17/06/2025

Terra Vermelha - Capítulo 24 - Última Semana



Capítulo 24



 CENA 01 - MANSÃO LA SELVA/SALÃO PRINCIPAL - INT/NOITE


A PORTA SE ABRE COM UM ESTOURO.


Entra Agatha ao lado de Aline. As duas observando tudo. Elas avançam pelo salão.


Agatha - Boa noite, Antônio.


Todos se viram.


Aline(se posiciona ao lado de Caio, fria) - Acho que agora sim esse jantar começou.


Antônio encara Agatha, observando seus olhos e se lembrando deles no passado.


Graça encara Aline, que devolve. A câmera fecha nos olhos de Agatha que saem de apaixonados, olhando Antônio, para destruidores, olhando Irene.


Antônio encara Agatha com os olhos arregalados, como se estivesse voltando ao passado. 


Antônio - Eu… eu conheço esses olhos.


Caio - Claro que o senhor conhece. São os olhos da minha mãe. São os olhos da Agatha.


Antônio cambaleia um passo pra trás, atordoado. Agatha, com carinho e emoção, se aproxima. Ela toca com suavidade o rosto dele. Seus olhos cheios de água dizem mais do que palavras.


Agatha - Eu voltei… Voltei pra você, meu amor.


De súbito, Irene se move e entra entre os dois.


Irene(furiosa) - Você acha mesmo que vamos acreditar nas coisas que diz? Onde estão as provas? A sua palavra?


Antônio a ignora, deslocando-se para o lado, voltando a encarar a Agatha.


Antônio - Esses olhos são a maior prova de todas.


Agatha - Eu vim tirar você das mãos dessa víbora, nojenta. Vim te mostrar quem ela realmente é. É hoje que a sua máscara cai, Irene. Todos viram você, ali, naquele telão se atracando com o Luigi em várias posições.


Irene(caindo) - Mas é claro! Você armou isso tudo…


Agatha - Sozinha não. A mentora mesmo foi a Aline.


A câmera mostra Aline dando um tchauzinho.


Agatha(olhando para Antônio) - Meu amor, me perdoe, eu não queria te fazer passar esse vexame, mas você não podia continuar sendo enganado dessa forma.


De relance, Antônio vê Luigi tentando sair discretamente pela porta. Seu olhar muda e a raiva sobe.


Antônio(gritando) - LUIGI! DESGRAÇADO! EU TE MATO!


Luigi corre. Antônio o persegue, chamando seus capangas que surgem armados. 


Irene(desesperada) - ANTÔNIO, NÃO! NÃO FAZ ISSO!


Ela corre atrás dele, mas Agatha a impede, estendendo o braço com autoridade. Irene se contorce de raiva, tossindo violentamente. Agatha não perde a compostura.


Agatha(olhando de cima, com desdém) - O amor que ele sente por mim… ele nunca sentiu por você. Sua burra! Burra por deixar tudo escapar assim com tanta facilidade. E olha que eu te achava inteligente, mas isso foi há muito tempo atrás. Acho que desde que o seu filhinho morreu você ficou assim, com a cabeça fraca.


Irene(tenta bater em Agatha) - Sua desgraçada!


Agatha segura o braço dela com firmeza. 


Agatha - Você não tem cacife pra isso. Só bate em quem é inferior… E eu não sou.


Agatha empurra Irene com força no sofá. Irene cai, humilhada, chorando.


Aline e Caio conversam discretamente no canto da sala.


Aline - Eu não poderia deixar de te agradecer. Você fez um ótimo trabalho. Obrigada por ter ajudado.


Caio - Agora acredita em mim? 


Alina(ambígua) - O tempo vai dizer, Caio.


Caio passa a mão no rosto dela, com ternura. Do outro lado da sala, Graça observa aquilo cheia de ódio. Ela deixa Júlia com Petra e Clara. Ela caminha até Aline e Caio.


Graça(sarcástica) - Ora, ora… se não é a destruidora de lares. Está satisfeita com o que você causou?


Aline(sem se abalar) - Ainda falta só mais um pouquinho pra me sentir satisfeita, Gracinha.


As duas ficam frente a frente.


Graça(ameaçadora) - O próximo passo é tomar o meu marido?


Alina(sorrindo, venenosa) - Não… vocês formam uma família linda. Aliás… a Júlia puxou ao pai. É a cara do Caio.


Graça recua. Caio se surpreende.


Caio(confuso) - Como assim? 


Aline(sutil) - Conta pra ele, Graça. (Olhando para todos, gritando) - CONTA QUEM É O PAI VERDADEIRO DA JÚLIA!


Todos se viram.


Graça(berrando) CALA A BOCA!


Ela dá um tapa em Aline. O estalo é forte. Aline revida com força, derrubando Graça no chão. Petra e Clara decidem ir até o jardim com Júlia.


Agatha e Clara trocam olhares intensos.


Irene - O que foi que ela disse? CHEGA! O que essas… estão fazendo aqui, ainda?! Essa é a minha casa!


Aline - Aproveita seus últimos minutos aqui dentro, Irene. Botando banca assim. Porque quando o Antônio voltar, não vai ter manipulação no mundo que faça ele ficar com você.


Ela acaricia o rosto de Caio e sai com a Agatha. Gladys se levanta.


Gladys - Bom… eu também já vou.


Graça - Eu vou com você…


Irene segura o braço de Graça com força.


Irene - Você não vai a lugar nenhum. A gente precisa conversar.


Graça gela. O instrumental aumenta.


Corta para:


CENA 02 - ESTRADA SECUNDÁRIA/MATA FECHADA - INT/EXT/NOITE


Luigi dirige em alta velocidade, os olhos arregalados, suando. Ele olha pelo retrovisor e vê o carro de Antônio perseguindo ele, com outros dois veículos logo atrás, cheios de capangas armados.


Antônio - Não deixa esse desgraçado escapar. Eu quero ele vivo… por enquanto.


Luigi faz curvas perigosas, quase bate em um caminhão, ultrapassa por pouco um carro pequeno. A estrada fica mais estreita e irregular. Os comparsas de Antônio sacam armas pelas janelas e um deles mira.


Comparsa 1(gritando) - Agora!


Eles atiram. Dois disparos certeiros estouram um dos pneus do carro de Luigi, que perde o controle e derrapa violentamente, rodopiando até bater de leve numa árvore. O motor solta fumaça.


Luigi abre a porta com desespero e sai correndo, ofegante. Ele entra  na mata, tropeçando, rasgando as roupas nos galhos. 


A escuridão é densa, cortada apenas pelas lanternas dos capangas.


Comparsa 2 - Ele foi por aqui!


A caçada começa. Luigi se desespera, escorrega na lama, quase cai num barranco. Ele tenta subir uma pequena encosta, mas Ramiro alcança ele com um salto certeiro e o derruba no chão.


Luigi(pedindo) - Pelo amor de Deus… não faz isso…


Ramiro - Cala a boca.


Ramiro aponta a arma pra cabeça de Luigi, respira fundo, mas não atira. Apenas puxa Luigi com força e o levanta. Ao fundo, Antônio surge, implacável.


Luigi(choramingando) - Antônio… me escuta, eu posso explicar.


Antônio para e os dois se encaram. Antônio puxa o gatilho da arma.


ENCERRAMENTO.


(Knockin On Heavens Door - Bob Dylan)


Nenhum comentário:

Postar um comentário