ZÉLIA (com uma voz aveludada): Dá licença, Dona Joyce.
JOYCE: O que está fazendo acordada até agora, Zélia? Eu não disse que já podia ir dormir.
ZÉLIA: Não, eu sei. Só que eu fui pegar o jornal de ontem, e acho que não tenho boas notícias.
JOYCE: Como assim? O que diz aí?
ZÉLIA: Acho melhor a senhora mesmo ler.
Joyce pega o jornal em movimento rápido, ao ler a capa do jornal, se assusta com aquilo que está escrito.
JOYCE (em choque): Não é possível, mas o Alex não tinha o direito de fazer isso comigo!
ZÉLIA: Eu nem acreditei quando eu vi...
JOYCE: Só me faltava essa, um Venturini sendo preso, com fotos expostas nos jornais! O nome da nossa família nessa palhaçada!
Otávio e Isabelle chegam em casa no mesmo momento.
JOYCE: Ah, que bom que você chegou, Otávio! Leu o jornal de ontem?
OTÁVIO: Não, não li nada, o que há de tão grave pra você estar surtando desse jeito?
JOYCE: Leia, meu queridinho, se tiver estômago.
OTÁVIO (pegando o jornal): Meu Deus do Céu, é o Alex aqui?
JOYCE: É, o próprio! E ainda por cima o nosso nome no meio!
ISABELLE: Calma, Joyce! Também não é pra tanto, aqui diz que ele só foi detido e já foi liberado... Foi só uma briga de bar!
JOYCE: Olha aqui, você cala essa sua boca que ninguém nesta sala te perguntou nada!
ISABELLE: Cala a boca você! Quer saber, foi pouco o que o Alex fez, com uma megera de mãe feito você, toda vergonha é pouca.
OTÁVIO: Parou vocês duas! Deixa eu pensar um pouco!
ISABELLE: Dá licença, eu vou dormir porque eu não tenho paciência pra intrigas idiotas, ainda mais sendo intrigas familiares.
Isabelle sobe até o quarto, deixando os dois a sós na sala.
OTÁVIO: O Ricardo me ligou hoje, dizendo que o Alex tava voltando pra cá, mas eu não ia imaginava que o motivo era esse.
JOYCE: Mas o que? Como é o Ricardo manda o Alex assim pra cá sem avisar nada?
OTÁVIO: Pois é, Joyce. Acho que ele estava querendo nos poupar disso.
JOYCE: Eu vou logo te avisando! Não quero ninguém aqui! Eu me recuso a olhar pra cara daquele marginal que eu tive a infelicidade de parir!
OTÁVIO: Também não é pra tanto, Joyce! Olha quanta loucura você está dizendo. É claro que o Alex vai ficar aqui, é meu filho, nosso filho.
JOYCE: É um vagabundo! Isso sim! Diz que é piloto, sei lá o que, mas não passa de um vagabundo ordinário.
OTÁVIO: Você esta muito nervosa, amanhã a gente conversa melhor sobre isso.
JOYCE: Eu vou pro meu quarto, pelo visto terei que me dopar de remédios pra tentar dormir, depois dessa.
Corta para:
A cena transita pra imagens da cidade, com alguns dias passando.
CENA 02 - (HOTEL/INT./MANHÃ):
Felipe entra no quarto, propondo o primeiro passo do plano.
FELIPE: Tive uma ideia maravilhosa, minha gata.
GIOVANNA: Tenho até medo do que seja.
FELIPE: A Simone te passou o número dela, naquele dia que a gente tava no bar?
GIOVANNA: Sim, mas eu ainda não falei com ela.
FELIPE: Pois fale hoje, aliás não só fale, como marque qualquer coisa com ela.
GIOVANNA: Marcar o que, Felipe? Eu mal conheço essa patricinha, me deixe tá.
FELIPE: Por isso mesmo, será uma ótima oportunidade pra vocês duas se conhecerem melhor. Marca um café, uma cervejinha, sei lá. Ela trabalha naquele tal shopping que fica lá no Zona Sul.
GIOVANNA (respirando fundo): Escuta aqui, eu só tô fazendo isso, porque eu não tenho nada a perder!
FELIPE (debochando): È mesmo? Pensava que motivo era porque você confiava em mim.
FELIPE: Eu vou hoje lá casa na da velha, ficar mais próximo dela, e principalmente do André. Ele vai ser uma grande passagem pra eu me aproximar da Simone.
GIOVANNA: Olha aqui! Vê se não se apaixona por aquela sonsinha.
FELIPE: Me apaixonar o que, Giovanna? Gente como a gente, não se apaixona, fecha negócio! Inclusive, já vou trocar de roupa pra ir lá. Quem tem a boca, vai a Roma.
CENA 03 - (CASA DE SHOW/EXT./TARDE):
Depois de alguns dias de ser escorraçada, Camilla retorna a casa de show pra cobrar os dias trabalhados, e dá de cara logo na porta com Ivone.
IVONE (franzindo a testa): Mas que diabos você está fazendo aqui?
CAMILLA: Eu vim cobrar os dias que eu trabalhei nesse muquifo.
IVONE (rindo sarcasticamente): Mas era só o que me faltava, depois do prejuízo que você me causou aqui, ainda tem coragem de vir com a cara sinica me cobrando dinheiro!
CAMILLA: Eu trabalhei aí, por meses, com salários atrasados e quando recebia, era metade, portanto eu exijo que a senhora me pague.
IVONE: Entra aqui, vai! Não suporto escândalos em rua aberta.
Corta para:
Após a duas entrarem, Ivone acerta as contas.
IVONE: Pronto, toma aqui a "esmola" que você tanto exige.
CAMILLA: Esmola essa, que você tava me devendo.
IVONE: Agora saia da minha frente, sua vagabundinha de quinta!
CAMILLA: Vagabunda é você! Aliás, você não passa de uma cachorra velha, que vive expondo a própria antipatia em salões de beleza. Tudo isso, porque? hein "Dona Ivone"?
IVONE: Eu tô perdendo a paciência com você!
CAMILLA: Não tenho culpa, se você não é bem comida, minha queridinha! Mas eu entendo, viu? Não tem coisa pior pra uma mulher, do que não ter um macho.
IVONE (olhos arregalados): SAIA DAQUI, SUA PIRANHA!
CAMILLA (debochando): Calma! Cuidado pra não descer a escadinha da vulgaridade. Eu já tô indo, foi um enorme desprazer te conhecer, queridinha!
Camilla sai plena do lugar e Ivone entra em estado surto, jogando as coisas da mesa no chão.
ABERTURA
CENA 04 - (CASA DE JORGE/INT./TARDE):
Felipe, antes de passar na casa de Marion, vai até a casa do seu pai, depois de alguns meses. Felipe bate na porta e Jorge atende.
JORGE (surpreso): Hmm, então quer dizer que o filho pródigo, voltou pra casa do papai, hein? Que foi? Tá na rua da amargura de novo?
FELIPE: Vai me deixar entrar, ou vai ficar aqui na porta com essa ironia ridícula?
JORGE: Entra aí.
FELIPE: Eu soube que a Tia Marion te deu dinheiro. Conseguiu pagar isso aqui?
JORGE: Oh Pois é, fez algo que você não teve a mínima coragem de fazer.
FELIPE: Fazer o quê? Todo dinheiro que eu te dou você gasta em cachaça.
JORGE: Oh Felipe, você não veio aqui pra me falar de dinheiro, vai logo ao ponto, eu tenho mais o que fazer.
FELIPE: Não, é exatamente o dinheiro que eu vim. Eu tenho uma proposta pra fazer a você.
JORGE: Que proposta? Vai roubar o banco é?
FELIPE: Não, muito melhor que isso. É dinheiro pra uma vida. Sabe quem eu conheci?
JORGE: Quem?
FELIPE: Simone Venturini!
JORGE: Oi? Venturini? Não que isso, você tá de sacanagem comigo.
FELIPE: Não, papo reto. Ela é namorada do André, meu priminho.
JORGE: Como esse mundo é pequeno.
FELIPE: Você conhece a Simone?
JORGE: Não, mas foi essa família que encampou aquele shopping que eu trabalhava.
FELIPE: Ótimo, mais um motivo pra você me ajudar!
JORGE: Me diz logo, que palhaçada é essa que você tá armando.
FELIPE: Eu quero conquistar a Simone, ela vai ser a minha futura esposa. Só que obviamente eu tenho que me aproximar e acabar com o amorzinho dela com o André. E você, vai fazer o papel do pai arrependido, vai ficar bem unido com a Tia Marion.
JORGE (gargalhando): Que loucura é essa, garoto? Enlouqueceu de vez foi?
FELIPE: Pelo contrário, meu pai! Eu nunca estive tão lúcido! E não pense que você vai sair dessa história de mãos pro ar. Se eu conseguir, significa que eu vou ter dinheiro de sobra, não só tirar você dessa merda de casa, mas também fazer de você, o homem que você era antes! E ainda melhor! E aí, topa?
Corta para
CENA 05 - (MANSÃO DOS VENTURINI/INT./TARDE):
Joyce está mais calma, e Otávio aproveita pra conversar em relação a Alex.
OTÁVIO: O Ricardo, chega amanhã, Joyce.
JOYCE (fria): Eu não quero saber nada do vem do Alex. Eu não tive coragem de dar as caras na rua, depois daquele vexame que eu li no jornal, imagina os comentários dos nossos amigos.
OTÁVIO: Será que algum dia você vai deixar de se importar com o que os outros pensam, e sim, se importar com os seus filhos, sua família?
JOYCE: Eu não tenho que me importar com pessoas que não se importam comigo! Tanto ele quanto o Ricardo não tem o mínimo de aproximação comigo!
OTÁVIO: É claro que não tem! Você mesmo despachou os dois daqui há anos atrás, mal procurou e mal procura saber deles, você não fez questão nem de criar o Alex, tá reclamando do que?
JOYCE: Tudo que eu fiz foi pro bem deles! Eu pensei no futuro deles, eu quis e ainda quero que o Alex seja um grande homem! O Ricardo, é menos pior, pelo menos abriu um negócio de carros.
OTÁVIO: Mentira! Você quis se livrar deles.
JOYCE: Me livrar o que Otávio? Se eu quisesse me livrar teria mandado a Simone também!
O diálogo dos dois é interrompido por Zélia, que grita por Joyce e Otávio.
ZÉLIA (chamando aos gritos): Dona Joyce! Dr. Otávio!
OTÁVIO: Meu Deus, isso é a Zélia?
JOYCE: Alguma idiotice, como sempre.
Os dois caminham até a porta da frente, e tem uma surpresa, surpresa essa que não foi positiva pra Joyce. Alex chegou de viagem, um dia antes do esperado.
OTÁVIO: Meu filho!
ALEX (abraçando Otávio): Pai! Que saudades meu pai!
OTÁVIO: Você tá grande! Tá forte! Meu Deus, o tempo passa rápido!
ZÉLIA: Mas esse menino cresceu demais, gente! A última vez que eu vi era um garotinho!
ALEX: Zélia! Eu me lembro de você! Caramba, você não mudou nada!
ZÉLIA (rindo): Que nada, tô é velha, menino!
Joyce atravessa Alex, o olhar dela é mortal, como uma arma apontada sobre o rosto de Alex.
ALEX (sem graça): Como vai, mãe?
CONGELAMENTO EM JOYCE.
A novela encerra seu oitavo capítulo ao som de "The People's House" - Bon Jovi.
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