que ser lá no clube... aqui sem condições!

 

GIULIA: (Sorrindo) – O momento que você quiser!

 

HERCULANO, abraça GIULIA, cheira o pescoço dela, JOCASTA, aparece na cozinha, eles assustados, se afastam, disfarçam estar conversando, mas a mulher percebe.

 

JOCASTA: (assertiva) – Calma aí... essa mulherzinha não é a sua suposta prima distante? Por qual motivo estavam abraçados?

 

GIULIA: - Não estávamos abraços, você está vendo coisas!

 

JOCASTA: - Não... eu não estou vendo coisas... eu sei muito bem o que eu vi... não seja cínica.

 

GIULIA: - Priminho, vou me deitar, até amanhã!

 

GIULIA, retira-se da cozinha, JOCASTA, encara friamente HERCULANO.

 

JOCASTA: - E você Herculano, não vai se explicar?

 

HERCULANO: (irritado) – Se explicar? Não lhe devo satisfações sua mexeriqueira.

 

HERCULANO, dá as costas para JOCASTA e se retira, deixando-a encafifada.

 

JOCASTA: - Sua casa vai desmoronar Herculano, há se vai!

 

 

CENA 06: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Noite.

 

HERCULANO, passa apressadamente, chamando a atenção de ISOLDA.

 

MARCO PAULO: - Minha filha, preste a atenção em mim, está na hora de termos uma conversa franca. Desde aquele dia, que aquela mulher veio em nossa casa e agiu com desafora, fiquei muito preocupado com você!

 

ISOLDA: - Papai, não se preocupe... é coisa que não convém trazer, é melhor que isso fique para trás, quero um rumo verdadeiro para minha vida, estou pensando em arrumar um emprego, sair um pouco dessa rotina monótona.

 

MARCO PAULO: - Ah Isolda... queria que tivesse uma vida diferente, aliás, tudo que você vive é diferente de tudo que sonhei para você, aliás, que a sua mãe também sonhou...

 

ISOLDA, acaricia o rosto de seu pai.

 

MARCO PAULO: - Me arrependo todos os dias de ter feito o que fiz com sua mãe, ela não merecia.

 

ISOLDA: - Pai, isso ficou no passado, você se redimiu, ela quis seguir a vida dela... nunca me procurou também.

 

MARCO PAULO: - Acredito que isso me fez ficar tantos anos preso com a Jocasta... mas, nunca conheci uma mulher tão especial como sua mãe.

 

ISOLDA: - Talvez, eu nunca mais a veja, nunca mais receba uma carta... aliás, a Bruxa da Jocasta, sempre rasgava, queimava as cartas que minha mãe enviava, deve ser por isso que parou, não era correspondida.

 

MARCO PAULO: - Minha filha, eu dava aval para Jocasta fazer isso, estava entorpecido pelas loucuras que ela despejava sobre mim.

 

Os dois se encaram.

 

CENA 07: Pensão. Quarto. Interior. Noite.

 

EULÁLIA, estava em frente ao espelho, tirando os brincos, seu filho, percebe o semblante entristecido.

 

PÉRICLES: - Mamãe, o que está acontecendo com você, repentinamente ficou triste.

 

EULÁLIA: - Não é nada meu filho... é que aquela mulher que eu vi no circo, nossa era tão parecida comigo, quando eu era mais jovem.

 

PÉRICLES: - Mamãe, todos os lugares que você vai, sempre fala isso... será que é sua memória lhe recobrando do passado?

 

EULÁLIA, olha para o espelho com mais firmeza.

 

EULÁLIA: - O meu passado é doloroso meu filho, você sabe que eu nunca escondi de vocês que convivia com um homem muito rico, dono de uma tecelagem, ele me traiu com a minha melhor amiga, a Jocasta. Essa ordinária vivia em nossa casa, quando menos esperei, ele quis se separar... pra mim foi um choque tão grande, que deixei para trás um verdadeiro amor, minha filha, a Isolda!

 

PÉRICLES: - Mamãe, toda vez que você conta do seu passado, eu fico emocionado... poderíamos escrever um livro!

 

EULÁLIO: (gargalhadas) – Só se for uma tragédia grega, pois não há muitas partes felizes.

 

PÉRICLES: - E depois de tudo isso, o que aconteceu?

 

EULÁLIA: - Filho, já faz quase duas décadas que não envio cartas para Isolda, que hoje deve ser uma mulher... deve ser casada, ter filho... a única coisa que sei, é que o pai tinha uma fábrica de tecelagem e a megera da Jocasta teve alguns anos depois uma filha com ele.

 

PÉRICLES: - E a sua filha, nunca mais enviou cartas para ela?

 

EULÁLIA: (emocionada) – É isso me machuca, eu deveria ter insistido, pois como eu não tinha respostas, preferi não atrapalhar a vida deles, aliás, ela tinha tudo de bom e de melhor, isso era o que me confortava.

 

PÉRICLES: - E se hoje você se reencontrar com a sua filha?

 

EULÁLIA: - Não sei se é possível... mas, eu penso isso um dia, e você também conheceria sua irmã!

 

PÉRICLES: - É verdade, eu sempre quis uma irmãzinha para brincar, compartilhar segredos!

 

Os dois riem, EULÁLIA levanta-se e abraça PÉRICLES.

 

EULÁLIA: - Meu docinho, saiba que não perderá o lugar mais que precioso que existe em meu coração!

 

PÉRICLES, beija a testa de sua mãe.

 

 

CENA 08: Casarão de Herculano. Sala de Estar. Interior. Noite

 

MARCO PAULO e ISOLDA, enxugam as lágrimas.

 

ISOLDA: - Apesar de tudo, hoje você é outra pessoa, você aprendeu todas as lições da vida!

 

MARCO PAULO: - E como minha filha... e como! Espero um dia poder reparar os danos que cometi, e um dia você poder se reencontrar com sua mãe, e poder viver, pelo menos um trecho, de todo o afeto que não consegui entregar.

 

ISOLDA: - Pai, deixe de ser tolo... você sempre foi um pai excelente, muito dedicado e preocupado em não nos faltar coisa alguma, seu senso de provisão!

 

MARCO PAULO: - Um dia, minha situação vai mudar, e voltarei a ser aquele grande homem, de posses, de riquezas, que você conheceu!

 

ISOLDA: - Minha maior riqueza, é você, é minha irmã, não há tesouro que pague!

 

ISOLDA, abraça apartadamente o pai.

 

 

CENA 09: Clube dos Canarinhos. Sala Vermelha. Interior. Noite.

 

Várias pessoas estavam sentadas nas cadeiras, cada qual vestia uma capa, com sua respectiva máscara peculiar. DONATO, adentra o local, com uma capa escura, com máscara simbolizando um palhaço.

 

DONATO: - Sejam bem-vindos á mais uma sessão de admissão de membros à categoria vermelha, daremos início aos trabalhos!

 

DONATO, aproxima-se do centro, encima de uma mesa, havia uma caveira, ele levanta-a e todos saúdam.

 

 

CENA 10: Pensão. Quarto. Interior. Noite.

 

ABNER, olhava pela janela a lua, estava minguante, quase desaparecendo, seu semblante abatido, entristecido, parecia refletir exatamente o estado do satélite natural da terra.

 

ABNER: - Isolda... acredito que esse é o nosso fim, seu marido é um crápula!

 

ABNER, passa a mão no rosto e sente o inchaço, fecha a janela, e deita ainda pensativo.

 

 

CENA 11: Casarão de Herculano. Quarto de Herculano. Interior. Noite.

 

HERCULANO, observa ISOLDA deitada, ele se aproxima, deita ao lado dela.

 

HERCULANO: - Isolda, como foi no circo, você a Giulia se divertiram bastante?

 

ISOLDA: - Sim... foi agradável!

 

HERCULANO, passa a mão cuidadosamente na coxa da mulher.

 

HERCULANO: (cochichando) – Então, descanse bem, durma como uma pena, pois amanhã você me levará para conhecer o Abner, seu amante!

 

ISOLDA, arregala os olhos, põe-se em pé rapidamente.

 

ISOLDA: (assustada) – Herculano, do que você está falando?

 

HERCULANO: - Do que estou falando? Anda se encontrando com aquele mulato na biblioteca, até fez um poema para você... mas, durma, meu amor, amanhã resolveremos isso!

 

ISOLDA, caminha em direção à porta, o semblante de HERCULANO, passa a mudar drasticamente.

 

HERCULANO: (cínico) – Venha meu bem, durma aqui comigo, amanhã iremos conversar sobre aquele que você se encontra às escondidas!

 

ISOLDA: (lacrimejando) – Herculano... para com isso, você está me assustando!

 

HERCULANO: (cínico) – Deite-se nesta cama, sua desgraçada!

 

HERCULANO, pula da cama em direção à mulher, ISOLDA, apressadamente abre a porta, e corre em direção à escada, ele corre atrás. Ao chegar no topo da escada, o homem friamente, empurra a mulher da altura de quase quatro metros, que desce rolando, ao chegar no piso, ela encontrava-se desmaiada.

 

 

 

 

CENAS EXTERNAS

 

Ao som de “Além do Arco-íris” de Luísa Possi, imagens do nascer do sol, pessoas caminhando pelas ruas de Vale das Rosas, foco no jardim da grande mansão de Hans.

 

 

CENA 12: Mansão de Hans. Jardim. Interior. Manhã.

 

JÚLIO, estava observando seu jardim, estava bem cuidado, florido, sua mente estava turbulenta, lembrando de ter visto O CORVO, mais uma vez, ele anda em direção ao chafariz, nota que havia alguém deitado na borda, logo grita pelo motorista.

 

JÚLIO: (Aos berros) – SALAZAAAR!

 

O motorista aparece sem muitos rodeios, e percebe prontamente que havia uma pessoa deitada da borda do chafariz, envolta por uma coberta.

 

JÚLIO: - Salazar, me ajude, se for um mendigo, teremos que tirá-lo daqui.

 

Os dois aproximam-se calmamente da pessoa, SALAZAR, puxa a coberta, e ao notar quem era, levam um susto.

 

 

CENA 13: Casa de Augusto. Interior. Manhã.

 

AUGUSTO, estava chegando em sua residência, abre a porta, nota que a janela estava aberta, rapidamente, corre pelo corredor, e percebe que a porta do quarto estava aberta.

 

AUGUSTO: (Desesperado) – Clara, meu bem... onde está? Se escondeu por qual motivo?

 

AUGUSTO, entra no quarto e percebe que CLARA havia desaparecido, imediatamente o homem entra em desespero.

 

 

CENA 14: Casarão de Herculano. Sala de estar. Interior. Manhã.

 

MARCO PAULO, percebe que BERENICE estava sentada no sofá, inquieta.

 

MARCO PAULO: - Filha, muita calma, não é a hora ainda, quando eu disser, você subirá pegará a bolsa e sairá, depois pegarei a mala e nos encontramos duas quadras daqui, está me entendendo?

 

GIULIA, desce a escada, sorridente.

 

GIULIA: - Nossa mais que dia bonito é este que se iniciou!

 

MARCO PAULO: - Bom dia para a Senhorita também!

 

GIULIA: - Obrigada, aliás, vamos tomar o café?

 

MARCO PAULO: - Na verdade, iremos esperar a Isolda, até o momento ela não desceu!

 

GIULIA: - Fiquem tranquilos, vou preparar algo!

 

GIULIA, apressa-se em direção a cozinha.

 

MARCO PAULO: - Essa moça não me cheira bem, ela tem um olhar oblíquo e dissimulado!

 

BERENICE: - Que horror papai, pensar isso das pessoas, parece a mamãe!

 

Imediatamente, JOCASTA, desce a escada.

 

JOCASTA: - Falam de mim? Tão cedo?

 

JOCASTA, aproxima-se da filha.

 

JOCASTA: - Minha querida, você está chateada comigo ainda?

 

BERENICE, levanta-se e afasta-se da mãe, indo para outro cômodo, MARCO PAULO, faz o mesmo.

 

CENA 15: Mansão de Hans. Sala de refeição. Interior. Manhã.

 

JÚLIO, sentava a ponta da mesa, enquanto GARDÊNIA observava a mulher comer o pão de tão faminta que estava, SALAZAR, também estava na sala, assim como, MARICOTA, ao lado.

 

JÚLIO: - E então, você vai me contar o que está acontecendo?

 

Logo a imagem vai revelando pouco a pouco o semblante abatido de CLARA, que terminada de abocanhar o último pedaço de pão.

 

CLARA: (trêmula) – Me perdoe Hans... pelo susto que lhe dei, mas eu precisava chegar até aqui!

 

GARDÊNIA: - Hans, posso mandar chamar o Augusto?

 

CLARA: (Aos berros) – NÃOOOO!

 

MARICOTA arregala os olhos e agarra SALAZAR.

 

CLARA: (lacrimejando) – Por favor, não! Se Augusto vier, ele vai me deixar presa em casa, vai me dopar!

 

Todos ficam boquiabertos, incrédulos.

 

JÚLIO: (assustado) – Clara, como assim? Do que você está falando?

 

CLARA: (lacrimejando) – Hans, meu marido está me medicando... mas, eu estou bem!

 

JÚLIO, levanta-se da mesa, aproxima-se de CLARA.

 

JÚLIO: (voz embargada) – Diz para mim, quem realmente é o Augusto!

 

AUGUSTO: - Pode deixar que eu mesmo respondo!

 

AUGUSTO, para a surpresa de todos, aparece na porta, com um olhar profícuo, encarando fervorosamente a esposa.

 

AUGUSTO: - Hans, a Clara está fora de si, ela fugiu de casa, ela está dizendo coisas horríveis ao meu respeito, mas não levem em consideração, tão breve ela ficará bem! Clara, vamos!

 

AUGUSTO, pega no braço de CLARA, mas ela o empurra e corre para fora.

 

AUGUSTO: (aos berros) - CLARAAA!

 

CLARA, corre para o exterior da mansão, AUGUSTO e SALAZAR, a seguem apressados. JÚLIO, diz a governanta:

 

JÚLIO: - Gardênia, imediatamente, entre em contato com o meu amigo Walther, ele é psiquiatra, talvez, conseguirá nos ajudar!

 

GARDÊNIA: - Agora mesmo!

 

GARDÊNIA, se retira apressada, MARICOTA se aproxima.

 

MARICOTA: - E eu? Faço o que?

 

JÚLIO, coça a cabeça, olha para os lados, puxa MARICOTA para o canto e cochicha.


JÚLIO: - Maricota, o que vou lhe pedir é algo muito errado, mas preciso que vá disfarçadamente até a casa de Augusto e descubra se existe algum entorpecente que Clara realmente possa fazer uso.

 

MARICOTA: - Mas, “Seu” Júlio, como vou fazer isso?

 

JÚLIO, tira uma chave de seu paletó.

 

JÚLIO: - Quando acordamos ela no chafariz, ela deixou cair essa chave, com certeza é da casa, você consegue fazer isso, discretamente?

 

MARICOTA: (alegre) – Êta “Seu” Júlio, agora estou me sentindo útil nessa história, obrigada Martinho, obrigada Garcia!!

 

JÚLIO: - Martinho? Garcia?

 

MARICOTA: (sorridente) – Ah “Seu” Júlio, Martinho é meu padroeiro, e o Garcia, os bons entendedores, entenderão!

 

JÚLIO: - Que seja Maricota... agora, faça tudo na discrição, por favor! Ande, antes que ele chegue primeiro que você!

 

CENA 16: Rua. Exterior. Manhã.

 

CLARA, corria desvairadamente pela rua, mesmo distante, ela ao olhar para trás, enxergava AUGUSTO e SALAZAR, a sua espreita, ela estava em lágrimas, desesperada.

 

CLARA, entra escondida na pensão, se infiltra nos cômodos.

 

 

CENA 17: Pensão. Interior. Manhã.

 

ABNER, estava sentado à mesa, com um semblante cabisbaixo, logo, PÉRICLES, chega, muito alegre, encara o rosto do outro.

 

PÉRICLES: - Poxa cara, seu rosto está bem melhor hoje... posso saber qual clube de luta anda frequentando?

 

Os dois riem em um tom descontraído.

 

ABNER: - Na noite passada foi rude contigo, ignorei a sua ajuda, mas agradeço!

 

PÉRICLES: - Não precisa agradecer, estou às ordens!

 

Os dois trocam olhares, mas envergonhados, desviam-se um do outro, de repente, CLARA, entra afoita no local.

 

CLARA: - Por favor, me ajudem!

 

ABNER: (assustada) - Clara, o que está acontecendo?  Como você veio parar aqui?

 

Sem dizer mais nada, CLARA, abraça ABNER, e cai em lágrimas.

 

 

CENA 18: Casarão de Herculano. Cozinha. Manhã.

 

HERCULANO, GIULIA, JOCASTA, BERENICE e MARCO PAULO, estavam sentados à mesa, tomando o café da manhã.

 

MARCO PAULO: (entediado) – Será que a Isolda não descerá?

 

BERENICE: - Vou chamá-la!

 

HERCULANO: (gritando) – NÃOO! Sua irmã, está com muita dor de cabeça, não quer ser incomodada.

 

GIULIA: - Será que ela bateu a cabeça? Ontem à noite estava quase pegando no sono quando ouvi alguma coisa cair... ela está bem?

 

JOCASTA: - Também escutei algo assim, garota... mas, não me preocupei, eu precisava ter meu bom descanso.

 

GIULIA: - Meu nome é Giulia, para teu governo.

 

JOCASTA, faz cara de nojo para GIULIA.

 

BERENICE: - E então, Herculano, minha irmã caiu essa noite?

 

HERCULANO, se levanta e não responde, sai da cozinha.

 

BERENICE: - Gente, por qual motivo esse homem é tão estranho, o que custa responder? Vou chamar minha irmã!

 

GIULIA: - Não, deixa, vou perguntar para meu primo o que está acontecendo, e eu mesma vou chamar a Isolda! Com licença.

 

GIULIA, se levanta, JOCASTA, observa ela sair totalmente da cozinha, até poder cochichar.

 

JOCASTA: - Olha, sinceramente, não sou uma pessoa de fofoca, mas ontem a noite eu vi essa mulherzinha e o cínico do Herculano abraçados... achei estranho, não que eu tenha ficado doida pela sonsa da Isolda, mas convenhamos, debaixo do mesmo teto?

 

MARCO PAULO: - O que? Jocasta, você está bem?

 

JOCASTA: - Olha parvo, não me venha com essas reações medíocres!

 

MARCO PAULO e BERENICE encaram-se.

 

 

CENA 19: Mansão de Herculano. Sala de estar. Interior. Manhã.

 

HERCULANO, pega sua maleta e caminhava em direção a porta, GIULIA aparece.

 

GIULIA: - Herculano, você já vai ao trabalho?

 

HERCULANO: - Não, irei ao clube, se prepare, te encontro lá, em meia hora!

 

GIULIA, sorri e dá dois pulinhos.

 

GIULIA: (sussurrando) – Que delícia, já estou ansiosa... então, vou chamar a Isolda para tomar o café, limpo tudo e depois eu vou!

 

HERCULANO: - Não será necessário, pois a Isolda não está em casa.

 

GIULIA: - Como assim, ela já saiu?

 

HERCULANO: - Inclusive quero comemorar, é um momento importante!

 

GIULIA, estranha o semblante eclodido do homem.

 

GIULIA: (preocupada) – Herculano, não estou entendendo, comemorar o quê?

 

HERCULANO, coloca o chapéu, respira fundo e diz:

 

HERCULANO: - COMEMORAR, POIS PELO MENOS MORTA, A ISOLDA NÃO PODERÁ ME TRAIR!

 

GIULIA: (apavorada) – AAAAAAHHHHHHHHH!

 

GIULIA, entra em estado de pânico, o berro dela ecoa por todo o casarão, ela cai ajoelhada no chão, enquanto, HERCULANO, esboçava um olhar de vazio e indiferença.

 

Encerramento









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