10/06/2025

Let's Dance! - Capítulo 02

 LET'S DANCE! - CAPÍTULO 02
criada e escrita por Sinceridade

CENA 01: CEMITÉRIO/TARDE


SONOPLASTIA: CONFLITOS - NANI PEREIRA 

Imagens do cemitério visto de cima ao som de um instrumental triste. O corpo de Margarida acaba de ser enterrado. Cecília, Lurdinha, Inácio e outros conhecidos de Margarida caminham de volta para a rua, todos abalados com a morte da mãe da nossa mocinha. Cecília chora intensamente, sendo consolada pela amiga e pelo noivo.

CENA 02: CASA DE CECÍLIA/INT./TARDE


Ao abrir a porta de sua casa, Cecília desaba em lágrimas e cai de joelhos, desolada. Lurdinha e Inácio se apressam para ajudá-la. Corte. Minutos depois, os três estão sentados à mesa. Cecília, com um semblante abatido, está calada. 


INÁCIO: Meu amor… eu sei que é difícil, mas a vida tem que seguir agora. Ficar chorando não vai trazer sua mãe de volta. (Pausa) Coitada, esperou pra morrer logo no último dia do ano...


LURDINHA (olha pra ele, indignada): Inácio! Pelo amor de Deus, você não tá vendo que Cecília acabou de perder a mãe? Quanta indelicadeza da sua parte!

CECÍLIA (com os olhos marejados e voz embargada):
Eu não sei o que vai ser da minha vida a partir de agora. Minha mãe sempre foi
tudo pra mim. (pausa, tentando segurar o choro) Eu tô destruída. Completamente destruída. Nunca imaginei que passaria por isso tão cedo. (respira fundo) E agora? O que vai ser de mim? Acabou tudo. Acabou meu ano, acabou meu réveillon, acabou o pouco de esperança que ainda me restava. (a voz falha e ela chora mais intensamente) Acabou.

LURDINHA (emocionada):

Não… não acabou, não. Eu tô aqui. Eu tô aqui do seu lado, Cecília. Sempre.


CECÍLIA: Vocês não imaginam a dor que eu tô sentindo nesse momento. Parece que uma parte de mim se foi junto com ela. (T) Por quê? Por que ela me deixou? Logo agora que a arritmia dela já tava controlada…


Lurdinha se aproxima e segura a mão de Cecília com carinho. Inácio observa em silêncio.


CECÍLIA (continuando, com a voz embargada): A gente tinha tantos planos… Ela queria voltar a estudar. Sonhava em um dia abrir uma lojinha de tecidos, só nossa…


Lurdinha acaricia os cabelos de Cecília, emocionada.


LURDINHA: Ela te amava mais do que tudo, minha amiga. E eu tenho certeza que ela foi em paz, sabendo que você fez tudo o que podia por ela. 


INÁCIO (tentando consolar): Você foi uma filha maravilhosa, meu amor. Cê fez o que pôde.


CECÍLIA: Agora eu tô sozinha. Só tenho vocês dois…


LURDINHA: E isso nunca vai mudar. Eu sou sua família também, Cecília. E você vai dar a volta por cima. Vai viver, vai ser feliz… por ela. (T) Olha, se quiser você pode morar na minha casa a partir de agora. Ficar aqui sozinha não vai te fazer bem, ainda mais com aquela história de despejo…


INÁCIO: Se quiser ir pra minha, Cecília…


CECÍLIA: Eu agradeço, meu amor, mas vou ficar na casa da Lurdinha por enquanto. Mas é só até esse vendaval todo passar e eu conseguir um emprego. Se bem que até lá, a casa já vai estar ocupada, já que tão expulsando a gente daqui…


INÁCIO (mentindo): Bom, infelizmente vou ter que voltar pro clube e deixar vocês. (se aproxima de Cecília) Jura pra mim que você vai ficar bem?


CECÍLIA: Vou tentar.


LURDINHA: Cecília tá em boas mãos, Inácio. Não precisa se preocupar.


INÁCIO: Então eu vou. Prometo que amanhã venho pra cá cedinho só pra ficar com você. Feliz ano novo, meu amor.


Inácio dá um forte abraço em sua noiva e, em seguida, se retira da casa de Cecília. 


LURDINHA: Esse seu noivo… acho ele bem indelicado, às vezes. Não gostei do jeito que ele falou quando chegou.


CECÍLIA: É o jeito do Inácio, Lurdinha. Deixa ele.

LURDINHA: Bom, agora vou preparar um chá pra você se acalmar. Pode ficar tranquila que eu vou ficar do seu lado sempre, Cecília. Você é minha amiga, minha irmã. Acalma esse coraçãozinho, que a dona Margarida já tá num bom lugar... olhando você com orgulho lá de cima.

CECÍLIA: Eu te amo tanto, minha amiga. Vou ser sempre grata por tudo o que você tá fazendo por mim. (T) Lurdinha... eu preciso te contar uma coisa.

LURDINHA (preocupada): O que foi? 

SONOPLASTIA: ÚLTIMO SUSPIRO - EDUARDO QUEIROZ, BIBI CAVALCANTE

CECÍLIA: Bom… minutos antes da minha mãe falecer... ela me disse uma coisa que não sai da minha cabeça.

LURDINHA: O quê? É algo importante?

CECÍLIA: Nem sei se posso contar...

LURDINHA: Fala logo!

CECÍLIA: Ela me disse que… Ela me disse que meu pai tá vivo. E pediu pra eu ir atrás dele. 

LURDINHA: Pai? Como assim? Cecília, pelo o que eu sei, seu pai morreu enquanto sua mãe estava grávida de você.

CECÍLIA: Pois é, eu também acreditava nessa história... Mas não, meu pai tá vivo, Lurdinha. Minha mãe me disse com todas as letras.

LURDINHA: E ela te falou o nome dele pelo menos? Como é que você vai atrás de alguém sem saber o nome da pessoa?

CECÍLIA (tentando se lembrar): Tarcilio… Terêncio.. Tércio! Isso. Tércio Figueira! Foi esse o nome que minha mãe me disse. 

LURDINHA: Tércio Figueira? Esse nome não é estranho… (T) Claro! 

CECÍLIA: O que foi, Lurdinha?

LURDINHA: Eu posso tá muito enganada, Cecília, mas esse Tércio Figueira aí é um dos homens mais ricos do país. Se for mesmo quem eu tô pensando, ele é dono da Idearium Publicidades, aquela agência famosa daqui do Rio. Eles fazem campanha pra tudo quanto é marca grande. Perfume, carro, banco… Vive saindo matérias sobre eles em jornais, revistas... É coisa de outro mundo, menina. E se for ele mesmo… eu sei onde ele mora.

CECÍLIA: E como é que eu vou chegar até esse homem? 

LURDINHA: Eu tenho um plano em mente. Confia em mim.

Cortamos para paisagens do Rio de Janeiro ao som de “Hot Stuff - Donna Summer”. A câmera sobrevoa o Cristo Redentor e, em seguida, a praia de Copacabana. Corte. A câmera passa a seguir um carro conversível vermelho que trafega pelas avenidas da cidade (é o carro de Isabel). A música também toca em seu veículo, e ela se diverte, cantando e balançando a cabeça enquanto dirige. O carro estaciona em frente ao Hospital da União, onde Leandro trabalha. Isabel desce do carro e segue em direção à entrada.

CENA 03: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./TARDE

Leandro caminha apressado pelo corredor do hospital. Ao virar, dá de cara com Isabel parada ali. Surpreso, ele se aproxima da noiva

LEANDRO: Isabel?

ISABEL:  Até que enfim! Será que o doutor tem cinco minutos pra mim hoje?

LEANDRO: O que foi? Você nunca aparece por aqui… Tá tudo bem? 

ISABEL: Não, não tá tudo bem! Porque eu tenho um noivo que some, que mal me telefona e quando se comunica, é pra dizer que tá cansado. Diz que me ama, mas passa mais tempo com o seu pai nesse hospital do que comigo.

LEANDRO: Lá vem você de novo com esse drama… Olha, eu não tô com cabeça hoje. Acabei de perder uma paciente. Enfim…

ISABEL:  Não é drama, Leandro! É carência. É saudade. É raiva também, porque você me prometeu que o trabalho nunca ia afastar a gente. 

LEANDRO: Você sabe que tá exagerando, né? Meu trabalho tá puxado, sim, mas você é minha prioridade. Sempre foi. Só que eu não consigo estar em todos os lugares ao mesmo tempo, meu amor. Bem que eu queria, mas…

ISABEL: Eu só queria me sentir mais perto de você. 

LEANDRO: Você tá aqui, Isabel. Tá comigo. Mesmo quando a gente não se vê, eu penso em você o tempo todo. 

ISABEL: Devia era pensar em mim na hora do almoço. A gente quase não se encontra mais... E o casamento tá logo aí, Leandro. Só mais dois meses! A gente devia tá vivendo esse momento juntos, não cada um pra um lado.

LEANDRO: Eu sei. Eu também queria que fosse diferente. Queria poder passar o dia todo do teu lado, ouvindo disco, dormindo de conchinha, curtindo na praia... Mas agora eu tô nesse turbilhão. E tô tentando ser tudo ao mesmo tempo. O médico que meu pai espera, o homem que você merece, o marido que você vai ter...

ISABEL: Você já é tudo isso. Mas me promete que não vai me deixar? Eu amo você, Leandro. Acho que a palavra amor é até pouco pra descrever o que eu sinto por você…

LEANDRO: Eu nunca vou te deixar, meu amor. Nunca. Eu também amo você, de montão. E pra provar, vou tentar sair mais cedo hoje. Quero entrar em 1979 com você nos meus braços.

ISABEL: Ai, que alívio! Pensei que fosse ter plantão hoje.

UBALDO (gritando de longe): Leandro!

LEANDRO: Bom, deixa eu ir. Meu pai tá chamando.

ISABEL: Vai. Vai lá. 

Eles se beijam. 

ISABEL: Te espero a noite, hein? Quero que seja o melhor réveillon de nossas vidas.

LEANDRO: Vai ser. Com certeza.

Eles se beijam novamente. Logo depois, Leandro sai em direção a sala do pai, deixando Isabel no corredor, que sai em direção à saída. 

CENA 03: CASA DE CECÍLIA/INT./TARDE

Lurdinha contou a Cecília seu plano de invadir a mansão de Tércio Figueira durante a festa de Réveillon. De início, Cecília não gostou nada da ideia.

CECÍLIA: Eu acho essa ideia muito arriscada, Lurdinha. Eles podem confundir a gente com bandidas e acabar levando a gente pra cadeia. Já pensou?

LURDINHA: Seu pai não faria isso com você, Cecília. Pensa bem, você indo até a casa dele, ele vai ver com os próprios olhos quem você é, e vai ser um choque pra ele saber que tem uma filha fora do casamento. E outra, Cecília, você tá precisando de grana, lembra?

CECÍLIA: E eu lá quero depender do meu pai pra ter dinheiro? Eu quero subir na vida com muito esforço, com o meu suor. Se eu for atrás desse tal Tércio, não vai ser por dinheiro, não. Eu só preciso de uma explicação, Lurdinha. Se esse homem for mesmo o meu pai, eu preciso saber por que ele abandonou a mim e à minha mãe.

LURDINHA: Então quer dizer que você vai?

CECÍLIA (respira fundo): Não sei… tá tudo muito recente ainda. Minha mãe acabou de partir, e acho que seria uma grande falta de respeito com ela.

LURDINHA: Ué, mas foi a própria dona Margarida quem pediu pra você ir atrás desse homem, não foi? Pensa, Cecília… você cresceu a vida inteira achando que não tinha pai. Passou por tanta coisa sozinha, ralando, se virando. E agora descobre que pode ter um pai milionário? Isso é uma injustiça!

CECÍLIA: Injustiça?

LURDINHA: Claro que é! Você, que sempre correu atrás de tudo, batalhou por cada centavo, cuidou da sua mãe sozinha… Se ele for mesmo seu pai, você tem mais é que cobrar o que é seu por direito! 

CECÍLIA: Vai ver ele nem sabe da minha existência, Lurdinha.

LURDINHA: É. Provavelmente ele não sabe mesmo. Mas vai saber. (T) Se ele for homem de verdade, vai ouvir a sua história e vai entender que tem uma filha que tem direito a tudo o que ele tem. 

CECÍLIA: É, você tem razão. Eu vou até ele. Quero saber detalhe por detalhe. 

LURDINHA: Assim que se fala, mulher! 

Corte. São exibidas imagens do Rio de Janeiro ao som de “A Noite Vai Chegar - Lady Zu”. A câmera passa entre carros e pedestres nas ruas movimentadas da cidade. 

CENA 04: SHOPPING/INT./TARDE

Inácio está sentado numa cadeira de um café do shopping, enquanto espera alguém. Minutos depois, Ivani chega e se senta à mesa disfarçadamente.

SONOPLASTIA: DENSIDADE - EDUARDO QUEIROZ

IVANI: O que foi? Me chamou aqui pra quê? Se arrependeu de ter falado tudo aquilo pra mim? (T) Ué, que cara é essa, Inácio?

INÁCIO: A mãe da Cecília faleceu hoje. O corpo acabou de ser enterrado.

IVANI (desdenhando): Ah, era isso? E o que é que eu tenho a ver com essa história? 

INÁCIO: Poxa, Ivani, eu só queria que você me desse uma força agora nesse momento tão difícil, pô… Tô aqui me abrindo pra você.

IVANI: Eu? (ela ri, debochando) Você se esqueceu do jeito que falou comigo hoje mais cedo, Inácio? Você me tratou feito uma vagabunda! Eu não esqueci, tá? E outra, por que não vai lá dar forças pra sua noivinha querida? É ela quem tá precisando de forças, não você. Nem sei por que tá tão abatido, você nem gostava da sogrinha. Desculpa, mas não dá pra acreditar nesse seu teatro.

INÁCIO (se irrita): Ah, vai ver se eu tô lá na esquina! Não tô pedindo pra ninguém acreditar em mim.

IVANI: Isso é jeito de falar comigo? Esqueceu que eu posso contar tudo pra Cecília se eu quiser? Já é a segunda vez hoje que você me desrespeita.

INÁCIO: Você teria essa coragem? Olha aqui, Ivani, se você tiver tramando alguma coisa…

IVANI (interrompe): Vai acontecer o que? Vai me matar? Olha aqui, Inácio, eu não sou marionete pra ficar na sua mão não, tá ok? Você me prometeu que iria terminar o seu noivado o quanto antes pra ficar comigo e até agora só ficou na promessa.

INÁCIO: Eu vou, Ivani, eu vou. Mas neste momento é praticamente impossível. Cecília acabou de perder a mãe.

IVANI: Já disse que eu não tenho nada a ver com isso. Ou você termina tudo com aquela songa monga até nas próximas horas, ou eu vou contar tudo pra ela do nosso caso!

Séria, Ivani encara o Inácio com um olhar de ameaça. Alternamos com ele, que deixa transparecer o medo em seu olhar.

IVANI: Tá avisado!

Irritada, ela se levanta bruscamente e sai do local, sem ao menos olhar para trás. Focamos em Inácio, que dá um leve soco na mesa. Corte. Mostramos a transição do fim de tarde para a noite com várias imagens do Rio de Janeiro ao som de “O Barquinho - Nara Leão”. 

CENA 05: CASA DE CECÍLIA/INT./NOITE

Cecília se olha no espelho, ajeitando o cabelo com as mãos. Lurdinha surge no quarto, apressada. 

LURDINHA: Cecília… você tá se olhando nesse espelho faz quase meia hora. Vamos logo, mulher. A gente vai ter que pegar dois ônibus ainda.

CECÍLIA (tensa): Acha mesmo que ele vai acreditar em mim? Eu tenho medo de ser confundida com uma golpista e ser enxotada daquela casa a pontapés.

LURDINHA: Eu jamais vou permitir que alguém te trate mal! Agora vamos que já perdemos tempo demais.

Elas saem do quarto, apressadas. 

CENA 06: MANSÃO FIGUEIRA/NOITE

A câmera sobrevoa sobre a mansão, que está competente iluminada. Convidados elegantes circulam pelo jardim com taças de champagne nas mãos. “Boogie Oogie Oogie - A Taste Of Honey” toca no ambiente. No Jardim, em meio aos convidados, Isabel e Leandro dançam lentamente, abraçados. 

ISABEL: Tô amando passar essa noite com você, meu amor. Depois de tantos meses com você ausente…

LEANDRO: Vai colocar a culpa em mim agora? Isso você tem que reclamar com meu pai. Nem folga ele me deixa ter.

ISABEL: Deixa isso pra lá. O que importa agora é que eu tô com você, e quero continuar por muitos e muitos anos, até quando estiver bem velhinha.

LEANDRO (solta uma leve risada); Não acha que tá muito adiantada, não? Se acalma aí, pô.

ISABEL: Meu amor, você não sabe o quanto eu tô ansiosa pro nosso casamento. Não vejo a hora de entrar naquele altar vestida de branco, o véu se arrastando pelo corredor da igreja... Quero que esses dois meses passem voando. 

LEANDRO: Então se prepara porque depois do casamento, você não vai se ver livre de mim tão cedo. Toda essa ausência minha vai ser compensada, te garanto. (T) Bom, agora vamo parar de pensar no futuro e aproveitar esse momento incrível que a gente tá vivendo aqui. 

Os dois começam a se beijar intensamente. Cortamos para Paulina e Leila, que observam a cena de longe, cada uma segurando uma taça.

LEILA: Olha lá como estão tão apaixonados! Eu torço tanto pelo amor desses dois…

Paulina não responde, apenas continua a observar, com uma expressão nada agradável. Enquanto “Let's Groove - Earth, Wind & Fire” toca no ambiente, cortamos para outro local do jardim, onde Tércio e Ubaldo estão cercados por um grupo de amigos empresários. 

EMPRESÁRIO 1: Com todo esse império que você construiu, Tércio, já tá na hora de pensar no seu sucessor, não acha?

TÉRCIO (sorri, irônico): Se você tiver alguém em mente, me avisa.

EMPRESÁRIO 2: E Isabel? Não vai querer assumir a empresa?

TÉRCIO: Isabel… bem, ela não tem cabeça para os negócios. Gosta de festas e de aparecer, mas de gestão e estratégias, não entende nada.

EMPRESÁRIO 1 (brinca): Então, sobrou para o Leandro. É ele quem vai ser o sucessor?

UBALDO: Nem brincando! Pode ir tirando o cavalo da chuva. Ninguém tira o meu filho da medicina. Leandro vai cuidar de gente, não de empresa.

TÉRCIO (ri): E se algum dia ele mudar de ideia?

UBALDO: Não se preocupe. Leandro não tem a menor intenção de entrar nesse mundo. Se ele quisesse, já tinha feito isso, mas a medicina é o que ele ama. É o que ele escolheu. 

TÉRCIO: Bom, então o jeito vai ser colocar o cachorro da família pra administrar a Idearium.

Todos riem.

HORAS DEPOIS…

Já são 23h45, apenas quinze minutos para a virada do ano. Lurdinha e Cecília ainda não chegaram na mansão. Enquanto isso, a família Figueira se prepara para a grande virada no jardim assistindo o show da cantora estadunidense Elise Mercury (Dua Lipa), contratada por Tércio especialmente para impressionar os convidados da alta sociedade carioca. Tércio sorri com orgulho ao lado de Leila. 

LEILA: Pra ser sincera, até eu me surpreendi com tudo isso aqui que você planejou. Não sabia que tinha tanta grana assim. 

TÉRCIO: Isso tudo é pra você, minha esposa querida. 

LEILA (desconfiada): Será mesmo? (Ela cruza os braços) Tércio, fala a verdade. Tudo isso foi pra sair em tudo quanto é jornal amanhã. Não é?

TÉRCIO: Claro que não, Leila. Eu… eu quis que fosse algo grandioso, algo que mostrasse o quanto celebrar a vida vale a pena. E claro, foi pra agradar você e a nossa filha também, minha querida.

23h55. Faltam apenas cinco minutos para a chegada do ano novo. Finalmente, o ônibus onde Cecília e Lurdinha estão, para a alguns metros do portão da mansão.  As duas descem com pressa, suadas e exaustas. As luzes da festa podem ser vistas de longe, iluminando o céu. 

LURDINHA (olhando para o céu, encantada): Meu Deus do céu, Cecília… olha aquilo. Parece até coisa de novela das oito. Que luxo!

CECÍLIA: Você tem certeza que é aqui mesmo, Lurdinha?

LURDINHA: Claro. Meu amor, eu já vi a fachada dessa mansão milhares de vezes nos jornais. (T) Eita… acho que a gente tem um problema. 

CECÍLIA: O que?

LURDINHA: Olha lá. Dois seguranças na entrada.

CECÍLIA (encarando os seguranças): Droga… e agora?

LURDINHA: Nem adianta a gente pedir pra entrar, eles não vão entender. E olha só o tamanho daqueles dois…

CECÍLIA (respira fundo, inquieta): Eu não vim até aqui pra desistir na porta. Depois de tudo o que a gente passou dentro daquele ônibus desagradável… 

LURDINHA (olhando ao redor): Tem outro jeito. Se a gente conseguir entrar pelos fundos… eu lembro de uma rua que beira a lateral da mansão. Tem um muro mais baixo.

CECÍLIA: E como é que você sabe disso?

LURDINHA: Meu amor, eu leio jornais, já disse. Essa família vive saindo em tudo quanto é coluna social, e a mansão não é diferente.

CECÍLIA: Pera aí, você tá querendo que a gente pule o muro da mansão?

LURDINHA: Esse é o único jeito que você vai ter de falar com seu pai. Ou se quiser, podemos ir embora agora.

Cecília olha novamente para os seguranças, pensativa, até que se decide.

CECÍLIA (decidida): Mostra o caminho.

SONOPLASTIA: CORROSIVA - EDUARDO QUEIROZ, FELIPE ALEXANDRE 

23h59. Enquanto Lurdinha e Cecília vão até o muro, a família Figueira e os convidados se preparam para a contagem regressiva, ansiosos para a chegada do ano novo. A cantora Elise Mercury que irá fazer a contagem. 

ELISE: Ladies and gentlemen… the time is coming! (Senhoras e senhores… está chegando a hora!)

Focamos em todos os personagens da novela em cena, que aguardam a chegada de 1979 ansiosamente. Enquanto isso, Cecília e Lurdinha conseguem pular o muro. O vestido de Cecília acaba rasgando quando ela se enrosca num arbusto, mas ela não liga e segue em frente, em direção ao jardim.

ELISE: TEN, NINE, EIGHT, SEVEN, SIX…

Nesse momento, Cecília e Lurdinha chegam até a multidão.

CECÍLIA (gritando e começando a chamar a atenção dos convidados): TÉRCIO! TÉRCIO FIGUEIRA!!

Cecília acaba interrompendo a contagem regressiva, fazendo todos se virarem para ela imediatamente. Um silêncio constrangedor toma conta do jardim, quebrando o clima festivo.

LEILA (indignada): Mas o que é isso? Quem é essa louca?

CECÍLIA: TÉRCIO! Eu preciso falar com você agora! Aparece!

TÉRCIO (sem disfarçar o incômodo): Sou eu, menina! Como conseguiu entrar aqui? Quem é você?

ISABEL: Maldita hora pra essa doida aparecer! Deve ser só mais uma morta de fome, meu pai. Chama os seguranças!

CECÍLIA: Cala a sua boca que eu vim aqui pra falar com ele, não com você!

Isabel fica boquiaberta com a resposta de Cecília, que encara Tércio, olhando diretamente nos olhos dele. A câmera intercala entre os dois, enquanto todos os convidados olham a cena ao fundo, paralisados, em meio ao silêncio que se instaura no local.

CONGELAMENTO EM CECÍLIA.

A novela encerra seu segundo capítulo ao som de "Heart Of Glass - Blondie" (tema de abertura).


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