09/06/2025

Teia de Sedução - Capítulo 06



 “TEIA DE SEDUÇÃO”

Novela criada e escrita por 

Susu Saint Clair

Capítulo 06


CENA 01: MANSÃO DOS PASSARELLI - QUARTO DE AFONSO - NOITE


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA ANTERIOR. Afonso está visivelmente chocado com a revelação de Jaqueline.


AFONSO: (Em choque) Então... quer dizer que você é irmã da Gisela?


JAQUELINE: (Com firmeza) Sou. Foi por isso que fui trabalhar na Bergmann Privé. Minha mãe nunca soube. Ela pensa que eu trabalhava na Savana Fashion. Eu menti pra ela... Eu estava tão perto deles... até aquela vagabunda me demitir.


AFONSO: De qualquer forma, agora você conseguiu se tornar amante do marido dela.


JAQUELINE: (Com um brilho nos olhos) E isso é só o começo. O Nelson vai pagar caro por ter virado as costas pra mim e pra minha mãe. Eu vou acabar com aquela família inteira, Afonso.


CENA 02: MANSÃO VON BERGMANN - QUARTO DE OTÁVIO - NOITE


Otávio entra no quarto, visivelmente exausto. Ele se senta na beira da cama e começa a tirar os sapatos. Batidas leves soam na porta.


OTÁVIO: Entra.


A porta se abre e Marcos entra no quarto.


OTÁVIO: Achei que você já tava dormindo.


MARCOS: Não. Eu tava esperando você chegar.


OTÁVIO: Se você veio transar, é melhor cair fora. Não estou no clima.


MARCOS: (Em tom sério) Eu também não estou nem um pouco afim.


Otávio o olha, surpreso com a mudança de tom.


MARCOS: Não depois do que aconteceu hoje.


OTÁVIO: (Curioso) Como assim? O que houve?


MARCOS: O jantar foi um desastre! A Sabrine descobriu que o namorado dela tinha um caso com outro cara. Adivinha quem é?


Marcos pega o celular e mostra para Otávio uma notícia onde Afonso e Volney aparecem se beijando.


MARCOS: É o cara que bateu no nosso carro hoje à tarde.


OTÁVIO: (Em choque, sussurrando o nome) Afonso...


MARCOS: (Com escárnio) Seu queridinho. Aposto que foi ele quem enviou essa foto para a colunista e mandou publicar pra provocar um escândalo na nossa família. 


Otávio fixa o olhar na notícia, a incredulidade estampada em seu rosto. Marcos toma o celular de sua mão.


MARCOS: Abre o olho, tá?


Marcos sai do quarto, deixando Otávio sozinho, mergulhado em seus pensamentos e na intensidade da revelação.


CENA 03: AMANHECE - STOCK-SHOTS - PEDRA DO FORTE


Takes da cidade amanhecendo. 


CENA 04: MANSÃO DOS PASSARELLI - SALA DE ESTAR - MANHÃ


Afonso, Jaqueline e Raí estão sentados no sofá, a tensão pairando no ar.


AFONSO: Não fiquei nem um pouco feliz em saber dessa briga de vocês dois.


JAQUELINE: (Com rispidez) A culpa é toda desse infeliz do seu irmão!


AFONSO: (Em tom de repreensão) Calada, Jaqueline!


Jaqueline se fecha em silêncio, enquanto Raí a fita com um olhar carregado.


AFONSO: A gente precisa ficar unido. Somos uma equipe agora. Precisamos nos ajudar, não ficar trocando ameaças e brigando desse jeito. Não quero mais saber de confusão aqui, entenderam? Bora. Raí. Pede desculpas pra Jaqueline agora. Anda!


RAÍ: (Indignado) Quê?


AFONSO: Anda logo! Eu tô mandando! 


Raí hesita por um momento, visivelmente contrariado.


RAÍ: (A contragosto) Desculpa.


Ele olha para Afonso, que mantém uma expressão séria e insatisfeita.


RAÍ: Que é?


Afonso faz um sinal discreto com a cabeça, como quem diz "só isso?".


RAÍ: (Voltando-se para Jaqueline, com relutância e um tom forçado) Desculpe por ter... contado para a sua mãe que você é puta... e por ter te ameaçado.


Afonso observa Jaqueline, que o encara de volta antes de fixar o olhar em Raí.


JAQUELINE: (Com evidente esforço) Desculpas aceitas.


AFONSO: Você não tem mais nada a dizer, Jaqueline?


JAQUELINE: (Respirando fundo) Tá. Desculpe por ter ameaçado contar pra sua mulher que você é cafetão. E por ter quebrado um copo na sua cara.


RAÍ: (Com raiva contida) Aquele copo vai ser descontado da sua folha de pagamento.


Afonso suspira pesadamente, revirando os olhos com impaciência.


AFONSO: Vamos lá. Levantem e apertem as mãos.


Os dois se levantam, com expressões fechadas, o ódio reprimido ainda visível em seus rostos. Eles apertam as mãos de forma hesitante e fria.


AFONSO: Ótimo! (Virando-se para Raí) Agora leva a Jaqueline para visitar o Volney!


RAÍ: (Surpreso) Mas já? Ele mal teve alta!


AFONSO: Não tenho nada com isso.


Afonso se levanta e se afasta, deixando Jaqueline e Raí sozinhos, encarando-se com hostilidade.


CENA 05: BERGMANN PRIVÉ - SALA DA DIRETORIA - MANHÃ


Gisela está sentada à mesa. Com um semblante sério, pega o telefone e disca.


GISELA: (Ao telefone) Susane, venha até minha sala agora!


Ela desliga e coloca o telefone de volta no gancho. Segundos depois, a porta se abre e Susane entra, um pouco apreensiva.


SUSANE: Sim, dona Gisela?


GISELA: (Com um tom frio e direto) Sente-se.


Susane estranha a formalidade, mas obedece, sentando-se à frente dela.


SUSANE: Algum problema?


GISELA: Conheci sua irmã.


Susane demonstra surpresa com a informação.


SUSANE: A senhora conheceu a Estela?


GISELA: Sim, ela esteve na minha casa ontem. O filho dela era namorado da minha sobrinha. Bom... Era! De fato! Porque ontem mesmo descobrimos que ele mantinha um relacionamento com outro rapaz. Houve uma discussão terrível e ele acabou sofrendo um acidente. Rolou escada abaixo.


SUSANE: (Levando a mão ao peito, aflita) Meu Deus... A Estela não me disse nada.


GISELA: Imagino que ela não tenha tido oportunidade. Mas não foi exatamente por isso que te chamei aqui. Eu preciso muito conversar com sua irmã, mas não tenho como contatá-la. Ela disse que é uma grande admiradora minha, então nada mais justo que eu vá fazer uma visita. Você teria o endereço dela?


SUSANE: (Hesitante, com receio) Eu não sei se deveria lhe dar essa informação, senhora.


GISELA: (Com um olhar penetrante e um tom incisivo) Se não me der, você vai pro olho da rua!


Susane a encara, o medo estampado em seus olhos. 


CENA 06: MANSÃO VON BERGMANN - SALA DE JANTAR - MANHÃ


A família toma café da manhã. A ausência de Gisela, José Carlos e Sabrine é notável.


NELSON: A Sabrine não vai descer?


MARCOS: Depois da cena de ontem, acho difícil. Ela não deve querer nem botar o mindinho pra fora do edredom, que dirá descer para tomar café aqui embaixo…


NELSON: A culpa disso é toda sua, Gioconda. Não controla essa menina. Deixa ela se envolver com qualquer indigente por aí. Viu só no que deu?


GIOCONDA: (Com desdém) Credo, papai. Eu não tenho culpa de nada. Que horror.


OTÁVIO: É, vô, pelo amor de Deus. O único culpado de tudo o que aconteceu foi o namorado dela. (Se corrige, com amargura) Ex-namorado.


MARCOS: A culpa é daquele Afonso. O seu protegido!


NELSON: Quem é esse?


MARCOS: É o cara que bateu no nosso carro. O mesmo que estava beijando o Volney, ex-namorado da Sabrine. Agora o Otávio está afim desse projeto de ser humano. 


OTÁVIO: (Com a voz carregada de irritação) Cala essa boca, Marcos!


Os dois começam a discutir acaloradamente, mas são interrompidos pela voz de Gioconda.


GIOCONDA: Chega, vocês dois! Comportem-se!


Um silêncio tenso se instala à mesa.


NELSON: Eu não vou me meter na briga de vocês. Vocês são adultos, vocês que se entendam! Quanto ao jantar, ainda bem que fui dormir cedo, me poupou de presenciar essa vergonheira!


GIOCONDA: E você, Otávio? Vai insistir nesse romance?


Otávio larga os talheres sobre o prato com um baque seco.


OTÁVIO: Não existe romance nenhum com ninguém! 


MARCOS: Tem certeza? Do jeito como você entrou naquela ambulância ontem, fez tanta questão de ir com o Afonso pro hospital, até mentiu dizendo que era amigo, só pra poder ficar perto dele.


OTÁVIO: (Irritado, já se afastando da mesa) Ah, Marcos, me faz um grande favor? Vai se foder!


MARCOS: (Gritando) Vai você! Você e o Afonso! O seu queridinho! Vai lá. Vai atrás dele. 


Ao fundo, ouve-se o som da porta da rua batendo com força. Otávio já saiu. Marcos joga o guardanapo sobre a mesa com fúria e se levanta.


MARCOS: (Gritando, transtornado) INFERNO! (Ele sai da sala)


Nelson e Gioconda trocam olhares significativos, um misto de exasperação e incredulidade em seus rostos.


NELSON: Essa casa está virando um hospício! 


CENA 07: CASA DE VOLNEY - SALA - MANHÃ


A campainha toca. Estela vai atender a porta. Ao abrir dá de cara com Gisela. 


ESTELA: (surpresa) Gisela?!


Gisela tira seus óculos escuros.   


GISELA: Como vai, querida? 


Estela a olha, sem reação.


GISELA: Não vai me convidar pra entrar?


Tensão no ar. As duas se encaram. 


CENA 08: CASA DE VOLNEY - SALA - MANHÃ


Gisela toma um gole de café, sentada na pontinha do sofá. 


ESTELA: Eu fiquei surpresa com a sua visita. Jamais pensei que um dia fosse te receber aqui em casa.  


GISELA: São surpresas que a vida nos proporciona, não é? Eu falei com a Susane do jantar, da minha preocupação com o Volney, e ela me deu seu endereço. 


ESTELA: (se dando conta) Meu Deus, eu nem liguei pra ela pra avisar do ocorrido. 


GISELA: Como é que ele tá?


ESTELA: Graças a Deus, está ótimo! Tá no quarto descansando. 


GISELA: Fico mais aliviada. Eu fiquei bastante chocada com o que aconteceu. (solta um riso discreto) Confesso que estou até agora digerindo tudo. Quer dizer que o seu filho namorava com um rapaz enquanto estava com a minha sobrinha, é isso?


ESTELA: (desconfortável) É. Ele namorava com o Afonso. Eu achava que os dois eram só grandes amigos. Não desgrudavam um do outro.


GISELA: E esse Afonso é seu cunhado, né?


ESTELA: Isso. É irmão do meu marido. Meio-irmão, na verdade. Eles só são irmãos por parte de mãe.


GISELA: Jura?


ESTELA: Pois é. Quando a minha sogra conheceu o pai do Afonso, ela já tinha o Raí. 


GISELA: E como é o nome do pai do Afonso?


ESTELA: Felipe.


Gisela fica séria. 


ESTELA: O que foi? 


GISELA: Nada. (pausa / ela coloca o pires na bandeja em cima da mesa de centro) Lembrei que preciso passar num lugar antes de voltar para a empresa. (se levanta) O café estava ótimo! Eu vim pra ver o seu filho, mas melhor deixá-lo descansando, né? Muito obrigada.   


Estela estranha, mas levanta para acompanhá-la até a porta. Nesse exato momento, Raí entra, acompanhado de Jaqueline. Gisela fica surpresa ao vê-la. As duas se encaram. 


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