24/06/2025

Entre a Cruz e a Espada - Capitulo 2 (24/06/2025)

ENTRE A CRUZ E A ESPADA - CAPÍTULO 2



CENA 01 - (CASA DE JORGE/INT./NOITE):

ADELAIDE: Isso foi a gota d'água. Eu vou embora! Acabou.

JORGE: Meu amor, me perdoa!

ADELAIDE: Eu vou dormir com meu filho!

Adelaide bate a porta do quarto, Jorge põe as mãos no rosto e se debruça na cama, em uma crise de choro. Adelaide pega o telefone sem fio e entra no quarto de Felipe, e deita ao dele. Com uma respiração acelerada ela liga pra sua irmã, Marion, que atende.

MARION: Alô?

ADELAIDE (segurando o choro): Marion...

MARION: Adelaide? Você ligando a essa hora? Aconteceu alguma coisa minha irmã?

ADELAIDE: Me ajuda! Eu não aguento mais!

MARION (voz assustada): O que tá acontecendo Adelaide? Você tá me deixando assustada.

ADELAIDE: Eu não posso mais ficar aqui, meu filho não pode passar por isso, eu não vou aguentar! O Jorge tá perdendo a noção da vida, de tudo.

MARION: Noção do que? Eu não tô entendendo nada!

ADELAIDE: Olha! Agora não vai dá pra falar, eu só preciso que você venha pro Rio, depois do Natal.

MARION: Não, eu vou pegar a estrada amanhã mesmo! Você não está bem.

ADELAIDE (fechando os olhos): Tá... Só não deixa de vim por favor.


CENA 02 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./NOITE):

OTÁVIO: Fala Joyce, era o Ricardo? O que tá acontecendo?

JOYCE (assustada): Parece que a Mariana foi atropelada.

OTÁVIO: O que? A Mariana? Filha da Zélia?

JOYCE: É, pois é, eu não entendi bem o que ele falou, ele estava bem nervoso, parece que ela atravessou sem olhar e ônibus atingiu ela.

OTÁVIO (nervoso): Tá, e onde eles estão? Fala, Joyce!

JOYCE: Eu não sei direito, ele falou um Bar do Recanto lá pela Zona Oeste, perto da Avenida Brasil.

OTÁVIO: Eu vou lá agora!

JOYCE: Me espera aí, você vai assim, e a Zélia? Ela precisa saber!

OTÁVIO: Você acorda a Zélia e explica o que tá acontecendo, tenta acalmar ela.

Corta para:

Otávio chega no lugar do acidente. No local do acidente, há uma roda de gente vendo o corpo da menina coberto por um pano preto. Ricardo corre até o pai, chorando muito. 

OTÁVIO: Como aconteceu meu filho?

RICARDO (explicando em desespero): Estavamos no bar, só que a gente brigou e ela saiu daqui rápido eu tentei ir atrás dela só que aí aconteceu isso.

OTÁVIO: E por vocês dois estavam aqui? A essa hora e sem ninguém saber?

RICARDO: A gente tava namorando, pai!

Ricardo abaixa a cabeça, se dando conta da real situação. Na mesma hora ele liga pra Joyce.

OTÁVIO (no celular): Joyce. A Zélia já tá sabendo?

OTÁVIO: Meu Deus... É... A garota infelizmente não resistiu... Olha tenta acalma a Zélia. E chama o Doutor Eduardo, porque ela não aguentar com essa notícia. 

A cena mescla com a transição da noite pro dia passando, ao som de um instrumental melancólico.


CENA 03 - (CEMITÉRIO/EXT./DIA):

Em uma manhã cinzenta, o choro das poucas pessoas presentes tomam conta daquele lugar mórbido, um caixão branco é colocado sobre a cova, cercado por flores. Zélia está de luto, com os olhos inchados, Joyce observa de longe, em silêncio. Otávio permanece ao lado de Ricardo, sério, tentando manter a postura, mas visivelmente abalado.

PADRE (oficiando): E agora, entregamos ao solo sagrado o corpo da jovem Mariana, pedindo a Deus que a receba em paz...

Zélia desmaia e algumas pessoas a volta a acodem.

JOYCE (murmurando para si, com olhos marejados): Meu pai do céu, isso só pode ser um pesadelo. 

Enquanto o caixão desce, a câmera se afasta lentamente, mostrando o grupo enlutado ao redor da cova, enquanto o instrumental triste continua.

CENA 04 – (CASA DE JORGE/EXT./DIA)

Na garagem da casa, Adelaide vai pondo suas malas no carro de Marion. Jorge vai andando sutilmente.

JORGE: Então acabou mesmo?

ADELAIDE: Pois é, não tem mais condições da gente permanecer juntos.

JORGE: Me perdoa, vai. Você sabe que eu tava bêbado e eu prometo que isso nunca mais vai acontecer!

ADELAIDE: Jorge, eu tô cansada dessas promessas, eu segurei até onde pude porque eu não queria que as coisas terminassem assim, mas você tá irreconhecível! Você se entregou totalmente a essa vida. Chega! Eu não aguento mais!

JORGE (virando para o lado, disfarçando uma frieza): Tudo bem então, se é assim que você quer.

MARION: Vamos, Adelaide?

ADELAIDE (pra Jorge): Eu volto pra pegar o Felipe depois do Réveillon. É o tempo que eu me ajeito, vejo como fica nossa separação. 

Jorge não responde e á ignora. Adelaide entra no carro de sua irmã. Na medida que o o carro vai saindo, ela observa a casa, como se estivesse se despedindo de algo. Algumas horas depois, as duas irmãs estão na estrada, a caminho de São Paulo.

MARION: Você tá calada a viagem inteira, minha irmã.

ADELAIDE: É... Eu juro que fiz de tudo pra que as coisas não terminassem desse jeito. Mas o Jorge tava impossível. Ele não supera a demissão desse maldito shopping até hoje, e aquele tapa que ele me deu foi imperdoável.

MARION: Nossa eu nunca imaginei que o Jorge fosse capaz disso.

ADELAIDE: Muito menos eu, pra você ver como as pessoas mudam, no caso dele foi algo surreal.

MARION: Olha, eu não acho que tudo deveria acabar desse jeito, vocês dois tem um filho pequeno... Isso pode ser muito traumatizante pro Felipe-

ADELAIDE (interrompendo): Eu não quero falar sobre isso agora, Marion. Depois eu penso tudo com calma.

MARION: Desculpa! Você tem razão, eu não quero te preocupar com isso.

Um outro carro surge de repente, invadindo a contramão. Marion desvia, mas perde o controle, e o carro sai em direção á uma ribanceira.

Corte rápido para:

O carro das irmãs está virado de lado, fumaça saindo do capô. Marion, com um corte na testa, geme e tenta se mover. Adelaide está inconsciente, com a cabeça caída pro lado e com muito sangue.

MARION (chorando, em pânico): Adelaide?! ADELAIDE, ME RESPONDE! SOCORRO! SOCORRO!!!

A câmera se afasta lentamente, mostrando a cena devastador.


ABERTURA:


CENA 05 - (CASA DE JORGE/INT./NOITE)

A casa mergulhada na escuridão, e o silêncio absoluto é interrompido pelo toque do telefone do quarto, Jorge que a essa altura está dormindo, é acordado pelo barulho.

JORGE (com os olhos fechados de sono e uma voz embaraçada): Quem tá falando? 

JORGE: É O QUE?

corta para:

Jorge andando pelos corredores do hospital. A câmera o acompanha de costas até que ele é abordado por um médico

MÉDICO (sério): O senhor é o Jorge Ferreira?

JORGE (tenso): Sou eu... E minha esposa? Como ela tá?

MÉDICO: Receio que não tenho boas notícias...

JORGE (em desespero): O que houve com a minha mulher, doutor? Ela tá viva?! Me diz que ela tá viva, pelo amor de Deus!

MÉDICO (baixo, com pesar): Bom Ela sofreu um traumatismo craniano  e teve múltiplas hemorragias internas. E infelizmente, ela não resistiu.

JORGE (dando dois passos pra trás): Não... isso não... isso não pode tá acontecendo...

MÉDICO: Sinto muito. Ela faleceu há cerca de quarenta minutos. A irmã dela, Marion, teve ferimentos leves. Ela está em observação.

Jorge cai sentado numa das cadeiras do corredor, passa as mãos no rosto, totalmente transtornado.

JORGE (numa crise de choro):

Eu deixei ela ir embora... Eu deixei ela ir...

MÉDICO (chamando um enfermeira): Enfermeira, me ajuda aqui!


CENA 06 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./NOITE):

A sala está silenciosa e mal iluminada. Joyce termina de guardar algumas coisas no armário da copa. Otávio entra, com expressão cansada e tensa.

JOYCE: Você falou com o médico da Zélia?

OTÁVIO (sentando-se): Falei... Ele passou um calmante forte. Disse que vai ser um processo longo. A mente dela ainda não processou direito o que aconteceu.

JOYCE (com voz sutil): É muita dor. A Zélia não merecia isso. 

OTÁVIO: E o Ricardo?

JOYCE: Trancado no quarto. Não sai de lá desde cedo. Eu não acredito que ele e a Mariana estavam tendo um namoro e ninguém desconfiou de nada. 

OTÁVIO (olhando fixo para a parede):
A gente tenta controlar tudo nessa vida. O que eles comem, com quem se envolvem, pra onde vão e no fim tudo escapa da nossa mão. Ele me disse que quer ir pra Oxford, parece que ele passou em um concurso e foi aprovado.

JOYCE (pensativa): Vai ser bom ele passar um tempo fora. Você não acha que seria melhor o Alex ir com ele?

OTÁVIO: O Alex? Mas ele é uma criança, vai fazer o que em Oxford que o Ricardo?

JOYCE: Ele terá uma educação melhor, e vai ser até bom pro Ricardo, ele é tão apegado ao irmão.

OTÁVIO: Tá, depois eu vejo isso, Joyce. Foi um dia desgastante pra todos nós, eu só por a cabeça no travesseiro. Você vai ficar aí?

JOYCE: Eu subo daqui a pouco, meu bem.

10 DIAS DEPOIS:

CENA 07 - (CASA DE JORGE/INT./TARDE):

Marion vai até a casa de Jorge, ele atende e encara com desprezo. 

MARION: Preciso conversar com você.

JORGE: Eu não tenho nada pra falar com você. 

MARION: É importante! Por favor, Jorge! 

JORGE: Então fala logo.

MARION: A morte da minha irmã foi pesada pra todo mundo, e o Felipe tá muito abalado.

JORGE: Pois é né? Parabéns por tudo isso.

MARION (fechando os olhos): Para com isso, você nem sabe o que tá falando.

JORGE: Sim, Marion, fala logo, olhar pra você tá me dando raiva. 

MARION: Me deixa cuidar do Felipe, você não tem condições de criar ele e eu posso dar uma vida melhor pra esse menino.

JORGE: Só seu eu fosse louco de deixar meu filho nas suas mãos, a mulher que matou a própria irmã. Você não passa de uma assassina, você matou a sua própria irmã!

MARION (nervosa com lágrimas descendo sobre o rosto): Eu não matei a Adelaide! Aquilo foi um acidente e você sabe disso!

JORGE: MATOU. Você é culpada pela morte dela e eu jamais você deixar meu filho sobre os cuidados da mulher que matou a própria irmã!

MARION: JORGE!

JORGE: Sai da minha casa! Eu não quero te ver na minha frente!

MARION: Você ainda vai ser arrepender de estar fazendo isso! E mais, quem deveria ter alguma culpa aqui, seria você! 

Adelaide abre a porta e vai em direção ao carro bem transtornada, e Jorge vai atrás gritando.

JORGE (gritando): SAI DAQUI! VAI PRO INFERNO SUA MALDITA! 


CENA 08 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./TARDE)


OTÁVIO: Joyce?

JOYCE: Já chegou, Otávio? 

OTÁVIO: É já, estranhei você não ter ido comigo para o aeroporto, afinal vamos ficar um bom tempo sem ver nossos dois filhos.

JOYCE: Você sabe que eu detesto despedidas. Acho um melodrama desnecessário.

OTÁVIO: Ah Joyce, vai entender o que se passa nessa sua cabeça.

JOYCE (sentada no sofá enquanto toma uma taça de gin): Sinto que muitas novidades estão por vim. 


Claro! Aqui vai a continuação da CENA 08 com a virada de fase, marcando a passagem de 20 anos de forma fluida e cinematográfica:


CENA 08 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./TARDE)

OTÁVIO: Joyce?

JOYCE: Já chegou, Otávio?

OTÁVIO: É já, estranhei você não ter ido comigo para o aeroporto, afinal vamos ficar um bom tempo sem ver nossos dois filhos.

JOYCE: Você sabe que eu detesto despedidas. Acho um melodrama desnecessário.

OTÁVIO: Ah Joyce, vai entender o que se passa nessa sua cabeça.

JOYCE (sentada no sofá enquanto toma uma taça de gin): Sinto que muitas novidades estão por vir.


CONGELAMENTO EM JOYCE. 

A novela encerra seu primeiro capítulo ao som de "Que Pais é Esse" tema de abertura.

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