criada e escrita por SINCERIDADE
CENA 01: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
IVANI (se levanta, furiosa): SUA DESGRAÇADA! EU SABIA QUE TINHA ALGO DE ERRADO COM ESSE MALDITO VINHO! AGORA É QUE EU VOU ACABAR COM A TUA RAÇA MESMO!
De repente, Isabel abre a porta e se depara com a cena.
ISABEL (confusa): Mãe?
As duas se viram, assustadas.
LEILA: Isabel… eu…
ISABEL: O que é isso aqui? Que bagunça é essa no chão? E esse avental? Tá usando isso porquê?
LEILA (gaguejando, assustada): Isabel? É… então… eu fiquei com uma vontade imensa de tomar um vinho e pedi a Ivani que me trouxesse. Mas essa incompetente se desequilibrou e deixou tudo cair no chão, olha só…
ISABEL (desconfiada): Tá, mas e o avental?
LEILA: Ué, filha, eu fiquei com pena da Ivani e me aprontei pra ajudar a coitadinha. Não é, Ivani?
IVANI: Sim, dona Isabel, foi isso mesmo que a dona Leila disse.
ISABEL: Que coisa, desde sempre eu nunca vi você ajudar nenhuma serviçal desta casa, mamãe.
LEILA: Todo mundo tem seu lado bom, não é mesmo?
ISABEL: Ivani, eu vou pedir pra você se retirar rapidinho, quero ter uma conversa com a minha mãe.
IVANI: Claro, com licença…
Ivani se retira. Isabel espera ouvir o som da porta se bater para começar a falar.
LEILA: Aconteceu alguma coisa? Aliás, onde você estava?
ISABEL: Eu fui visitar a morta de fome no hospital, e a senhora nem imagina com o que eu me deparei lá.
LEILA (com um sorriso cínico): O que foi? Ela morreu?
ISABEL: Muito pelo contrário… a maldita acordou.
LEILA: Como é que é?
ISABEL: Pois é, e o pior é que a enfermeira disse que em uma semana ela estará em casa, se continuar evoluindo.
LEILA: Olha, essa mulherzinha deve ter um anjo da guarda muito forte…
ISABEL (irônica): Ou então um pacto com o coisa ruim. Porque não é possível, sobreviver a um acidente daquele.
LEILA: Você ficou lá muito tempo?
ISABEL: Claro que não, apenas desabafei tudo o que tava entalado aqui e joguei na cara dela tudo o que ela merecia ouvir. Nem adianta o papai trazer aquela mosca morta pra se recuperar aqui, porque se isso acontecer, ela vai voltar pro hospital de novo.
ANOITECE
São exibidas imagens do Rio de Janeiro e logo depois, cortamos para a discoteca Let's Dance, onde está acontecendo uma grande apresentação.
CENA 02: DISCOTECA LET'S DANCE!/INT./NOITE
No palco, uma mulher elegante canta “I Will Survive”. A câmera se aproxima e revelamos ser Paulina. A câmera passeia pela multidão que vibra e dança animadamente. Entre as pessoas, vemos Nina, encostada em uma coluna, com um copo na mão. Os olhos dela brilham ao ver Paulina cantar. Corte. No camarim, Paulina retira os brincos diante do espelho, ainda suando após o show. Nina entra pela porta, com um sorriso no rosto.
NINA: Que vozeirão que você tem, hein? Eu simplesmente amei ver você cantar!
PAULINA (sorri, olhando Nina pelo espelho): Gostou, é? Eu achei que nem sabia mais usar a minha voz, depois de tanto tempo afastada dos palcos…
NINA: E o seu marido? Ele não vai se importar?
PAULINA (se vira para Nina): Marido? O que é isso? Não existe mais essa palavra no meu vocabulário, meu amor, eu me separei.
NINA (surpresa): Jura?!
PAULINA: Pois é. Tava cansada de ser feita de trouxa, de ser jogada para escanteio. Ubaldo só pensa no trabalho dele, nunca deu a mínima pra mim.
NINA (sincera e um pouco tímida): Sabe… eu admiro tanto você… eu acho você uma pessoa forte, corajosa, que não tem medo de se impor, de falar o que pensa… é raro ver mulheres assim hoje em dia.
PAULINA: Que nada, eu sou apenas uma mulher querendo me libertar do machismo escancarado que existe nesse país.
NINA: Você é muito especial pra mim, sabia? Desde aquele dia em que nos conhecemos ali… parece que já conhecia você a tanto tempo…
PAULINA (sorri, tocada): Engraçado você dizer isso… porque eu também senti algo parecido. E não tem nada mais bonito do que isso, Nina. A gente passa tanto tempo tentando agradar os outros… quando encontra alguém que vê a gente de verdade, é raro.
As duas trocam um olhar mais demorado. Um silêncio se instala. Elas se aproximam lentamente, até que Cássio entra no local, quebrando o clima.
CÁSSIO (se aproxima, abraçando Paulina): Que noite maravilhosa, Paulina! A discoteca bateu recorde de público! Você arrebentou, parabéns!
PAULINA: Obrigada, Cássio… obrigada pela oportunidade.
Enquanto eles conversam, Nina se afasta lentamente e se retira do local, ainda tocada pelo clima que aconteceu. Ainda não discoteca, a câmera se aproxima de Isabel, que está sentada sozinha em uma mesa, enquanto toma um drink. Segundos depois, Inácio se aproxima do ouvido dela.
INÁCIO (sussurrando): Sentindo falta de alguém, ou tá tramando alguma coisa?
Isabel se vira.
ISABEL: Você?
INÁCIO (puxando a cadeira, e sentando-se) Surpresa porque? Você também é daquelas que acham que os pobres não podem se divertir?
ISABEL (encarando-o, irônica): Não, só achei que estivesse ocupado demais, tentando reconquistar a bastarda.
INÁCIO: E eu achei que você tivesse sumido com o rabo entre as pernas depois do vexame no altar.
ISABEL (irritada): Que que é, hein? Veio pra perto de mim só pra trocar provocações comigo, é?
INÁCIO: Não. Eu me aproximei porque fiquei com pena mesmo, de te ver assim, sozinha, sem ninguém…
ISABEL: Então pode ir embora, porque eu não preciso da piedade de ninguém, muito menos de um pé rapado feito você. Olha, você e a mosca morta se merecem mesmo, viu… dois pobretões…
INÁCIO: E você, ainda gosta do seu ex-noivinho?
ISABEL: Eu quero mais é que o Leandro vá pro raio que o parta. Ele me usou, me humilhou, me traiu…
INÁCIO: Eu também traí a Cecília, mas, sabe, eu não consigo esquece-la… acho que ainda a amo.
ISABEL (revira os olhos): Que patético.
INÁCIO: Patético é ficar vendo a mulher que eu amo feliz ao lado de outro, e você vendo o Leandro feliz ao lado da pessoa que você mais odeia, não acha?
ISABEL: Eu não tenho que achar nada. Aqueles dois que se engulam e que vão pro inferno.
INÁCIO (direto): Me ajuda a separar os dois.
INSTRUMENTAL: ED S THEME - IURI CUNHA
ISABEL: Como?
INÁCIO: Pensa bem, Isabel, pensa em todas as humilhações que esses dois fizeram você passar, pensa que agora você poderia estar casada com o homem da sua vida. Pensa. A Cecília tirou de você o direito de ter um marido. Nada mais justo agora é fazer igual. Me ajuda que eu te ajudo, Isabel. Prometo que não vai se arrepender.
ISABEL: Posso pensar?
INÁCIO: Claro. Só não demora, porque a Cecília provavelmente vai ganhar alta nos próximos dias e eu não quero que esses dois tenham tempo pra ficar de amorzinho.
ISABEL (pensa por alguns segundos, suspira fundo): Tá… tá… se é assim, eu te ajudo. Mas o que é que vamos fazer?
O instrumental aumenta, diminuindo a voz deles, que continuam a conversar. A câmera se afasta aos poucos.
DIAS DEPOIS…
Imagens do Rio de Janeiro são exibidas ao som de “O Barquinho - Nara Leão”. Durante esse tempo, algumas coisas aconteceram:
> Cecília melhora a cada dia.
> Ivani continua fazendo Leila de empregada.
> Cecília volta a falar e se lembra do acidente.
> Leandro faz visitas a Cecília.
CENA 03: HOSPITAL DA UNIÃO/INT./MANHÃ
Leandro entra no quarto, com um leve sorriso. Cecília está deitada na cama, ainda pálida, mas com os olhos abertos e consciente. Ele se aproxima devagar.
LEANDRO: Bom dia… e aí, tá se sentindo melhor?
CECÍLIA (com a voz fraca): Tô melhor a cada dia… não vejo a hora de ir embora pra casa logo.
Leandro senta ao lado da cama, olhando para ela com carinho.
LEANDRO: Os médicos disseram que você está evoluindo bem. Logo vai poder ir para casa. Provavelmente no fim de semana.
CECÍLIA (olhando para ele, cansada): Ainda não sei o que pensar sobre tudo isso. O acidente...
LEANDRO: Foi uma tragédia sem tamanho. Infelizmente, o Chico não resistiu… você tá sendo um milagre, meu amor. Mas fica tranquila, que logo, logo, vamos descobrir quem fez isso com você.
CECÍLIA (franze a testa, surpresa): Como assim?
LEANDRO (percebe que falou demais): Como assim o quê?
CECÍLIA: Você falou que alguém fez isso. Eu entendi muito bem, Leandro. O que quis dizer?
LEANDRO (respira fundo): Cecília… é… isso não foi um acidente. Alguém cortou os freios... Alguém tentou te matar.
Cecília arregala os olhos.
CENA 04: MANSÃO FIGUEIRA/INT./MANHÃ
Aproveitando que não tem ninguém em casa, Ivani obrigou Leila a lavar todo o banheiro da mansão. A vilã esfrega o vaso com uma escova, enquanto Ivani a observa, escorada na porta.
IVANI: Não é assim que limpa, sua anta! Você vai estragar o vaso esfregando com essa força toda!
Ivani se aproxima e toma a escova da mão de Leila com força, que a olha com ódio.
IVANI (esfregando): É assim, ó! Assim que se limpa um vaso, tá vendo? Você é uma incompetente mesmo, não serve nem pra serviçal.
LEILA (revoltada, puxando a escova de volta): Eu esfrego do jeito que eu quiser! A casa é minha!
IVANI: Olha aqui, sua empregadinha de merda, você tá muito abusadinha pro meu gosto. Acho que você tá querendo que eu seja mais carrasca com você.
LEILA: E vai fazer o que, hein? Vai me matar?
IVANI: Eu? Matar? Acho que você tá se enganando, Leila, porque a única pessoa aqui que é capaz dessas coisas é você. Bom, eu vou descer, tomar um café bem gostoso, e quando eu voltar, quero esse banheiro brilhando!
MINUTOS DEPOIS…
CENA 05: MANSÃO FIGUEIRA/EXT./DIA
INSTRUMENTAL: DENSIDADE SOTURNA - SACHA AMBACK
Leila se encontra com Teófilo no jardim. A vilã olha em volta antes de começar a falar.
TEÓFILO: E então, dona Leila, qual é o serviço que a senhora quer que eu faça agora?
LEILA: Eu quero que você dê um fim na Ivani!
TEÓFILO: Na Ivani? A empregada?
LEILA: Ela mesmo. Ela sabe de tudo, Teófilo! Ela sabe que eu tô envolvida na morte da Dalvinha e tá prestes a contar tudo pro meu marido… por favor, Teófilo, dê um fim nessa desgraçada ainda hoje.
CONGELAMENTO EM LEILA.
A novela encerra seu 26° capítulo ao som de “Heart Off Glass - Blondie” (tema de abertura).
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